De se lhe tirar... o boné!


Boas! Para daqui a uns dias ficam as minha reflexões pós-Natal. Não estão esquecidas mas o tempo tem sido algo cruel com a minha muita vontade de aqui colocar os meus queridos InSensos. Aliás, serve este teaser para dizer também que já me equipei com nova máquina produtora de conteúdos para este blog (e para os outros onde escrevo também, claro) – vulgo, novo computador –, ficando também prometido o 1º InSenso totalmente "made & broadcasted in 3B", lar do InSensato Autor. Deverá ser já o próximo, de resto.
Agora, sim, o InSenso de hoje.

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O meu local de trabalho (um deles, aliás) está em obras. Há andaimes, tábuas e ferros por todo o lado; o jardim tem uma nova barraca 3m x 3m (o verdadeiro estaminé) e há um cheiro intenso a cloro em todo o edifício, graças ao produto usado para corroer a tinta antiga para colocar uma nova camada (ou mais camadas, consoante as demãos dadas, obviamente).

Naturalmente, tudo isto traz ao burgo uma agitação fora do vulgar do dia-a-dia pachorrento de uma instituição pública (aparentemente) pacata e os meus colegas (mais do que eu, que estou de certa forma habituado à agitação de estar na rua e tal – a pacatez é que me faz confusão…) vão mostrando, uns, o seu descontentamento, outros, alguma excitação por ser algo que rompe a rotina da casa.

Num desses casos, fazia-se uma graça acerca da altura dos andaimes e da possibilidade de existência de um eventual acidente de trabalho. Nada mais natural, visto que estamos em Portugal e que um pedreiro cair do alto de um andaime é tão natural como um outro colocar o reboco numa parede feita de tijolo de 15 (vêem o jeito que dá já ter sido servente na construção civil?... eu conheço a gíria e os termos técnicos! Cultura geral… da treta!...). Aliás, os pedreiros e serventes nacionais são conhecidos por uma data de fantásticas características, das quais se destacam – claro – os acidentes, a pinga, os piropos às gajas, as mijadelas feitas das varandas inacabadas (a partir do 3º andar para cima) directamente para a via pública, os bigodes e… os bonés.

Sim… os bonés! Parece-me justo aqui fazer a justa menção (com a devida vénia) ao boné nacional, tão importante que é à definição da autenticidade do trabalhador da construção civil português… mas, infelizmente, tantas vezes esquecido ou não considerado.

Pedreiro sem ele… não é pedreiro. Ou melhor… é… mas é estrangeiro, de certeza. Porque toda a gente sabe que um capacete de protecção não passa de acessório mas um bom boné, sim, é essencial. E é essencial porque não pesa, não faz calor no cocuruto da moleirinha, protege muito mais… as calvícies parciais do pedreiro nacional e… obviamente… tem mais estilo.

Quem não se lembra do famoso boné da Sicasal? Esse mito lusitano!... só possível de arranjar na Volta a Portugal (junto a uma qualquer estrada nacional em dia de prova) ou através de uma amigo de uma amigo de um amigo do primo afastado que foi uma vez lá e trouxe uns quantos que encontrou no chão, junto à linha de meta ou no Alto da Senhora da Graça!... E, por esse mesmo princípio, quem é que se olvida dos “concorrentes” bonés da TróiaMarisco, do Atum Ramirez, das Águas Carvalhelhos, do Bom Petisco, da Tensai (saudosos bonés amarelos e vermelhos!...) e do Jornal de Notícias…?

Todos eles são obrigatórios na cabeça de quem “constrói Portugal”. Sem bonezinho… não há pedreirinho – lá diz o ditado. Sujos, perfurados, sarapintados de argamassa ou tintas Robbialac, rasgados ou descosidos… mas lá, na tola parcialmente careca que o pedreiro coça de 10 em 10 minutos (ou sempre que algo lhe pareça mais complicado ou simplesmente mais trabalhoso).

De há uns tempos para cá, no entanto, – tenho de o dizer – sinto algum desencanto no que toca a esta importante questão do boné nacional. É que cada vez mais se vê pedreiros tugas com capacete (o que é uma coisa meio cobardolas) ou com outros bonés, mais amaricados a cada ano que passa.

Compal, Triumph, L’Oreal, Revista Lux e outras coisas fachonchas que tais agora estão nas cabeças dos nossos pedreiros! E isso não pode acontecer! Aliás, se há coisa que me revolta é ver a pedreiragem com bonés das telenovelas da TVI!... Uma verdadeira vergonha para a classe!... digo eu!

Pedreiros de Portugal, escutai-me!

Fala K@, InSensato Autor, que defende os vossos interesses. Se não quereis perder a vossa lusitana identidade de trabalhadores da construção civil nacional, com direito não usar capacete de segurança (com aquelas corezinhas panascas) e obrigação de cuspir no chão após cada piropo mandado às gajas que passam junto ao estaleiro… usai bonés decentes, de coisas de homem de barba rija, para condizer com as vossas camisolas cavas da Sagres ou da Super Bock! Nada de mochilinhas escolares para guardar a marmita do farnel e, acima de tudo nada de bonés fachonchos!

Se nada mais houver à mão, por favor, pegai aquele bonezito da Charcutaria Benzinho, do Café Central do Álvaro Costa ou do Talho Maria dos Prazeres. No mínimo isso! Imploro-vos! Não desgraceis a classe do pedreiro português!

InSenso de Natal



O Natal é coisa linda. Disso não há dúvidas, penso eu. No entanto, para coisa linda que é, o Natal tem coisas perfeitamente estranhas. Deixo aqui apenas três pequenos exemplos...

I – Natal dos Hospitais

A “Ronalda” foi à televisão cantar para os enfermos. Ela na verdade não se chama Ronalda, mas começaram a chamar-lhe assim por causa do irmão [Cristiano Ronaldo] e ela reparou que seria a melhor forma de saberem quem ela era… e adoptou o “nome artístico”. É parecida com o irmão. Notam-se os traços familiares. Tem expressões semelhantes e até gestos feitos na dança se perecem com uma ou duas fintas que o rapaz faz em campo. Mas mais estranho (do que ver um Cristiano Ronaldo versão gaja) é/foi a escolha da canção com que “Ronalda” brindou o público (relembre-se, doentes, acamados, doridos, pessoas no fundo com uma data de problemas graves por resolver na vida). Ter a menina a cantar sobre desamores, traição, chegadas a casa antes do tempo (encornanço, portanto)… cheira-me que não ajude nadinha quem está com um clister enfiado não sei onde, esteja todo engessado devido a ter sido atropelado por uma motoreta em plena passadeira (ao menos que fosse por um Porshe…!) e/ou com umas dores do caraças por causa da ciática. PS: a Romana veio logo a seguir. Curioso, também ela (como a “Ronalda”) estava “enferma” da “dor-de-corno”. Coitadinha…!

II – Nicolau Trepador

É uma praga. O Pai Natal Trepador surgiu não se sabe bem porquê, não se sabe bem quando e não se sabe que raio de gajo parvo se lembrou desta coisa de decorar casas com um caramelo a trepar janelas, varandas, chaminés, árvores e afins. Pais Natal não faltam por aí, portanto. E isso faz-me pensar em duas coisas perfeitamente opostas. 1 – Isto vem provar que é verídico o que eu achava não passar de um mito urbano – aquela cena do “São Nicolau” percorrer o mundo todo numa só noite a distribuir presentes. Eu sempre duvidei que um gordo daqueles conseguisse ser tão rápido a ponto de conseguir fazer Tóquio – Sobral do Montagraço na mesma noite. Não que fosse impossível, mas quem sai de uma metrópole asiática daquelas a toda a velocidade (o trânsito é caótico), depois tem dificuldades em encontrar uma vila assim tipo no meio do nada lá para os lados do Ribatejo. No entanto, se o Pai Natal consegue estar a fazer escalada em tanta varanda deste país… e ao mesmo tempo… é porque há ali uma omnipresença que também lhe permite fazer o serviço da Noite da Consoada com uma perna às costas. 2 – O facto de se ver cada vez mais “Nicolaus Trepadores” não pode ser um bom incentivo para os putos. Os petizes curtem o Pai Natal. Mas o que é que ele lhes está a “dizer” ficando dependurado em janelas, alpendres e tal…? Que a gatunagem e a invasão de propriedade é um futuro fixe para eles?!? Parece-me mal…

III – As minhas bolas

Numa nota estritamente pessoal, tenho de dizer que este Natal fica marcado pela grande dificuldade em fazer a Árvore. Eu sou um fã incondicional da decoração do pinheiro (sempre artificial – não há cá coisas de andar a cortar árvores) e só um ano falhei a tradição (mesmo assim, fiz uma outra decoração toda high-tech lá em casa – dos meus pais, com quem ainda morava na altura). Este ano a coisa complicou-se deveras com a minha falta de tempo mas no dia 20 (quando sempre primei por fazer a decoração no dia 11 – dia de anos da minha irmã) lá me decidi a forçar-me a tratar disso. O chato é que a coisa esteve mesmo complicada. Porquê? Porque... não encontrava as minhas bolas em lado nenhum! É impossível ter pinheiro (ainda que de plástico) e não ter as bolas no sítio. E mais... É perfeitamente dramático não saber onde se tem as bolas! Encontradas (finalmente!...) as bolas, constatei com preocupação que estavam numa caixa de taças para sobremesa. É que a expressão ("I'm gonna eat your balls!") é americana... mas a globalização é uma realidade incontornável. Daí que haja, desde esse fatídico memento, algum temor em mim (ainda para mais embuído de espírito natalício - o que é ainda mais estranho!!!)...

Já agora... BOM NATAL!
K@, InSensato Autor

Promessa de Natal


Sei que tenho andado a falhar como as notas de cinco mil (nesta altura... todas as notas falham, de resto) e que o burgo tem estado algo abandonado. Mas como a todos os sem-abrigo, está já prometido por mim um miminho aqui ao blog. Um InSenso de Natal que não será só parvo (como de costume) mas sim também perfeitamente escusado e lamentável. Quem quiser arrepender-se do tempo que gastou a ler um texto simplesmente inóquo e sem jeito nenhum sobre a quadra natalícia, faça o favor de passar por cá, ok? Ah!... e que não se descalce, por que está um frio que não se aguenta e - assim com'assim - sempre é melhor por causa do cheiro também...

O InSenso de Natal está a chegar... Aliás, ó pra ele a tentar entrar pela chaminé aqui do burgo!... Que drama estes Pais Natal trepadores!...


O poder da cueca da rata



Comecemos com uma daquelas frases feitas com que fica sempre bem iniciar qualquer texto que se preze e deseje ser digno do epíteto de “texto”… possivelmente, até com “T” maiúsculo (“Texto”, portanto) …

«O Natal está aí à porta e a febre consumista (sem grande surpresa) está ao rubro.»

Gostou, InSensato Leitor? Eu… nem por isso. Não por causa da frase em si (é uma frase feita como todas as outras frases feitas) mas sim porque aquela coisa de algo estar “à porta” faz-me uma confusão desgraçadinha. Fico sempre a pensar que alguém andou por aí a dar o meu endereço sem consentimento da minha parte e (sem qualquer relação com a preocupação anterior) que, desde que mudei para a minha actual casa, sempre quis mas nunca calafetei cabalmente a porta da rua (o que permite a entrada de um frio do caraças).

Mas desvio-me do assunto que me traz aqui… mesmo antes de o abordar.

Vem a tal máxima em jeito de lugar comum ao caso porque este fim-de-semana passei por um grande super-mercado (daqueles com nome de avião comercial e sonoridade semelhante a elefante da Disney). Como seria de esperar, não era – de longe – o único às compras ali. Aliás, havia seguramente mais… dez pessoas no estabelecimento (ou será que eram mais dez… só ali mesmo naquele metro quadrado à minha beira…?).

Como estamos pertinho do Natal, o corredor que “recebe” os clientes à entrada do super-mercado está pejado de tudo o que se possa associar à quadra: pinheiros artificiais, decorações, chocolates, velas, bolo-rei e – claro – brinquedos para todos os gostos, entre os quais, bonecos.

Bonecos, bonecas, chorões, caladinhos, patinadores, barbie’s avantajadíssimas, de plástico ou de peluche… o que não falta são bonecos, empilhados (literalmente) em cima uns dos outros, à espera de serem levados dali para uma casa onde um pirralho há-de recebê-lo com um brilhozinho nos olhos na noite da consoada e esquecê-lo antes do fim de ano.

Mas (outra frase feita) «a vida está cara» e os bonecos (pelo menos, aqueles que eu vi) lá estavam, numa pilha imensa, encavalitados e enrolados uns com os outros a fazer lembrar uma daquelas cenas finais maradas de filme “xxx” com mais de 20 “actores”, em grande “função”… só que com bonecada (acima de tudo, animaizinhos felpudos e meninagem amorosa).

Para quem pensa que estar a falar de orgias malucas e filmes hard-core com base em bonecos para crianças é assim… como dizer… estranho e parvo, fique sabendo…que vou continuar.

Isto porque, lá no monte dos bonecos (muitos deles repetidos), vi cinco Minnie’s. Não. Não eram cervejas em garrafas pequenas, não. Minnie é a eterna namorada do Mickey (nunca casaram… deve ser alguma cena daquelas do gajo ter problemas de compromisso). E quatro dessa Minnie’s estavam… de saia levantada. Ou seja, de cueca a mostra.

Volto à questão da imagem de deboche com os bonecos enrodilhados e acrescento-lhe este novo dado de uma rata com a cueca à mostra. Não estarão os nossos super-mercados a ir um bocado longe demais na tentativa de fazer liquidação de stock´s? Se a vida está tão cara… há que recorrer a métodos eficazes para convencer o consumidor. Isso parece-me correcto. Mas… dispor uma rata de cueca à mostra… com tanto miúdo a ver… será... ético (no mínimo)?

Fica a questão.

No entanto… já agora, – aceitando “academicamente” que até é uma boa ideia enveredar pela utilização do sexy tease de uma rata com a cueca à mostra – não seria mil vezes mais eficaz se fossem os mesmo elementos, mas… em ordem invertida?!?... É que a História do Mundo é bastante clara nesse aspecto… e que eu me lembre nunca falou de uma rata com a cueca à mostra…!

Erro Tipográfico


É. De facto, isto não passa de um erro da tipografia à qual encomendei um aviso para colocar aqui no burgo. O que deveria aparecer era "AMANHÃ HÁ INSENSO" e não isto da moamba... ainda para mais... só para sábado! Bom... vou ali despedir o gajo da tipografia e ver se há uma empresa um bocadinho melhor para fazer estas bodegas. Seja como for... AMANHÃ HÁ (mesmo) INSENSO, ok?
K@


Dente de Aquiles - II




A minha “Dentadura SuperStar” [vide InSenso de dia 21 de Julho] vive dias difíceis. Para além da incompreensível inexistência de castings onde possa pôr a minha dentola perfeita (para anúncios de pão de forma e/ou maçãs verdinhas) a brilhar no caminho para o estrelato e, consequentemente, a render-me umas coroas extra… agora, passa uma fase de “obras” forçadas, devido a uma anomalia verificada em dois molares contíguos, do lado inferior direito das minha InSensata boca.

Chato é que esta (rara) situação (a malta até nem é de ter problemas dentais) tem contornos algo bizzaros. E tudo por causa… dos meus calcanhares.

Eu explico. Aquando do aparecimento da mais recente dor de dentes [
vide Petit Rien “Dente de Aquiles” – daí o título deste InSenso ser uma versão “II”], o que aconteceu foi que o padecimento ia, literalmente, da cabeça aos pés, visto que também os calcanhares me doíam… que era coisa que tolhia.

Na altura, estranhei mas relevei. Apesar de não me lembrar de ter andado às “calcanharadas” a nada ou ninguém, parti do princípio que uma dor (a de dentes) não estava relacionada com a outra (dor de calcanhares), questionando-me apenas se seriam duas dores… ou três (uma de dentes e uma de cada calcanhar). No entanto, eu hoje não penso assim. Porquê? Porque – depois de ter ido ao dentista – a dor dental passou e passei a envergar uma massa argilosa que o médico me colocou para manter até ao dia em que “reconstruísse” os dois dentes molares afectados, a dita massa quebrou sem qualquer razão aparente e a dor voltou. O que eu não reparei de imediato (mas agora que pensei melhor, apercebi-me disto) é que mesmo antes da massa ter partido e caído, provocando nova dor de dentes, já os calcanhares me tinham voltado a doer, precisamente umas horas antes.

Estranho, no mínimo, pensei eu. Parvo, no mínimo, pensará o InSensato Leitor (e, decerto, com muita razão). Mas é um facto.

Logo que o incidente da massa se deu (ironicamente, quando escovava os dentes), lembrei-me de umas sessões de slides que se faziam na minha escola primária, uma vez por ano. Não me lembro se eram patrocinadas pela Colgate se pela Pepsodent, mas eram por uma delas… ou ambas… sei lá.

Nessas sessões de diapositivos, a pequenada (eu também – era pequenino e franzino) sentava-se no chão enquanto conhecia a história de uma nave que voava até um planeta que, estranhamente, tinha o aspecto de um dente pefeitinho, no meio do espaço. Algumas aventuras e desventuras depois, a nave salvava o planeta do ataque dos inimigos (meteo-cáries e naves com formas incrivelmente semelhantes a doces, gelados e rebuçados) e tudo acabava em bem. E como era belo ver o brilho do planeta (como se da luz de uma estrela se tratasse) no meu daquela galáxia… coisa linda mesmo!

Ainda assim, talvez sugestionado pela apresentação e pelas personagens (as más) dos slides… acabava sempre com uma recorrente dorzinha de dentes e a pedir aos meus pais que verificassem se estava tudo bem com a minha dentadura.

Mas… estranho (ou nem por isso)… não me lembro… se em alguma dessas ocasiões tive dores nos calcanhares…

Hmmmmmm... vou pensar nisto...!


Ovelhandaria



Enquanto trinco um Nougat (ou pinhoada, como lhe queiram chamar) e olho para os meus horrendos pés (de dimensões inenarráveis e dedos disformes), reflicto sobre o mundo e imagino a vida difícil das ovelhas.

Coisas bonitas são as ovelhas. Parecem-me sempre autênticas nuvens térreas (pela forma e pala cor), no meio dos campos a pastar… ou só a estar (já que, às vezes, é só isso que as ovelhas fazem; estão).

O Nougat é um dos "supra-sumos" do prazer oral – há que dizê-lo. O caramelo… o amendoim… a sede que aparece logo depois…! Mas o embaraço de ficar com os dentes colados uns aos outros ou com o caramelo colado aos dentes… enfim…! Ainda assim, o Nougat é um espectáculo!

Mas verdade seja dita. Preocupa-me o asseio (ou falta dele) das ovelhas, esses flocos de algodão (não querendo eu abrir um conflito entre matérias primas de vestuário) com perninhas, carinha, ossinhos, corninhos e focinho (razão única para o uso dos diminutivos anteriores). Tenho cá para comigo que não haverá coisa pior para uma ovelha (exceptuando a viagem para o matadoiro, claro) do que andar por aí com a lã suja.

Para além do evidente mau aspecto que isso dá, há sempre uma data de questões que é preciso atentar. A da própria higiene da ovelha, por exemplo. E a higiene é muito importante na comunidade ovina, segundo consta. Além disso, pode haver questões de identidade envolvidas. Uma ovelha branca muito suja pode ser confundida por uma ovelha negra, com tudo o que essa situação possa implicar no futuro social do animal confundido (sim… porque a sociedade ovina é tramada, como é do conhecimento público). Isto já para não falar da ronha ou … do ranho, que tornaria a ovelha em ronhosa ou ranhosa, que é assim um tipo de “ponto de não retorno” fatal para qualquer animal da espécie.

Acabou-se o Nougat. É pena. Resta agora o sabor que justifica o tal prazer oral. E continuo a olhar para os meus pés. Coisas feias são os meus pés!... Pondero fazer uma cirurgia plástica. Só que não sei bem que pés devem servir-me de modelo…!

Voltando ao ovelhame, só vejo uma solução para este problema. E, essa, está como é óbvio (pelo menos, a meu ver), na criação de uma HiperMegaGigaSuper Ovelhandaria.

Como o próprio nome indica, seria uma lavandaria para ovelhas, mas em grande escala. Naturalmente, teria uma tabuleta à porta, com os seguintes dizeres: “Limpe aqui as suas ovelhas”, convidando os pastores a levar os rebanhos para uma limpeza geral periódica.

Sendo que este é um ramo de negócio ainda inexistente, apresento aqui o meu projecto para algo que se venha a criar. A HiperMegaGigaSuper Ovelhandaria teria de ter as dimensões de um grande supermercado, no mínimo; e um parque de estacionamento das dimensões de uma estrutura do género à beira de uma grande superfície comercial. Isto para evitar congestionamentos e para proporcionar boa acomodação de rebanhos em dias de maior afluxo de pastores e respectivos rebanhos.

Quanto à limpeza propriamente dita, sugiro máquinas de limpeza a seco de grande capacidade, onde possam ser colocadas, pelo menos, 20 a 30 ovelhas de cada vez, para dar vazão à rebanhada. E porquê máquinas de limpeza a seco? Para uma melhor limpeza dos animais, claro, sem que encolham ou fiquem com gorgotos. Ah… e para evitar afogar ovelhas desnecessariamente em máquinas de lavar mais convencionais… mas isso nem é o mais importante.

Importante é que a gente tenha ovelhas limpinhas nas nossas pastagens (valorizando indesmentivelmente as nossas paisagens) e que a ovelha tenha orgulho na vestimenta (ou farpela, que é uma palavra que eu gosto muito) que enverga… pelo menos até à próxima tosquia.

Vou comer mais um Nougat e calçar umas meias de lã, que está a ficar um frio do caraças!

= = = = = = = = = = = = =

Nota IMPORTANTÍSSIMA (ou nem por isso...) :

O InSensato Autor faz questão de informar e garantir que nenhuma ovelha foi morta, ferida ou maltratada na execução deste InSenso.

PVP: 25€



Hoje aconteceu-me ser obrigado a estacionar o carro longe da estação e ter de ir a correr para o comboio, que (ao contrário daquilo que deveria ser a sua inequívoca obrigação) não espera por mim quando eu me atraso.

Descanse o Insensato Leitor. Adianto já que não perdi o comboio. Mas perdi qualquer coisa. Uns gramas de camada adiposa que “moravam” precisamente entre a pele e a última costela do lado esquerdo, cá em baixo, junto à chamada “pança de abade” que ostento com (pouco) orgulho.

Mas adiante. Já no comboio em movimento (atente-se que só o comboio estava em movimento; eu estava sentado), dei-me conta de que algo não estava bem na minha bota. Normalmente, o que está mal nesse “sector” é o que está DENTRO da dita bota (leia-se, o pé feio e/ou a fedorenta transpiração) mas desta vez… não. O “mal” estava no rasto da bota.

E um olhar mais atento revelou que o “mal” não era senão uma etiqueta autocolante, daquelas todas brancas, de pontas arredondadas que servem para escrevermos o que quisermos e colarmos onde bem entendermos. Esta… eu não escrevi e acredito que ninguém se daria ao trabalho de a colar propositadamente no rasto da minha bota direita… até porque o risco de levar um pontapé seria deveras elevado.

Ela lá estava, coladinha e sem grande desejo de se libertar de mim (o que até nem é de todo incompreensível, já que – não sendo um Hércules – não sou assim TÃO feio). Mas eu não queria ali. Por isso, tratei de a descolar o mais rápido que o meu jeito de pés permitiu. Pequena dica prática: a melhor forma de descolar uma etiqueta colada ao calçado é pisando-a com um pé e puxando o outro para trás, simultaneamente.

Descanse o InSensato Leitor. Adianto já que a operação foi bem sucedida e não há feridos a lamentar.

No entanto, qual não foi o meu espanto quando fitei a etiqueta (com um olhar zangado, confesso; assim como quem condena a insolência por “colar-se” a mim, literalmente), vendo que, lá escrito, estava «25€» (claramente em caligrafia de feirante ou merceeiro de bairro). E esta constatação pareceu-me de uma ironia desconcertante.

É que foi o materializar de uma sensação que já tinha há uns tempos. Mais concretamente, desde que fui operado. Nessa altura pensei que o meu “valor comercial” tinha descido consideravelmente. E foi hoje que tive mesmo a certeza disso. Eu explico.

Quando fui operado, os médicos removeram o meu apêndice e deixaram uma cicatriz, certo? Ou seja, hoje em dia, eu não só tenho menos peças (não tenho todas as que vinham “de origem”, isso é um facto), como também estou física e visualmente marcado. O mesmo pode acontecer a um carro, por exemplo. Um mecânico de esquina que se preze nunca volta a montar um motor que desmontou exactamente com o mesmo número de peças; sobram sempre algumas que, pouco mais tarde, acabam numa qualquer caixa suja de óleo negro e ressequido. Mais… quando damos um “toque” com o carro, ele fica com a pintura (ou a chapa) marcada. E tudo isto desvaloriza o carro em dezenas, centenas ou milhares (conforme o automóvel, claro).

Ora… eu também me sinto assim, desvalorizado… qual viatura com chapa amolgada junto ao pára-choques ou menos três porcas e dois parafusos no carburador. Quando alguém é operado, devia surgir naquele Termo de Responsabilidade (que a malta assina) a seguinte referência: «O paciente está ciente da contigência inerente à quebra do seu valor comercial após a intervenção cirúrgica». Mão não aparece nada. E a malta é levada ao engano, há que dizer. Porque toda a gente pensa que vai sair melhor do Bloco Operatório do que quando lá entrar. Mas isso é só meia-verdade, o que também equivale a dizer que é meia-mentira. Se, por um lado, saímos melhor, por outro…!

Enfim… chocou-me perceber esta manhã que o meu valor se resume a uns míseros 25€ (cinco contintos, na moeda antiga… o que ainda é mais deprimente), ainda para mais etiquetado por um merceeiro ou feirante a tentar despachar mercadoria de refugo, quem sabe, até já fora de prazo de validade. Ah… e como se isso não bastasse, a etiqueta até nem era de grande qualidade, bem pelo contrário. Descolou-se logo à minha primeira tentativa e foi de imediato colar-se ao sapato do revisor. Será que também foi operado...?

Os Outros




Nunca saberemos ao certo quem são ou quem foram. Mas o que é certo é que podiam muito bem governar este País e… quiçá, o mundo! Isto… se não o fazem (ou fizeram) já, claro.

O poder está do lado deles e quem vier afirmar o contrário… estará profundamente errado. Mas desengane-se quem pensa que estou a falar deste ou daquele. Nada disso. Aliás, este ou aquele nada têm a ver com o caso. Falo… dos outros.

Os outros angariaram ao longo do tempo um capital de poder sem igual. E foram sorrateiros, pela calada, certamente; porque ninguém se deu conta disso.

Por exemplo, a tolerância, esse poder fantástico ao alcance de poucos, está claramente controlado pelo outro e só se aplica a ele ou a quem se comporte como ele (seja lá como isso for). Do que é que eu estou a falar? É simples. Nós só toleramos aquilo que “é como o outro”. Prova disso, é a famosa expressão “Ah… isso ainda é como o outro!”, a que normalmente se segue algo do género “Se assim não fosse…!”. Parece-me claro que estamos perante um manifesto caso de intolerância a tudo o que não seja “como o outro”. E isso é um poder desgraçado!

Como se isso não bastasse, o outro também detém o poder da oratória. Se pensarmos bem, o outro disse tudo o que alguma vez devia ter sido dito, num dado momento. Todos os discursos, todos os ditos, todas as frases famosas, citações usadas a rodos ou até os impropérios mais obscuros… todos eles foram garantidamente proferidos pelo outro. “Já dizia o outro…”, quase sempre “como muita razão…”!

Mas há mais. Tudo o que de mal pode acontecer... nós pensamos sempre que só acontece... aos outros. Mas não. Mais tarde ou mais cedo, o que a gente pensa que só acontece aos outros... acontece-nos é a nós. E quem é que pode estar por detrás disto...? Os outros, claro, que – maquiavélicos – farão girar o mundo em sentido contrário, se for preciso, só para que aquilo que só devia suceder-lhes a eles nos estrague a vida a nós, pobres coitados.

No entanto, e por muito que pensemos que o poder é dos outros, permita-me o InSensato Leitor que aqui o baralhe (um pouco mais). O poder não está, de facto, (só) na mão dos outros. Mas sim, na mão da OUTRA. Ela, sim, é quem manda verdadeiramente. E porque é que manda? Porque pode. Ora veja-se o seguinte. A outra tem sempre o que quer, tudo o que deseja, tudo o que é do bom e do melhor. O povo di-lo e (para aí umas 9 em cada 10 ocasiões) é a mais pura das verdades. Apesar de estar longe de ser “legítima”, a outra safa-se extremamente bem, sem qualquer margem para dúvida. Perita em bens materiais e desenlaces infelizes de ligações conjugais, a outra domina porque é, potencialmente, melhor do que a anterior (legítima ou não), e por essa “qualidade extra”, merece que lhe seja outurgado mais poder persuasivo, financeiro e, claro, decisório. “Ele trocou-a pela outra!”… e ninguém troca nada a não ser para melhor, como se sabe.

Não gosto nunca de me sentir incapaz de remar seja contra que maré for... mas perante isto, vejo-me obrigado a render-me às evidências. É que, em suma, os outros… podem. E nós…!

Test-Drive C:



Estou a testar um computador portátil novo. Toshiba, Penitum M, 1.73GHz, 794MHz, 512MB RAM e essas tretas todas. Não é meu. Mas como estou a pensar adquirir um portátil também, é uma oportunidade de fazer, simultaneamente, um “test-drive” à máquina e a mim, como utilizador. (O computador até é jeitoso!… Deixa cá ver como isto bufa…) Aliás, esta é, inclusivamente, a primeira vez que este Word é usado (Bom desempenho!…) e, tendo-me sido pedido que escrevesse “qualquer coisa” para “inaugurar” o Office que eu próprio instalei, fiquei de criar um “textito”. E a modos que é isto…

O que é chato (Rapidez de processamento de dados… Fixe!) é que agora que aqui estou, em frente ao ecrã quase todo ele em branco, não me ocorre nada para escrever. (Ecrã wide-screen… Cool!...)

E o pior é que há um cursor “piscante”, que não pára de me “cobrar” o facto de não ter nada para o fazer andar enquanto ele distribui as letras e as palavras pela “folha”. (Usar estas teclas é que é um stress...! Onde é que eu arranjo um teclado igual aos “clássicos”?...) Mas não me ocorre nada mesmo para escrever!… Será possível?!?...

Talvez escreva sobre o meu cansaço… Nãããã… Não tem piada… (Rato novo também… super sensível! Nunca fica onde a malta quer…) Que tal escrever sobre essa verdadeira instituição que é a pinhoada caramelosa NOUGAT…? Nãããã… Teria de estar muito mais inspirado… (O Anti-Vírus já corre. Acho bem…) Mas… Caramba!... sobre o que é que eu escrevo!?!... E o raio do cursor que não pára de piscar…! #@§%&!!! Filho de uma grande… cursora de mau nome!! Pára lá com isso, pá!! … … … E não pára, o energúmeno!...

Belo teste, este…! Ainda bem que me pediram um “textinho de inauguração”… O computador está longe de ser devidamente “iniciado” e o mais provável é que para sempre fique com o ónus de uma estreia tão fraquinha… (Mas o computador safa-se bem! Lá isso...) Que porra!...

Estou desolado! (Ai isto tem wireless!... Bom!.. muito bom!...) Acho que vou declinar futuros pedidos de “test-drive” a computadores novos. Estou farto deste cursor impaciente e “cheira-me” que ele deve ter amigos ou familiares próximos noutros aparelhos. Não tenho a certeza… mas desconfio que sim. (Pá… se calhar vou mesmo arranjar um destes para mim…)

Mas por que raio não me lembro de nada para escrever…!? Que fiasco!...

1 Ano de InSensos!


«Mas que raio...!?!... ... porque é que as pessoas têm a mania de me chamar Paulo???...»

Começava assim, há um ano atrás, um blog imbecil que só veio ocupar espaço na já muito ocupada blogosfera. Fazia algum tempo que eu pensava em deixar por escrito algumas das coisas que me passavam pela mente a velocidades claramente não recomendadas em qualquer estrada ou viaduto deste ou doutro qualquer país - impelido, quem sabe, por palavras de incentivo tão bonitas quanto «Pá… mas tu só dizes parvoeiras?!? Não há maneira de descarregares isso de outra forma que não tenhamos de te ouvir?!?» ou «Sim…Sim… [aos malucos diz-se sempre que sim, não é…?] Vê lá é se ainda escreves é um livro só com baboseiras desse estilo…». E eu… Está bem! Livro, não. Mas um blog - uma coisa estranha de que já tinha falado com a minha amiga Covas (leia-se “Covinhas”… mas apenas “Covas” para os amigos mais chegados) -, até que nem era má ideia. Aliás, a Covas falará disso, no InSenso que escreveu para o dia de hoje.

E leva-me esta referência ao que é este post de aniversário do InSenso Comum.

Alguns InSensatos amigos deste burgo imbecil foram o que se pode apelidar de (das duas, uma) porreiraços (ou simplesmente… totós) e fizeram o InSenso de hoje. Cada um deles deu a sua visão muito própria sobre o blog e o seu conceito-base. E o resultado é este…

* * * * *
«Tudo começou no final de um belo repasto. Se a memória não me falha, frango com qualquer coisa, e um belo vinho a acompanhar.»

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«Parte da minha vida passa pelos aeroportos do mundo, mas não sou hospedeira. Sou, antes, dessa raça de vagabundos de elite, que correm,como os bombeiros, para o fogo e não do fogo...sim, sou jornalista.»
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«Vim aqui parar a este cantinho, continuo sem saber como, juro, não sei! Sei dizer que o 1º post que li falava na fobia de partir coisas...»
* * *

«- E aguentaste um ano?
- Foi...
- Porra! 'Tás pior do que eu pensava. Tens metido gajas, ao menos?
- Não...
- Tens sacado gajas à conta disso?
- Não...
- Então, para que queres tu isso?»

* * *

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«Qual filosofia?
Qual Prós e Contras?
Qual poesia de intervenção?
Qual parlamento europeu?...»

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«De repente vejo que o senhor lá dentro abrandando a marcha, se inclinava todo para num esforço enorme, presumo eu dadas as carantonhas que fazia, abrir a janela do seu lado contrário (mais próximo do meu)...»

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«Alguns que por aqui passam poderão pensar que o nome deste blog se deve a um erro ortográfico, e o seu autor, indiano»

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A todos eles, o meu MUITO OBRIGADO, pelo InSenso e pela grande amizade demonstrada durante este ano de InSensos. Um agradecimento extensível a todos os que, apesar dos meus avisos, continuaram a visitar o meu InSensato burgo, não limpando os pés à entrada (o que pode muito bem ser o que eu sempre digo para fazerem, mas que por respeito podiam evitar, já que perco imenso tempo a varrer o chão de parquet). Vá lá… que nunca deixaram fugir o gato…!

Babo com a participação de todos e continuo a pensar o que mais será necessário dizer para vos fazer ver que ainda há chance de terem uma vida regrada, pacata e feliz, não visitando blog’s imbecis como este…!

Obrigado!

K@, InSensato Autor


PS: Uma referência a três outras InSensatas, sem as quais, de uma forma ou de outra, o InSenso Comum não seria o que é hoje. Tampinha, Dona M (secretária do InSenso Comum) e Patty Ejab (consultora jurídica - e dançarina exótica - do blog). A elas também o meu agradecimento sentido.

InSensato Aviso



Serve este (inexistente) post para avisar a clientela deste burgo imbecil que se prepara a Edição Especial de Aniversário do InSenso Comum, que fará, no dia 15, 1 Ano de Vida InSensata.

Postei o 1º InSenso no dia 15 de Novembro de 2004 e, desde aí, com mais ou menos aventuras e desventuras, o InSenso foi sendo um ponto de equílibrio para mim e de claro desíquilibrio para quem, apesar dos meus avisos, continuou a visitar o meu InSensato burgo, não limpando os pés à entrada (o que pode muito bem ser o que eu sempre digo para fazerem, mas que por respeito podiam evitar, já que perco imenso tempo a varrer o chão de parquet).

Enfim... Serve então este (inexistente) post para avisar a clientela deste burgo imbecil que se prepara a Edição Especial de Aniv... Ah!... já escrevi isto... Pois...

Pronto! Apareçam por cá a partir de dia 15. Não haverá Leitão da Bairrada nem sequer Bolo de Aniversário... porque faz mal à dentola da malta e ainda acrescenta uns centímetros nas coxas das senhoras (dizem que sim... pelo menos!...). Mas há algo especial... para todos os InSensatos!


Até lá!...

K@, InSensato Autor

Código DaTransit



Quando tirei a minha carta de condução (já lá vão uns… quantos aninhos), o meu pai – motorista profissional, encarteirado e tudo – acompanhou os meus primeiros solavancos na transição do carro da escola de condução (a gasóleo e, por isso, muito mais simples de conduzir) para o nosso fantástico Fiat Uno 45, mítico carro negro – qual cavalo “Puro Sangue” – que abanava e tremia sempre que se passava dos 90 km/h (movido a gasolina Super – não aditivada, claro – e, obviamente, muito mais complicado de “domar” por um caloiro, como eu era na altura).

Desde logo, com a experiência só ao alcance dos verdadeiros profissionais, o meu pai foi partilhando comigo – enquanto eu tentava, em vão, fazer um bom ponto-de-embraiagem – algumas “pérolas” que um velho livro de código, pelo qual ele aprendeu os básicos do volante em Angola, aconselhava aos instruendos que o liam. Pequenas verdades que, não se pensando nelas, não são importantes mas que, para quem anda (conduz) na estrada, até fazem toda a diferença.

Por exemplo, aquela que mais rapidamente me vem à memória é esta: «Quando passares por uma bicicleta ou uma mota, deixa-lhe espaço para ela cair». Isto é de uma simplicidade genial, se repararmos bem. No entanto, não há nenhum Código da Estrada que ensine esta regra “de oiro” da boa circulação. Outra… «Numa estrada com bermas danificadas, esquece a regra de circular pela direita. Anda no meio da estrada que ninguém te paga os amortecedores que partires.» Bom… esta não vinha no tal velho livro. E actualmente, dada a politicamentice correcta que para aí vai, também me parece que esta “regra” (algo reaccionária, de facto) dificilmente figuraria num manual de código. Ainda assim, o meu pai sempre ma disse e eu sempre a cumpri, com resultados claramente positivos.

Seja como for, eu vejo com bom olhos a possibilidade da criação de um livro desses, caso alguém se lembre disso. Isto… a bem de uma competente uniformização das regras da boa condução… ou melhor… daquelas regras que todos (quase todos) praticamos e nenhum livro de código nos ensina.

Vejamos este caso… Em que livro de código aparece aquela cena de que devemos avançar quando o caramelo em sentido contrário nos faz sinais de luzes? Em nenhum! Pelo menos, que eu saiba…!

Da primeira vez que me fizeram isso, eu reagi logo com uns valentes vitupérios (não me lembro se em D3, confesso), porque pensava que o gajo me estava a chamar totó com aquela brincadeira das luzes. Eu não sabia… mas aquilo era uma “regra”… que ninguém me tinha ensinado. Aí… foi o meu pai a chamar-me totó! «Toma lá que já lá levaste!...»

Bom… eu agora ando com muito pouco tempo e não posso aventurar-me na edição de um Código da Estrada, revisto e aumentado, com as tais “regras implícitas” da nossa circulação rodoviária, embora me pareça um conceito vencedor e que possivelmente possa vir a dar bom dinheiro quem decida pegar na ideia.

No entanto, lanço já (aos olhos desse “alguém” que se interesse pelo tema) duas regras (que são um 2em1: uma regra aplicável de dois modos diferentes, consoante a situação) para um primeiro draft do livro. É que, parece-me a mim, que aquelas coisas pintadas no chão (a que, amiúde, chamam de girafa, embora não se pareça nada com o raio do animal), as passadeiras, tem muito que se lhe diga e cada vez mais reparo que há uma “regra” instalada na abordagem do/a condutor/a às ditas e também nas situações em que nos deparamos com o atravessamento da faixa de rodagem por um pedestre, fora da “girafa”. Aqui vão as regras que proponho:

«Se fores homem, os gajos que se lixem mas deixa as mulheres passarem a estrada à vontade (na passadeira ou fora dela). Tu ficas bem visto e o traseiro delas também»

«Se fores mulher, livra-te de deixares alguém passar a estrada. Até porque tens sempre motivo para te negares. Se o transeunte for mulher… é concorrência (e tem de ser aniquilada); se for homem… nenhum ser macho merece tal delicadeza de uma senhora»


Dois simbólicos contributos da minha parte, que podem inspirar quem, dos InSensatos visitantes, quiser contribuir no início do rascunho deste livro. Que não se faça rogado!... Depois eu peço aos editores para colocarem menções aos nomes da malta como “co-autores”. Que tal…?

D3: O Discurso dos 3




Sempre atento ao que se passa à minha volta (não vá alguém querer fazer alguma tropelia indesejada; tipo fazer-me uns corninhos quando alguém tira uma foto – algo que nunca entendi…), dei comigo mais uma vez a desbravar terreno na compreensão dos fenómenos que o trânsito automóvel encerra.

Conduzia eu, descansado, avenida baixo, quando um energúmeno num Audi prateado, passou um vermelho numa transversal, metendo-se bruscamente à frente do meu fantástico Punto, por pouco não abalroado pelo “às” do volante, que se tinha metido “à ménaço” na minha faixa de rodagem.

“MEU GRANDE CABRÃO!!!” – exclamei eu (e desde já aviso que não vou pôr os inefáveis ***’s a substituir vocábulos de menos elegância, caso contrário este InSenso não faz sentido), a que se seguiu um expressivo “QUERES LÁ VER?!?” e um sonoro “ÉS UM PALHAÇO!!!”…

Descarregada a bílis, passado o stress e feita que tinha sido a respiração profunda que se deve seguir sempre a um susto valente… dei-me conta de que havia algo de comum a todas os impropérios que tinha “carinhosamente” endereçado ao meu colega de quasi desventura.

Afinal, nós, no trânsito, comunicamos através do Discurso dos 3; uma espécie de dialecto composto (quase) unicamente por frases de três vocábulos, que espelham na totalidade e perfeição o que nos vai na alma e em relação ao caramelo que nos ia dando uma pantufada no carro. Serei só eu a pensar assim ou isto faz mesmo algum sentido?

A mim parece-me que sim. Senão… atente-se à seguinte lista de exemplos de Discurso dos 3:

Queres lá ver?!?
Queres ver, queres!!!
Queres levar, pá?!?
Meu grande cabrão!!!
(ou outro qualquer atributo que aqui queiramos pôr)
Grandessíssimo palhaço, tu!!!
(regra semelhante na colocação do atributo)
Estás parvo, é?!?
Estás doido, tu!!!
Olha-me este agora!!!
Olha que isto…!!!
Olha que energúmeno!!!
(idem)
Minha grande besta!!! (ibidem)
Vai à merda!!!
Vai chatear outro!!!

Enfim… É claro que todas as regras têm excepções e esta não é… excepção… a essa regra das excepções à regra. Mas o Discurso dos 3 (ou D3, como doravante deve – tecnicamente – ser denominado) vai mais longe e adapta-se a estas excepções. Vejamos…

Por vezes, haverá a tentação de dizer impropérios com mais de três palavras, mas o D3 encontra forma de tornar tudo cientificamente correcto (por exemplo, “Que é que tu queres?!?” – 5 palavras – passa a “Qu’é que queres?!?” – 3 – simples, não é?). E por vezes, uma só “explosão” em D3 não basta. Solução… a multiplicação. O Discurso dos 3 avança para os seus múltiplos directos, formando composições de 6 e/ou 9 vocábulos (exemplos: “Meu grande cabrão! Queres levar, é?!?” ou “Queres lá ver, esta grandessíssima besta? Vai à merda!!!”). Simplesmente fascinante.

Mas há mais. O D3 não é só um dialecto vibrante e sonoro. Pode também pode ser vibrante… e silencioso, embora muito gesticulado. É esse o caso quando fazemos gestos ao condutor da frente ou de trás, que nos tenha feito alguma. Aí, a comunicação é indirecta (via pára-brisas, em direcção ao espelho retrovisor ou lateral do carro da frente, ou vice-versa – ou seja, via espelho retrovisor ou lateral do nosso carro para a o vidro frontal do carro imediatamente na traseira do nosso). Em suma, é também uma língua gestual em que, se repararmos bem, mantemos “religiosamente” a utilização do Discurso dos 3, com a diferença de não sair qualquer som da nossa boca, que diz os impropérios na mesma… só que em silêncio e em direcção a um espelho retrovisor.

Espero ter, numa dinâmica de Serviço Público – que é apanágio deste burgo –, contribuído para o início de uma nova disciplina do Estudo Sociológico Lusitano. Ou então… sou só eu que sou parvo e me ponho a falar destas parvoiçadas.


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Nota:

Para saber mais sobre o D3, envie um mail para insensocomum@gmail.com . o mais certo é que não tenha qualquer resposta, mas em tendo noção de que a resposta não chega, também vai querer dizer uns bons desforos, que muito provavelmente serão... no Discurso dos 3...!




Mais vale NÃO quebrar!



5 e 7 são 12, com mais 23 são 35, a multiplicar por 3 dá 105, a dividir por 5… 21, menos 8 são 13, noves fora… 4.

Serve esta aritmética lenga-lenga… para rigorosamente coisa nenhuma, como é óbvio. E não me chateiem, que eu estou com uma neura desgraçada!... Aliás, se ficarem de burro, têm dois trabalhos… ou melhor, três… cravar uma estaca no chão, prender o burro e desprendê-lo, caso queiram sair galopando em direcção ao pôr-do-sol, tal e qual o Lucky Luke.

Resulta este estado de (parece-me que clara) má disposição de uma daquelas situações que nos fariam roer o chapéu, caso vivêssemos para aí no início do século XX, por exemplo.

Bolachas. Esse (mais ou menos) doce e salvador snack de todas as horas, desde o pequeno-almoço à fomeca a meio da madrugada, passando – claro – pelas pequenas refeições entre as refeições principais do dia.

Penso que será algo de comum a todos (InSensatos que sejam, ou não) o gosto por uma bela bolacha com a companhia de uma caneca de leite fresco (no meu caso), de chá ou café ou até de um sumo ou iogurte líquido, certo? Mas atenção! Bolacha INTEIRA! E não partida ou feita simplesmente em migalhas!...

Na minha InSensata opinião, parece-me notório que os produtores de bolachas por esse mundo fora (mas cá em Portugal, particularmente – até porque não ando por aí a comer bolachas estranjas a torto e a direito) até hoje descuraram negligentemente um pormenor que, para quem gosta de bolachas, se reveste da maior importância.

É que… quem realmente gosta de bolachas e começa um pacote delas… gosta de o acabar. E quem realmente gosta de bolachas, gosta de as saborear meticulosamente, trinca a trinca, cuidadosamente usando a dentola para quebrar a bolacha, para depois a degustar e finalmente engolir, com a ajuda do imprescindível leite fresco (mantenho aqui o meu gosto pessoal, pelo que se o gosto do leitor for outro, deve mudar mentalmente a imagem da caneca de leite frio por aquela que mais lhe agradar).

Aliás, o ritual de pegar e dar a primeira dentada na bolacha é assim como que sagrado para quem aprecia sobremaneira a dita guloseima. E, daí, que nada deve perturbar esse instante. Mas isso, infelizmente, sempre acontece.

É certo que a quase totalidade das bolachas de um pacote cumprem com as características de impecabilidade exigidas pela solenidade do momento da trinca, mas nem sempre o que começa bem, acaba da mesma forma.

Falo dessa coitada que é a ÚLTIMA bolacha do fundo do pacote que, sem culpa qualquer que se lhe possa ser apontada, aparece toda quebrada e nos deixa o coração apertado (muitas vezes partido… como ela, de resto) por de repente nos apercebermos que aquela bolacha (logo “aquela”) que nos devia saber “ao céu” (e provavelmente deixar a tão extraordinária aguinha na boca, a babar por mais – esse desejo proibido e, como tal, pecaminoso)… afinal nem sequer serve para nos fazer saborear o restinho do leite fresco no fundo da caneca, guardado de propósito só para fechar em beleza o solene acto da degustação bolachal.

É tão duro e cruel que até dói só pensar nisso.

Aos digníssimos senhores produtores de bolachas (espero que a Cuétara, a Vieira e outras marcas do ramo me leiam), aqui deixo - gratuitamente! - uma sugestão para resolver este gravíssimo problema. Um conceito vencedor, parece-me; que em muito pode ajudar a indústria bolacheira e encher de alegria os genuínos amantes da bolacha, quem quer que sejam e onde quer que se encontrem.

Uma “bolacha” de plástico rígido, colocada no topo e no fundo de cada pacote. Simples e eficaz, evitaria a quebra de qualquer bolacha no dito pacote, a não ser por grosseira negligência de manuseamento das bolachas por distribuidores ou consumidores; mas isso já seria problema de cada um deles, individualmente.

Penso que qualquer apreciador de bolacha, como eu, abdicaria de bom grado de duas bolachas em cada pacote, para que o drama da última bolacha quebrada não sucedesse.

Em suma, ...
Porque é necessário lutar por estas causas…
Porque é preciso defender aquilo que é realmente bom…
Porque é de todo justo querermos as nossas bolachas – todas – inteiras…

Por favor, aceitem esta minha sugestão!

Ah! E não me façam pôr uma petição a correr na net!... até porque eu estou com uma neura desgraçada…


Os Putos e o Sistema



Tenho sempre um grande orgulho em poder dizer “O que é nacional é bom!”. E, de vez em quando, até rejubilo um pouco mais (a ponto de me causar a queda de alguma baba pelo canto direito da boca) por ter razões para o fazer, como é o caso de hoje.

Muito embora já aqui tenha falado de algo que se possa assemelhar a esta temática (nomeadamente quando defendi que o sistema judicial português devia definitivamente adoptar o modelo de Tribunal Popular que diariamente se verifica em inúmeros lavadouros nacionais –
vide InSenso de 10 de Maio de 2005), o que hoje proponho é que seja analisada a sagacidade da juventude (ou melhor… acima de tudo, meninice – vulgo putalhada) portuguesa neste particular.

Ora… sem que lhe tenha dado grande importância na época (e até agora, porque putos… são putos), apercebi-me de que a perspicácia da miudagem na compreensão do nosso sistema politico-judicial é simplesmente exemplar.

Longe de mim estaria imaginar que a “chave” do nosso sistema estaria ao alcance do pirralho mais pirralho de uma qualquer escola primária ou até de um infantário da nossa praça, mas de facto é o que acontece.

Ocorreu-me isto ao observar dois miúdos que discutiam numa paragem de autocarro a legitimidade de um deles ter ficado com o jogo do Mini Game Boy do outro (sim… o tempo dos berlindes já lá vai… não vale a pena ficarmos nostálgicos…). Ao que parece, teria ficado assente (leia-se, apostado) que quem ganhasse “x” jogo na PlayStation lá de casa, ficava com o jogo do Mini Game Boy do outro. E assim se procedeu, muito embora estas coisas nunca sejam recebidas de bom grado, mormente por quem perde, claro.

Qual não foi o meu espanto quando a discussão descambou em algo extremamente familiar, dos meus tempos de puto.

- Olha que eu chamo o meu pai!!
- E eu chamo o meu!!!
- Oh! O teu pai não vale nada! O meu é dono de uma empresa!!
- E o meu é polícia! Pode prender o teu pai!!!
- Querias!!! E eu chamo o meu tio que é juiz e não deixa o teu pai prender o meu!!
- Juiz?!?! Que é que isso interessa? Eu chamo o meu primo que é cinturão negro de Karate e dá cabo do teu tio à porrada!!!
- …


Fantástico! É claro que no meu tempo a coisa ficava-se pelo pai que era mais forte que o do outro, ou – no máximo dos máximos – havia um familiar na Judiciária, o que calava logo a discussão (eu, por exemplo, só usei a referência do meu primo da antiga Guarda Fiscal uma ou duas vezes). Mas o diálogo destes dois putos fez-me ver que ELES (os putos portugueses) é que a sabem toda!

A palavra, a justiça e outras tretas afins não valem de nada… quando se tem… conhecimentos. De que vale um contrato quando há um advogado com a arte de fazer letra morta do documento? De que vale um advogado artolas quando há um amigo magistrado que pode invalidar (ou adiar) processos sem conta? De que vale um magistrado quando há um político na família, disposto a fazer uns favores para fazer “implodir” uma notícia bombástica, sem grandes alaridos? E… quando nada disso resulta… de que vale ter uma quantidade inimaginável de bons contactos, com influência, quando um grupo de amiguinhos musculados ou armados até aos dentes podem resolver tudo à marretada?!?

Enfim… pareceu-me que, entre os miúdos, aquilo ficou tudo em “águas de bacalhau”, até porque acho que marcaram uma nova competição de “tira-teimas” na PlayStation lá de casa.

Mas a lição de Sociologia, essa, já estava dada…

Enxoval(ho)



É um dos grandes desastres (pouco) naturais de décadas que já lá vão. Lembro-me eu muito bem que se compravam arcas (dependendo da região, também pode ser usado o termo “baú” para este faustoso objecto). Grandes, pesadonas, cheias de efeitos em altos e baixos relevos, com mais ou menos pegas metálicas e opulentas fechaduras espampanantes, em ferro fundido dourado ou pintado a preto.

Mais solene do que a própria aquisição da arca, porém, era o acto de o encher. Ou melhor… de o atafulhar. De o atestar de tecidos vários, turcos, cobertores, lençóis, naperons, toalhas, toalhitas, toalhetes e toalhões e mais uns bibelot’s que lá coubessem, num espacinho entre dois cobertores ou uns lençóis profusamente rendilhados.

Eu tive uma arca dessas. Acho mesmo que ela ainda existe. Mas consegui safar-me só com dois cobertores (esses, sim, verdadeiramente úteis – bonitos… nem por isso… mas definitivamente úteis), que hoje andam pelo armário lá do quarto, à espera das noites mais frias e dos tremores que hão-se aparecer, mais tarde ou mais cedo.

Já a minha irmã não teve tanta sorte. Aliás, coisa banal era isso acontecer quando se tratava de raparigas. Elas tinham, garantidamente, uma arca para encher. Nós… tínhamos… ou poderíamos não ter. Para nós, esta questão era algo mais “democrática” e bem menos “imposta” do que às miúdas, coitadas.

Dizia eu que a minha irmã não teve fortuna igual à minha e cedo o enxoval (palavra que até me custa pensar… quanto mais escrever!...) lhe foi sendo feito, aniversário após aniversário, Natal após Natal, Domingo de Páscoa após Domingo de Páscoa…

O que me chocou na existência da “instituição” enxoval, na altura em que era miúdo, foi a minha incompreensão sobre para que serviria tal coisa… Enxoval... Isto porque não compreendia o que era casamento, vida planeada, filhos, cama de casal, lençóis rendilhados e toalhas com letras e corações devidamente debruados a cor-de-rosa. Isso e o facto da minha irmã também não compreender, ao mesmo tempo que ia desembrulhando presentes desses em vez de bonecas e livros, que – sei eu muito bem – eram muitos mais desejados do que panos em ponto cruz.

Hoje, o que eu não compreendo no enxoval (continua a custar-me escrever esta palavra) é o… porquê. Porquê dar toalhas, naperons, centros de mesa e outros artigos de tecidos vários, todos rendilhados? Haverá alguma dúvida que, de ano para ano, as modas mudam? Ou seja, haverá hoje alguma arca dessas em que haja alguma roupa de cama que alguém queira usar?

Solidário estou, portanto, com todos e todas (e todos) que sofreram (ou sofrem) por causa desta indecifrável calamidade: o enxoval… (e não é que me custa mesmo?!)

O Copperfield… passou-se!



Agora que ando mais ligado à escrita de material “para fora” (sinto-me um verdadeiro Take Away de escrita) tenho consultado mais sites noticiosos em busca de temas que possam ser actuais e, assim, mais “usáveis” na rádio.

Mas quanto mais se procura alguma coisa… mais se encontra… de tudo. Ou seja, quanto mais informação se angaria, mais possibilidade há de nos caírem no “colo” notícias que mais nos deixam a levantar a sobrancelha, que se eleva imediatamente, do que a processar a (pouca) informação (propriamente dita) nelas contidas.

Hoje cruzei-me com o seguinte título “noticioso”, vindo da Alemanha.

«David Copperfield vai engravidar mulher sem lhe tocar»

E eu pensei: “Olha… está giro! O gajo vai ter um filho ‘proveta’ e tal!”. Mas não. O que o mágico quer é engravidar uma mulher… sem lhe tocar… num dos espectáculos dele! Aí, o meu pensamento já foi algo diferente. Foi mais no género de “Pronto! O Penkas (aquele nariz, pá…!) passou-se! Só pode...!”.

Tudo bem que o homem já tenha atravessado a muralha da China, tenha feito desaparecer uma data de gente e ainda mais uns aviões e uns barcos… mas parece-me que os pós de pirlimpimpim lhe andam a provocar uma má carburação naquela moleirinha.

O que eu entendi da pseudo-notícia é que o Copperfield quer “inseminar magicamente” uma mulher escolhida – sei lá – da plateia e que suba ao palco sem “semente” para descer de lá já com um “fruto” no ventre, concebido sem pecado… isto se não considerarmos pecaminoso o facto de o Copperfield se andar a armar em Deus, claro.

Aliás, esta é só uma das questões essenciais que se me vêm assim logo de repente à cabeça, em relação a esta coisa estranha que li.

Mesmo que Copperfield negue que se quer substituir a Deus, não se livra da fama de tentar ir atrás do lugar do Espírito Santo ou do Anjo Gabriel, o que me parece altamente difícil de ser aprovado pela Santa Sé; pelo menos, nos tempos mais próximos.

Mas, vá… ainda que ele vá em frente com isto. De quem é o filho? É certo que o puto não será do “pai” dele. Suponhamos que a gaja é casada e deixa o marido na plateia, enquanto o Copperfield a leva para o palco… O pachá do marido fica ali, literalmente com cara de corno, a pensar que já não bastava agora a parva ficar balofa e a vomitar durante meses (e sexo… meu amigo!… “pão e água”…), como também depois vai ter de aturar um fedelho que ainda por cima nem sequer é filho dele. Olha qu’esta!...

E, já agora… Vai haver um Predictor no palco à espera dela, para se fazer o teste imediatamente antes? E a malta vai poder ver a recolha da urina “ao vivo” (a bem da transparência do truque)?... Sabe Deus…!

Mais. Em que ponto da actuação (do truque) se dá exactamente a concepção? O ilusionista garante que não há sexo envolvido no truque (realmente, o espectáculo até teria muito mais interesse COM sexo, mas ele lá sabe… e aí o “corno” ainda ficava mais corno); logo, tem de haver um momento em que se saiba que… já está; que há puto lá dentro. Ou seja, a minha dúvida é… como é que se prova, no tempo “útil” de uma actuação de magia, que uma mulher fica grávida? A coisa não é “Pufffff! Já está!”, certo? E vai haver ecografia, é? Ou a gaja começa logo, imediatamente, com enjoos matinais? Ou – em última instância – será que o público fica na sala fechado uns meses, à espera que a barriga cresça? Nesse caso, parece-me lógico que o Copperfield arranje mais uns quantos artistas para ir entretendo a malta que o há-de aplaudir – se tudo correr bem – lá para o 3º ou 4º mês de gravidez da moça.

Tudo isto cheira-me muito “a esturro”, claro. O Copperfield – mestre na arte da publicidade – fecha-se em copas e não dá mais pormenores. Mas agora que isto me fez tanta confusão… vou estar atento ao que aí vem e, se possível, confrontá-lo com as minhas dúvidas, no mínimo.

GuGu DáDá… PFFFFF!




Há uns dias, no Centro de Saúde, assisti a uma cena daquelas que têm piada… nos primeiros - vá... - 27 segundos, começam a incomodar a partir daí e até ao minuto e meio de duração, sendo que, passado este ponto no tempo, a única maneira de suportar tal coisa é descalçar os sapatos e (repentinamente mas de forma continuada) inalar toda e qualquer partícula do chamado sulfato de peúga que exista por ali, à espera de ser recebida em grande apoteose no nosso sistema respiratório.

Ora… só não me descalcei logo ali, em plena Sala de Espera do Centro de Saúde porque, a inalar o meu chulé, ao menos que o faça em casa, sem ter a obrigação de o partilhar com mais ninguém. É o que faz ser muito possessivo com as minhas coisas… e eu bem vi os olhos (e narizes) de cobiça de malta que fitava os meus pés, sentido o desejo de inalar um bom chulé para fazer esquecer o que se passava ali ao lado.

Bom; voltando ao que, de facto de se passava… Era uma avó que esperava pela consulta do Médico de Família com a neta (pirralha aí com os seus dois/três anos). Nada de especial a assinalar, a não ser o discurso da velha para a miúda. Passou um carro lá fora (que apitou) e a vovózinha decidiu lançar à neta a pérola «Olha, Lili! O popó fez pipi!». Logo a seguir, tocou o telefone do Secretariado e… «Olha Lili! Olha o trrim-trrim!». A miúda pouco ligava ao que a sexagenária dizia, é um facto, mas a dose ia aumentando, talvez numa dinâmica de “água mole em pedra dura…”. «Olha, Lili! Daqui a pouco, vamos ter com a Babá, à casa da titi, vamos?»… E isto foi andando até ao momento que o meu único pensamento era “Ai o sapatinho a sair-me do pé! Vem cá sapatinho, vem!”.

Parece-me haver poucas coisas mais parvas do que isto, para dizer a verdade. Falar com o miúdos em pseudo-vocábulos dissilábicos é uma coisa por demais estranha e estapafúrdica, não é? A minha sobrinhita tem pouco mais de um ano e, muito embora ainda só esboce a articulação de umas poucas palavritas mais simples, já entende palavras como “casaco”, “arrumar”, “comer” e por aí além. Dissílabos, só “mamã”, papá” e, inevitavelmente, “papa”, porque é assim mesmo que a palavra é. Mais de resto, não há cá tetés para ninguém.

Não quero com isto dizer que a minha sobrinha é melhor que os outros bebés (outro dissílabo que é o que é). Simplesmente, parece-me que – a optar pelo discurso do “popó” – pode chegar-se a alguns discursos como este que se segue.

- Olha, Lili! O popó faz pipi!
- Mas o pipi não faz xixi?
- Faz. Mas não é só o pipi, também é o loló!
- E o cocó?
- O cocó vem do tutu!
- Mas a cocó é quem dá o teté, não é?
- É. A cocó dá o teté.
- E a titi faz o teté para a papa?
- Faz. Lá na casa da Babá.
- E o papá, a mamã e o vovô ‘tão lá, vovó?
- Estão. E também lá está o ão-ão e o miau-miau para tu brincares mais a Babá.
- E a mumu, vovó?
- A mumu, não, porque tem dói-dói.
- Tem dói-dói?
- Tem. Mas tem lá o memé a fazer-lhe companhia.
- Ah…

Desculpem-me!!!… mas estou a ficar lelé!... Não há aí mais um sapatinho para eu cheirar, não?...

Por uma só vez...!



Caríssimos InSensatos:

Por uma só vez, aqui farei publicidade explícita a algo que me diz respeito, no caso, como amante da comunicação nos mais variados sentidos da palavra e meios usados para a levar a cabo.

O que se passa é que, ao que tudo indica, na próxima segunda-feira (17 de Outubro), um amigo meu vai estrear um novíssimo programa de rádio numa estação local mas, logo que o convite surgiu para fazer as novas manhãs daquela rádio, decidiu pedir a minha InSensata Ajuda para "abrir" o programa ao "resto do mundo", criando um site para que a malta visse o que dia-a-dia de mais importante acontecesse durante essas três horas (das 9:00 às 12:00), independentemente de se ser ouvinte ou não.

Ora... aqui o vosso amigo percebe é de blogs e foi isso que lhe propôs. O rapazola - certamente não se capacitando que muito possivelmente estava a fazer um erro crasso mesmo antes do programa começar - aceitou e ainda estendeu o convite à produção de alguns conteúdos (pseudo)humorísticos para o programa.

De "moldes" que agora estou duplamente envolvido nesta coisa a que chamaram Café com Pimenta, o programa das manhãs da Rádio Maiorca FM (92.1 - Figueira da Foz e Coimbra), como "argumentista" e criador do blog; razão pela qual esta semana de regresso foi escassa em escrituras aqui no InSensato Burgo, algo que pretendo resolver já a partir de segunda-feira, se vossas mercês não ficarem muito chateadas com isso.

O dito blog ainda não está terminado (nunca estará, de facto, porque há sempre coisas que podem ser melhoradas, como é óbvio) mas o que lá está já dá uma ideia do que serão as manhãs com os "Pimentinhas de Serviço": Marco António (animador/locutor/totó/especialista em cultura geral da treta), Carina Rodrigues (jovem e promissora jornalista) e Albino (o inoportuno e efeminado estagiário, encarregado de tirar os cafés da malta - o único trabalho que a rádio decidiu atribuir-lhe para o calar... muito embora ele continua a maçar toda a gente!...).

E pronto! Está feita a publicidade! Agora (caso queiram, claro), oiçam, vejam ou leiam o que esta malta tem para oferecer no InSensato Programa cujo site terá muito em breve um link de destaque aqui no blog. Para já, Excelssos InSensatos, aqui fica a imagem (também criada por "moi mêmme") para "ilustrar" essas três horas de sons no éter [adoro esta expressão!], onde vossas excelências (estou, claramente, a tratar-vos excepcionalmente bem apenas e só para que acedam ao site, como já devem ter reparado!...) nela cliquem para chegar ao
http://cafepimenta.blogspot.com.

Ok! Está feito! Muito Obrigado e saboreiem muitos cafés com pimenta!...

:-)

K@, InSensato Autor (& InSensato Criador do "Café com Pimenta, O Blog")

InSensata Apendicite – II



A apendicite de que fui “vítima” foi resolvida logo no dia em que o médico do Centro de Saúde a detectou. Aliás, entre esse primeiro (e horripilante) exame de tacto e a mesa de operações (ou seja, outros quatros dolorosos exames de tacto depois – nem imaginam as dores que isso provoca) não decorreram mais de seis horas; o que, para quem nunca tinha sido operado na vida (exceptuado uma pequena sutura no escalpe, devido a uma queda), é um choque tramado de gerir.

Mas pronto, lá deixei que todos os procedimentos (desde a inserção do cateter numa veia das costas da mão à raspagem do pelume na zona pudibunda – por momentos senti mesmo que estava a caminho de fazer uma depilação “à brasileira”… –, passando pela extracção de sangue por três vezes[!] para um mesmo exame ante-operatório…) fossem feitos com uma surpreendente boa disposição da minha parte.

Além disso, até foi giro ser adormecido por uma médica gira de olhos azuis e acordar com eles a olharem para mim “três minutos” depois (na verdade, foi uma hora, mas a mim pareceu-me só três minutos). Já não foi tão giro estar no Recobro e não conseguir articular quaisquer palavras, ainda fruto da anestesia geral. Tal como não foi nada engraçado ver os candeeiros a passar por cima de mim (bem ao estilo de um filme mil vezes visto) no caminho feito até à enfermaria e, claro, sentir dores imensas na primeira noite, só atenuadas por umas drogas valentes (e boooooas!) que juntaram ao meu soro. Aquilo bebido directamente deve dar uma moka valente...!

Também não gostei – e fez-me confusão – o odor da urina do soro fisiológico. Caraças! Que fedor! Já não bastava um gajo mijar a custo?! Ter de levar com aquele cheiro era coisa perfeitamente dispensável! Mas era isso ou ter uma sonda! Mal por mal… o bedum!

Então e as calças de pijama que me deram no Hospital?!? Sabe Deus!!! Se eu encontro o pseudo-designer responnsável pela criação daqueles sacos de batatas em flanela (rija de milhares de lavagens), sem elástico mas com dois míseros botões e um baraço, que não seguram o suficiente para evitar a chamada mostragem do princípio do "rêgo rabal"...! Foi, sem dúvida, o pior dos meus fashion statements dos últimos anos!...

Entretanto, a coisa lá se fez e tive alta dois dias depois. Fui para casa e começou o ócio forçado que durou até há dias. Neste hiato de tempo, fui sendo visitado por gente claramente mais simpática que eu, que foi às compras por mim, me trouxe DVD’s para eu me entreter, me mudaram a areia do gato já que eu não podia – e há poucas coisas piores do que mudar a areia da caixa dos gatos –, me trouxeram doces que eu não podia comer (mas comi) e, estranhamente,… me contaram as suas estórias de hospital.

Aliás, nunca me tinha apercebido disto senão agora. Acredito que acabo de entrar para um clube/organização que até agora desconhecia! Como se da Maçonaria se tratasse, deve haver uma Irmandade dos Operados, de certeza! É que, a partir do momento em que apareci com o bandulho atado por pontos e tive de começar fazer o penso com Betadine todos os dias (algo que ainda faço, devido à já sobejamente conhecida má cicatrização dos parvos três pontos de cima), as pessoas olham-me de maneira diferente e de todos os quadrantes surgem (umas interessantíssimas… outras nem tanto) estórias de intervenções cirúrgicas, (mais ou menos) semelhantes à minha.

De repente, descobri que meio mundo decidiu falar das suas (antigas) mazelas, do modo como foi tratado e de como foi a recuperação… sem que eu tivesse perguntado o que quer que fosse!

Estranho!… Mas deve ser uma coisa da tal Irmandade… Mais vale a pena não levantar ondas por causa disso…

Não sei!…Digo eu!...


InSensata Apendicite - I



Sei que suscitou estranheza e curiosidade – mas, convenhamos, era essa a minha intenção quando (como qualquer gajo que se move no mundo da comunicação) escrevi isso no post anterior – o facto de relacionar a minha recente apendicite com uma, até ali, insuspeita fartura, esse baluarte das guloseimas de festas e romarias, em versão frita, de preferência em óleo com mais de 35.000 km de “rodagem” sem nunca ter visto revisão ser-lhe feita uma vez que fosse.

Cabe-me, então, explicar a razão pela qual acho que a minha apendicite se “deveu” a uma (e uma só) fartura.

Acontece que, por altura das festas da minha vila (que não é propriamente do interior, caso contrário não me referia a ela – tal é o “gosto” que tenho por vilas do interior!...), fui visitar a feira (num sábado à noite) e no regresso a casa entreguei-me a esse pernicioso prazer de comer uma fartura sempre que vou a uma festarola, romaria ou feira popular. Assim fiz mas logo a seguir começaram as dores.

Pensei logo, obviamente, que a razão do padecimento estomacal se devesse à ingestão daquela saborosíssima fartura, bem demolhada que tinha sido em óleo que aparentava estar ao lume há já para aí umas 13 horas… non-stop, claro!...

O mal-estar foi tanto que se prolongou noite dentro e dia seguinte… e dia subsequente. Ou seja, segunda-feira. Perdi a conta às águas gaseificadas que bebi e aos palavrões que disse de sábado à noite até ao final dessa segunda-feira, altura em que, num último esforço de demonstração de que não acreditava noutra coisa que não na culpa da imbecil fartura pela minhas dores, ainda fui à farmácia pedir pastilhas para amenização do mal estar de estômago.

Nada resultou. Nem a água, nem as pastlhinhas anti-ácidos, nem muito menos os insultos, nos quais – confesso – depositava as minhas maiores esperanças de resolução do problema. Porra, Merda, Foda-se, Caralho, Puta-que-Pariu (e palavras doces afins) claramente foram incapazes de debelar o indebelável. As dores continuavam e, infelizmente, em crescendo.

Na manhã seguinte fui ao Centro de Saúde logo às nove da manhã. Fiz queixinhas das dores e deitei todas as culpas publicamente (quer dizer… semi-publicamente… só lá estava o médico mesmo!...), claro, à bardajona da fartura que me tinha posto a barriga num desastre que só visto… e sentido.

«Fartura?!?! 'Tás parvo ou quê, rapaz?», disse-me o médico, com um sorriso de orelha a orelha, enquanto fazia o exame de tacto mais horrível que a Medicina alguma vez inventou (aquele de carregar na barriga com três dedos e largar de repente). «Isto é uma apendicite! E tu vais é já para o Hospital!».

O regresso do K@ijo Suíço




Caríssimos InSensatos, estou de volta.

Ok… bem sei que não é motivo de festa nem nada que se pareça, mas pronto, apeteceu-me assinalar “oficialmente” o meu retorno aqui ao burgo e à vida activa em geral.

E tenho a dizer que volto em versão… “queijo suíço”, visto que o raio dos pontos (os três últimos – de sete – cá mais em cima, ali do lado direito da pança) teimam em não querer fechar e, por isso, há um buraco de cerca de um centímetro de comprimento que subsiste por ali como se não fosse nada com ele. Mas é. É com ele e, infelizmente, comigo também.

Ora… como essa coisa de ficar em casa indefinidamente sem poder fazer nada (inclusivamente escrever parvoíces) à espera que um “fuínho” tivesse a bondade de ter querença em fechar já me estava a irritar solenemente… toca de sair à rua… e voltar a agitar o corpo e a mente.

Resultado do primeiro dia… pá… devia ter ficado quietinho em casa!

Estou todo dorido, caraças! Principalmente, na cicatriz, claro; mas no resto do corpo também, porquanto o período de repouso aconselhado por médicos e enfermeiros acaba é por ajudar a uma certa atrofia muscular e a uma consequente maior fadiga neste reinício de actividade física.

Ou seja, estou acabadote… é o que é!...

Planeio fazer no próximo post uma pequena resenha do que foi a InSensata Apendicite que, de repente, me pôs KO durante praticamente três semanas. A estória não é nada de especial, mas lá pelo meio do processo, houve coisas que fizeram (e outras que ainda fazem) alguma confusão e que pretendo partilhar convosco. Depois, logo que possível e despachado o “dossier” relativo ao meu estado de enfermidade, voltarei aos InSensos… para desespero da blogosfera em geral – já certamente agradada com o espectro da minha parvoíce estar toda concentrada no apêndice agora removido para incineração numa fornalha de lixos tóxicos hospitalar. E mais vos digo que esta coisa da apendicite tem rudo a ver... com uma fartura. Porquê? A resposta... no próximo post.

Até lá, mais uma vez, o meu agradecimento pelo InSensato Feedback deixado nos dois últimos post's. Ou melhor… obrigado, não. Se vocês tivessem juízo, liam blog’s de qualidade e não burgos com textos sobre apendicites e incineradoras de resíduos hospitalares! Olha qu’esta!...



InSensato Autor PRESENTE...



... mas só por uns (curtos) minutinhos, para agradecer os simpatiquíssimos comments (que, de resto, eu não mereço) deixados no post anterior e para dar conta de que a recuperação (da qual tenho dado um pequeno lamiré - que é uma palavra que eu gosto muito - no blog InSen'Imagens) tem decorrido de forma mais lenta do que o desejado, devido ao claríssimo mau feitío de um dos sete pontos (agora já sem "cordel" a atar) - o 1º de cima, para ser mais exacto - que não está muito colaborante e insiste em manter-se "aberto a propostas" (ou, simplesmente, aberto a espero de alguma infecção com que ele tenha marcado um encontro romântico, não sei...).

Prevê-se, portanto, mais uma semana - esta que agora começa - de repouso (quase) total, em casa, para ver se, com mais uns "dedinhos de conversa", consigo levar o insolente ponto a sarar convenientemente, de modo a que me seja possível retornar ao activo (e que activo me espera!... com três ocupações - duas delas novas - profissionais) no início da próxima semana.

Agradeço, mais uma vez, o vosso InSensato apoio e despeço-me com a promessa de que aqui farei uma resenha do que foi a aventura da minha primeira intervenção cirúgica e a estopada que é estar confinado às paredes de casa e a ter como melhor amigo o comando da tv, que só leva a malta a ver o que de pior a televisão por cabo tem para oferecer.

InSensatos K@mprimentos!

K@, o InSesato Autor (ainda em convalescença)


InSensato Autor Ausente

Por tempo indeterminado. A recuperar de uma inesperada intervenção cirúrgica.
Maldita apendicite!!!

Alecrim – a celebridade olvidada




Alecrim, alecrim aos molhos
por causa de ti
choram os meus olhos
ai meu amor
quem te disse a ti
que a flor do monte
era o alecrim

Esta é a canção popular que imortalizou o alecrim e, simultaneamente, é o maior problema/embaraço deste simples vegetal com odor intenso mas, ainda assim, agradável.

Reparei nisto numa curriqueira conversa de transporte público (agora que voltei a essas lides diárias). A “páginas tantas” dessa viagem de comboio regional, soltou-se a expressão “aos molhos”… ao que eu respondi, imediata e inconscientemente, com uma cantarolada da música acima referenciada. Nem sei bem por que
o fiz; simplesmente saiu.

Mas logo a seguir apercebi-me que, não fossem esses versos que aprendemos logo em tenra idade, não falaríamos NUNCA do alecrim. E a razão para isso é simples. Somente não temos razões para falar nele!... É que o alecrim não faz parte das nossas vidas, se virmos bem as coisas.

Triste sina a do alecrim. Imortalizado numa canção popular e esquecido para (quase) todo o sempre, excepto quando um badameco qualquer (como eu) se lembra de cantarolar o “Alecrim aos molhos” [já agora… por que raio haverão de chorar os olhos? Aquilo não é cebola!...]. Mal “acomparado”, faz-me lembrar aquelas supostas “celebridades” de quem já ninguém se lembra, mas que nos vêm à memória por motivos fúteis ou simplesmente… parvos.

Aliás, este é um conceito que parece estar algo em voga.

Imagino as reuniões de “criativos” em departamentos de Produção ou gabinetes de Criação de Conteúdos…

«Pá… e que tal aquela gaja…?» «Que gaja?!?» «Aquela gaja!» «Que gaja?!?» «Aquela que era apresentadora!...» «Qual apresentadora?!?» «Aquela que se casou com um gajo que foi ao Festival, pá!» «Quê?!?! Que gajo?!?» «Pá… Aquele que cantava uma balada e tal…» «AH!!! E como é que tu te lembraste disso?!?» «Sei lá eu?! Ouvi a minha filha dizer que a boneca nova dela era linda, linda… e olha…!». Deve ser assim, não?...

Mas o que tem isto a ver com pobre alecrim…? Tudo! Se não fosse aquela musiquinha, o alecrim era só mais um vegetal bem cheiroso e com uma vida pacata. Como as urzes, por exemplo. Mas as urzes não têm a responsabilidade de serem mais do que os simples arbustos que são. Ninguém lhes dedicou uma música que toda a gente sabe cantarolar, pois não?

Já o alecrim não tem essa sorte, a de passar despercebido. Aquela canção popular não lhe facilitou em nada a vida, bem pelo contrário. Famoso, sim, mas não “aos molhos”; só aos cochichos. E esquecido para todo o sempre… até que um gajo se lembre disso numa viagem de comboio. Deve ser um bocado triste, problemático, embaraçoso e patético, não?...




Isto e Aquilo




Sempre foi um grande desejo meu escrever isto e aquilo sobre alguém ou alguma coisa. Na verdade, pensando bem, não há-de ser assim tão complicado escrever isto e aquilo sobre o que quer que seja ou sobre quem quer que se escolha como sujeito/objecto do nosso discurso. Pelo menos, não parece.

No entanto, escrever isto e aquilo, só “porque sim”, pode não ser correcto. Ou melhor, pode não ser simpático. Sim… porque isto e aquilo pode ser muita coisa. E ser muita coisa pode implicar que alguma coisa no meio dessa muita coisa pode não ser oportuno divulgar. É uma questão de probabilidades. Por este mesmo raciocínio, isto e aquilo poderá não ser nada, ou ser, simplesmente, quase nada. E dizer quase nada sobre alguém ou alguma coisa também não é de uma grande amabilidade, pois desvaloriza o objecto aflorado pelo nosso (no caso, curto) discurso.

Prova-se assim porque é que eu nunca escrevi isto e aquilo. Porque é difícil. É difícil, por exemplo, definir o que é que isto e o que é que é aquilo. Logo aí há uma dificuldade certamente inesperada para quem se apronta, todo pimpão, para palrar isto e aquilo, sem grandes preocupações na vida. Ora… se era para ser uma coisa despreocupada, tentar perceber e definir a “fronteira” entre isto e aquilo… dá cabo do esquema “despreocupado” de qualquer um!...

É que, se essa coisa de dizer isto e aquilo pode ser tramado – como de resto, estou cabalmente a provar, acredito – fará se for para dizer isto, aquilo e aqueloutro!...

Ora, aí a coisa piora substancialmente, pelo menos em termos de dificuldades acrescidas. Já para não falar que aqueloutro nunca foi razoavelmente definido com exactidão por ninguém. E se queremos dizer isto, aquilo e aqueloutro de alguém ou de alguma coisa, temos primeiro de saber bem o que é aqueloutro. E ninguém sabe isso, temos de admitir!...

Em suma, acho que é uma simples questão de bom senso (coisa rara por estas bandas) ficar-me pelo meu velho desejo de dizer isto e aquilo só por dizer; já que dizer isto, aquilo e aqueloutro sempre foi para mim uma utopia inatingível e – logo – por mim posta de parte, para não perder tempo com coisas inalcançáveis.

Não sou muito dessas coisas mas aproveito para aqui deixar um conselho a todo e qualquer um que queira dizer isto e aquilo (e aqueloutro, já agora): que não o faça.

Porquê?

Simples. Porque pode ser o bom e o bonito…!



Mais vale quebrar… ou não!





Hoje exponho uma das minhas maiores fraquezas aqui no InSenso Comum. É com alguma falta de senso que o faço, é certo, visto que de futuro poderei vir a ser importunado por alguém que use isto contra mim, por não me querer propriamente bem e até agora não possuísse este precioso naco de informação.

Tenho fobia de partir coisas. Principalmente, pratos, copos, jarras e outras faianças afins, de vidro ou porcelana. Quero dizer… se calhar não é bem uma fobia. Simplesmente, não gosto de partir coisas sem querer (quando é propositado e muito libertador e até relaxante!).

Para mim, partir um copo ou um prato equivale quase a ter um pequeno acidente de viação, daqueles em que ninguém se magoa mas da chapa batida e dos nervos que a situação despoleta não dá para se livrar. Fico de tal forma inquieto e stressado que tenho de parar tudo e sentar-me porque a coisa me afecta mesmo à séria.

Imagine-se a seguinte situação. Lava-loiça cheio de água e detergente, bolhinhas, espuma e tal. 4 ou 5 pratos lá dentro, com os restos de comida a “amolecer”. A malta chega (sempre com pouca vontade em lavar a loiça) e mete mãos ao trabalho. 3 segundos depois… aquele som…! A espuma fez o prato escorregar da mão e o curto “voo” resulta na colisão com a borda do lala-loiça, provocando o estilhaçar da porcelana e a consequente quebra em dezenas de cacos…! Visão horrenda!

Começo sempre (inevitavelmente) a tremer como varas verdes, sem conseguir reagir a um simples incidente de ínfima gravidade menor. Porquê? Não sei bem…

Em miúdo, parti um vidro “martelado” de uma porta de marquise e ainda uma mesa de vidro e um daqueles cães de porcelana (para aí de meio metro de altura) que havia na minha sala de estar. Bom… se a foleirada do cão estava mesmo a pedi-las e partir aquilo não me causou grande stress (sem ser aquele no imediato) e dor de consciência… já o vidro da porta e a mesa a quebrarem em mil estilhaços, pontiagudos e brilhantes, de tamanhos diversos… são imagens que me perseguem até aos dias de hoje!...

Talvez seja isso que ainda me provoca a tremideira sempre que parto alguma coisa, volvidos que são tantos anos desses eventos de pouca fortuna. Talvez… não sei…

O certo é que só há uma coisa pior do que os nervos que vêm logo a seguir à quebra da loiça. É aquela vozinha que, em vez de confortar a malta, só sabe dizer algo do género «Ah… deixe estar… era só um copo muito precioso que já estava na minha família há 5 gerações… Não tem importância nenhuma…»!! Que é como quem diz «Meu grande f****-da-p***! Eu aqui a pôr os copinhos que a minha tetravó me deixou no testamento!... Eu vou ali chorar baba e ranho e já volto… pode ser?...» mas só lhe sai… «Não se preocupe… Não tem importância… Era só um copito debruado a oiro antigo, para o qual nunca vou arranjar substituto… Paciência… Um dia tinha de ser…».

Eu fico logo perdido! Olha que esta!?! Prejuízo maior é para mim, que perco anos de vida com a tremideira! Não tivesse posto a porra do copo na mesa, se era tão valioso! Sabendo essa rapaziada que eu não me ajeito propriamente com a locomoção das manápulas… tem mais é que prevenir… porque remediar, nestas coisas, simplesmente não dá!...

E com isto fico com o stress de partir a loiça… e com o stress de ouvir estas choraminguices também!... tudo acumulado!

Não há maneira de um gajo se sentir bem… a não ser que se partam as coisas pelo simples prazer de as quebrar em mil pedaços.

Destino: Praga

(pequeno e parvo trocadilho que, provavelmente, ninguém vai entender ou achar piada)


Estou cada vez mais convencido de que fiz alguma coisa que irritou fortemente algum ente divino… ou, se calhar, até mais do que um… não sei…!

É que, sem qualquer aviso prévio ou visível razão que o justificasse, em menos de duas semanas, fui “presenteado” com duas (não podia ser só uma… não!... foram logo duas!) pragas de formigas em casa! E foi o cabo dos trabalhos!...

Uma certa manhã, na semana passada, quando toda a minha actividade cerebral ainda estava concentrada na árdua tarefa de coordenar os movimentos do braço e mão para coçar o nadegueiro, entrei na cozinha e deparei-me com uma decoração diferente nos azulejos brancos. Mais a mais, a nova linha preta ondulava ligeiramente (o que, àquela hora, até nem parecia estranho de todo). Lá fui investigar…

Formigas! Muitas! Imensas! Todas em carreiro… até aos potes de mel guardados numa prateleira junto ao frigorífico! Animaizinhos irritantes, estes que, em filinha indiana, conseguem empestar uma cozinha respeitável, não?

Decidi logo que medidas drásticas seriam tomadas no sentido de se proceder ao extermínio desses bicharocos aproveitadores que, em filinha indiana, conseguiram empestar a minha cozinha e atacar o mel, tão necessário para as minhas frequentes afonias.

Peguei no mais fantástico insecticida até hoje comercializado – de seu nome (não menos fantástico) ZZZ PAFF – e toca de malhar na formigada toda! Foi uma limpeza!...

Esta manhã, no entanto, voltou a acontecer!... Quem sabe, em jeito de vingança pelo genocídio perpetrado por mim sobre os “familiares” e precavidas de que o primeiro ponto de entrada ainda estava sob o efeito do fabuloso ZZZ PAFF, as formigas voltaram a entrar na minha cozinha, agora por outra janela! Nova invasão, novo carreiro, novo ataque a algo doce (no caso, um frasco com amêndoas e rebuçados), novo ataque de nervos e, claro, nova chacina patrocinada por ZZZ PAFF, (claramente) o super-herói dos insecticidas.

Agora a minha cozinha está de novo em “quarentena”; a arejar, para que os gases do insecticida se vão dissipando. E lá vou eu ter de lavar a loiça TODA outra vez, as bancadas todas outra vez, os electrodomésticos todos outra vez, o chão todo outra vez… Enfim…

Ainda ontem falei mal dos anjos… terá sido isso?! É que, sendo assim, tenho de ter algum cuidado. Não tarda, tenho a cozinha cheia de gafanhotos ou coisa assim…!

Reconforta-me um único pensamento. Enquanto houver ZZZ PAFF, estarei seguro. Viva o ZZZ PAFF!