InSensato Autor Ausente

Por tempo indeterminado. A recuperar de uma inesperada intervenção cirúrgica.
Maldita apendicite!!!

Alecrim – a celebridade olvidada




Alecrim, alecrim aos molhos
por causa de ti
choram os meus olhos
ai meu amor
quem te disse a ti
que a flor do monte
era o alecrim

Esta é a canção popular que imortalizou o alecrim e, simultaneamente, é o maior problema/embaraço deste simples vegetal com odor intenso mas, ainda assim, agradável.

Reparei nisto numa curriqueira conversa de transporte público (agora que voltei a essas lides diárias). A “páginas tantas” dessa viagem de comboio regional, soltou-se a expressão “aos molhos”… ao que eu respondi, imediata e inconscientemente, com uma cantarolada da música acima referenciada. Nem sei bem por que
o fiz; simplesmente saiu.

Mas logo a seguir apercebi-me que, não fossem esses versos que aprendemos logo em tenra idade, não falaríamos NUNCA do alecrim. E a razão para isso é simples. Somente não temos razões para falar nele!... É que o alecrim não faz parte das nossas vidas, se virmos bem as coisas.

Triste sina a do alecrim. Imortalizado numa canção popular e esquecido para (quase) todo o sempre, excepto quando um badameco qualquer (como eu) se lembra de cantarolar o “Alecrim aos molhos” [já agora… por que raio haverão de chorar os olhos? Aquilo não é cebola!...]. Mal “acomparado”, faz-me lembrar aquelas supostas “celebridades” de quem já ninguém se lembra, mas que nos vêm à memória por motivos fúteis ou simplesmente… parvos.

Aliás, este é um conceito que parece estar algo em voga.

Imagino as reuniões de “criativos” em departamentos de Produção ou gabinetes de Criação de Conteúdos…

«Pá… e que tal aquela gaja…?» «Que gaja?!?» «Aquela gaja!» «Que gaja?!?» «Aquela que era apresentadora!...» «Qual apresentadora?!?» «Aquela que se casou com um gajo que foi ao Festival, pá!» «Quê?!?! Que gajo?!?» «Pá… Aquele que cantava uma balada e tal…» «AH!!! E como é que tu te lembraste disso?!?» «Sei lá eu?! Ouvi a minha filha dizer que a boneca nova dela era linda, linda… e olha…!». Deve ser assim, não?...

Mas o que tem isto a ver com pobre alecrim…? Tudo! Se não fosse aquela musiquinha, o alecrim era só mais um vegetal bem cheiroso e com uma vida pacata. Como as urzes, por exemplo. Mas as urzes não têm a responsabilidade de serem mais do que os simples arbustos que são. Ninguém lhes dedicou uma música que toda a gente sabe cantarolar, pois não?

Já o alecrim não tem essa sorte, a de passar despercebido. Aquela canção popular não lhe facilitou em nada a vida, bem pelo contrário. Famoso, sim, mas não “aos molhos”; só aos cochichos. E esquecido para todo o sempre… até que um gajo se lembre disso numa viagem de comboio. Deve ser um bocado triste, problemático, embaraçoso e patético, não?...




Isto e Aquilo




Sempre foi um grande desejo meu escrever isto e aquilo sobre alguém ou alguma coisa. Na verdade, pensando bem, não há-de ser assim tão complicado escrever isto e aquilo sobre o que quer que seja ou sobre quem quer que se escolha como sujeito/objecto do nosso discurso. Pelo menos, não parece.

No entanto, escrever isto e aquilo, só “porque sim”, pode não ser correcto. Ou melhor, pode não ser simpático. Sim… porque isto e aquilo pode ser muita coisa. E ser muita coisa pode implicar que alguma coisa no meio dessa muita coisa pode não ser oportuno divulgar. É uma questão de probabilidades. Por este mesmo raciocínio, isto e aquilo poderá não ser nada, ou ser, simplesmente, quase nada. E dizer quase nada sobre alguém ou alguma coisa também não é de uma grande amabilidade, pois desvaloriza o objecto aflorado pelo nosso (no caso, curto) discurso.

Prova-se assim porque é que eu nunca escrevi isto e aquilo. Porque é difícil. É difícil, por exemplo, definir o que é que isto e o que é que é aquilo. Logo aí há uma dificuldade certamente inesperada para quem se apronta, todo pimpão, para palrar isto e aquilo, sem grandes preocupações na vida. Ora… se era para ser uma coisa despreocupada, tentar perceber e definir a “fronteira” entre isto e aquilo… dá cabo do esquema “despreocupado” de qualquer um!...

É que, se essa coisa de dizer isto e aquilo pode ser tramado – como de resto, estou cabalmente a provar, acredito – fará se for para dizer isto, aquilo e aqueloutro!...

Ora, aí a coisa piora substancialmente, pelo menos em termos de dificuldades acrescidas. Já para não falar que aqueloutro nunca foi razoavelmente definido com exactidão por ninguém. E se queremos dizer isto, aquilo e aqueloutro de alguém ou de alguma coisa, temos primeiro de saber bem o que é aqueloutro. E ninguém sabe isso, temos de admitir!...

Em suma, acho que é uma simples questão de bom senso (coisa rara por estas bandas) ficar-me pelo meu velho desejo de dizer isto e aquilo só por dizer; já que dizer isto, aquilo e aqueloutro sempre foi para mim uma utopia inatingível e – logo – por mim posta de parte, para não perder tempo com coisas inalcançáveis.

Não sou muito dessas coisas mas aproveito para aqui deixar um conselho a todo e qualquer um que queira dizer isto e aquilo (e aqueloutro, já agora): que não o faça.

Porquê?

Simples. Porque pode ser o bom e o bonito…!



Mais vale quebrar… ou não!





Hoje exponho uma das minhas maiores fraquezas aqui no InSenso Comum. É com alguma falta de senso que o faço, é certo, visto que de futuro poderei vir a ser importunado por alguém que use isto contra mim, por não me querer propriamente bem e até agora não possuísse este precioso naco de informação.

Tenho fobia de partir coisas. Principalmente, pratos, copos, jarras e outras faianças afins, de vidro ou porcelana. Quero dizer… se calhar não é bem uma fobia. Simplesmente, não gosto de partir coisas sem querer (quando é propositado e muito libertador e até relaxante!).

Para mim, partir um copo ou um prato equivale quase a ter um pequeno acidente de viação, daqueles em que ninguém se magoa mas da chapa batida e dos nervos que a situação despoleta não dá para se livrar. Fico de tal forma inquieto e stressado que tenho de parar tudo e sentar-me porque a coisa me afecta mesmo à séria.

Imagine-se a seguinte situação. Lava-loiça cheio de água e detergente, bolhinhas, espuma e tal. 4 ou 5 pratos lá dentro, com os restos de comida a “amolecer”. A malta chega (sempre com pouca vontade em lavar a loiça) e mete mãos ao trabalho. 3 segundos depois… aquele som…! A espuma fez o prato escorregar da mão e o curto “voo” resulta na colisão com a borda do lala-loiça, provocando o estilhaçar da porcelana e a consequente quebra em dezenas de cacos…! Visão horrenda!

Começo sempre (inevitavelmente) a tremer como varas verdes, sem conseguir reagir a um simples incidente de ínfima gravidade menor. Porquê? Não sei bem…

Em miúdo, parti um vidro “martelado” de uma porta de marquise e ainda uma mesa de vidro e um daqueles cães de porcelana (para aí de meio metro de altura) que havia na minha sala de estar. Bom… se a foleirada do cão estava mesmo a pedi-las e partir aquilo não me causou grande stress (sem ser aquele no imediato) e dor de consciência… já o vidro da porta e a mesa a quebrarem em mil estilhaços, pontiagudos e brilhantes, de tamanhos diversos… são imagens que me perseguem até aos dias de hoje!...

Talvez seja isso que ainda me provoca a tremideira sempre que parto alguma coisa, volvidos que são tantos anos desses eventos de pouca fortuna. Talvez… não sei…

O certo é que só há uma coisa pior do que os nervos que vêm logo a seguir à quebra da loiça. É aquela vozinha que, em vez de confortar a malta, só sabe dizer algo do género «Ah… deixe estar… era só um copo muito precioso que já estava na minha família há 5 gerações… Não tem importância nenhuma…»!! Que é como quem diz «Meu grande f****-da-p***! Eu aqui a pôr os copinhos que a minha tetravó me deixou no testamento!... Eu vou ali chorar baba e ranho e já volto… pode ser?...» mas só lhe sai… «Não se preocupe… Não tem importância… Era só um copito debruado a oiro antigo, para o qual nunca vou arranjar substituto… Paciência… Um dia tinha de ser…».

Eu fico logo perdido! Olha que esta!?! Prejuízo maior é para mim, que perco anos de vida com a tremideira! Não tivesse posto a porra do copo na mesa, se era tão valioso! Sabendo essa rapaziada que eu não me ajeito propriamente com a locomoção das manápulas… tem mais é que prevenir… porque remediar, nestas coisas, simplesmente não dá!...

E com isto fico com o stress de partir a loiça… e com o stress de ouvir estas choraminguices também!... tudo acumulado!

Não há maneira de um gajo se sentir bem… a não ser que se partam as coisas pelo simples prazer de as quebrar em mil pedaços.

Destino: Praga

(pequeno e parvo trocadilho que, provavelmente, ninguém vai entender ou achar piada)


Estou cada vez mais convencido de que fiz alguma coisa que irritou fortemente algum ente divino… ou, se calhar, até mais do que um… não sei…!

É que, sem qualquer aviso prévio ou visível razão que o justificasse, em menos de duas semanas, fui “presenteado” com duas (não podia ser só uma… não!... foram logo duas!) pragas de formigas em casa! E foi o cabo dos trabalhos!...

Uma certa manhã, na semana passada, quando toda a minha actividade cerebral ainda estava concentrada na árdua tarefa de coordenar os movimentos do braço e mão para coçar o nadegueiro, entrei na cozinha e deparei-me com uma decoração diferente nos azulejos brancos. Mais a mais, a nova linha preta ondulava ligeiramente (o que, àquela hora, até nem parecia estranho de todo). Lá fui investigar…

Formigas! Muitas! Imensas! Todas em carreiro… até aos potes de mel guardados numa prateleira junto ao frigorífico! Animaizinhos irritantes, estes que, em filinha indiana, conseguem empestar uma cozinha respeitável, não?

Decidi logo que medidas drásticas seriam tomadas no sentido de se proceder ao extermínio desses bicharocos aproveitadores que, em filinha indiana, conseguiram empestar a minha cozinha e atacar o mel, tão necessário para as minhas frequentes afonias.

Peguei no mais fantástico insecticida até hoje comercializado – de seu nome (não menos fantástico) ZZZ PAFF – e toca de malhar na formigada toda! Foi uma limpeza!...

Esta manhã, no entanto, voltou a acontecer!... Quem sabe, em jeito de vingança pelo genocídio perpetrado por mim sobre os “familiares” e precavidas de que o primeiro ponto de entrada ainda estava sob o efeito do fabuloso ZZZ PAFF, as formigas voltaram a entrar na minha cozinha, agora por outra janela! Nova invasão, novo carreiro, novo ataque a algo doce (no caso, um frasco com amêndoas e rebuçados), novo ataque de nervos e, claro, nova chacina patrocinada por ZZZ PAFF, (claramente) o super-herói dos insecticidas.

Agora a minha cozinha está de novo em “quarentena”; a arejar, para que os gases do insecticida se vão dissipando. E lá vou eu ter de lavar a loiça TODA outra vez, as bancadas todas outra vez, os electrodomésticos todos outra vez, o chão todo outra vez… Enfim…

Ainda ontem falei mal dos anjos… terá sido isso?! É que, sendo assim, tenho de ter algum cuidado. Não tarda, tenho a cozinha cheia de gafanhotos ou coisa assim…!

Reconforta-me um único pensamento. Enquanto houver ZZZ PAFF, estarei seguro. Viva o ZZZ PAFF!


Hoje acordei diferente





Hoje acordei diferente. Um amigo meu diria que eu acordei mais parvo… mas essas vozes do contra-InSenso não contam para a estatística, como, de resto será mais ou menos claro. No entanto, a diferença no meu acordar nada tem a ver com a eventual parvoíce da minha pessoa mas sim com o aspecto do lado esquerdo da minha cara. A face que, à minha primeira passagem pelo espelho da casa de banho, apresentava um sublime conjunto de linhas e formas cuja dificílima execução estará só ao alcance dos melhores artistas da famosa corrente neo-naif-impressurrialista.

Bom… ao alcance de um desses ou então de uma almofada mais esgalhada que insista em marcar a malta de tal maneira que, ao fim de uma hora (e já no local de trabalho), ainda me perguntavam o que se passava com a minhas bochechas rosadas e cheias de “vincos” ou se tinha acabado de sair da cama, o que é uma chatice, visto que um gajo fica com a fama… mas o proveito (de dormir até mais tarde – e logo numa segunda-feira!)… ‘tá bem, ‘tá…!

O que é facto é que essas parvas das almofadas, muitas vezes fiéis depositárias das nossas aflições e – em não raras ocasiões – até boas conselheiras, de quando em vez, passam-se fortemente, dão em traquinar e pregam-nos estas partidas de gosto muito duvidoso, que só nos prejudicam a imagem perante os outros.

Mas, afinal, que motivação terá uma almofada para nos tramar desta maneira? Ainda para mais, com estes “artísticos” requintes de malvadez…!

Sempre me intrigou o facto de que, passando nós praticamente um terço da vida a chonar (e, portanto, na companhia das ditas, literalmente, com a cara enfiada almofada dentro), só de vez em quando esta coisa do “vinco” suceda. É certo que nunca me dei ao trabalho de fazer a estatística… mas será que é de “x” em “x” tempo que isso acontece? Será que, ao fim de um determinado tempo, a almofada simplesmente sabe que tem de marcar a bochecha da malta e…!? Será?

Ou então, se assim não for… o que é que leva a esta caricata situação? Intervenção divina? É que sempre me disseram que (na ausência dos santos e do próprio Deus… que devem ter muito mais do que fazer) os anjos vigiam o sono da rapaziada e tal. Poderão ser eles a congeminar contra a lisura da nossa pele facial pela matina? Assim coisa ao estilo de «Um pecadinho só!… ninguém nota!…». Sim; porque (por exemplo) o meu gato também tem cara de anjinho e é a besta que é…!

Uma coisa é certa. As marcas lá desapareceram mas do constrangimento de ser apontado como um dorminhoco já não me livrei. E isso está mal!... Mesmo que, por algum tempo, a minha face canhota francamente se assemelhasse a uma bela “picassada”, que (a manter-se assim) um dia mais tarde poderia valer-me uns cobres preciosos.

Acho que vou dormir sobre este assunto…!



Costa(s)



Numa discussão decorrente do infortúnio de uma amiga minha que se queixava de fortes dores nas costas, surgiu-me uma daquelas dúvidas que me põem azamboado toda a santa vez que sou “forçado” (pela minha natural InSensatez) a matutar sobre coisas como esta.

Dizer “as costas”, ou seja, tratar essa parte do corpo como plural… será correcto?

É que, se bem me lembro, as costas são… só uma… e não duas! Portanto, o natural era que o nome fosse a costa, no singular. Certo...?

A minha amiga – queixando-se amiúde das intensas dores que ia sentindo – argumentou que as costas são compostas de duas partes: a direita e a esquerda. Eu, obviamente, discordei e disse-lhe para ir tomar uns analgésicos, que essa coisa de ver “lados” e “partes” diferentes nas costas passava-lhe logo que era um mimo!...

De facto, mesmo que, naturalmente, as costas tenham um lado direito e um esquerdo, isso não as tornam diferentes de uma testa ou de uma barriga, sabiamente apelidadas com nomes singulares (até porque “testas” e “barrigas”, nesse contexto, soaria pessimamente – há que dizê-lo).

Os casos d'os olhos, d'as orelhas, d'os pés, d'os braços, d'as mãos, d'as pernas (énde sóióne énde sóióne… énde sóióne…), a mim – e a toda a gente –, não me levantam qualquer dúvida. São plural e não se fala mais nisso.

o nariz… é composto de duas narinas, mas tem nome singular. Talvez não devesse. Talvez fosse mais acertado deixar só o nome das narinas, mas o “invólucro” nasal acaba por justificar a congregação das narinas num órgão só e, como tal, designado singularmente.

Um caso ambíguo é o d'o rabo. E falo de todo o espectro rabal e não só da cavidade localizada bem ao centro da coisa, ok? Ora… o rabo é composto (e até podia ter essa “desculpa”) pelas nádegas (também conhecidas, simpaticamente, como nalgas, nadegueiro e nalgueiro – que são denominações que eu gosto particularmente)… que são, claramente, duas e bem diferenciadas, não havendo junção congregadora (será que existe esta palavra? O Word não reconhece… mas a Microsoft que se lixe!...) num órgão só, como no caso do nariz.

Parece-me, então, tão descabido que o rabo tenha nome singular quanto as costas tenham nome plural.

Sim… eu sei… Às vezes até para mim é complicado tentar perceber porque é que perco tempo e desgasto a mente com temas tão pertinentes quanto este...!

MINInSenso




Aqueles papéis (talões de supermercado e de multibanco, por exemplo) que a malta encontra dobradinhos e bem vincados nos bolsos das calças, que ali ficaram esquecidos e foram parar à máquina de lavar... poderão ser considerados ORIGAMI?...

É que, se não... tudo ok, não vem mal ao mundo por isso. Mas, se sim,... quanto não é o dinheirinho que eu já perdi por não pôr a render tantas e tantas obras de arte que encontrei aos longos dos anos nos bolsos dos meus jeans, caraças!!!


€ncontrado




Entenda-se este InSenso como o simples materializar em discurso escrito de uma daquelas constatações parvas e inconsequentes que nos acontecem no dia-a-dia.

Ontem, à hora de almoço, mesmo antes de entrar no restaurante onde ia à cata do merecido repasto, deparei-me com a existência de uma moeda de 5 cêntimos “encaixada” entre duas pedras da calçada no passeio sujo e molhado (por causa dos aguaceiros que, de resto, marcaram todo o dia).

Confesso que estive “vai… não vai…” para me baixar e pegar a moeda, claramente perdida por alguém que dificilmente voltaria para reclamar a propriedade desse circulo acastanhado de metal (pouco) valioso. Mas não o fiz. Já estava tão perto da porta do restaurante (que, ainda para mais, ficava mesmo junto a um café super movimentado) que enjeitei dar-me ao trabalho de passar a vergonhinha de parar o meu movimento para agarrar, no meio das pedras do calcete, a moedinha que – apesar da crise que se vive – não me iria fazer assim tanta diferença na carteira.

De facto, deixei-a lá mas durante todo o tempo que demorou o almoço pensei no raio da moeda. Não que estivesse obcecado, nem nada que se parecesse. Simplesmente fiquei a pensar nesse pormenor que é o momento em que encontramos dinheiro perdido na rua.

Não está provado “cientificamente” (duvido mesmo que alguma vez isso tenha sido estudado, sequer) o efeito causado pela descoberta do “vil metal” (ou “vil papel”, que é bem melhor) perdido na via pública. No entanto, algum efeito (benéfico ou nefasto) terá certamente; tanto que ninguém fica indiferente ao achado de uma moeda ou de uma nota, sozinha e abandonada, obviamente a precisar de novo dono que lhe dê bom uso.

Eu diria (de forma InSensata, claro) que o referido efeito é positivo, já que a malta fica toda “inchada” ao descobrir dinheiro perdido. De outra forma, seria complicado explicar o alarido que frequentemente se faz numa rua movimentada, tentando afastar toda e qualquer pessoa que aproxima os pezinhos do carcanhol até se lhe pôr as mãos. O dinheirinho deve causar mesmo boa impressão…! Outros comportamentos “alegres” só explicáveis por um forte ataque de adrenalina: a malta gabar-se de ter apanhado… 1 ou 2 cêntimos do chão (é que, gabar-se, – digo eu – talvez só a partir dos 20 cêntimos mas de preferência só a partir dos 2€) e a crença de que o dia (e, quiçá, a semana toda) há-de correr melhor a partir dali, mesmo que logo a seguir venha um carro, passe com o rodado numa poça e nos molhe da cabeça aos pés… Enfim…

Outras opiniões dirão que o efeito é negativo; que a descoberta de dinheiro alheio (temporariamente sem dono) desperta nas pessoas comportamentos… dúbios. Quantas vezes não temos a oportunidade de observar (a mim dá-me muito gozo) aquele caramelo que vislumbra uma notita de 5€ ali “à sua mercê”, a 2 metros da mesa de esplanada e, calma e sorrateiramente, vai olhando em volta, com ar de quem vê em todo e qualquer outro ser humano um conspirador contra a sua pessoa, levanta-se devagar e não descansa enquanto não pisa (literalmente) a nota, momento após o qual se repara no ar de conquista, próprio do pior dos vilões. E isso não pode ser bom, de facto.

Terminado o almoço, à saída do restaurante, não podia deixar de tentar ver o que era feito da moeda de 5 cêntimos “encaixada” entre as pedras da calçada molhada e suja. Já lá não estava. Não ficou sem dono muito tempo, de facto. Desconheço qual a reacção do “descobridor” ao encontrá-la. Tal como desconheço se o efeito foi positivo ou negativo, se o gajo ainda se enaltece de ter agarrado a moedita do chão ou se fez uma “cena” de fuinha para a apanhar…

Na verdade, pouco interessa. Até porque este InSenso é só mesmo o materializar em discurso escrito de uma constatação parva e inconsequente… certo?...

Que quererá o meu gato?




A minha relação com o meu gato tomou, recentemente, um novo rumo. Pelo menos, é isso que me parece estar a acontecer muito embora a minha desconfiança não passe do resultado da observação empírica dos alegados sinais que o felino lá de casa me tem dado a conhecer. O que é como quem diz… não faço puto de ideia se o gato se passou ou não mas, pelo sim pelo não, mais vale a pena um gajo estar precavido, não vá… o gato tecê-las.

Ora bem… o que eu acho que se passa é que o gato anda a passar-me algumas mensagens subliminares para que eu as interprete e, consequentemente, venha a actuar em conformidade. Sim… o meu gato é assim uma espécie de sobredotado que só não comunica comigo via telepatia… porque simplesmente não lhe apetece. Ele até sabe e tal… mas é preguiçoso.

Esclarecendo o InSensato Leitor, tenho a dizer que, ultimamente, o MrJenkins (para quem não sabe, é esse o nome do meu excelso gato) mete-se dentro de tudo o que é caixa que apareça em casa. Grande, pequena… tanto faz. Se é caixa, é para ele se meter lá para dentro como se o mundo estivesse prestes a terminar e os últimos momentos tivessem de ser (por ele) passados a dominar o interior daquele paralelepípedo de cartão fechado por todos os lados, excepto por um (
vide imagem).

À primeira vez eu achei piada. Tal como achei à segunda, à terceira e igualmente da quarta até à vigésima oitava. Depois disso, a coisa começou a tornar-se preocupante. Isto porque a malta começou a questionar-se acerca das verdadeiras intenções do bicho ao enfiar-se desalmadamente em toda e qualquer caixa que entrasse em casa.

A conclusão a que cheguei foi a seguinte: ele está a pedir-me uma casota.

Parece-me mais ou menos claro que é isso que se está a passar. Talvez cansado de dormir no topo do sofá, ao fundo da minha cama ou, ocasionalmente (infelizmente, não tão ocasionalmente como isso), dentro do meu guarda-fatos, é muito provável que ele esteja a solicitar a aquisição de um espaço… dele, com privacidade e assim. Ou seja, ele clama é pela sua própria… independência!

Sim. Acredito que o meu gato me esteja a “exigir” que lhe dê independência, tal como aquela malta que vai arranjado estratagemas para dar a entender que, mais tarde ou mais cedo, há-de sair de casa para explorar o mundo, derrubar obstáculos, enfim… viver a sua vida. No caso, o gato começa por meter-se “inocentemente” em caixas e, mais tarde, já como uma casota, mete os papéis, diz que já tem idade para votar e torna-se um felino independente.

Pois… se assim é, caríssimo MrJenkins (eu admito que ele venha a ler este InSenso), tenho a dizer que temos o caldo entornado. É que, não tarda, há patinha estendida para mesada, para uma ajudinha na compra de uma mota a, claro, a pedir dinheiro para as propinas da faculdade (ah pois é!...) e aí… independência… que é feito dela?!? Han?!?...

Bom… vendo bem as coisas… se calhar (mas só se calhar!…) estou a exagerar uma bequinha…! Provavelmente, o raio do gato só se mete nas caixas por mero gozo… não…?



RENTRÉE



Já quase não vale a pena chorar de novo sobre este “leite derramado”. Não tive férias, não vou ter… é um caso perdido e não mais achado. Não há nada mais que se possa fazer acerca disto, infelizmente. No entanto, para quem tem férias (ou teve – porque, entretanto, o ócio acabou-se), há sempre uma realidade inevitável: a rentrée.

A rentrée – diz quem a vive – pode ser algo de tão agradável quanto o regresso ao convívio dos amigos, às festas, à folia… como tão deprimente quanto a volta ao trabalho, aos ofícios, às guias de remessa…

O que é certo é que toda a gente “rentra” (que é – no meu entender – a forma verbal mais correcta a usar; eu rentro, tu rentras, ele rentra,… não?...). A malta trabalhadeira “rentra” (atenção!... lê-se “rântrâ”) porque volta ao emprego. Os putos em idade escolar “rentram”, porque regressam às aulas. Os políticos (embora nunca se dê bem por isso) também “rentram”, pois voltam às lides mais activas dos comícios, da Assembleia da República, eleições e coisas desse género.

Aliás, essa rapaziada da política faz mesmo questão de celebrar a rentrée com engraçadíssimos comícios onde, em mangas de camisa, se mostram os quilinhos ganhos durante o tempo que se passou na Praia do Vau e o bronzezinho foleiro, típico de quem mais nada fez do que estar a borrifar-se para tudo o que é… crise, por exemplo. E é vê-los, a tentar pregar aos peixes (leia-se, gajos tesos como o carapau – como eu – que bem tiveram de trabalhar o verão inteiro, sem direito a férias nem compensações). Lá estão aos berros, do púlpito, de dedo em riste, a tentar fazer passar a imagem de indignação para com o «erros feitos» por todos os governos que não os da sua cor… Enfim… sempre a mesma coisa! Sempre o mesmo divertimento… só que em versão rentrée (sem dúvida, “muito mais” sofisticado!).

Também o Jet-Set tem a sua rentrée que, na sua essência, consiste igualmente no que fazem todo o ano… incluindo no verão! O que acontece, no caso desta malta é o seguinte. Durante 10 meses, eles vão às festinhas de Lisboa. Nos outros 2, eles vão às festinhas no Algarve. Quando chegam ao Algarve, eles fazem uma festa de arromba (a “Festa de Abertura Oficial do verão” – não se iludam!... o verão não começa a 21 de Junho!… só começa quando há a tal festa do Jet-Set!... Estes gajos não brincam…) e quando se vão embora, fazem também uma festa para “fechar a saison” – lê-se “cézõ” – mas claro que muitas outras ficaram pelo meio. No entanto, isso não lhes basta, porque a rentrée (que é para aí 1 ou 2 dias depois da última festa no Algarve) tem de ser assinalada… com mais uma “festita”, tal é a fomeca de copos, de “Cáturréira!!!” e fotografias de revistas cor-de-rosa que esta gente tem…! Impressionante!...

Indagar-se-á o InSensato Leitor (que é uma coisa complicada de fazer; indagar-se não está ao alcance de todos!…) por que raio abordo eu esta temática. Simplesmente porque, se toda a gente rentra… eu não rentro. Não tenho a chance de o fazer… porque não saí… para agora rentrar. Sim… eu sei. Pode ser considerado dor-de-cotovelo e assim, mas eu quero mais é que se lixe.

Um facto (apenas um; o resto são só palermices minhas) é certo. Hoje assinala-se a rentrée aqui no burgo. Que mais não seja, a rentrée dos InSenstatos Visitantes, ao longo do passado mês a banhos numa qualquer estância litoral ou interior, certamente, não visitada por este vosso amigo.

Bem-vindos a todos! Ou, melhor, bem rentrados sejam! Já sabem que para entrar não precisam limpar os pés. O parquet do chão do blog continua a ser fácil de limpar…!

Finito!!!



Em "homenagem" ao fim do meu padecimento estomacal, passado que é o stress digestivo de toda esta semana, aqui fica a Informação Nutricional por Porção de 10g (1 colher de sopa) de uma conhecida margarina (cujo nome possui as seguintes letras: B, E, C, E e L - não necessariamente por esta ordem) que, afinal, foi a minha grande companheira ao longo destes fastidiosos dias de torradas e bolachas crackers (vulgo, "de água e sal").

Valor energético - 32 kcal = 134 kj
Carboidratos - 0 g
Proteínas - 0 g
Gorduras Totais - 3,5 g
Gorduras Saturadas - 0,9 g
Gorduras Trans - 0 g
Gorduras Monoinsaturadas - 0,7 g
Gorduras Polinsaturadas - 1,9 g
Ácido Linoleico (Ómega 6) - 1,7 g
Ácido Linolénico (Ómega 3) - 0,2 g
Colesterol - 0 mg
Fibra Alimentar - 0 g
Sódio - 130 mg
Vitamina A - 90 mcg
Vitamina D - 0,75 mcg
Vitamina E - 3,75 mcg



Agora... que venham os bifes!!!...


Notííííííícias da Medicina





Da Coreia do Sul chega a informação de que uma equipa de investigadores está a fazer criação de… leitões. Os porcos em causa não são uns suínos quaisquer. São leitões (fêmeas) clonados para produzir uma proteína que serve para combater o cancro. Informações recolhidas junto de fonte próxima a esta investigação revelam que o processo está muito complicado, visto que as jovens porcas estão a falhar o objectivo delineado, ao que tudo indica, devido ao stress derivado da pressão psicológica que os investigadores sul coreanos têm exercido sobre elas. Alegadamente, estes animais são tratados como… porcos e diariamente lembrados (aos berros) de que têm de salvar o mundo. E isso dá cabo do sistema nervoso de qualquer um, como deve ser perceptível; pelo que já foram recebidos alguns pedidos de asilo enviados pelos leitões, estranhamente… para a Mealhada.

Na Universidade do Michigan (que é ali nos Estados Unidos, na estrada que vai de Alcácer do Sal para Santiago do Chile, virando à direita na segunda rotunda), descobriu-se que o chamado “efeito placebo” pode ser mais psicossomático do que se imaginaria. Afirmam os estudiosos daquela universidade que, afinal, «pensar em analgésicos diminui a dor». Só pensar! Ao que parece, quem faz esse trabalho de redução do sofrimento é o cérebro que desencadeia uma reacção fisiológica quando se pensa em medicamentos de redução de dores. Ora… isto parece-me ser uma boa notícia para quase toda a gente… excepto para a indústria farmacêutica, claro. Assim “à cabeça” lembro-me logo do caso da malta que, enfim, se droga e tal. Se pensar em metadona já fosse o suficiente para largar o vício das drogas duras, resolvia-se uma data de questões de criminalidade, o que não me parece nada mal. Por outro lado, pressinto que a mulherada possa ter sentimentos diferentes quanto a isto, já que lhes daria muito jeito que fosse só preciso pensar em Trifene nos dias mais complicados mas deixaria de ter a desculpa das “dores de cabeça” permanentes (estou mesmo a imaginar… «Ai estás com dor de cabeça? Pensa em Aspirinas! Vá… Pensa em Aspinas!!! Já passou, não foi? Ora vamos lá…!». Por fim, (a Pfeizer não deve ter curtido muito isto) não há dúvidas que há por aí muita malta que, já não conseguindo (ou não querendo) pensar em gajas mas querendo “papá-las” já pode resolver o problema, apenas pensado num comprimidito azul de vez em quando… não?... ok … isto é parvo!

A notícia mais extraordinária do dia, no entanto, vem do México. Baba de caracol tem efeito anticelulite. Fantástico! Ao que foi apurado no Instituto Politécnico Nacional do México, a baba do denominado caracol de jardim, devidamente recolhida e depois tornada num gel aplicável na pele humana, reduz significativamente a celulite, pois a substância viscosa contém aminoácidos, colagénio, vitaminas e alguns sais que, ao serem absorvidos pela pele, suavizam o efeito “casca de laranja”. Curiosamente, falando disto com algumas amigas minhas (sempre preocupadas com estas coisas de novos cremes anticeluliticos e regulares frequentadoras de ginásios e gabinetes de estética), consegui ouvir pela primeiríssima vez a frase bombástica «Prefiro ter celulite!», acoplada a uma outra, não menos singular: «Quê?!? Ranhoca de caracol nas minhas coxas? Deus m’a livre!!!». Confesso que, como homem, não percebo o porquê de tanto stress…