De se lhe tirar... o boné!


Boas! Para daqui a uns dias ficam as minha reflexões pós-Natal. Não estão esquecidas mas o tempo tem sido algo cruel com a minha muita vontade de aqui colocar os meus queridos InSensos. Aliás, serve este teaser para dizer também que já me equipei com nova máquina produtora de conteúdos para este blog (e para os outros onde escrevo também, claro) – vulgo, novo computador –, ficando também prometido o 1º InSenso totalmente "made & broadcasted in 3B", lar do InSensato Autor. Deverá ser já o próximo, de resto.
Agora, sim, o InSenso de hoje.

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O meu local de trabalho (um deles, aliás) está em obras. Há andaimes, tábuas e ferros por todo o lado; o jardim tem uma nova barraca 3m x 3m (o verdadeiro estaminé) e há um cheiro intenso a cloro em todo o edifício, graças ao produto usado para corroer a tinta antiga para colocar uma nova camada (ou mais camadas, consoante as demãos dadas, obviamente).

Naturalmente, tudo isto traz ao burgo uma agitação fora do vulgar do dia-a-dia pachorrento de uma instituição pública (aparentemente) pacata e os meus colegas (mais do que eu, que estou de certa forma habituado à agitação de estar na rua e tal – a pacatez é que me faz confusão…) vão mostrando, uns, o seu descontentamento, outros, alguma excitação por ser algo que rompe a rotina da casa.

Num desses casos, fazia-se uma graça acerca da altura dos andaimes e da possibilidade de existência de um eventual acidente de trabalho. Nada mais natural, visto que estamos em Portugal e que um pedreiro cair do alto de um andaime é tão natural como um outro colocar o reboco numa parede feita de tijolo de 15 (vêem o jeito que dá já ter sido servente na construção civil?... eu conheço a gíria e os termos técnicos! Cultura geral… da treta!...). Aliás, os pedreiros e serventes nacionais são conhecidos por uma data de fantásticas características, das quais se destacam – claro – os acidentes, a pinga, os piropos às gajas, as mijadelas feitas das varandas inacabadas (a partir do 3º andar para cima) directamente para a via pública, os bigodes e… os bonés.

Sim… os bonés! Parece-me justo aqui fazer a justa menção (com a devida vénia) ao boné nacional, tão importante que é à definição da autenticidade do trabalhador da construção civil português… mas, infelizmente, tantas vezes esquecido ou não considerado.

Pedreiro sem ele… não é pedreiro. Ou melhor… é… mas é estrangeiro, de certeza. Porque toda a gente sabe que um capacete de protecção não passa de acessório mas um bom boné, sim, é essencial. E é essencial porque não pesa, não faz calor no cocuruto da moleirinha, protege muito mais… as calvícies parciais do pedreiro nacional e… obviamente… tem mais estilo.

Quem não se lembra do famoso boné da Sicasal? Esse mito lusitano!... só possível de arranjar na Volta a Portugal (junto a uma qualquer estrada nacional em dia de prova) ou através de uma amigo de uma amigo de um amigo do primo afastado que foi uma vez lá e trouxe uns quantos que encontrou no chão, junto à linha de meta ou no Alto da Senhora da Graça!... E, por esse mesmo princípio, quem é que se olvida dos “concorrentes” bonés da TróiaMarisco, do Atum Ramirez, das Águas Carvalhelhos, do Bom Petisco, da Tensai (saudosos bonés amarelos e vermelhos!...) e do Jornal de Notícias…?

Todos eles são obrigatórios na cabeça de quem “constrói Portugal”. Sem bonezinho… não há pedreirinho – lá diz o ditado. Sujos, perfurados, sarapintados de argamassa ou tintas Robbialac, rasgados ou descosidos… mas lá, na tola parcialmente careca que o pedreiro coça de 10 em 10 minutos (ou sempre que algo lhe pareça mais complicado ou simplesmente mais trabalhoso).

De há uns tempos para cá, no entanto, – tenho de o dizer – sinto algum desencanto no que toca a esta importante questão do boné nacional. É que cada vez mais se vê pedreiros tugas com capacete (o que é uma coisa meio cobardolas) ou com outros bonés, mais amaricados a cada ano que passa.

Compal, Triumph, L’Oreal, Revista Lux e outras coisas fachonchas que tais agora estão nas cabeças dos nossos pedreiros! E isso não pode acontecer! Aliás, se há coisa que me revolta é ver a pedreiragem com bonés das telenovelas da TVI!... Uma verdadeira vergonha para a classe!... digo eu!

Pedreiros de Portugal, escutai-me!

Fala K@, InSensato Autor, que defende os vossos interesses. Se não quereis perder a vossa lusitana identidade de trabalhadores da construção civil nacional, com direito não usar capacete de segurança (com aquelas corezinhas panascas) e obrigação de cuspir no chão após cada piropo mandado às gajas que passam junto ao estaleiro… usai bonés decentes, de coisas de homem de barba rija, para condizer com as vossas camisolas cavas da Sagres ou da Super Bock! Nada de mochilinhas escolares para guardar a marmita do farnel e, acima de tudo nada de bonés fachonchos!

Se nada mais houver à mão, por favor, pegai aquele bonezito da Charcutaria Benzinho, do Café Central do Álvaro Costa ou do Talho Maria dos Prazeres. No mínimo isso! Imploro-vos! Não desgraceis a classe do pedreiro português!

InSenso de Natal



O Natal é coisa linda. Disso não há dúvidas, penso eu. No entanto, para coisa linda que é, o Natal tem coisas perfeitamente estranhas. Deixo aqui apenas três pequenos exemplos...

I – Natal dos Hospitais

A “Ronalda” foi à televisão cantar para os enfermos. Ela na verdade não se chama Ronalda, mas começaram a chamar-lhe assim por causa do irmão [Cristiano Ronaldo] e ela reparou que seria a melhor forma de saberem quem ela era… e adoptou o “nome artístico”. É parecida com o irmão. Notam-se os traços familiares. Tem expressões semelhantes e até gestos feitos na dança se perecem com uma ou duas fintas que o rapaz faz em campo. Mas mais estranho (do que ver um Cristiano Ronaldo versão gaja) é/foi a escolha da canção com que “Ronalda” brindou o público (relembre-se, doentes, acamados, doridos, pessoas no fundo com uma data de problemas graves por resolver na vida). Ter a menina a cantar sobre desamores, traição, chegadas a casa antes do tempo (encornanço, portanto)… cheira-me que não ajude nadinha quem está com um clister enfiado não sei onde, esteja todo engessado devido a ter sido atropelado por uma motoreta em plena passadeira (ao menos que fosse por um Porshe…!) e/ou com umas dores do caraças por causa da ciática. PS: a Romana veio logo a seguir. Curioso, também ela (como a “Ronalda”) estava “enferma” da “dor-de-corno”. Coitadinha…!

II – Nicolau Trepador

É uma praga. O Pai Natal Trepador surgiu não se sabe bem porquê, não se sabe bem quando e não se sabe que raio de gajo parvo se lembrou desta coisa de decorar casas com um caramelo a trepar janelas, varandas, chaminés, árvores e afins. Pais Natal não faltam por aí, portanto. E isso faz-me pensar em duas coisas perfeitamente opostas. 1 – Isto vem provar que é verídico o que eu achava não passar de um mito urbano – aquela cena do “São Nicolau” percorrer o mundo todo numa só noite a distribuir presentes. Eu sempre duvidei que um gordo daqueles conseguisse ser tão rápido a ponto de conseguir fazer Tóquio – Sobral do Montagraço na mesma noite. Não que fosse impossível, mas quem sai de uma metrópole asiática daquelas a toda a velocidade (o trânsito é caótico), depois tem dificuldades em encontrar uma vila assim tipo no meio do nada lá para os lados do Ribatejo. No entanto, se o Pai Natal consegue estar a fazer escalada em tanta varanda deste país… e ao mesmo tempo… é porque há ali uma omnipresença que também lhe permite fazer o serviço da Noite da Consoada com uma perna às costas. 2 – O facto de se ver cada vez mais “Nicolaus Trepadores” não pode ser um bom incentivo para os putos. Os petizes curtem o Pai Natal. Mas o que é que ele lhes está a “dizer” ficando dependurado em janelas, alpendres e tal…? Que a gatunagem e a invasão de propriedade é um futuro fixe para eles?!? Parece-me mal…

III – As minhas bolas

Numa nota estritamente pessoal, tenho de dizer que este Natal fica marcado pela grande dificuldade em fazer a Árvore. Eu sou um fã incondicional da decoração do pinheiro (sempre artificial – não há cá coisas de andar a cortar árvores) e só um ano falhei a tradição (mesmo assim, fiz uma outra decoração toda high-tech lá em casa – dos meus pais, com quem ainda morava na altura). Este ano a coisa complicou-se deveras com a minha falta de tempo mas no dia 20 (quando sempre primei por fazer a decoração no dia 11 – dia de anos da minha irmã) lá me decidi a forçar-me a tratar disso. O chato é que a coisa esteve mesmo complicada. Porquê? Porque... não encontrava as minhas bolas em lado nenhum! É impossível ter pinheiro (ainda que de plástico) e não ter as bolas no sítio. E mais... É perfeitamente dramático não saber onde se tem as bolas! Encontradas (finalmente!...) as bolas, constatei com preocupação que estavam numa caixa de taças para sobremesa. É que a expressão ("I'm gonna eat your balls!") é americana... mas a globalização é uma realidade incontornável. Daí que haja, desde esse fatídico memento, algum temor em mim (ainda para mais embuído de espírito natalício - o que é ainda mais estranho!!!)...

Já agora... BOM NATAL!
K@, InSensato Autor

Promessa de Natal


Sei que tenho andado a falhar como as notas de cinco mil (nesta altura... todas as notas falham, de resto) e que o burgo tem estado algo abandonado. Mas como a todos os sem-abrigo, está já prometido por mim um miminho aqui ao blog. Um InSenso de Natal que não será só parvo (como de costume) mas sim também perfeitamente escusado e lamentável. Quem quiser arrepender-se do tempo que gastou a ler um texto simplesmente inóquo e sem jeito nenhum sobre a quadra natalícia, faça o favor de passar por cá, ok? Ah!... e que não se descalce, por que está um frio que não se aguenta e - assim com'assim - sempre é melhor por causa do cheiro também...

O InSenso de Natal está a chegar... Aliás, ó pra ele a tentar entrar pela chaminé aqui do burgo!... Que drama estes Pais Natal trepadores!...


O poder da cueca da rata



Comecemos com uma daquelas frases feitas com que fica sempre bem iniciar qualquer texto que se preze e deseje ser digno do epíteto de “texto”… possivelmente, até com “T” maiúsculo (“Texto”, portanto) …

«O Natal está aí à porta e a febre consumista (sem grande surpresa) está ao rubro.»

Gostou, InSensato Leitor? Eu… nem por isso. Não por causa da frase em si (é uma frase feita como todas as outras frases feitas) mas sim porque aquela coisa de algo estar “à porta” faz-me uma confusão desgraçadinha. Fico sempre a pensar que alguém andou por aí a dar o meu endereço sem consentimento da minha parte e (sem qualquer relação com a preocupação anterior) que, desde que mudei para a minha actual casa, sempre quis mas nunca calafetei cabalmente a porta da rua (o que permite a entrada de um frio do caraças).

Mas desvio-me do assunto que me traz aqui… mesmo antes de o abordar.

Vem a tal máxima em jeito de lugar comum ao caso porque este fim-de-semana passei por um grande super-mercado (daqueles com nome de avião comercial e sonoridade semelhante a elefante da Disney). Como seria de esperar, não era – de longe – o único às compras ali. Aliás, havia seguramente mais… dez pessoas no estabelecimento (ou será que eram mais dez… só ali mesmo naquele metro quadrado à minha beira…?).

Como estamos pertinho do Natal, o corredor que “recebe” os clientes à entrada do super-mercado está pejado de tudo o que se possa associar à quadra: pinheiros artificiais, decorações, chocolates, velas, bolo-rei e – claro – brinquedos para todos os gostos, entre os quais, bonecos.

Bonecos, bonecas, chorões, caladinhos, patinadores, barbie’s avantajadíssimas, de plástico ou de peluche… o que não falta são bonecos, empilhados (literalmente) em cima uns dos outros, à espera de serem levados dali para uma casa onde um pirralho há-de recebê-lo com um brilhozinho nos olhos na noite da consoada e esquecê-lo antes do fim de ano.

Mas (outra frase feita) «a vida está cara» e os bonecos (pelo menos, aqueles que eu vi) lá estavam, numa pilha imensa, encavalitados e enrolados uns com os outros a fazer lembrar uma daquelas cenas finais maradas de filme “xxx” com mais de 20 “actores”, em grande “função”… só que com bonecada (acima de tudo, animaizinhos felpudos e meninagem amorosa).

Para quem pensa que estar a falar de orgias malucas e filmes hard-core com base em bonecos para crianças é assim… como dizer… estranho e parvo, fique sabendo…que vou continuar.

Isto porque, lá no monte dos bonecos (muitos deles repetidos), vi cinco Minnie’s. Não. Não eram cervejas em garrafas pequenas, não. Minnie é a eterna namorada do Mickey (nunca casaram… deve ser alguma cena daquelas do gajo ter problemas de compromisso). E quatro dessa Minnie’s estavam… de saia levantada. Ou seja, de cueca a mostra.

Volto à questão da imagem de deboche com os bonecos enrodilhados e acrescento-lhe este novo dado de uma rata com a cueca à mostra. Não estarão os nossos super-mercados a ir um bocado longe demais na tentativa de fazer liquidação de stock´s? Se a vida está tão cara… há que recorrer a métodos eficazes para convencer o consumidor. Isso parece-me correcto. Mas… dispor uma rata de cueca à mostra… com tanto miúdo a ver… será... ético (no mínimo)?

Fica a questão.

No entanto… já agora, – aceitando “academicamente” que até é uma boa ideia enveredar pela utilização do sexy tease de uma rata com a cueca à mostra – não seria mil vezes mais eficaz se fossem os mesmo elementos, mas… em ordem invertida?!?... É que a História do Mundo é bastante clara nesse aspecto… e que eu me lembre nunca falou de uma rata com a cueca à mostra…!

Erro Tipográfico


É. De facto, isto não passa de um erro da tipografia à qual encomendei um aviso para colocar aqui no burgo. O que deveria aparecer era "AMANHÃ HÁ INSENSO" e não isto da moamba... ainda para mais... só para sábado! Bom... vou ali despedir o gajo da tipografia e ver se há uma empresa um bocadinho melhor para fazer estas bodegas. Seja como for... AMANHÃ HÁ (mesmo) INSENSO, ok?
K@


Dente de Aquiles - II




A minha “Dentadura SuperStar” [vide InSenso de dia 21 de Julho] vive dias difíceis. Para além da incompreensível inexistência de castings onde possa pôr a minha dentola perfeita (para anúncios de pão de forma e/ou maçãs verdinhas) a brilhar no caminho para o estrelato e, consequentemente, a render-me umas coroas extra… agora, passa uma fase de “obras” forçadas, devido a uma anomalia verificada em dois molares contíguos, do lado inferior direito das minha InSensata boca.

Chato é que esta (rara) situação (a malta até nem é de ter problemas dentais) tem contornos algo bizzaros. E tudo por causa… dos meus calcanhares.

Eu explico. Aquando do aparecimento da mais recente dor de dentes [
vide Petit Rien “Dente de Aquiles” – daí o título deste InSenso ser uma versão “II”], o que aconteceu foi que o padecimento ia, literalmente, da cabeça aos pés, visto que também os calcanhares me doíam… que era coisa que tolhia.

Na altura, estranhei mas relevei. Apesar de não me lembrar de ter andado às “calcanharadas” a nada ou ninguém, parti do princípio que uma dor (a de dentes) não estava relacionada com a outra (dor de calcanhares), questionando-me apenas se seriam duas dores… ou três (uma de dentes e uma de cada calcanhar). No entanto, eu hoje não penso assim. Porquê? Porque – depois de ter ido ao dentista – a dor dental passou e passei a envergar uma massa argilosa que o médico me colocou para manter até ao dia em que “reconstruísse” os dois dentes molares afectados, a dita massa quebrou sem qualquer razão aparente e a dor voltou. O que eu não reparei de imediato (mas agora que pensei melhor, apercebi-me disto) é que mesmo antes da massa ter partido e caído, provocando nova dor de dentes, já os calcanhares me tinham voltado a doer, precisamente umas horas antes.

Estranho, no mínimo, pensei eu. Parvo, no mínimo, pensará o InSensato Leitor (e, decerto, com muita razão). Mas é um facto.

Logo que o incidente da massa se deu (ironicamente, quando escovava os dentes), lembrei-me de umas sessões de slides que se faziam na minha escola primária, uma vez por ano. Não me lembro se eram patrocinadas pela Colgate se pela Pepsodent, mas eram por uma delas… ou ambas… sei lá.

Nessas sessões de diapositivos, a pequenada (eu também – era pequenino e franzino) sentava-se no chão enquanto conhecia a história de uma nave que voava até um planeta que, estranhamente, tinha o aspecto de um dente pefeitinho, no meio do espaço. Algumas aventuras e desventuras depois, a nave salvava o planeta do ataque dos inimigos (meteo-cáries e naves com formas incrivelmente semelhantes a doces, gelados e rebuçados) e tudo acabava em bem. E como era belo ver o brilho do planeta (como se da luz de uma estrela se tratasse) no meu daquela galáxia… coisa linda mesmo!

Ainda assim, talvez sugestionado pela apresentação e pelas personagens (as más) dos slides… acabava sempre com uma recorrente dorzinha de dentes e a pedir aos meus pais que verificassem se estava tudo bem com a minha dentadura.

Mas… estranho (ou nem por isso)… não me lembro… se em alguma dessas ocasiões tive dores nos calcanhares…

Hmmmmmm... vou pensar nisto...!