O Último Grãozinho de Açúcar


Confesso. Hoje pensei, finalmente, que seria possível. Cheguei a evidenciar – foi o que a minha mulher me garantiu, já que eu estava de frente para ela, no bar do trabalho – um olhar de inquestionável deslumbramento. Mas, de repente, tudo se gorou.

Afinal, é mesmo impossível que, quando despejamos o conteúdo de uma saqueta de açúcar no café ou num galão, caiam dela todos os grãos… mas todos mesmo. Hoje, mesmo que por momentos tenha pensado que o contrário seria possível (uma esperança minha desde criança), acabo por admitir que tal não pode, de todo, acontecer. Fica lá sempre pelo menos um grão.

Esta manhã, para adoçar o galão do pequeno-almoço, abri duas saquetas de açúcar e despejei uma e meia para o copo, como habitualmente faço. Pouco depois, a meio da conversa, lembrei-me de que ainda não tinha feito a verificação da saqueta (supostamente) vazia. Algo que faço desde que me lembro do conceito de açúcar em saquetas de 8/9 gramas.

Estava… vazia! Nem um grão de açúcar! Nenhum! Tantos anos a contar por frustrações as minhas tentativas de esvaziar totalmente as saquetas de açúcar (sem, obviamente, as destruir por completo – assim é fácil)… e hoje, por fim… sucesso!... pensei eu.

Resolvi conferir de novo, mais minuciosamente, a saqueta em questão (não fosse a emoção do momento ter-me traído). Percorri calmamente com os dedos “em prensa” toda a área da saqueta e no último milímetro cúbico do último canto inspeccionado… lá estava o grão confirmador da regra que diz que alguma vez uma saqueta de açúcar aberta num dos cantos ficará totalmente vazia.

Obviamente – e até porque sou um aficionado da ciência e da colocação em questão dos dogmas da Humanidade – vou continuar atento e estou determinado a tudo fazer para provar (acredito que um dia conseguirei!) que – mesmo sendo extremamente complicado – é possível esvaziar totalmente uma saqueta de açúcar.


Gato por... Vaca com Cogumelos Chineses e Bambú?...


Ontem à noite, ao dar pedaços da carne do jantar que peguei no Take Away do restaurante chinês que existe mesmo ao lado do prédio onde moro, não consegui deixar de pensar se não estaria, eventualmente, a fomentar o canibalismo no meu animal de estimação. Sim... porque aquilo sabe tudo muito bem mas, na verdade (verdadinha!...), a malta fica sempre com uma pequenina dúvida se a carne será realmente de vaca... ou não.

Língua Portuguesa: Dois Pesos e Duas Medidas?

Em causa neste post estão duas palavras que me parecem ter tratamento diferenciado na nossa Sociedade: Putedo e Peixona.

A primeira é um termo que definiria como um clássico. É de todo em todo útil para nos referirmos a uma data de coisas. Desde confusão ou problemas, a multidão, brincadeira, safadice e até a grandes quantidades… tudo pode ser um putedo; um putedo de coisas, de estados de espírito, de situações… enfim, um putedo de tudo e mais alguma coisa. Oficialmente, resume-se a definir devassidão, o que me parece pouco para um vocábulo tão jeitoso e com tanta utilidade para além daquela que o dicionário lhe atribui. Mas é aceite como palavra da Língua Portuguesa, e isso já não é mau de todo.

peixona… não é. Entrou nas nossas vidas recentemente, com o vídeo do… putedo entre uma aluna (e o resto da turma dela) com a professora de Francês numa escola secundária da cidade do Porto. Da cena de insultos, berros, empurrões e não sei mais o quê não registei grande coisa (parece que havia ali uma grande galhofa por causa de um arrufo entre uma aluna e a docente devido a um telemóvel ou coisa do género). O que me ficou gravado na memória foi que o “operador de câmara”, a dada altura, precisou de proceder a uma “limpeza” do campo de visão de seu próprio telemóvel (pelos vistos, este não confiscado pela professora que, aparentemente, se debatia – ironia das ironias – pela captura de um aparelho similar). Para a desobstrução do plano da imagem, o cameraman ordenou a uma colega que saísse da frente, chamando-lhe peixona («Ó peixona!... Sai da frente!!!»). Obviamente, achei isto fascinante. Já ve e revi o vídeo dezenas de vezes (nem sequer foi preciso ir ao YouTube, as televisões portuguesas fizeram-me esse obséquio – Muito Obrigadíssimo, digo eu!) e aquele instante é para mim o ponto alto da coisa, sem dúvida. Só tenho pena de que a Língua Portuguesa não seja tão rápida a actualizar-se quanto esta malta que levanta grandes putedos nas nossas escolas é a criar neologismos catitas para a gente usar. Porque é que temos de continuar a chamar as mulheres gordas de balofas, adiposas, obesas, largas, anafadas, rechonchudas, espaçosas, pesadonas, bolachudas, gorduchas, corpulentas e até (imagine-se!) de fortes(!), se podemos insultá-las com um sonoro “Ó peixona!...”? Por isto (e até porque a utilidade da palavra já ficou mais do que provada), acho mal que isso ainda não me seja oficialmente permitido pelo Dicionário da Língua Portuguesa, onde peixona tinha – acho eu – um lugarzito, confortável e merecido, entre peixinho-de-prata e peixota, que já lograram a ratificação dos entendidos na matéria.

Espero que esta dualidade de critérios seja rapidamente corrigida, como é evidente.

WCBooks©

No Dia da Poesia… um InSenso sobre Literatura… ou mais ou menos isso.


Há muita gente que diz – e acho mesmo que o diz com a sensação de que faz um figurão ao dizê-lo – que tem, de momento, tem dois (ou mais) livros à cabeceira, que vai lendo mais ou menos à vez. Sinceramente, parece-me bem, embora pessoalmente não me dê bem com esse conceito, já que adormeço exactamente à passagem dos olhos pela 15ª palavra quando me aventuro a ler na cama.

Também por isso – mas não só por isso (acima de tudo, é porque gosto) – eu… bom… eu… tenho dois livros mas é na casa-de-banho. Livros que vou lendo, obviamente, consoante as vezes em que vou com algum tempo para perder numa divisão da casa em que sei que ninguém ousa perturbar-me enquanto estou “ocupado” e para enriquecer a minha paupérrima cultura literária.

Esta minha opção tem vantagens e desvantagens, claro. Uma das mais-valias reside no facto de que estando ali, na casa-de-banho, sem ninguém a chatear a moleirinha, à leitura posso juntar alguma meditação feita em paz, apesar do eventual odor desagradável que por ali paire (essa é uma desvantagem). Por exemplo, nesses momentos de reflexão, pensei que seria interessante fazer uma espécie de intercâmbio gratuito de livros de casa-de-banho. Se cada pessoa que tem o mesmo hábito de leitura que eu tenho pusesse à disposição livros que já leu no WC para receber em troca livros que outros igualmente colocassem à ordem de quem tivesse o desejo de trocar… toda a gente que lê nas casas-de-banho de Portugal poupava uma pipa de massa e fortalecia-se a luta em favor da cultura literária no nosso país.

A ideia é boa – eu sei que é – mas, lamentavelmente, não só me demorou algo a congeminar (logo, passei um bocado mal com o cheiro) como não tenho a certeza se alguma vez este conceito dará frutos, visto que antevejo imensas resistências derivadas do facto de tudo isto requerer manuseamento de livros manuseados anteriormente por estranhos em horas de recolhimento, sim, mas de pouca higiene. E bem se sabe que os livros guardam o cheiro do sítio onde são guardados durante mais tempo.

Tenho uma certeza. Esta será uma questão sobre a qual vou continuar a reflectir nas minhas idas à casa-de-banho, as tais em que ponho em dia a leitura de Humor e livros de Reportagem. Ah… e acabo de aproveitar para revelar os meus géneros preferidos na eventualidade de alguém se interessar por esta coisa do intercâmbio com o nome embrionário WCBooks© e tenha livros que me queira dispensar ou solicitar, obviamente.



PS: Também aceito “negociar” troca de livros de banha desenhada e desconfio que no WCBooks© seria (ou será) um dos géneros mais transaccionados.

"Meu filho, vivemos tempos estranhos..."


Não é incomum dizer-se que os tempos são outros, que o que foi já não volta a ser ou que a tradição já não é o que era, entre outras expressões que, por vezes, "raspam" numa outra (de que gosto muito) que é em tempos idos.


Ora... em tempos idos, eu até nem acharia nada disto incomum mas, de facto, os tempos são outros e um pai que hoje ligue a televisão e tenha de explicar ao fillho o que se passa, terá de dizer algo como "Meu filho, vivemos tempos estranhos..." Quem diria que hoje, em Portugal, fosse esta a maior popstar do país?!?




Com este rapaz (que conheço pessoalmente há vários anos) a ser ovacionado por perto de 100 mil na Praça do Comércio (na grande maioria mulheres) e a dar centenas de entrevistas em pouco mais de uma semana, só me apraz dizer que os homens de Portugal brevemente poderão ser forçados a regressar ao look dos anos 70 e 80 (ou, no mínimo, a deixar crescer o bigode como naquela época) para fazer furor e até, quem sabe, para serem alguém de relevo na nossa Sociedade.


Eu, pelo sim pelo não, já me aconselhei junto dele, vou comprar um casaco de cabedal preto em segunda mão e já comecei a cultivar o meu bigode, não vá a ausência da pilosidade acima (e ao lado) do lábio superior começar a prejudicar a minha vida social e profissional.


São tempos estranhos, de facto, mas são neles que vivemos.

Literatura de (mini)Ecrã

Ontem tentei enviar um MMS do meu telemóvel para o da minha irmã, que vive em Coimbra (perdão… é a minha irmã vive em Coimbra; mas o telemóvel dela, ao que sei, também).

Tudo normal… seleccionei a fotografia a enviar e… nada! Imagem, nem vê-la. No ecrã, só uma mensagem que me avisava que o telemóvel estava com dados a mais para poder realizar a tarefa e que, para isso, teria de “limpar” ficheiros do aparelho.

Como ultimamente não tenho guardado muitas fotos, vídeos nem ficheiros de som, decidi ver se o problema estava na caixa de recepção de SMS’s. E estava mesmo. 460 (!) SMS’s como que “entupiam” as “tubagens” do telemóvel, impedindo (por exemplo) que o fluxo de outro tipo de mensagens pudesse circular na “canalização electrónica” do meu Nokia.

Sim. 460 mensagens escritas são bem capazes de serem demasiadas de ter por ali amontoadas na caixa de entrada… Mas, no fundo, são só letras. Pequeninas, com tamanho de fonte minúsculo e juntas em palavras quase sempre abreviadas (algumas até à exaustão). Nada de muita monta, portanto. Nunca me ocorreu que isso desse cabo da boa capacidade de trabalho do meu telemóvel. Mas deu.

Acto contínuo, fiz uma limpeza à caixa de mensagens e lá consegui, depois, enviar o MMS à minha irmã. Só no fim de todo este processo me dei ao trabalho de analisar mais a fundo o que se tinha passado.

Na verdade, tudo começa no número de mensagens acumuladas: 460. São muitas, mas isso até é relativo. Se fossem 460 com meia dúzia de letras (ou menos), como aquelas SMS’s em que escrevemos só “OK” ou “Ya” ou “Tá bem!” ou “Bjo”, julgo que não haveria grande problema. Mas se fizermos cálculos para mais do que essa meia dúzia, o cenário muda de figura.

Por norma, gosto de dar por bem dado o dinheiro que gasto numa mensagem escrita. Se tenho direito a mais de 100 caracteres por cada mensagem que envio (e pago), então tenho usar o máximo de palavras possíveis – às vezes, embora não seja fã da prática, até abrevio umas quantas para caberem mais. Obviamente, também gosto que quem me envie mensagens faça o mesmo – a quantidade de informação contida numa SMS’s é maior, a outra pessoa poupa dinheiro e o meu telemóvel toca menos vezes (toda a gente ganha).

Então façamos as contas. Julgo que a média de caracteres usados numa mensagem escrita seja cerca de 100. A confirmar-se, haveria 46 000 caracteres acumulados no meu telemóvel. Só para se ter uma ideia, 46 mil caracteres equivale a 13 folhas A4 cheias de texto. Nada mal!

Mas quase todos os telemóveis aceitam que a malta escreva SMS’s com 120 caracteres. Feita essa conta, 460 mensagens a 120 caracteres… 55 200 letras e espaços. 16 folhas A4. No entanto, o meu Nokia permite mensagens com 160 caracteres. Logo… 73 600 (!) caracteres poderiam andar a pastar nos meandros do meu aparelho telefónico portátil, quando poderiam encher… 22 páginas de texto inteirinhas e mais umas linhas da 23ª folha. O equivalente a cerca de três capítulos de um livro, sem imagens. Mais coisa menos coisa, claro.

Conclusão: Se por acaso não perdesse tanto tempo a fazer estas contas e a divulgá-las (já que nada disto interessa a quem tenha o juízo no lugar certo), aproveitando-o para limpar as mensagens do meu telemóvel, de certeza não teria tido os problemas que tive… mas perdia-se uma excelente ocasião para discorrer sobre coisa nenhuma.

Das Melhores Coisinhas Que Já Pude Ouvir Na TV


Acabo de ouvir isto e desconfio que, tão cedo, não escutarei algo com tanta qualidade na "telefonia com imagem" que todos os dias nos enche de coisas boas para sentir e pensar.

«Eu tenho mulher!... Tenho filhos!... Tenho isto e tenho aquilo!...»

Tudo junto! Caraças! Ali... na mesma frase e em tão poucos segundos! Um gajo com muita... coisa, com muitos bens materiais (como mulher e filhos) tem mais é que bradar isso aos céus! Eu, pessoalmente, estou de alma e coração com aquele senhor que quase se babou todo ao clamar a frase em epígrafe (alguns "gafanhotos", pelo menos, terão saltado para uma liberdade inesperada naquele momento). Ter isto, aquilo, filhos e ainda mulher merece - para além de um necessário inventário de objectos possuídos - a menção (enfatuada!) num programa de um canal de televisão nacional, no mínimo. Por falar nisso... e pensando bem... talvez a CNN também esteja interessada em fazer uma entrevista a este indivíduo...