Fui afrontado!




Eu não devia estar a falar nisto, já que ainda vivo as consequências da maldita paragem digestiva e o meu estômago (pobre desgraçado) atravessa uma das piores fases de que tem memória (sim; o meu estômago tem memória!... é… especial, ele…!). Mas um gajo não pode facilitar e virar a cara à luta. Como “quem não se sente, não é filho de boa gente”, quando alguém é enxovalhado tem mais é que partir para o duelo. Sem medos!

A verdade é que – a “azia” (literal e figurada) que isto me causa!... – a minha palavra foi posta em causa e ousaram atentar contra a minha tolerância e a minha (quase sempre) boa natureza.

O que se passa é que, pouco depois de ter estreado aqui o estaminé, fiz questão de avisar que havia uma coisa que me fazia imensa confusão e que, por isso, deveria ser posto um ponto final na sua existência, para que não houvesse mais chatices. Falo da Morcela de Arroz, essa verdadeira aberração das variações culinárias, da qual de desconhece o inventor – o que é uma pena, porque assim sempre poderia chegar ao pé do gajo (ou de um qualquer descendente dele) e berrar-lhe a plenos pulmões e goelas: «Ó (falta aqui o nome, evidentemente)! És um asno!!!!».

Ora, tendo eu feito ver ao mundo que a Morcela de Arroz é uma simples “anomalia culinária”, o que havia a fazer era… acabar com essa merda.

Mas não. Na altura (e se o Insensato Leitor quiser perder tempo a verificar, basta clicar aqui), ninguém se manifestou. Ninguém veio em defesa dessa suposta iguaria. Ninguém levantou a garimpa. Ninguém… nada!

Qual não é o meu espanto quando, uma destas manhãs, abro o jornal e leio o seguinte título: «I Capítulo da Confraria da Morcela do Arroz”. Fiquei para morrer! Primeiro, porque ainda ando com o estômago às voltas e aquilo fez-me uma dor-de-barriga desgraçada; depois, porque me senti claramente desafiado e ultrajado.

Quer dizer… quando um gajo fala e tal… ninguém se manifesta. Mas é quando um gajo está sem estômago para aguentar certos e determinados vexames que eles atacam (e ainda por cima são logo uma data deles, os cobardes)! Formam uma confraria (juntam-se ao bando – de “amantes” da morcela adulterada – e chamam-lhe uma confraria… sabe Deus…) e fazem logo uma jantarada só com pratos de Morcela de Arroz, em jeito de provocação-mor!

O desplante desta gente é uma coisa por demais! É que o esquema é verdadeiramente demoníaco! Como se não bastasse o facto de ser uma confraria inteira contra mim, eles convidaram uma porradona de outras confrarias para aparecer na festa. Um convite que – por via das conhecida lealdade inter-confrade – ninguém pôde declinar. Ou seja, é um “mundo e outro” contra este InSensato Autor. Mas eu cá me hei-de aguentar!!...

Garanto que não estou para aturar estes energúmenos que veneram aberrações contra-natura e que mantenho a minha relutância e firmeza no ódio de estimação, tanto à heresia que é meter arroz na (sagrada) morcela, como ao seu (desconhecido) inventor, como ainda aos gajos que agora me afrontam, juntando-se em Leiria no próximo fim de semana.

Não era bonito se ficassem todos com uma dor-de-barriga daquelas “de antologia”?...

Toast for Dummies



À conta de uma severa paragem digestiva que me deu cabo do estômago (e do resto do corpo) nos últimos dias – a ponto de me mandar para a cama por umas horas valentes, sem ser exactamente para dormir –, venho por este meio aqui discorrer sobre uma temática que me parece ser suficiente para dividir a Opinião Pública (e – qui ça – a Sociedade no seu todo), visto que denoto haver acerca do assunto (como diria Gabriel Alves) um elevado índice de desconhecimento.

Daí que me tenha dado na telha elaborar um pequeno tutorial sobre algo que normalmente não faz parte do meu dia-a-dia mas a que fui obrigado render-me, fruto das circunstâncias (entenda-se, por causa de não poder comer mesmo outra coisa durante os dias seguintes à enfermidade). Torrada, esse alimento verdadeiramente salvador, tantas e tantas vezes incompreendido, principalmente pelos homens.

Segue-se então a minha versão de “Como bem fruir de uma torrada - em 6 lições” (ou, se for da preferência do InSensato Leitor, “Toast for Dummies”), por K@, InSensato Autor.

Lição #1
Pedir uma torrada num café ou numa pastelaria não é coisa de mariquinhas. Basta uma paragem digestiva ou uma gripe mais esgalhada que nos afecte o corpo todo para que até o mais machão dos machões se renda à evidência de que se a torrada existe é… para estas ocasiões. E sempre nos dá aquele ar de uma certa sensibilidade, que as mulheres gostam.

Lição #2
NUNCA pedir meia torrada! Isso, sim, é para os mariquinhas!....

Lição #3
Comer uma torrada tem de ser até ao fim. Nada de deixar a côdea por comer (nem muito menos pedir ao empregado que a torrada venha “aparada” – sem côdea alguma – porque é uma heresia!). Come-se tudo; só devem ficar as migalhas (que não aparentem – atenção – medir mais do que 0,2cm).

Lição #4
Agarrar a torrada é com a mão e não com o guardanapo. Até porque o guardanapo só atrapalha... e às vezes a malta acaba por dar é umas trincas no papel… e tal… ou se calhar isso é só comigo… não sei...

Lição #4.1
Se, por se agarrar a torrada à mão, os dedos ficarem sujos de manteiga, estes devem ser devidamente chuchados no final. Sim… é feio, anti-social e meio mariquinhas… mas sabe bem, porra!...

Lição #5
Se uma torrada não bastar (por exemplo, para os machos que começarem a gostar disto da bel’torrada na pastelaria), que não se hesite em pedir outra! Mas, se não houver dinheiro para mais, também não há problema. “Rouba-se” o que resta da torrada de quem vai com a malta à pastelaria (as gajas deixam quase sempre um ou dois “palitos” da torrada «por causa da dieta»; coisa de gaja que dá jeito… aos gajos).

Lição #6
(e porque a malta tem de tirar algum prazer disto, sem ser só o chuchar do dedo)
É absolutamente essencial deixar o melhor para o final. Ou seja, há que comer primeiro os “palitos” laterais e só no final os centrais, obviamente porque é lá que se concentra mais manteiga. Também é aí que o pão é mais fofo mas… gajos… NUNCA admitam que é por isso que deixam o centro da torrada para último; já que é por essas e por outras que o pedido da torrada na pastelaria é visto como coisa gayzola e, nesse caso, estas 6 lições lavradas com grande esforço… terão sido em vão.


O Folclore…?! Quem diria!?...



Verão… Agosto… Romarias… Festarolas… Emigrantes… Farturas… Bifanas… e… (claro) Festivais de Folclore. Na verdade, nenhum destes anteriores conceitos pode ser dissociado um dos outros, como deve ser perceptível. Chegando-se a este mês, todo o país pulula e estremece, não de emoção, propriamente dita, mas sim porque há demasiada gente aos saltos, simultaneamente, em várias centenas de palcos espalhados por esse país afora.

De facto, nunca percebi bem o que são os Festivais de Folclore. Seriam simples manifestações culturais ou seriam assim como uma praga incontrolável que invade o território, anualmente, durante 4 (a 8) fins-de-semana e depois se vai, voltando inevitavelmente no ano seguinte, pela mesma altura?...

No propósito de encontrar resposta para esta minha inquietante dúvida, resolvi ir eu próprio assistir a um desses eventos. (Por esta ordem) Expirei… inspirei… ganhei coragem… e fui!

E… surpresa das surpresas… não foi nada do que eu estava à espera! Afinal, o bel’ festival de folclore não é só uma manifestação cultural, nem só uma praga. Pode muito bem não ser nenhuma delas, como pode também ser ambas… levadas ao extremo! Aquilo é um ragabófe só; é o que é!... e será tanto uma manifestação cultural quanto um filme erótico seja considerado cultura, como será tanto uma praga quanto a porção de filmes “XXX” que encontramos nas prateleiras de videoclubes, supermercados e à venda na Internet (aqueles das capas coloridas, cujas imagens e “enredo” só se vêem através das caixas incolores dos DVD’s e K7’s VHS).

Mas eu passo a explicar. O Festival a que eu assisti demonstrou-me que o folclore é, acima de tudo, altamente interessante, pelo ponto de vista da promiscuidade! E que o que a malta, afinal, gosta… é disso mesmo!

Começa logo pelas constantes trocas de pares em grupos 4, 6 ou mais. No meu “dicionário”, vulgarmente a isso chama-se “swing” e há festas privadas para o efeito. Mas, ali, não. A malta troca de par, abraça-se e esfrega-se abundantemente… em público! Grandes malucos!!...

As gajas fartam-se de levantar as saias (em atitude claramente libidinosa), no mínimo, 3 a 4 vezes por dança e, de preferência, virando a zona pélvica para a plateia enquanto o fazem. Ainda na parte das fatiotas delas, os corpetes são justos (muito apertados mesmo), o que implica que tudo o que o corpete não apanha (leia-se, o peitoral feminino) como que salta para se mostrar ao mundo em todo o seu volume (e há, nos ranchos folclóricos, muito… volume!... curioso…).

Em diversas danças, assiste-se aquilo a que eu chamaria (recorrendo de novo ao meu “dicionário”) de “Girl on Girl Action” – meninas que bailam umas com outras, sorrindo lascivamente, em óbvia postura de sedução mútua – o que evidencia a grande abertura de espírito desta malta. Por outro lado, o mesmo espírito aberto mostra-se em coisas como as danças de pauliteiros em que grandes grupos de machos retiram o chamado prazer do facto de estar em contacto com o pau do próximo, em particular, mas acima de tudo, por poder “brincar” com muitos paus ao mesmo tempo!... Ainda neste particular, ressalta à vista (parece-me a mim, pelo menos…) o estranho ritual de acasalamento que traduz a dança dos campinos, não?

Mas a coisa não fica por aí. Quantas são a “modinhas” com menções a moças casadoiras e a amores iniciados declaradamente em pecado, durante as desfolhadas e outros trabalhos do campo? Aliás… tudo o que meta palha ao barulho… por mim… está bem!... e perece ser um hit garantido, ao nível do folclore nacional!

Também os amores impossíveis e proibidos são um “prato” forte das letras dos temas folclóricos e etnográficos, principalmente se envolverem mulheres casadas, moçoilas quase em idade maior (mas ainda não exactamente) e adultérios espalhafatosos envoltos em grande secretismo. E, já agora, pergunto o que têm (ou tinham) de tão especial as pastorinhas, as salineiras, as bordadeiras, as carvoeiras, as lavadeiras, as mondadeiras e outras que tantas mulheres trabalhadeiras, é certo, de que tanto se fala num festival e que quase sempre são as protagonistas de grandes e fogosas relações românticas e/ou… lúbricas? Hmmmm… parece-me que aquilo nos finais do século XIX e inícios do século XX é que era giro!...

Em suma, fiquei fã dos Festivais de Folclore. Não que goste particularmente de mulheres de vozes esganiçadas a berrarem desalmadamente (essa malta chama a isso cantar) – muito embora também isso me pareça mais uma clara referência erótica – mas toda aquela carga “kincky”, devassa e folcloricamente travessa – confesso – apraz-me sobremaneira… não sei bem porquê…!




As peles e a parolada





É uma daquelas coisas que me acontecem ciclicamente, andar às turras com as pelezitas soltas nas pontas dos dedos que decidem declarar a sua liberdade de expressão separando-se da unha e levantando a garimpa de tal forma que, mesmo que um gajo não lhes queira dar importância… não consegue evitar tentar acabar com elas, que mais não seja à dentada.

De facto, tenho andado com o meu aparelho digital (nome pomposo para o meu vulgaríssimo par de mãos) numa lástima por causa das malvadas peles que me fazem perder a paciência, o que até nem me acontece muitas vezes. E a solução – lá está… – creio estar nos (sempre disponíveis a safar a malta) dentes, com que se vai dando uma trinca, aqui e ali, em jeito misto de pinça e tesoura.

Ora… o uso da dentola para esta árdua tarefa de acabar com as peles digitais com indesejados problemas de atitude apenas se deve – no meu caso particular – a um (e um só) motivo. Para não ter de andar com um corta unhas no bolso; porque isso… é parolo. E ser parolo (já o dizia Aquilino Ribeiro) não é bom, não senhor.

Quero com isto dizer que esse hábito (em alguns casos, chamar-lhe-ia mesmo vício) tão português de, quando se juntam duas ou três chavitas, arranjar logo um porta-chaves com um corta unhas incorporado até poderia ser compreensível (porque esta coisa das peles soltas é mesmo tramada e às vezes até dói que se farta) mas não é, por culpa do próprio Zé Povinho lusitano, que não consegue manter a seriedade de um instrumento tão nobre como o corta unhas.

Se essa malta se limitasse a juntar um corta unhas ao chaveiro… ainda vá… pois que servia de porta-chaves, sim senhor, e ocasionalmente ainda poderia ajudar nas tarefas que lhe são naturalmente intrínsecas (desde que – claro – a coisa se processasse no recato do lar, de um lavabo público ou num descampado sem mais gente à volta para levar com os “detritos” que voam descontroladamente do corta unhas para onde quer que seja). Mas não. Aquilo a que se assiste nesta sui generis nacional maluqueira é que a malta não só usa o corta unhal na via pública, sem qualquer pudor (mas isso é uma coisa muito latina – somos feios porcos e maus), como também decidiu “kitar” o utensílio das formas mais… parolas que se possa imaginar!

Nunca pela minha InSensata Mente passaria a ideia de decorar um corta unhas com imagens de Nossa Senhora de Fátima, das Varinas da Nazaré e, claro, do Galo de Barcelos… mas na caximónia de alguém lá passou… e um novo negócio estava criado. Aliás, qualquer feirante que se preze (e respectivo cliente) agradecerá encarecidamente essa ideia luminosa, estou em crer.

Daí que andar com um corta unhas (mesmo sem ser “kitado”) no bolso está inevitavelmente e de forma indelével conotado com a parolada de quem opta por cortar a unhaca e acabar com as peles soltas em público, aproveitando para (inexplicavelmente) fazer disso uma verdadeira afirmação nacional. Disso e de sacar a cera do ouvido com a única unha que se safa à razia de Nossa Senhora ou com a ajuda da mítica tampa da caneta BIC.

Conclusão: É por não querer ser parolo que eu ando à rasca das peles levantadas nas pontas dos meus InSensatos Dedos.


Há sinal de pêlo (e vice-versa)





Um dia destes, por mero acaso, dei-me conta de que um sinal que tenho mesmo ao fundo das costas (mais propriamente - a bem da exactidão geográfica - na zona lombar esquerda) já não está, como sempre esteve, sozinho.

Atente-se, todavia, que a nova companhia não é um outro sinal ali aparecido recentemente mas sim um execrável pêlo que, em riste, já mostra cerca de um centímetro de muito mau feitio. Quer dizer... o dito não me tratou mal (nem nada do género) em tempo algum; nem agora, que o descobri, nem muito menos antes disso acontecer. O que se passa é que, simplesmente... não gosto dele.

E todos nós - não há que contestar isto - nutrimos ódios sem explicação, talvez alguns totalmente infundados (somos bem capazes disso), por algo ou por alguém. Certo...? É certo, sim senhor! E escusa o InSensato Leitor de discordar... porque, desta vez (e talvez seja a única - por isso, tenho de aproveitar), eu tenho razão.

A mim, até à adolescência, acontecia-me não gostar de Cozido à Portuguesa. Embora, na verdade, nunca tivesse provado essa iguaria (recusava-me a fazê-lo), "sabia" perfeitamente que não gostava e... pronto; não gostava. Hoje em dia, já... tolero uma ou outra garfada do bel'cozido. Mesmo assim, continuo a preferir comer só as carnes e os enchidos (como soa mal esta frase...!), permanecendo sem explicação a minha implicância para com a totalidade do prato.

Voltando, no entanto, ao assunto em epígrafe, tenho a dizer que estou indeciso. E, isto, porque me sinto algo semelhante à figura do pai tirano. Eu explico. Se por um lado o que me apetece é literalmente cortar o mal pela raiz (porque não gosto mesmo do raio do pêlo - com ou sem razões para o odiar), por outro, acho que, se o fizesse, iria ficar com uma enorme sensação de culpa, visto que poderia estar a apartar o pêlo do sinal que, afinal, poderão ser já bons amigos e - quem sabe? - a única companhia que têm na vida.

Como disse, estou indeciso. E - apesar de saber que é um trocadilho do piorzinho e uma frase feita daquelas para que já não há pachorrinha nenhuma - esta é uma verdadeira questão de "pêlo sim, pêlo não".

Expressamente Penoso




Viajar num autocarro Expresso podia ser – mas não é – uma daquelas experiências equivalentes à degustação de um bom prato de Bacalhau com Natas: a malta quer sempre repetir. Porém, este cenário de gostar e pedir “bis”, definitivamente não se aplica às viagens em transporte público pelas auto-estradas do nosso país (por falar nisso, talvez esteja na hora do Mário Gil fazer um remake, revisto e actualizado, do seu grande hit sinlge “Pelos Caminhos de Portugal”, que só falava de estradas nacionais e secundárias; fica a sugestão).

É um facto sobejamente conhecido do grande público (ou seja, daquele que não lê o InSenso Comum) que essa coisa de viajar de expresso… só se mesmo se tiver de ser, se não houver qualquer outra alternativa e/ou se ir a pé estiver real e totalmente fora de questão. Isto porque – pelo menos no meu caso – até hoje, não há registo de uma única viagem que tenha corrido 100% bem (sendo, inclusivamente, bem mais frequentes aquelas que correm… 100% mal).

Ilustrando este ponto, relato a minha última (e, como sempre, traumática) experiência. Já foi há uns tempos, mas lembro-me como se fosse ontem… 200 quilometros de asfalto, a serem calcorreados das 8 às 10 da madrugada, numa camioneta com cerca de 40 maganos que, durante duas horas ou mais, têm mesmo de se aturar (aconteça o que acontecer), pois não há paragens desde a saída até ao destino. Nem para esticar as pernas (e como doem os joelhos!... mas também quem me manda ter 1,80m?!), nem para uma mijadinha ou até – já agora que estamos no tema – para mandar cagar o filho da mãe (literalmente… um puto, com a mãe ao lado!...) que não se cala a viagem toda e que pontapeia o banco da frente. E quem é que lá vai…?

Como se isso não fosse já motivo para deixar um tipo com os nervos em franja, outros “exemplares” concidadãos (leia-se, um bando de imberbes adolescentes, a arrotar o gás das cervejas bebidas até às primeiras horas do romper da aurora) resolvem sempre “animar” as hostes com palmas, cânticos futeboleiros, corridas pela coxia, gargalhadas em Sistema de Alta-Voz e, claro, as estórias de como cada um chamou um gajo chamado Gregório a noite toda; um episódio principalmente do agrado de quem havia acabado de tomar o pequeno-almoço.

A dada altura – como por milagre (mas não quero meter Deus ao barulho neste InSensato Escrito pagão) – dá-se o chamado silêncio piedoso: um curtíssimo espaço de tempo em que todos se calam por um momento, podendo ouvir-se só o som do autocarro. Perdão… o do autocarro, não. Porque, afinal, alguém (um “iluminado”, certamente), trouxe pássaros que chilreiam numa caixa… por cima da cabeça do InSensato Autor (por esta altura, já InSensato Viajante Fulo da Vida).

200 longos quilómetros de asfalto, calcorreados penosamente das 8 às 10 da madrugada, num autocarro com cerca de 40 mal dispostos maganos, cujas cabeças abanam de um lado para o outro, ao balanço dos amortecedores (que dor no pescoço!...). Mas, vendo bem, esta até nem foi das piores viagens que fiz!...

Há dias falei disto com uma pessoa amiga que me contou que, na sua última viagem, foi edificantemente fascinante socializar com uma birrenta menininha de 4 anos e ainda levar com uma carcaça no regaço e uma fatia de queijo na testa (!)…

Se calhar… não sou só eu a não pedir “bis” deste “Bacalhau com Natas”…

Freak do Tampo. Serei um...?




Ao longo dos últimos anos – deprimentemente, o tempo que demoro a perceber o que quer que seja – tenho-me deparado com diferentes formas de deixar (aberto, parcialmente aberto ou fechado) o tampo da sanita. No meu InSensato entender, é algo que deve depender de pessoa para pessoa; mas ultimamente reparo que isto pode não ser tão linear como 2+2 serem 4.

Talvez seja só impressão minha – admito –, mas acho que a opção que tomamos, ao deixar o tampo da sanita de “x” maneira, no final de usarmos a “infra-estrutura cagal”, cada vez menos está ligada ao nosso livre arbítrio. E isso perturba-me.

O que tenho reparado é que, em casas de mulheres, o tampo está rebaixado mas a tampa (do tampo) fica aberta. Segundo informações que consegui apurar junto de fonte do sexo em causa, isto dever-se-á a uma maior facilidade de utilização da retrete. Citando a dita fonte: «É só chegar e sentar!» (fim de citação). Concluo que seja uma coisa de gaja, portanto.

Já em casa de homens, não só a tampa não está fechada, como o tampo também está, invariavelmente, levantado. O argumento para que isto suceda é sensivelmente o mesmo fundamento apresentado pelas fêmeas, só que reportado à “verticalidade” da micção masculina (e nem sequer me refiro à verticalidade matinal da micção masculina!...). Também busquei o depoimento de um espécimen macho que afirmou «QUÊÊ?! Mexer naquilo onde a malta senta o cú?! Nada disso! Fica sempre aberto! É só chegar (…sacar…) e mijar!». Ou seja, é uma coisa de gajo.

Perguntará, então, o InSenato Leitor (sem nada melhor para fazer do que ler imbecilidades acerca de tampos de retrete) como encontrarei o sanital das habitações da malta que já tenha contraído o chamado matrimónio (ou daqueles – que não o tendo feito – vivem claramente em pecado). Ora, caro(s) InSensato(s), nesses lares aplicam-se as mesmas duas modalidades, só que dependendo de qual dos cônjuges tenha usado o WC em último lugar.

O que me vem preocupando, todavia, é a clara ausência da opção “fecho total”, que eu defendo e uso. É que (independentemente do “carácter” da necessidade fisiológica que faça), finalizado que esteja [o meu uso da cagadeira], eu baixo o tampo… e fecho a tampa. Mesmo que isso me obrigue a ter a vida mais dificultada na ida seguinte; mas é sabido que o facilitismo é o maior inimigo da perfeição, mesmo nas situações mais extremas – o que é uma bela máxima, convenhamos.

No entanto, isto torna-me diferente do resto do pessoal que conheço. Ou seja, sou um freak! É o que é!... Sou um inadaptado o que toca à problemática dos tampos sanitais, somente por causa de uma opção de clausura total (estranhamente, digo eu) não adoptada por mais ninguém.

Apesar da bizarra posição em que me encontro, não planeio perder esta réstia de demonstração da minha personalidade. Mas, mesmo que isso não esteja nos meus horizontes, não deixo de estar preocupado com a situação. E este InSenso serve única e exclusivamente para (vos) dar conta da minha inquietude.

Carta Aberta



Caros Senhores:


Antes de tudo mais, espero que esta carta vos encontre bem de saúde, onde e quando quer que venham a ler as linhas que vos endereço.

Dito isto, vejo-me na obrigação pessoal de vos comunicar que sou um enorme admirador do vosso trabalho, muito embora nunca tenha tido a oportunidade de vos dizer isso pessoalmente, visto que, sempre que descubro uma nova obra vossa, já não se encontram por perto para receber os devidos louros. Acredito que o excesso de trabalho vos obrigue a rapidamente avançar para novo local de trabalho.

Aliás, essa é mais uma das razões para o meu grande respeito pessoal pela vossa ocupação. O carácter nómada do ofício e a constante urgência em espalhar a arte por todos os cantos da nossa terra… são motivos mais do que suficientes para qualquer um, no seu perfeito juízo, genuflectir em sinal de sentida reverência perante a competência que demonstram no que executam.

Sou, portanto, um fiel seguidor da vossa – crescente – forma de arte. De tal modo que reparo no pormenor (ou será “pormaior”…?) do grande aumento de realização de obra em todo o país. Não estarei errado (mas só vocês poderão confirmar ou desmentir) se disser que a vossa equipa de trabalho terá crescido consideravelmente, visto que cada vez mais consigo apreciar a vossa marca muito própria, por tantas terras que visito, de Norte a Sul.

Isto leva-me ao próximo ponto desta missiva. Um ponto que – confesso – acaba por ser, no fundo, a principal razão de ser desta minha comunicação.

Quais seriam as minhas hipóteses de me juntar a vós? Há muito que vos queria perguntar mas, sentindo a minha (mais do que óbvia) pequenez perante a vossa inegável excelência, sempre me quedei pela humildade de não me colocar “em bicos de pés”, tendo a pretensão de ser mais do que posso ser. No entanto, não obstante o facto de ter essa realidade bem em conta, gostaria de me propor como um simples aprendiz nesse delicado ofício, que tanto prestigia o nosso país, aquém e além fronteiras (sim!... porque acredito que os estrangeiros que nos visitam falarão da vossa arte quando voltam a casa).

Não quero ocupar-vos mais, pois sei que são pessoas atarefadas e o trabalho será, certamente, muito. E esta carta já não vai para curta, reconheço.

Despeço-me, então, com a esperança de que tomem em consideração o meu pedido, para que em breve possa acompanhar-vos como aprendiz; algo que muito me realizaria. Acrescento que tenho material meu, não tendo vós de ter preocupações com custos adicionais. Move-me apenas e só um grande desejo de aprender e o gosto pela oportunidade de poder viajar de lés a lés, deixando marcas dessa arte tão bela que é disparar chumbo nos sinais de trânsito e nas placas das entradas e saídas das aldeias, vilas e cidades de todo o nosso país.

Até me arrepio, só de falar nisso!...

Emocionado por finalmente poder fazer chegar a minha homenagem e os meus anseios junto de vós e aguardando impacientemente a vossa resposta, me despeço com os meus melhores cumprimentos de incontida comoção.

K@, o vosso fã Nº1.

O Mau Poeta




É – espero – sobejamente conhecida a minha implicância com os “Dias da Treta”; Dias Mundiais “disto”, Dias Nacionais “daquilo”, feriados parvos, efemérides ainda mais parvas e ocasiões a merecerem mais ser esquecidas do que celebradas.

No entanto, há sempre aquela excepçãozinha que confirma a regra e hoje… pá!... Hoje é, finalmente, o Dia Mundial que eu apoio! Hoje é o Dia Mundial da Má Poesia. E eu… estou solidário com todos aqueles que se identifiquem com esta relevante efeméride!

Bom… o mesmo será dizer que estou solidário comigo mesmo, já que o meu jeito para escrever poesia é tanto quanto para fazer uns carapaus fritos em molho de escabeche.

É que fritar carapaus (que, neste caso, significará – numa impecável dinâmica metafórica – escrever palavras em Português) a malta consegue. Agora… fazer um molhinho de escabeche a condizer… “está bem, abelha”!...

De facto, é uma pecha na minha existência, reconheço. Uma falha que ainda tentei resolver com algum esforço e dedicação mas, na verdade, mais valia ter ficado quietinho no meu canto. Sim… porque aproveitar a estupidez natural da puberdade para tentar engatar miúdas com poemas de qualidade duvidosa (aliás… isso até é uma expressão lisonjeira, visto que não havia qualquer dúvida que aquilo era muito mau)… é dose!

Lembro-me vagamente de ter escrito algo como…

Vejo-te… desejo-te…
O Sol põe-se… a Lua nasce
Penso em ti…
A todo o momento…

Está visto porque é que, quinze anos depois, ando perdido pela Internet, a escrever parvoíces… mas em prosa.

Hoje, porém, sinto-me de algum modo reconhecido. Ser um mau poeta é também, pelos vistos, algo a celebrar e isso é bem catita. No entanto, isto levanta uma questão que me parece muito pertinente trazer a lume (brando, de preferência – peço desculpa… trocadilho parvo e perfeitamente escusado).

Porque não (ou… para quando) a criação de outros Dias Mundiais deste género? Tipo… Dia Mundial do Mau Cozinheiro, do Mau Jardineiro, do Mau Canalizador (este dia deverá ter muitos adeptos), do Mau Funcionário Público (outro com sucesso garantido) e… sei lá… do Mal Vestido, do Mal Cheiroso… Ah! E, claro, do Mau Condutor!... que também deve ser hoje, pelos vistos. Que o diga o meu rico Punto, que já ia ficando sem a frente todinha, cortesia do “competentíssimo” condutor de uma Toyota Hiace, cheia de trabalhadores da construção civil…

Aliás… em honra dele e da efeméride que hoje se comemora, dedico esta “boa” poesia.

Meu grande energúmeno
Conduzes mal como o caraças
Se continuas a meter-te assim à frente do carro dos outros
Ainda levas duas murraças.


Tetris & Formigueiro



Avisa este InSensato Autor que o texto que se segue nada tem a ver com o InSenso do passado dia 28 de Julho (denominado "...quanto tempo o tempo tem..."), que aludia a esse animal tão estupidamente trabalhador: a formiga. Até para este blog imbecil, falar mais do que uma vez da relação formiga-tempo cronológico é parvoíce a mais...

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Acredito que isto não seja do conhecimento geral, e é perfeitamente natural que assim seja. Precisamente por essa razão, vale a pena aqui (e agora) fazer a publica divulgação deste facto que se reveste de uma vital importância... pincipal e obviamente, para quem nada melhor tenha a fazer neste preciso momento.


O popularíssimo jogo Tetris (na sua versão de pequeno jogo electrónico portátil) causa o chamado formigueiro.


É uma notícia chocante - eu sei - mas, relacionado com isto, há ainda algo mais que pode abalar as estruturas do famigerado senso comum. Este formigueiro derivado da BrickMania não se manifesta nas mãos (como seria de crer, cedendo à tentação do raciocínio fácil), mas sim, (pasme-se... ou não) nas pernas! Se há confusão em qualquer InSensata Mente que leia estas linhas... eu explico.


Tal como em vários milhares de lares de Portugal (e milhões em todo o mundo), no meu 3ºB joga-se Tetris na casa-de-banho, aquando daquele período sagrado... que é o da defecação. Também se lê (livros, revistas masculinas, histórias aos quadradinhos e, claro, a Dica da Semana), também se manda sms's, também se atira bolas de papel (feitas a partir da Dica ou de qualquer jornal que lá pare) para o gato brincar (...ok... isto, se calhar,...é só mesmo na minha casa...) e até já sucedeu a malta cortar as unhas sentadinha na retrete. Mas, acima de tudo, joga-se Tetris.


Acontece que, sendo a malta já experiente neste jogo "puzzliano", os níveis sucedem-se, a emoção aumenta (exponencialmente, claro), o botão de Pausa NÃO é utilizado em tempo algum (nunca percebi porquê...) e uma simples ida à “casinha” pode chegar a durar, na boa,... umas horas. E tudo por causa deste vício em forma de entretenimento.


Ora... quem se dignar a passar tanto tempo na cagadeira (e eu... sabe Deus... já passei) perceberá, ao fim de um determinado lapso temporal, que há uma claríssima relação de causa-efeito entre o Tetris e a manifestação da má circulação nas pernas (vulgo, formigueiro), que - convenhamos - é das piores coisinhas que nos pode acontecer.


É que, a partir desse momento [quando começa aquele misto de cócega e choque eléctrico], qualquer mínimo movimento é o cabo dos trabalhos e, por isso, torna-se imperativo manter a imobilidade total dos membros inferiores, sob pena de sermos surpreendidos a dar gritinhos dignos de uma rapariguita de sete anos e meio, assustada com a visão de um rato debaixo da carteira da escola primária. Isso... também já me aconteceu (os gritinhos... a cena do rato, não). É uma experiência a não repetir.


Mas não há meio de evitar. Ou melhor... até haveria, caso a malta deixasse de jogar Tetris enquanto evacua. Mas não. O vício fala mais alto e nem o cheiro - por vezes, por demais nauseabundo - que se suporta (estoicamente) é capaz de demover quem parece depender da cumplicidade entre linhas, quadrados, "l's" (éles) e zig-zag's para melhor aliviar a tripa.


Gostava de dizer que há uma cura para este... formigueiro. Mas, exceptuando o fim da energia das pilhas do Tetris... não vejo como a malta se veja livre desta maldição.




Jet-(im)Perfeito




Fim de semana prolongado… altura ideal para fazer praia [uma expressão, na verdade, completamente vazia de conteúdo, pois, para falar com exactidão, a praia está feita desde sempre – ou seja, desde o início dos tempos], para relaxar e, claro, para passar os olhos por uma daquelas revistas ditas de Sociedade (que eu só leio, obviamente, como meio de pesquisa… e assim…), algo só possível com a dose extra de pachorra com que a malta está num fim de semana prolongado.

Preguiçosamente estirado na minha toalha, sem ponta de vontade de me virar sequer, para uniformizar o bronze, lá desfolhei a tal magazine de grande tiragem. E, a bem da verdade, foi uma experiência estranhamente inolvidável, tenho de confessar, visto que – terminado o desfolhamento da coisa – fiquei com uma data de dúvidas… mas também com uma data de (deprimentes) certezas; umas e outras aqui tentarei, a seguir, enumerar.

1. Certeza – Sou um “jet-set’iletrado”. Não conheço, seguramente, 80% (ou mais) das pessoas que aparecem nas fotos das festas, cocktails, recepções e demais eventos sociais apresentados nessas revistas. Quem é aquela malta toda e por que raio acham os editores que eu os conheço tão bem que não conseguirei respirar se não souber todas as novidades acerca da vida pseudo-amorosa deles?!?

2. Dúvida – Desses tais que eu não conheço, há um vasto de indivíduos (e indivíduas) sem nome!... Nas foto legendas e textos anexos (não lhe chamarei notícias por respeito à classe jornalística) surge a referência a «filho de…», «neto de…» ou ainda «amigo de…»! Os “papás jet-set” não dão nome aos filhos? E, já agora, se eles não têm nome… o que serão eles na vida, se não puderam frequentar a escola, ter um Bilhete de Identidade, tirar a Carta de Condução ou arranjar um emprego? Bom… se calhar são… obrigados a irem às festas ou a serem fotografados para serem alguém na vida…

3. Dúvida – Porque é que as fotos das festas (feitas quase sempre assim contra um placard – curiosamente – cheio de publicidade; talvez não houvesse uma parede mais bonita lá na discoteca…) são tiradas no início da noite (normalmente, até ANTES da rapaziada entrar) e não no fim, quando já se viraram uns quantos cocktails exóticos? Se é para mostrar a (verdadeira) animação das festas…!

4. Certeza – Eu sou o Homem Ideal para as gajas do Jet-Set, actrizes famosas, cantoras e top models. Embora possa não parecer, esta minha peremptória afirmação tem toda a razão de ser. Passados que foram os pseudo-artigos sobre umas 20 festas (mais de metade delas no mesmo bar… vá lá saber-se por quê…!), lá surgiram umas quantas entrevistas, a mulheres giras (supostamente conhecidas) que, à pergunta «Que características aprecia num homem?» respondem invariavelmente «Gosto de um homem que seja simpático e que, acima de tudo, me faça rir!». Quando li isto... vibrei de emoção! Desfolhei mais umas páginas e… «Gosto de acordar ao lado de um homem que me ponha bem disposta logo pela manhã, de preferência, com pequeno-almoço na cama!». Ora… a cena do pequeno-almoço é um bocado de mordomia a mais mas uma piadola logo ao acordar… a malta arranja sem grande esforço! E se isso é o suficiente para agradar a essas meninas…! Pois, porque beleza e conta bancária parecem nunca serem factores determinantes; pelo menos a julgar pela revista que li na praia e mais umas Maxmen e FHM que me apressei a consultar quando cheguei a casa. Ou seja, sendo eu um pobretanas sem grande aspecto de George Clooney ou Brad Pitt, mas com algum bom humor… talvez me safasse, não…?

A resposta a esta última pergunta parece, no entanto, ser “Não”, baseando-me ainda nas (últimas) páginas da revistinha de Sociedade. É que…

5. Dúvida – Se estas gajas do Jet-Set só gostam de gajos que as façam rir e não forçosamente de gajos giros ou caramelos que lhes proporcionem uma vida financeiramente desafogada, com carros, jóias e vivendas de luxo… porque é que se casam ou juntam sempre com artistas de grande sucesso e magnatas feiosos? Esses gajos serão assim tão divertidos logo pela manhã…?


Levar a Internet “a peito”



Eu sou um gajo atento ao que se passa aqui ao lado, neste pequeno, calmo e – há que dizê-lo – aconchegado “bairro” que é a Internet. De vez em quando, saio do meu burgo imbecil, dou uma volta pelos blog’s amigos (e também por alguns que se arrogam meus inimigos – acho-lhes piada…) e, quando me sinto em melhor condição física, ainda me arrisco a dar um passeio até mais ao fundo da “rua”, a outros dois ou três sites que haja para ver; tendo sempre presente que a oferta não é muita e que, por isso, pouco mais haverá a ver. O que é uma pena!...

Num desses passeios (a não mais de uns 15-20 metros da cancela do jardim aqui do InSenso Comum), deparei-me com um photoblog que me deixou com uma sobrancelha tão acima do nível da outra que pensei mesmo que esta fosse saltar fora da minha testa!

Nos photoblog’s (tal como no meu
InSens’Imagens), a palavra não é o que mais importa, mas sim, obviamente, a imagem. No entanto, no caso deste blog, as imagens publicadas não só valem todas pelo seu dobro, como indiciam que o autor do site tem um hobby (aos olhos de muitos) invejável. O site chama-se Cleavage e penso ser aquele que mais “a peito” leva a Internet, sem grande margem para dúvidas.

Estranhamente, o autor não assina o
blog. Logo, não é possível ao visitante premiá-lo com a devida vénia, pelo facto de ter decidido sacrificar algum tempo da sua vida (senão todo) a um serviço público de tal nível. Sim, que isto de o povo poder conhecer o que o mundo tem para oferecer em termos de recursos naturais (muito embora, em alguns casos, a coisa não pareça tão natural assim… mas… que raio… os painéis solares também não são elementos da natureza mas evidenciam-se como relevantes amigos do ambiente!...) só pode ser um serviço público do mais alto gabarito!

Outras das vantagens/desvantagens (essa dicotomia existe em quase todos os post’s) do
burgo é o verdadeiro carácter democrático a que se assiste. Nenhum decote ou atributo peitoral fica de fora e todos têm o seu espaço, sem discriminação de qualquer tipo. Ou melhor… talvez haja aqui e ali alguma pontita de injustiça por não surgirem imagens de decotes – sei lá… – dos Médio e Extremo Oriente, que em muito enriqueceria o blog… mas enfim… também não se pode ter tudo.

Digo eu que muito já fez este senhor (partindo do princípio – espero que não errado – de que é um homem) em assumir o risco e estar de “peito feito” – e/ou “peito aberto” – (ainda que não, propriamente, … o peito DELE) neste meio difícil que é o da Internet!

Mais houvesse como ele e – quem sabe? – até haveria sites em que, claramente, se incentivaria a humanidade a praticar o amor em vez da guerra, mostrando pessoas que, desinibidas e desnudadas de todo o preconceito, demonstrassem quão positiva é a comunhão dos corpos com vista a uma vida mais feliz. Páginas dessas é que elevariam a moral dos homens, estimulando corpo e lama, acredito!

Temos de admitir que [essa ausência de páginas sobre o… amor físico] é uma falha neste “mundo novo” (por muitos dito perfeito) da Internet. Pessoalmente, torço para que essa utopia seja uma realidade muito em breve e que este anónimo pioneiro tenha o seu lugar na história. Se o orgulho se sente no peito… ele só faz bem em orgulhar-se do muito… orgulho que já tornou público no blog que criou! É de malta assim – visionária! – que este planeta precisa!

Temos orgulho!... e tenho dito.


Levei com o Chicote!!... Que Sorte!!...




Logo após ter colocado online o texto sobre os Bolinhos da Sorte Chineses, fui severamente criticado, com vários e-mail’s a exigirem explicações acerca da minha (cito) «clara preferência» e «favorecimento» em benefício dos chineses em detrimento do comércio nacional, não esquecendo a «descarada “colher de chá” de ensinar à chinesada como se pode manipular o consumidor português com meia dúzia de palavras num papelinho de 5x15cm!». Isto porque – para quem não leu o dito InSenso (e isso está mal, tenho a dizer) – eu defendi que a malta estava a precisar de uma «orientação espiritual, um rumo, uma esperança para um futuro mais risonho», que viesse num Bolinho da Sorte chinês, logo a seguir a um repasto num restaurante qualquer de nome semelhante a algo como “Sing-Xié-Fu-Fu”.

Feito o intróito explicativo, passemos então o conteúdo dos mail’s dessa rapaziada.

O Miguel Bruxo (visado no texto em questão) escreveu a dizer que estava muito agastado com o facto de o ter colocado na mesma categoria que a Maya, mas que – estranhamente – estava satisfeito (disse mesmo que achava «de toda a justiça») com o facto de eu preferir a futurologia feita pelas balanças das estações dos comboios. Não se me oferece dizer grande coisa sobre este mail… a não ser… QUÊÊÊ?!? Oh Miguel, pá… isso não anda nada bem em termos de auto-estima, pois não?... Mas tudo bem… cada um é como cada qual!... Ainda acerca desta temática… A Maya não mandou mail.

Dois proprietários de lojinhas chinesas também me mandaram mail’s (que eu mal consegui ler… não se percebia nadinha! Só percebi que havia muitos símbolos “€” em todas as linhas das mensagens…), ao que parece, a dizer que sim senhor, estavam de acordo com a comercialização do Bolinho da Sorte chinês nas suas lojas e que, porque essas lojas vendem TODAS as mesmas coisas, iam já avisar a rapaziada toda para se iniciar de imediato a venda do Bolinho a €1.50. Isto só me levanta uma dúvida… Há malta “chinezinha Lee-Pó-Pó” a ler o meu blog?!??! Porra!...

Por fim, o melhor de todos os mail’s recebidos (aproveito e peço desculpa por não referir todos os mail’s recebidos mas… simplesmente, não me apeteceu ou foi porque me estava a borrifar para o que lá se dizia; sem ressentimentos, ok?).

O dono de um restaurante na Moita do Ribatejo não se fez rogado e – para além de me ter chamado todos os nomes mais insultuosos possíveis de encontrar nos dicionários de Português (corrente, comercial e calão) e ainda alguns mais que me pareceram ser claramente inventados por ele na hora (o que denota uma bela – e apreciável – capacidade de improvisação) – esteve cabalmente à altura da situação, avançando logo com propostas bem catitas de resposta ao mais que provável aumento da oferta de Bolinhos da Sorte nos restaurantes chineses (fruto da minha «pouco patriota insinuação de que esses chinocas nos poderiam ajudar no campo da elevação da moral nacional» - por acaso, até eu lhe dou razão nisso, porque eu sou claramente uma besta!...). Diz o Sr. Américo Pombo que vai dar ordem ao cozinheiro chefe lá do tasco para criar toda uma gama de receitas “da Sorte”. E dá exemplos. Sopa da Pedra da Sorte, em que a pedra – que ia mesmo na panela – teria lá escrita a premonição para os clientes; Sável na Telha da Sorte, sendo que na parte interior da telha se leria, então, a “sorte” da malta (genial!); Cabeça de Lebre em Vinho Tinto da Sorte (neste não quis saber onde vinha o papelinho…); Pasteis de Feijão da Sorte e, guardando o melhor para o fim, Pataniscas de Bacalhau da Sorte!!!

Posto isto – e sabendo que a premonição do futuro nacional tem um… futuro brilhante à sua frente – retiro TUDO o que disse no InSenso de segunda-feira! Ou melhor, tudo TUDO, não. Continuo a preferir as balanças ao Miguel Bruxo e à Maya… Mas sabendo que, dentro em breve, a Patanisca da Sorte estará aí para ser consumida (e dar alento à malta, ávida de um rumo… e de encher a pança), fico orgulhoso de ter despoletado este movimento que, certamente, trará muita e boa sorte à portuguesada em geral.

O InSenso Comum é (espero), cada vez mais… Serviço Público!...

NS/NR




Uma das grandes pragas dos tempos modernos é, sem qualquer naco* de dúvida, a proliferação de inquéritos telefónicos, inquéritos de rua e inquéritos porta-a-porta. Às vezes preferia mesmo que aparecesse assim uma invasão de gafanhotos ou algo do género… mas não tenho tal sorte. E pronto!... vindo do nada, lá aparece mais um “cola” daqueles que não largam a braguilha da malta enquanto não se responde a uma data de perguntinhas bregas sobre a utilidade da criação de uma 15ª rede de telefones fixos ou sobre a pertinência da salvação da Formiga Parideira da África Austral.

O que é certo é que (mais vezes do que desejamos) temos mesmo de gramar a pastilha espetada por um parvo que nos aborde e, na melhor das hipóteses, dar vazão às 395 demandas (Ai… as demandas!...) que nos faz de rajada, ou – pior – nem tão de rajada como isso. Sugestão deste InSensato Autor: o preferível mesmo é “chutar para canto”, mentir descaradamente (só para despachar) ou dizer que se opta por não responder a uma data de questões. Pode ser que resulte...! Bater nessa malta, infelizmente, não os demove.

O problema é que, mesmo que se escolha responder correctamente a estes inquéritos, eles têm o condão de fazer um gajo paciente (como Job ou… eu próprio) perder as estribeiras, aquando da percepção da estupidez de respostas que são esperadas por parte do inquiridor (leia-se, um puto qualquer, engravatado e mal nutrido, com borbulhas na cara e um cheiro intenso a Old Spice, a falar rápido – ou demasiadamente arrastado – e com um sorriso aberto, a mostrar ao mundo o dente canino cariado).

Irrita-me solenemente ter de dar respostas “Bom”, “Sofrível” ou “Mau” a perguntas como “O que acha do serviço telefónico da empresa de telemarketing CallAllTheTime?”. Obviamente, eu (que abomino chamadas de telemarketing) teria de responder “Execrável” ou “Hediondo” e não “Bom”, “Sofrível” ou “Mau”! Da mesma forma, parece-me mal que só me dêem estas mesmas opções de resposta quando me questionam “Como considerou o atendimento das promotoras da empresa de perfumes SmellNice?” (aquelas todas giras - boas! -, que nos abordam com aquele ar de quem… enfim… e não nos deixam passar sem nos pegar na mão, a fim de nos colocar um borrifo de perfume e ainda nos cheiram o pulso, fazendo um sorriso sexy no final). Onde é que está a opção “Excelente” ou “Fenomenal”?!? É que “Bom”, neste caso, parece-me claramente insuficiente…

Mas, como já disse, até temos sempre a possibilidade de não responder… o que também me deixa, pessoalmente (ao InSensato Leitor… não sei…), algo irritado. Porque um gajo nem sempre está para responder e o caramelo que nos inquire apresta-se logo a dizer «Ok… Não sabe responder…» … Quêêê?!?! Não sei é o car****, pá! E se um gajo diz «Não é bem assim… Sei responder mas opto por não o fazer, percebeu?!», o gajo defende-se logo com um clássico «Ah… é que aqui só tenho um quadradinho a dizer “NS/NR”, que significa “Não Sabe ou Não Responde”… e a gente atalha e diz “Não Sabe Responder”…». Isso põe-me nos píncaros! Quem é o gajo para achar que é mais esperto do que eu?!? Aposto que ele nem sabe (em 80% dos inquéritos, no mínimo) sobre o que é que está a sondar o público!!...

O supra sumo dos pináculos da minha exasperação dá-se quando me capacito que esta porra dos inquéritos e sondagens não servem para mais do que, poucos dias depois, surjam aquelas notícias parvas que começam sempre por “Um novo estudo concluiu que a maioria dos portugueses…”! Qual maioria dos portugas, qual quê?!?! Se essa malta chateia para aí umas mil ou duas mil almas (pachorrentas que perderam tempinho precioso a ouvi-los) já foi muito! Aliás, duvido mesmo que a maioria dos cidadãos deste país passe em três horas ali na Rua Augusta!...

Já agora, InSensato Leitor, o que achou deste InSenso?

1Bom
1Sofrível
1Mau
1NS/NR



= = = = = = = = = = = = = = =

* eu sei que “naco” não é o substantivo correcto a utilizar, mas… chamem-lhe... liberdade criativa!...

A Batinha Lusitana

(ou "Bata… mas com jeito!", um título claramente muito parvo, que o InSensato Leitor deverá ignorar)



Fui alertado pela Dona M, competentíssima secretária aqui do burgo, para uma situação que – reconheço humildemente – me tinha escapado durante os 29 anos da minha imbecil existência.

Perguntou-me ela se eu – ao ver as inúmeras reportagens sobre os incêndios dos últimos dias/semanas – não teria reparado em algum comum (para além do fogo, claro) a todas elas. Respondi que não fazia ideia e ela murmurou alguma coisa que me pereceu ser «E ainda sou eu a subalterna aqui nesta espelunca a que chamam escritório!…» mas como não posso afiançar, também não a acuso de insolência perante o patrão (leia-se, eu).

Bom… uns minutos e uma curta explicação depois, fiquei a perceber que, de facto, ela tinha uma certa razão no que dizia. Uma coisa saltará claramente à vista de quem perder algum tempo a ver um telejornal de fio-a-pavio ou a observar os habitantes de um qualquer bairro citadino ou até de qualquer terreola do interior deste país. A bata.

Nem mais! A bela da bata!... que – pasme-se – é usada por uma tão grande mol de portuguesas que julgo mesmo ser a peça de roupa mais vestida pelas mulheres no território lusitano, a par da cueca de algodão (com ou sem laçarote) e do collant tom-de-pele (com o respectivo foguete, como é óbvio).

Pois é! Esta peça de vestuário simples domina completamente os lares portugueses. Senão vejamos… quem de nós (totalidade dos InSensatos e restantes leitores) não consegue lembrar rapidamente e com facilidade descrever uma dessas batinhas azuis nas variantes “florzinhas” ou “arabescos” (que eu admito não saber bem o que é) e às listitas fininhas em verde ténue e branco de cima abaixo?

Não é nada complicado!… porque, ou temos uma lá perdida pela casa, ou – no mínimo – a nossa mãe, avó, tia (ou, mais deprimentemente, algum familiar… macho) já usou uma batita à nossa beira tão repetidamente que, mesmo sem querer, já lhe decorámos o padrão.

Ainda segundo a Dona M, 90% (uma percentagem claramente fundamentada em termos científicos) das senhoras que apareciam nas ditas reportagens vestiam batas. E, partindo do princípio que estas peças jornalísticas são suficientemente relevantes para serem mostradas fora do nosso território, nas rubricas de Internacional dos meios de comunicação social por esse mundo fora… é essa a imagem de Portugal que vai passar para quem as vir. Ou seja, a bata lusitana será, naturalmente, encarada como uma espécie de Vestimenta Nacional, legislada como tal, homologada politicamente e, por isso, usada compulsivamente, sob pena de sanções a quem ouse não usar.

Nós sabemos que não é assim. Mas o “estranja” não sabe! E… das duas, uma! Ou a estrangeirada pensa que a malta aqui veste a batinha como o holandês usa a soca de madeira e o russo usa o chapéu peludo “à czar”… ou então… até curte o conceito de andar com tudo “à fresquinha”, a… arejar… e adopta o modelito, copiando uma das coisas que – digo eu… – até é um dos nossos maiores símbolos nacionais, embora não reparemos nisso, o que, na verdade, é lamentável.

Sugiro que defendamos, pois, a bata portuguesa; assim como defendemos os cavalos “Puro-Sangue Lusitano”, os cães “Serra da Estrela”, a filigrana de Gondomar, o Galo de Barcelos e as sete saias das varinas da Nazaré. Porque… já diz o ditado, «ter a mais nunca foi demais»… e isso também se aplicará, com certeza, aos símbolos nacionais… não?...

Bolinhos?!...Que sorte!!...




Farinha de trigo
Água
Açúcar
Margarina
Óleo de soja
Sal
Ovo
Corante artificial
Bicabornato de sódio
e…
um papelinho (!)

Estes são os ingredientes dos chinesíssimos Bolinhos da Sorte que, estranhamente, não fazem grande furor entre os “nossos” restaurantes orientais e, consequentemente, entre os consumidores do Chop Souey de Gambas lusitanos.

Conhecida pelos milhares de ditados, adaptados a outras tantas situações da vida (sendo mítica a máxima “Se um vagabundo te pedir comida, não lhe dês um peixe, dá-lhe uma cana e ensina-o a pescar.” e, certamente, alguma sobre a melhor maneira de evitar a urticária no nadegueiro, a menos conhecida do “grande público”), a sabedoria popular chinesa (ainda estou para saber qual foi o chinês bem regado de saqué que se lembrou disto…!) chega ao Ocidente em papelinhos 1,5x5cm e, esses, metidos na comida, o que demonstra que essa malta de olhos em bico simplesmente não é em condições de nada.

Mas pronto... Eles lá acham que isso é bom para dar umas liçõezinhas de moral e futurologia aos ocidentais e eu… até nem acho mal de todo, confesso. Porquê? Porque me parece cada vez mais evidente que Portugal (como país, em geral, e nação de todos nós, mais em particular) está necessitado de algo semelhante, visto que isto de deixar as premonições à Maya, ao “Miguel Bruxo” e às balanças das estações de comboio nacionais… não está a resultar.

Aliás, das três opções que agora mesmo apresentei, a das balanças até devesse ser a mais acertada, muito embora a minha (única) experiência com um desses aparelhos (há mais de uns 10 anos atrás) tenha resultado na “perda” de 50 Escudos, para receber um papelinho com o meu peso e uma frase do género “Entre a ruiva e a loira… escolha a loira”, o que foi muito útil, pois na altura o meu interesse “amoroso” até se dividia entre duas morenas…

Ou seja, se a balanceca é má e a Maya bem pior… mas vale, então, que a chinesada aposte finalmente no aumento da produção do bolinho da sorte para distribuição nos restaurantes (e, quem sabe, também nas… duas ou três… lojitas de quinquilharia e bugigangas [duas palavras de que eu gosto particularmente] que eles têm por esse país fora). Portugal só tem a ganhar com isso, visto que claramente todos estamos a precisar que alguém nos diga o que o futuro nos reserva… e eles também, porque – se forem espertos – arranjam maneira de nos manipular fotemente, através de simples papéizinhos enrolados num biscoito, que digam algo como “Para ser feliz, beba uns saquês e vá comprar uns passe-vit’s à lojinha ali do lado” ou “Dê uma boa gorjeta à empregada e a felicidade virá ter consigo… dentro dos próximos 46 anos”.

A mim parece-me bem que, depois do Molho de Ostras, das Lichias e a par do Saquê, me dêem uma… orientação espiritual, um rumo, uma esperança para um futuro mais risonho. Isto… partindo do princípio de que a malta não receba uma mensagem do tipo “Já bebeu tanto saquê que ainda não se apercebeu que a miúda da mesa em frente que lhe está a fazer olhinhos é um travesti” ou, simplesmente, meta o bolinho à boca e o engula esquecendo-se do papel que, por acaso, até podia trazer os números sorteados no EuroMilhões da sexta-feira seguinte.

Quê?!??!? Parvoíce… isto?!?!? Nem nada! Já viram a Maya ou o Miguel Bruxo a dizer coisas destas, tão arrojadas?! Não!!! E – temos de reconhecer – é disto que Portugal precisa rapidamente.

Pôr os Dogmas em Causa





Dogma: substantivo masculino (Do gr. dógma, -atos, «decisão; decreto», pelo lat. dogma-, «dogma»)

1.(RELIGIÃO) doutrina proclamada como fundamental e incontestável;
2.(FILOSOFIA) ponto fundamental de doutrina;
3.opinião imposta pela autoridade e aceite sem crítica nem exame;
4.proposição apresentada como irrefutável.



Olha que bem!... Ora aqui está uma definição daquelas que apetece mesmo esmifrar sem qualquer peso na consciência! Não fossem conceitos destes e este blog simplesmente não existiria, pois não faria qualquer sentido. Mas hoje apetece-me fazer… o que faço todos os dias, basicamente. Questionar o senso comum e, pelo caminho, dar cabo de uns quantos dogmas (pouquinhos.. porque é verão e estamos de fim de semana), que é para eles verem o que é que é bonito. ‘bora lá?...

Dogma 1º a ser esmifrado
A chave da porta de casa deve ser sempre escondida debaixo do tapete ou num vaso, ali perto.

Claro que não!!! Isso não só está “demodé” como está provado não ser eficaz. A ladroagem já não cai nessa, pá! Toda a gente sabe que o “ramo” dos amigos do alheio é assim uma cena meio familiar, em que os pais transmitem os seus conhecimentos aos filhos. E o ladrão actual já está à espera que a chavinha esteja no vaso ou debaixo do tapete. Sugestão: deixe a chave na porta (assim à descarada) ou então saia e deixe mesmo a porta aberta (ou entreaberta… tanto faz). O ladrão vai ficar tão confuso que vai desconfiar que a casa está super artilhada de alarmes e tal; e nem sequer vai esboçar um esforço para a assaltar, pisgando-se rapidamente.

Dogma 2º a desmanchar
O Martini é um aperitivo

É um aperitivo, o caraças! Aquela porra, a mim, não me abre apetite nenhum! É isso e os pauzinhos com sal, os amendoins, cajus e outras “entradas” que tais. Não matam a fome, mas também não dão vontade de comer mais… mas sim de beber! O sal é tanto que a malta, logo a seguir, já enchia a pança mas era de… líquidos, para matar a sede.

Dogma 3º a ir dar uma volta
O excremento dos pássaros não cheira mal

Pá… simplesmente, por muito que me apeteça questionar este dogma… não o vou fazer. Somente digo que, quem chegou a esta conclusão... não é em condições de nada! Sim! Quem anda (literalmente) atrás dos pássaros a tentar perceber se a diarreia branca desses parvos cheira mal… é porque não tem vida social e, claramente, vai viver na casa da mamã a vida toda.

Dogma 4º…
O gás dos refrigerantes e da cerveja é nocivo à higiene rectal dos pinguins

Isso é um velho mito urbano que nem quer está provado, pá! Isto porque toda a gente sabe que a pinguinagem bebe é Sucol e TriNarajus, sendo impossível provar o efeito das bolhinha das outras bebidas no intestinal dessa rapaziada.



Inexplicável (daqui a 1000)




Se houvesse uma Associação de Petiscóticos Anónimos, eu, provavelmente, não só seria um associado fiel como muito possivelmente faria parte dos corpos directivos. Sou um aficionado desse verdadeiro regalo que é sentar numa esplanada, com uma cerveja e um pires de caracóis em cima da mesa, ambos à espera de serem devidamente degustados. E quem diz caracóis… diz camarão, percebes, amêijoas, perninhas de rã, burriés, moelas, jaquinzinhos, pica-pau e petiscaria afim.

Aliás, ontem à noite ensaiei novamente a confecção (mesmo que de forma muito improvisada) de Gambas à Guilho, um dos melhores petiscos à face da Terra. Porém, enquanto me deliciava – entre um camarão e outro – chuchando os dedos, entretanto todos “sujos” de saborosa molhanga deixada pelo camarão anterior (e olhando já para o “senhor” que se seguiria), dei-me conta de que aquele meu acto, actualmente tão aceitável, poderá não o ser num futuro mais ou menos longínquo.

Por favor, InSensato Leitor, tente seguir este meu raciocínio.

Tudo bem que é com a maior das naturalidades que a malta chega a um senéque báre e pede um pirezinho de caracóis e se atira a eles como se não houvesse amanhã… mas… como é que vamos nós [raça humana actual] explicar isto aos nossos descendentes? Ou seja, como irão interpretar os historiadores, antropólogos e sociólogos, daqui a – vá… – mil anos, esta coisa de meter na boquinha animaizinhos ranhosos, chuchar as cabeças (onde se mistura massa encefálica e as fezes) dos camarões, aniquilar carapaus subdesenvolvidos ou desmembrar repugnantes batráquios para fins alimentares? Não podem interpretar como coisa boa, certamente.

Chego a esta conclusão, tendo como base científica os livros, filmes e até desenhos animados dedicados ao futuro, como o “Era uma vez o Espaço” ou o “Futurama” (qual Discovery Channel, qual quê!?). Todos eles apresentam a sociedade da época como sendo super saudável (ou com a obsessão pela sanidade do corpo – já da mente… normalmente são todos meio zukas!...), com uma alimentação rigidamente regrada. Ora… este nosso gosto pela alimentação (ainda, para mais, de lazer) à base de animaizinhos indefesos e de hábitos higiénicos muito duvidosos parece não qualificar como aceitável, aos olhos dos que virão ocupar o nosso lugar.

Não me interprete mal o InSensato Leitor, pois – como já disse no início deste InSenso – sou um fervoroso adepto do petisco… e quando mais badalhoco, melhor! O caracol quer-se bem ranhoso para que o molho saiba melhor, o camarão deve ter muita (chamemos-lhe só) “matéria” na cabeça para que a chuchada renda fortemente, os percebes devem vir com água do mar (mesmo que poluída) ou de outra forma não sabem bem, os carapauzitos têm de ser mesmo muito pequeninos e a rã… bom… que se lixe a rã… a malta só quer é morfar-lhe as pernas! E mai’nada!!!

No entanto, tenho de admitir que há um receio relativo em mim. Não pela minha pessoa, mas pelos netos dos netos dos netos dos meus tetranetos.

É que se se confirmar que, no futuro, algumas espécies animais vão conviver com os humanos [veja-se a personagem de Zoidberg, a lagosta, no “Futurama”], e se essa malta descobre que eu lhes comi grande parte dos antepassados… os putos dos putos dos putos dos putos dos putos dos putos dos meus putos vão ver-se à rasca para lhes pedir desculpa por mim, tentando assim evitar uma guerra civil ou um genocídio de pura vingança da petiscaria revoltada…!

The Floater

(peço desculpa pela insistência no tema, mas o texto justifica a pertinência do regresso ao WC)


Está instalada a polémica no meu local de trabalho. E o mais insólito é que este (que é o mais recente imbróglio ocorrido no burgo onde a malta verga a mola todos os dias) coincidiu com a publicação do InSenso de ontem… com o qual, bem vistas as coisas, até vem a ter uma ligação de proximidade peculiar.

Ontem de manhã, a malta foi surpreendida pela indignação de uma colega que pronunciava alguns impropérios, enquanto se ouvia o bater da porta do WC, ao fundo do corredor. Barafustava ela que assim não podia ser, que era coisa que não se fazia, que era uma porcalhice, uma badalhocada,… enfim… que era uma merda.

Durante curtos momentos, a confusão foi um dado adquirido e ninguém conseguiu perceber bem o que se estava a passar, para além – claro – da noção de que a nossa colega estrebuchava à grande. No entanto, pouco depois, lá veio o muy necessário esclarecimento da situação. Havia o chamado flutuante na sanita da casa de banho.

O busílis causou grande celeuma. O alarido engrandeceu rapidamente e, num ápice, juntou-se um autêntico fórum de opiniões que condenavam o desleixo higiénico de quem tinha utilizado a “casinha”. Estava iniciado o debate e com discursos, no mínimo, inflamados. No meio do grupo (onde se argumentava e contra-argumentava algo com que eu fazia questão de não me envolver), lá estava a colega “denunciante”, que balbuciava algumas coisas, meio imperceptíveis, alegadamente devido ao estado de choque em que se encontrava.

O abalo da senhora era, de certo modo, compreensível. Afinal, ela tinha tido um dramático encontro de 2º ou 3º grau com o referido… OFMMI (Objecto Flutuador Mais ou Menos Identificado). Parece-me não ser coisa que se deseje a ninguém, de facto.

E a discussão no corredor – vim a aperceber-me depois – transcorria precisamente em torno desse “mais ou menos identificado”. É que ninguém conseguia saber quem era o autor (ou a autora) de tal obra (que é o mesmo que dizer… quem… obrou) e – fulminantemente – a “caça às bruxas” estava aberta. Seria homem ou mulher? Ouvi eu que “homem não seria certamente e mulher não cagava assim!”. Por mim, fiquei feliz por haver alguma elevação cultural numa discussão de casa de banho, mas isso - por si só -, na verdade, não resolvia a questão. O suspeito (não-utilizador do autoclismo) e o “móbil do crime” ainda não eram conhecidos e tal facto carecia de menos faladura e mais investigação.

Organizou-se, então, uma visita ao local do delito. Eu não fui, mas foi sensibilizante ver malta (dita “com um certo nível”), a mirar sanita abaixo, como se de cientistas forenses se tratassem, perdendo tempo a olhar para o (fazendo fé nos depoimentos que ouvi, “enorme!”) produto da defecação alheia.

Ao que sei, a investigação ainda continua, quase 24 horas depois do sucedido. E isto perturba-me um bocado, confesso. Sempre contei ter um emprego com gente respeitável à minha volta para tentar disfarçar esta minha gritante Insensatez (que vós conheceis perfeitamente). Mas agora… já não tenho assim tanta certeza quanto à respeitabilidade do pessoal…!

InSensato Improviso




Penso (aliás, tenho certeza) que será consensual a frase que vou proferir já de seguida.

A malta, quando acaba um rolo de papel higiénico e repara que – da última vez que foi às compras – se esqueceu de comprar mais, fica… deveras enrascada.

Dado que não duvido do cariz absolutamente inequívoco desta evidência, espero agora que o InSensato Leitor se mostre igualmente solidário para comigo quanto até agora o fez, visto que, se há uns dias isto me aconteceu a mim, todo e qualquer um (outro que não eu… seria muito azar…) poderá ter a convicção de que, mais dia menos dia, isso lhe vai suceder também.

Pois é. Esta aborrecidíssima inevitabilidade calhou-me na rifa e eu – não sei se isto virá como uma surpresa… mas admito que assim possa ser – fiquei “um bocadito” furioso. Com o stress de ir ao supermercado e comprar as coisas de forma meticulosa (a crise é uma coisa mesmo danada de chata, quando ataca a malta!...), acabei por me esquecer e deixar na prateleira um dos essenciais: o papel “limpa-traseiral”.

Sempre precavido e prestes a fazer uso de um invulgar (?) sentido de improviso caseiro, o K@zito lá resolveu a situação. Como sempre, a chave para a solução deste problema de WC está… na cozinha, pois claro. Penso estar já provado cientificamente que, na ausência de papel higiénico (e – vá… – lenços de papel) em casa, os candidatos a substitutos do mesmo terão de ser escolhidos, na cozinha mais próxima, de entre o guardanapo quadrado, o rolo de papel de cozinha e (em desespero de causa) os filtros para a máquina do café. Nota importante: o InSensato Autor desaconselha, no entanto, a utilização, para estes fins, de outros elementos que, por exemplo, se assemelhem anatomicamente ao rolo de papel higiénico, tais como o plástico película aderente, os rolos de sacos do lixo e, por razões que me parecem óbvias, o papel de alumínio (ou papel-prata, como também é conhecido).

No caso, o escolhido foi o rolo de papel de cozinha, muito embora os guardanapos de mesa se tivessem mostrado como mais suaves e, por isso, menos… digamos… “arranhantes”. Mas a crise e a falta de tempo para ir ao “super” tão depressa ainda me obrigaram a improvisar mais do que estava à espera. Olhando para o dito rolo de cozinha (agora adaptado a funções para ele menos dignificantes, acredito), reparei que a coisa podia ser mais bem aproveitada e não hesitei muito em decidir que aquele rolo… havia de se tornar em dois, logo que possível. Acerca disto, porém, tenho duas coisas a dizer.

Em primeiro lugar; é que cortar ao meio um rolo de cozinha não é tão fácil quanto se possa imaginar e, não havendo em casa uma daquela facas eléctricas de trinchar frango, peru, carne assada, bolos e afins… a faca a usar deve ser a de serrilha (para cortar pão), não se devendo esperar, no entanto, resultados brilhantes.

Segundo; (ainda na cozinha) há maneiras de minimizar o mau aspecto do corte do rolo de cozinha. A tesoura do peixe (a do frango, não, definitivamente) pode dar uma ajuda nas aparas laterais do papel. É uma “Dica InSenso Comum”.

Agora tenho dois “novos” rolos de papel higiénico. E há emoção nas idas à casa de banho, tenho de o dizer. É que sempre é diferente ter papel estampado com maçãs vermelhas e com uma das bordas toda em fanicos! Enfim… a malta tem de ter alguma motivação – para além da… trivial, claro – para uma defecação após a qual já sabe que vai ficar com o rabo todo arranhado (e possivelmente "foleiramente" tatuado)… não?...