A incongruência que Não há bela sem senão é

Há coisas que me irritam. Nisso, não sou melhor nem pior do que ninguém. Ouvi dizer que há coisas que irritam outras pessoas que não eu. Surpreendeu-me um bocadinho mas depois passou e nem sequer me doeu. E isso foi positivo.

Uma das coisas que me irritam é não concordar com uma expressão que não tem ponta de verdade e que continua a ser usada como se nada fosse, passando impunemente à exclusão que merecia, se o mundo fosse mesmo um sítio como deve ser.

Não há bela sem senão é uma dessas frases. Nunca a percebi bem.

Uma bela é muito mais bela sem um senão. Aliás, eu diria mesmo que com senão uma bela não é propriamente bela. Se tem senão, esse senão pode muito bem não ser bela. O senão é, portanto, o desmancha-prazeres da vida.

Se a vida é bela, se não há bela sem senão, e se o senão não deixa a bela ser tão bela quanto poderia ser (se não tivesse senão), então é o senão que está aqui a estragar a equação toda.

Para mim, a vida só seria verdadeiramente bela sem os senãos e arrisco mesmo um “Rai’s partam os senãos e a actividade deles, pá!”, só para soltar a bílis em relação a este assunto.

Imagine-se o seguinte cenário. Alguém faz amor, numa qualquer divisão da casa (não vou especificar, para que seja possível ao leitor ter essa réstia de fantasia que ajuda sempre na imaginação de um bom cenário deste tipo). Tudo é belo. Tudo está bem…. A campainha toca. A primeira reacção é dizer que “não há bela sem senão”, sendo, no caso, a campainha o senão desta equação. Mais do que desmancha-prazeres, este senão seria um verdadeiro estraga-f… isso.

Para vincar esta minha maneira de pensar, dou ainda outro exemplo. Giselle Bundchen. É bela. Ali não há senão. Se houvesse senão, não seria tão bela quanto é. Quero dizer… ter senão… já teve. Andou enrolada com o Di Caprio durante uns tempos. Foi o senão dela, gostar de tipos com 1,20m de altura. Obviamente, isto só é/foi um senão para os tipos com mais de 1,20m de altura, como eu. Todos os outros, sentiram ali que tinham uma hipótese com uma das miúdas mais giras do mundo.

Mas acho que isso passou e nem sequer lhe doeu. Temos todos (os altos e os baixos) que ficar felizes por isso.

Já não há Polaroids para colar ao tecto


Diz-se que a vida é feita “disto e daquilo”.

Para além de lamentar profundamente o facto de nunca ninguém me ter definido com exactidão o que era “isto” ou “aquilo”, eu atrevo-me a acrescentar que a vida é feita (também) de constatações.

Ao constatar o óbvio e/ou o menos óbvio, estamos a assimilar conhecimentos, no mínimo, porque até ao momento da constatação não sabíamos (ou não tínhamos percebido que não sabíamos) o que acabámos de constatar. Ou qualquer coisa do género…

Por exemplo, eu acabo de constatar que já não se fazem máquinas Polaroid. A empresa criadora do conceito de fotografia instantânea disponível para todos abriu falência e fechou as portas (curioso como o fecho de uma coisa significa sempre a abertura de outra, e vice-versa).

Ao constatar este facto, uma significativa parte de mim (a parte que, de facto, se preocupa com este tipo de coisas) ficou devastada. Principalmente porque estava mesmo a precisar de uma máquina Polaroid e agora, “descontinuada” (é o termo usado pelos funcionários das lojas de fotografia) que foi a produção do produto, torna-se uma tarefa extremamente complicada encontrar agora uma máquina para comprar, mesmo que seja ainda um artigo super popular.

Simultaneamente, apercebo-me de que nunca mais ouvi falar das colas Araldite. Uma rápida pesquisa na net “diz-me” que, ao contrário das Polaroids, o produto não foi “descontinuado” e ainda existe, embora nunca mais se lhe tenha feito publicidade. Aliás, a falta dessa publicidade é tanto mais notada pelo facto de ser mítico o anúncio às colas Araldite que há cerca de vinte anos surgiu nos ecrãs portugueses: Araldite - Capaz de colar cientistas ao tecto. Como seria possível esquecer este conceito?

No entanto, estou em crer que terá sido esse mesmo conceito que determinou o “desaparecimento” (apenas aparente, é certo) da Araldite. Acho que lhes correu um bocado mal a publicidade enganosa resultante de anunciar que seria possível colar cientistas ao tecto com os dois tubos de cola, cujos conteúdos (combinados) resultariam numa substância infalivelmente colante. Penso que, mais tarde ou mais cedo, toda a gente percebeu que a Araldite, afinal, não era suficiente para colar cientistas ao tecto. E ninguém gosta de ser vítima de publicidade enganosa.

Se, por influência do spot publicitário, houve mesmo gente a tentar colar cientistas ao tecto para verificar a veracidade do slogan do anúncio (talvez tenha sido por isso que terá havido um período em que os cientistas quase entraram em extinção - por causa dessa obstinada caça ao cientista para colá-lo ao tecto), cedo foi possível apurar que o cientista que se tentou colar ao tecto caiu “redondo”, de cabeça no chão. A comunidade consumidora não gostou de se sentir burlada e a comunidade científica não gostou de quase ser dizimada por causa de um slogan parvo, vindo da cabeça de um criativo sem grande noção das possíveis consequências do que escreveu.

Não havia, portanto, maneira de a cola Araldite continuar a ser um êxito de popularidade. Agora – ao que sei – o produto é vendido praticamente só a profissionais da construção e de carpintaria, bem como a adeptos trabalhos de bricolage. Segundo o que apurei, já quase ninguém tenta colar cientistas ao tecto com aquilo (a televisão já não diz que é possível fazê-lo e só os poucos que ainda se lembram do velhinho anúncio é que ainda vão aos laboratórios tentar apanhar um cientista incauto para o efeito).

É uma grande injustiça. A máquina Polaroid tem fama e não tem proveito, que é como quem diz que, apesar de imensamente popular, já não é produzida e, por isso, entrou em extinção. Já a Araldite (que, na minha opinião, se não é suficientemente boa para colar cientistas ao tecto, não serve para nada mais do que outra qualquer cola) tem o proveito sem qualquer fama, ou seja, persiste mesmo que com uma reputação bem abaixo do minimamente aceitável. Constato, assim, que a vida (que é feita de constatações) não é justa, na verdade.

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PS: Fora do assunto em epígrafe, constato também que Ike Turner (personalidade da música americana e ex-marido de Tina Turner) morreu recentemente. A Violência Doméstica perde, deste modo, uma das suas figuras mais proeminentes. Estou certo de que o sector está de luto e vai sentir muito a sua falta.

A Mais Lenta das Internet’s Rápidas


Sou um utilizador de internet móvel. Desde que tenho internet própria que optei por essa forma de acesso à Web porque me dá uma grande liberdade. Há InSensos escritos e postados em bancos de jardim, por exemplo, que só o poderiam ter sido com uma placa 3G de um operador móvel de telecomunicações. Quer dizer… a placa sempre foi minha porque a comprei.

E entretanto chegou a hora de fazer o upgrade à coisa.

O telefonema do senhor da TMN dizia que, com a nova placa, a velocidade de acesso à internet seria substancialmente maior, o que iria dar muito jeito no visionamento de vídeos e de páginas mais “pesadas”, com muitas imagens, coisas em java e em flash. Parecendo-me bem, aceitei mudar e adquirir então esse novo aparelho para substituir a original placa 3G que já tinha praticamente 3 anos.

Hoje posso garantir que, sim senhor, a minha internet móvel é bem mais rápida e que, por esse prisma, estou bastante satisfeito. Mas não estou satisfeito de todo. O problema é que, por muito mais rápida que esta nova net seja, eu estou em condições de afirmar que esta tão chamada “internet rápida” é lenta para “xuxú”*.

Desde o tal telefonema até hoje, dia em que estreio a nova placa, já lá vão mais de três semanas (quase um mês, para ser mais exacto). E isso é a negação do conceito de rapidez.

A verdade é que, entre o meu “Sim” e o toque da campainha aqui de casa com o senhor da Chronopost a estender-me o saco com a encomenda, aconteceram “mil e uma” coisas estranhas que atrasaram um processo que poderia ter demorado 3 dias em mais de três semanas.

A chamada da TMN caiu (quão irónico é isto?) quando era hora de combinar a data de entrega do equipamento, a mensagem de confirmação de entrega demorou uma semana e chegou num domingo às 19h (quando o horário da linha de apoio é de 2ª a 6ª, até às 18h), e a Chronopost conseguiu não entender por 4 vezes qual a hora em que eu estaria em casa para receber a nova placa de acesso à internet, tendo eu feito uma mão cheia de telefonemas só para esclarecer com exactidão esse pormenor.

É giro que, devido a um aparelho que visa melhorar em qualidade e rapidez a minha comunicação com o mundo, todo o processo de o adquirir tenha ficado marcado pela ineficácia e lentidão, precisamente nas… comunicações.

Espero que agora o aparelho faça o efeito pretendido, que trabalhe bem e que tudo seja mais rápido daqui em diante. Aliás, o que eu queria mesmo é que a minha nova placa 3G fosse como aqueles carros que nos dizem dar 160km/h e acabam por conseguir dar 180. Porquê? Porque me dava um jeito tremendo tentar recuperar este mês de atraso. Isso, sim, é que era mesmo bom!...

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* - Ouvi (ou melhor, voltei a ouvir) essa expressão (perdida no tempo) há uns dias e não resisti a usá-la.

O Raio do Cristo Rei


Ouvi dizer que o Cristo Rei, em Almada, foi atingido por um raio, alegadamente devido ao mau tempo. Sinceramente, não estou convencido desta última parte, muito embora no dia em causa tenha, de facto, chovido e trovejado imenso. Ainda assim, a circunstância de um raio ter caído precisamente ali (causando uma quebra de energia que desligou a iluminação natalícia do monumento)levanta questões pertinentes no campo teológico e também ao nível da ironia do destino.

(Vamos por pontos, porque… bem… porque é sempre giro criar alíneas ou numerar assuntos e coisas e itens e tal, seja no que for)

Ponto 1 – Nunca pensei que a justiça divina (diz o povo que uma das suas expressões mais fortes – se não mesmo a mais temida pelos tementes a Deus – é precisamente a queda de um raio) poderia fazer-se sentir sobre o Cristo Rei. E quem diz sobre o Cristo Rei, diz sobre basílicas, igrejas, santuários ou capelas. A provar isso, há uns anos visitei uma pequena capela que esteve envolta pelo fogo num incêndio de grandes proporções… mas que escapou à destruição, ao contrário de tudo o que estava à volta. Deus protegeu, claramente, a capela. Desta vez, não protegeu o Cristo Rei. Bem pelo contrário… mandou-lhe com um raio para cima.

Ponto 2 – Que terá feito o Cristo Rei para que o seu “Pai” se tenha enfurecido tanto, ao ponto de recorrer à sua “arma” mais poderosa como forma de reprimenda? Se Deus não esteve pelos ajustes, foi porque o “Filho” não fez das boas, apesar de estar sempre ali, parado, no mesmo sítio, já vai para umas décadas. Sim… também se pode pecar só por pensamentos… Terá sido isso?

Ponto 3 – Se o Cristo Rei fez asneira, isso quer dizer que se sentia com as costas quentes, pensando que a sua divindade lhe garantia de imunidade ou que simplesmente não é tão temente a Deus quanto o resto dos católicos? Ah… já para não falar que não deve ter grande respeito ao “Pai”, deitando por terra um exemplo que deveria dar a todos nós, quanto à lealdade familiar – “Honra o teu pai”, ordenam os mandamentos.

Ponto 4 – Ao lançar um raio sobre o monumento, Deus – parece-me – afirma-se ele próprio como uma espécie de “Pai Tirano”, imortalizado pelo velhinho filme português, do início dos anos 40. Algo absolutamente inesperado num pai tantas vezes adjectivado de “bondoso”, “clemente” e “tolerante”. Ainda para mais, quando direcciona a sua dura justiça sobre um filho (quando o mais usual é defender-se os elementos da família). Será Deus pior chefe de família do que aquilo que pensamos?

Ponto 5 – (e já que falamos em família) Onde está a reacção do irmão mais velho do Cristo Rei, o Cristo Redentor do Rio de Janeiro? Se é estranha toda a ocorrência de o Cristo Rei ter levado com um raio em cima (muito provavelmente, lançado pelo próprio “Pai”), mais estranha é a ausência de uma reacção da família; no caso, do irmão da vítima. Mesmo que tenha medo de represálias parentais, ficava bem ao Cristo Redentor uma palavrinha sobre esta questiúncula familiar, não ficava?

Questões que, desde o sucedido, ainda ninguém esclareceu cabalmente, o que é pena. Mas talvez também isto tenha uma razão de ser. Sem estas explicações, qualquer cristão pensará agora duas vezes antes de pôr “o pé em ramo verde” ou “a pata na poça”. Se o Filho de Deus leva com um raio e é quem é… então todos os outros filhos de Deus (sem a ligação umbilical ao Criador nem a vantagem de serem feitos de pedra) têm mesmo de se “pôr a pau”, correndo o risco de – caso contrário – aumentar drasticamente a ocorrência de violentas “trovoadas” um pouco por todo o lado, dizimando os pecadores. Diz o povo que Deus escreve direito por linhas tortas. Será que é a este tipo de coisas que o ditado se refere?







Obrigad(inh)o, Mãe!...


Ao fim de uns anos de vida (digamos, sei lá… uns trinta), todo e qualquer um de nós acha que já é um homenzinho ou uma mulherzinha. Mesmo aqueles homens que pensam ser umas gajas boas e as mulheres que pensam ser uns grandes machões… mas isso agora não vem ao caso.

Dizia eu que todos nós nos achamos independentes, cheios de personalidade e carregadinhos de traços tão nossos que nos distinguem de toda a gente. Lamento dizê-lo… mas andamos todos enganados. E sei disto porque os meus pés, descalços, estalam imenso.

Se está confuso… percebo que esteja. Aliás, confesso que era essa a minha intenção ao juntar, aparentemente de forma desinteressada, referências à transexualidade e aos estalidos dos pés. Mas… avante.

De há uns meses para cá, posso dizer que ando com alguns problemas de identidade. Tudo porque descobri uma foto do meu pai quando ele tinha para aí uns 23 anos e a verdade é que a cara que vejo nessa imagem é igualzinha àquela que vejo todas as manhãs no espelho da cada de banho quando faço a barba. Isto apesar de em criança ser a cara chapada da minha mãe, com as bochechas rosadas e tudo mais. (Já agora… isto é bom porque agora tenho a certeza de que não houve facadinha no casamento deles para me coceber.)

Lá se vai a teoria dos “traços tão nossos”…

Por falar na minha mãe, chego ao ponto que me leva a abordar este tema: o estalido dos meus pés, quando descalços (sim… a referência era autêntica e não só para confundir o leitor).

Essa característica herdei-a da minha progenitora, infelizmente. Sei bem disso, porque em miúdo (quando ainda me parecia com ela e não com o meu pai) sempre ouvi os estalidos dos pés da minha mãe quando ela ia à casa de banho, a meio da noite. Eram audíveis o suficiente para não raras vezes ter acordado com esses “Tlac!… Tlac!… Tlac!…”, tanto na ida como na volta.

O mesmo acontece agora comigo. E repare-se que não estou contente. Primeiro, porque estalar dos pés não é coisa de que alguém se gabe de bom grado, como é evidente. Em segundo lugar, porque isso me prejudica sobremaneira.

Do que a minha mãe não se lembrou ao “dotar-me” com essa sua péssima característica foi que, tal como ela me acordou vezes sem conta (dando cabo de noites até ali bem dormidas), também eu de futuro acordarei gente que tenta descansar em paz, cumprindo um sono retemperador, de preferência ininterrupto. Isso não é bom.

Não é bom, logo “à cabeça”, se pensarmos que a minha futura vida conjugal estará sempre “por um fio”, até a minha cara-metade se fartar de acordar com os estalidos dos meus calcantes descalços, a caminho do WC. Mas, acima de tudo, não é bom porque limita as minhas opções de carreira. Obviamente, ser ladrão profissional de residências no período nocturno está fora de questão. Se assaltar uma casa habitada silenciosamente estando calçado é praticamente impossível, então… tirando os sapatos, não só acordaria de imediato os donos da casa, como também os vizinhos todos e ainda um guarda da GNR ou agente da PSP que vivesse ali nas redondezas (há sempre um) que, sem grande esforço, me apanharia em flagrante delito.

Escusado será dizer que estou um bocado desiludido com a minha mãe.

O Regresso do PÍFIO


A discussão do Orçamento de Estado já veio e já foi. Se foi giro? Não sei bem. Raramente lhe presto grande atenção. Se ainda pudesse ir lá falar do meu orçamento… Mas não. Aquilo, segundo sei, é sempre “deputados de um lado - governo do outro” a falarem à vez, de dedo em riste, sobre percentagens, PIB’s e sei lá mais o quê.

Seja como for, pode dizer-se que (pelo menos) algo de MUITO positivo saiu desta discussão do OE2008: o reaparecimento da palavra PÍFIO.

Nunca pensei usar estas palavras, combinadas numa mesma frase, mas cá vai disto: Muito obrigado, Jerónimo de Sousa!

Aliás, muito… obrigradíssimo! O líder do PCP e da bancada parlamentar comunista merece este e todos os agradecimentos que lhe venham a fazer nos próximos tempos, principalmente vindos da parte de tantos e tantos professores de Português actualmente deleitados com a iniciativa do político!

Logo no primeiro dia de debate, Jerónimo de Sousa usou a expressão “duelo pífio” (para espicaçar Sócrates e Santana). E o País quase parou. Quero dizer… parar, parar… não parou. E quase parar… também não quase parou. Na verdade, nem esteve perto disso. Acho mesmo que mais de metade de Portugal nem sequer se apercebeu que no Parlamento se estava a discutir o Orçamento, quanto mais de que Jerónimo tinha recorrido a uma das mais obscuras palavras do vocabulário lusitano.

Mas assim aconteceu. E, na ausência, de bons momentos para recordar (é que fala-se muito de emoção nestes debates importantes em São Bento mas, se fosse tipo jogo de futebol, as repetições em slow motion daquilo não mostravam nada de espectacular), o momento em que o fonema pífio ecoou nas galerias do Parlamento acabou por ser, na minha modestíssima opinião, o ponto alto dos três dias de debate.

Não pelo momento em si mas sim por aquilo que veio depois disso. Desde esse momento, já ouvi a palavra pífio proferida no meu trabalho e, melhor do que isso, na rua… várias vezes! Obviamente, a internet também já foi “inundada” de referências ao adjectivo. No fundo, o que Jerónimo fez não foi (só) insultar Santana e Sócrates (intitulando-os de reles ou ordinários – sinónimos de pífio). Jerónimo educou o País, que não fazia ideia da existência de uma palavra tão catita e simultaneamente tão ofensiva na Língua Portuguesa. O País gostou e trouxe o vocábulo de volta à “ribalta”.

Pessoalmente, regozijo-me sempre que o nosso idioma sai a ganhar onde normalmente sai a perder (os debates políticos são quase sempre muito fraquinhos, também nesse aspecto). Foi o que aconteceu desta vez.

Aparte isso, estou preocupado com Jerónimo de Sousa, que me parece ter feito bem à Língua Portuguesa mas mal à sua carreira política. A palavra pífio pode vir a ser a sua némesis. Tal como o Rato Mickey e uma conversa qualquer de “Você sabe que eu sei que você sabe que eu sei que você sabe” estão para Maria José Nogueira Pinto, pífio poderá estar para Jerónimo, que talvez venha a ser recordado daqui a alguns anos mais pelo adjectivo do que pelas suas ideias políticas.

E seria uma pena que um simples momento alto num debate do OE que até passou despercebido acabasse com a relevância de um percurso político de uma vida inteira. Isso, sim, seria grosseiramente pífio.

Não sou excêntrico... e já sei por quê!

Muito sinceramente, estou em crer que descobri a resposta para uma questão que há algum tempo a esta parte venho colocando a mim próprio.

Haverá uma razão para que ainda não tenha ganho o EuroMilhões?

Pelos vistos, há. Apercebi-me disso há pouco, quando fui ao supermercado.

Se há coisa que é recorrente nas minhas idas ao supermercado é o azar de me calhar SEMPRE a caixa que demora a mais a despachar-se. Aliás, permita-me o InSensato Leitor que me expresse melhor. A minha tendência para ficar na mais lenta fila para a caixa registadora não me parece bem ser uma questão de azar, mas sim de um talento estranho que tenho em escolher com impecável exactidão aquela que – apesar de promissoramente rápida – se revela a mais entediante das filas para o pagamento dos artigos comprados num estabelecimento comercial.

Situações já houve em que me dirigi em passo apressado para uma caixa com apenas um cliente e acabei por esperar cerca de um quarto de hora para ser atendido. Acredite-se ou não, é preciso ter um engenho fora de vulgar para que algo deste género aconteça em 95% das vezes em que vou ao supermercado.

95% é também – mais coisa menos coisa – o ratio de vezes em que nada ganhei no EuroMilhões em relação às ocasiões em que tive boletim premiado. E nesses outros cerca de 5% também não ganhei grande coisa (20€ uma vez, acho que foi o máximo). A verdade – lamentavelmente – é essa.

O facto de serem duas premissas com percentagens de ocorrência muito semelhantes faz-me agora acreditar que estão relacionadas.

Já contactei quem me possa ajudar a estudar melhor este fenómeno. Acho que está tudo doido de excitação na Universidade de Estudos Médio-Avançados em Estatística Aplicada ao Meio Social Centro e Sul-Europeu e Norte-Asiático da cidade de Happyland no Estado de Oklahoma (Estados Unidos da América, cerca de 2043km a Oeste de Washington) depois de eu lhes ter telefonado – chamada à cobrança, claro. Quem diria que o telefone deles não tocava, de todo, desde 1989?!?

Até que o estudo americano produza resultados (disseram-me que quaisquer cinco anos e teria um relatório a chegar cá a casa – estou muito esperançado!), continuo a crer que, logo que comece a atinar com as melhores filas para as caixas dos supermercados, também a minha sorte no EuroMilhões mudará para melhor.

Amanhã volto ao supermercado (esqueci-me de comprar queijo fatiado e café em pó). Aproveito e começo a tentar inverter a minha fortuna. Se a coisa correr bem (se me despachar rápido a pagar), vou logo registar o boletim do EuroMilhões. Se não… se calhar, vou na mesma. Porque não gosto de deixar para a última hora… e eu jogo com chave fixa… e se depois sai e aquilo não foi registado… é uma chatice... dá para perceber, não dá…?

Carne Humana Certificada (por que não?)


Pode ser difícil acreditar mas há mais de dois anos que este tema está pendente, à espera de ser transposto para InSenso. Não quer isto dizer que a questão não seja urgente – ainda que para nós, humanos, se calhar, não seja mesmo. Simplesmente, nunca calhou abordar no blog o assunto que eu e uma InSensata Visitante aqui do burgo abordámos um dia numa conversa via chat.

A páginas tantas dessa curiosa discussão, falou-se de que – exceptuando um problema alérgico que tenho com alguns insectos (não todos) – é raro ser picado por mosquitos, melgas ou abelhas, tal como tendo a não ser mordido por cães, por exemplo. Diria, baseado nestes factos, que não sou um tipo apetecível para os dentes ou ferrões dos animais em geral, ao contrário da grande maioria das pessoas, que estão mais sujeitas a mordidas várias de animais vários, denotando que a sua carne será mais… apetitosa que a minha.

Citando uma mensagem minha dessa conversa, «K@ diz: Até posso ser giro e tal [sou sempre um gajo modesto, eu] mas, se calhar saibo mal... Não é uma questão de odores corporais nem nada... Deve ser só má qualidade da carne. É que nem pulgas, nem outro qualquer parasita me pega. Aliás... os cães também não me mordem, como já disse. A carne deve ser ruim. Se nem os mosquitos gostam…!»

A resposta do outro lado foi, elucidativamente, «LOL». Ok…

Na altura, ambos concordámos que, tal como acontece na nossa cadeia alimentar, também a carne humana deveria passar a ser devidamente certificada, para se saber que pessoas seriam mais apetitosas na cadeia alimentar da fauna em geral. A ideia não seria “condenar” as pessoas que o fossem [apetitosas] a atirarem-se para a boca de um cão ou ficarem, como que por obrigação, debaixo de uma lâmpada ligada à espera que as melgas aparecessem para beber uma “sangriazita” das boas. Não. A atestação da chicha humanóide serviria, acima de tudo, para que as pessoas potencialmente mais “saborosas” se protegessem melhor (para não serem vítimas da animália) do que as outras – como eu.

Como sabemos, este processo de certificação nunca teve início (nem a nível oficial, nem não-ofícial). Tudo porque os humanos se estão marimbando para isso – a verdade é essa. Quanto aos animais carnívoros e sugadores de sangue, tenho a certeza de que teriam todo o interesse nisso. E até acredito que já se tenham feito manifestações concertadas para a exigência da certificação da carne humana. Em vão, claro, porque os animais não falam e assim os humanos não os entendem. Pronto… poderiam sempre pedir a ajudar de uma arara ou de um papagaio… mas como estes não são carnívoros nem sugadores de sangue… duvido que aceitassem a tarefa.

Bom… ao fim de 2 anos, está exposto o tema.

Agora que comece a discussão pública… ou então, não…!

SIM, É no Continente!


Há uns tempos, foi notícia de caixa alta a compra dos supermercados Carrefour em Portugal por parte da Sonae, detentora da marca Continente. Ou seja, daqui a uns (outros) tempos, as lojas Carrefour passam a chamar-se Continente.

Na altura, a informação fez-me um bocado de confusão, porque os peços Continente são de uma forma geral, mais elevados e a grande superfície que mais uso é, de facto, um Carrefour que fica perto de casa; Lá, gosto do serviço e dos preços de uma forma geral. Pode dizer-se, portanto, que sou um cliente Carrefour satisfeito… de uma forma geral, claro.

Entretanto, já passou algum tempo e já tive a chance de fazer as pazes como negócio feito por Belmiro de Azevedo. A razão para já não me sentir tão incomodado é o facto de o Continente ter pelo menos duas marcas “brancas” que me levam a crer num futuro catita na minha relação com essa cadeia de supermercados.

Nos detergentes e produtos de limpeza, podemos encontrar a marca SIM. E não há nada mais positivo do que ter um detergente líquido e um amaciador para a lavagem da roupa, ambos, a afirmarem que “SIM, senhor!”, querem ir comigo para casa. É pensamento positivo… pelo menos, da parte dos senhores que fabricam os detergentes e sabem que ganham mais uns trocos se, de facto, eu pegar (e… pagar) os produtos deles.

Já no campo alimentar, o Continente “oferece” (as aspas aqui significam, naturalmente, que nada na vida é grátis, como se sabe), a marca É, nomeadamente nos congelados, nas águas engarrafadas e nos lacticínios. Extraordinário! Isto sim, “É” uma boa ideia! Basta um cliente abeirar-se das prateleiras e questionar-se “Será este o garrafão de 5lt. de água que devo levar?” e é o próprio garrafão de 5lt. de água a responder: “É”! Fantástico! Algo manipulador, é certo, mas porreiro também, principalmente para os clientes mais indecisos.

Se o Continente continuar com esta política, estou certo de que outras marcas que ajudem a clientela a escolher melhor (e mais rapidamente) as compras, já para não falar no facto de serem mais baratas que as concorrentes.

Aproveito para sugerir desde já alguns nomes para essas marcas ditas “brancas” a surgir num futuro próximo numa loja Continente perto de si… e de mim também. ESTE/ESTA (consoante o produto) parece-me um bom conceito. “Que champô 2 em 1 levo? Ah! ESTE!”, e já está. BOM/BOA (idem), idem. “Este macarrão riscado será bom…? Ah… é BOM, sim senhor! Porreiro!”, e carrinho com ele. E para produtos mais juvenis uma marca que estou certo daria cartas, por exemplo, nos materiais escolares ali por volta de Setembro: FIXE. Não vejo como as vendas poderiam falhar.

Senhor Belmiro, se estiver a ler isto… não se esqueça de quem lhe está a “oferecer” [recorde-se a chamada de atenção anterior] estas ideias. Posso ter mais (até melhores)… por uma remoneração... digamos… “modesta”.

Quão Parolo é Você?


Há coisa de mais ou menos uns tempos, fiz um programa de rádio. Também por essa altura, tive uma conversa com uma amiga minha que me deixou a pensar. Nada teriam a ver estas duas coisas, uma com a outra, se não houvesse algures um denominador comum (que é – segundo o que ouvi dizer uma vez em que estava... inocentemente... de orelha espetada numa porta – algo que costuma relacionar uns factos com outros, fazendo uns ter a ver com os outros).

Pois é. Quando pedi aos meus amigos e conhecidos sugestões para o nome do programa que haveria de lançar no éter (sempre quis dizer isto, embora seja de uma parolice imensa – mas sobre isso já falaremos mais em pormenor), as propostas – tenho de confessar – chocaram-me acima de tudo por uma certa… como é que se diz…?... Ah! Palermice! Isso! Exemplo: “Com o K@ no ar… é sempre a bombar!” Palerma? Penso que a resposta é óbvia.

Tentei fazer ver isso ao autor de tão belo slogan. Tudo correu bem (leia-se, o tipo pensava que eu estava a brincar com ele quando lhe disse que não podia usar aquela parvalheira no FM) até ao ponto que lhe tive de berrar aos ouvidos que a frase era parola. Aí o gajo chorou e até hoje não me fala – pronto… revelou-se nesse momento o lado feminino dele (o que é saudável, entenda-se, mas não dá grande jeito se for numa altura em que se fragiliza o ego da pessoa em causa porque de repente é um pranto e um dramalhaço que ... faz favor!).

No entanto, não podia ter sido de outra forma, visto que segundo uma fórmula que eu próprio criei – e que, portanto, é boa – [Parolice = (Palermice Natural + Parvoíce de Discurso + Dúbias Opções no Vestuário) x Presunção de que se é o Maior : 100], a sugestão do meu (ex-)amigo era qualquer coisa como 87% parola, o que é – convenhamos – muito para um nome de programa de rádio e, logo, inaceitável.

Quanto à outra conversa (a tal que me deixou a pensar), foi sobre um terceiro. A minha amiga disse-me que, uns dias antes, uma colega de faculdade tinha chegado à beira dela toda animada por ter conhecido um tipo muito porreiro na net mas que no dia seguinte já a animação tinha desvanecido, porque quando os dois se encontraram para conversar e beber um café ele lhe tinha parecido (e passo a citar) «subtilmente parolo».

Esclareci a minha amiga de imediato, dizendo que a minha fórmula (de natureza puramente científica) não permitia meios-termos como subtilmente parolo. O que a malta precisa é de percentagens. Para isso, pedi-lhe para perguntar à colega como o tipo lhe pareceu antes e depois do encontro. A resposta foi que, antes, ele lhe tinha falado de filmes (bons) de que, alegadamente, gostava, de (boa) música e de (bons) hábitos de exercício físico que defendia e praticava. Depois, pelos vistos, o discurso foi outro. Que “ganda filme” (que tinha visto na televisão antes de sair de casa) era o “Stallone: Prisioneiro”, que estava super contente por já haver uma versão “do caraças” do tema Kayleigh dos Marillion que a banda de bailes de uns amigos (chamada “Báylamâky”) tinha tocado no salão do Desportivo lá da terra dele e, para completar o ramalhete, o moço trazia a camisa branca bem aberta para ver os três pêlos do peito e a corrente de oiro que trazia ao pescoço. Ah! E tinha barriga de cerveja.

As contas foram feitas num ápice. O gajo era 99% parolão (mais de 100% parolo e mais 99% do grau acima disso: parolão – ou parolaço, conforme o gosto de quem classifica o sujeito em causa). A única coisa que não o dava como totalmente parolão era o facto de até achar o Kayleigh uma boa música – e há que dar valor a isso. Mais de resto, qual subtilmente parolo, qual quê?

A moça – sabendo disto, vim a saber – chorou muito e até hoje não fala com a minha amiga. De repente, deixou de se interessar por tipos que a contactem no Messenger e fez uma data de novas amigas, bem como cortou o cabelo curto e desenvolveu um súbito e forte gosto por camisas de flanela de lenhador e botas da tropa. Pronto… ao que parece, revelou-se-lhe assim de repente o lado masculino (o que, entenda-se, até é muito saudável… Só é chato é ser… deixa cá ver… 93% parolo).

O Drive-Thru dos McPaizinhos


Por viver junto a uma escola, sou forçado a escrever este InSenso de alerta ao Ministério da Educação. Instituição que, também neste assunto (como, basicamente, em todos os outros), anda a dormir um bocado na formatura.

O acompanhamento da entrada e saída dos miúdos pelo programa Escola Segura é um bom princípio mas não resolve todos os problemas das entradas e saídas das crianças e dos jovens nos estabelecimentos de ensino do nosso país.

Aliás, os agentes de autoridade destacados para as escolas até são eficientes a evitar o crime (rapto, tráfico de drogas, violência física e verbal, etc.) quando a campainha toca pela manhã ou ao fim da tarde mas, por outro lado, são completamente impotentes no que toca a dominar quem mais problemas cria nessas horas delicadas de chegada e partida dos alunos: os pais.

Quem – como eu – mora à beira de uma escola sabe disto perfeitamente, porque sair ou chegar de automóvel a essas horas torna-se – se não impossível – uma tarefa terrivelmente complicada, dada a gigantesca aglomeração de carros (maioritariamente do segmento familiar; grandinhos, portanto) que se juntam à porta dos liceus, primárias, creches e colégios de Portugal às 8 da manhã ou às 5 da tarde, mais coisa menos coisa.

Tantos são os automóveis estacionados em cima do passeio (mesmo “em cima” da porta da escola) e parados em plena via à espera (para também ter a oportunidade de estacionar “em cima” da porta) que a rua fica num engarrafamento pegado. Por que é que isto acontece? Porque os papás querem (e querem… porque querem) deixar os filhos DENTRO da escola. Não ali perto, não; lá dentro mesmo. Poder, não podem. Conseguir, não conseguem… Mas lá que querem, querem! E porque não podem, tentam; sendo que o melhor que conseguem fazer é estacionar no local mais próximo da porta, para que seja só necessário aos rebentos tirar o pé da viatura e já estar em terreno escolar.

Evita-se assim – e os papás é que “sabem” sempre o que é “melhor” para os seus filhos – que os “coitadinhos” dos meninos não andem muito (sim… passar na passadeira desde o outro lado da rua faz muito mal às crianças). Logo de seguida vem o carro imediatamente atrás e faz o mesmo. Assim se passam uns bons (e largos) minutos de grande sentido cívico dos encarregados de educação e de agradável espera dos habitantes da zona.

Senhora Ministra da Educação, andamos distraídos, não andamos? Então não está bem de ver que esta situação (a que se pode assistir de Norte a Sul – não sei se nas ilhas também assim será) tem uma solução tão fácil quanto boa para a sua imagem pública (que, convenhamos, actualmente não é assim grande coisa)?

Basta que se permita aos paizinhos entrar MESMO pelos portões das escolas e criar um corredor rodoviário em torno dos edifícios das mesmas, com uma saída na outra ponta. Bem ao jeito de um McDrive, os papás poderiam deixar os filhos já dentro da escola (os meninos nem precisavam de andar para lá chegar… porque já lá estavam). Não lhe parece bem, Senhora Ministra? E quem disse que a fast-food nada traz de bom às nossas vidas?!?

Tudo bem que os agentes da Escola Segura se calhar ficavam sem grande coisa para fazer… mas a cena da mobilidade de excedentários está em grande (nas vossas cabeças, pelo menos). Pense nisso. A mim dava-me um jeito desgraçado para poder entrar e sair melhor do parque de estacionamento do meu prédio de manhã e ao fim da tarde. Veja lá disso, ok?

Post Polémico Sobre Patrões e Empregados

Suspeito ligeiramente que me vou lixar com este InSenso. Porque não há gajo minimamente inteligente que decida dar trunfos a quem lhe possa fazer mal. Mas como a teoria pode valer-me um certo guito no futuro… cá vai… e seja o que Deus quiser.


Há uns dias, comecei uma conversa via chat com uma amiga minha da seguinte forma singela: «Foda-se!!!». Ela pensou que se tivesse passado alguma coisa de mal comigo e apressou-se a perguntar se estava bem. Eu… estava. Simplesmente me tinha apetecido dizer um valente palavrão e, no local de trabalho – ouvi dizer há uns tempos – não convém dizer palavrões em voz alta. Diz que há malta que não gosta e tal… Enfim…


De entre essa malta que não gosta de ouvir palavrões no local de trabalho estão os chefes, ao que parece. Os mesmos que – desconfio – também não devam gostar de que a malta converse nos chats em horário de expediente. Por isso, dizer o palavrão ou escrevê-lo são, ambas, infracções de igual calibre à conduta profissional preconizada pelo patronato. A diferença, neste caso, é que o palavrão dito em voz alta é audível e, por isso, perceptível e o palavrão escrito numa janela do ecrã de computador emite apenas um ruído, o das teclas, que não se percebe. É esta a questão que me leva a escrever o texto pelo qual o InSensato Leitor agora passa as vistas – claramente porque não tem nada melhor para fazer.


Então e se os chefes pudessem identificar os sons das diferentes teclas, conseguindo dessa forma perceber o que os seus subalternos funcionários de meia-tijela escrevem em horário laboral? A questão é – há que admitir – pertinente.


Está visto que o futuro da relação patrão-funcionário passa por uma vigilância cada vez mais próxima da teoria Big Brother levada a cabo pelos chefes sobre os empregados. Amiúde – apesar de ligeiramente ilegal – já são instaladas câmaras de vigilância só para controlar os trabalhadores; e quem diz câmaras diz também sistemas de escutas e de monitorização dos e-mails, muito embora neste último caso seja impossível em tempo real saber-se o que o funcionário escreve – só se sabe quando o mail já seguiu… e aí já será tarde para evitar algum inconveniente.


Se os patrões tivessem alguma forma de identificar instantaneamente o som das teclas de computador premidas pelos empregados para escrever mensagens, o controlo seria, à falta de melhor palavra, total. Ou seja, se houvesse um curso que ensinasse quem manda a perceber o que quem trabalha (ou supostamente devia trabalhar mas não trabalha) escreve nos chats e nos e-mails – muitas vezes sobre os seus superiores – estou certo de que não haveria falta de formandos.


Estou, portanto, a considerar arranjar uma maneira de ensinar esta malta graúda a quilhar a arraia-miúda que recebe os cheques ao fim do mês como se nada fosse apesar de ter passado várias horas por dia a falar mal do chefe. Nesse sedntido, vou arranjar um plano de estudos e propor a criação do “Curso Avançado de Percepção Sonora de Teclado de Computador”. Nome pomposo, claro, para apelar ao público médio-alto - aquele com guito, entenda-se.


Sei o que está a pensar o InSensato Leitor, também ele provavelmente um assalariado com muito asco ao patrão e bílis solta em milhares de caracteres semanalmente, à revelia do patronato. Basicamente, está a dizer “Tu estás a lixar-me como gente grande, pá!”.


E eu sei que estou. Mas, como assalariado que (também) sou, tenho obrigação em sentir-me permanentemente injustiçado com o ordenado que aufiro. No entanto, em vez de falar mal do chefe (que também falo, claro), prefiro capitalizar uma boa ideia. E se são os patrões quem tem mais dinheiro para gastar… mais vale entalar a empregadagem (lamento imenso, malta!), que conta os tustos ao fim do mês com vista a um bem maior: o reforço da minha conta bancária.

Despudorado Incentivo à Pornografia


Gosto de pensar que a malta que faz buscas no Google por peitudas, rabudas e linhas eróticas e aqui vem parar o que quer mesmo é encontrar o InSenso Comum, obviamente.

Por isso, hoje estou a disposto a dedicar um post a todos os tarados sexuais que leiam este blog. E, assim sendo, faço uma proposta inédita a esses pervetidos leitores.

Em data a combinar, toda a rapaziada que vive com o pito permanentemente aos saltos deveria pegar nos seus carros e dirigir-se para a zona da Expo98 (hora e ponto de encontro também a acertar). De lá partiria o maior número de viaturas possível, ocupadas por casais prontos a dar largas à vocação carnal. Destino: Alcochete.

Uma vez chegados à ponte, os participantes deste bonito evento encetariam o envolvimento em escaldantes cenas de sexo de modo a serem devidamente captadas pelas câmaras de vigilância das autoridades e da empresa concessionária da via.

As imagens – mesmo sendo prova de crimes como atentado ao pudor e condução perigosa – não tardariam a chegar à Internet (vão lá sempre ter, de uma maneira ou de outra) e, todas juntas, constituíram o maior filme pornográfico português de sempre, com o maior cenário alguma vez utilizado numa produção destas no nosso país e com o menor orçamento: 0 (zero) Euros.

Por fim, com o impacto mediático causado por uma “operação” deste tipo, o povo passaria a designar a ponte pelo nome dado ao filme pornográfico resultante desta gloriosa iniciativa. E com o passar do tempo, também o Governo cederia à pressão popular e alteraria a denominação daquela travessia do Tejo.

Se tudo correr bem, daqui a uns anitos a ponte vai chamar-se CHAVASCO DA GAMA.

“Eu buzino mas não apito!!!"


Antes de mais, uma informação (in)útil, para contextualizar a coisa.

Este fim-de-semana desloquei-me ao Porto em trabalho. Como estou longe de ser um expert no que concerne às avenidas, ruas, quelhas e vielas da “invicta”, recorri a boleias de colegas para ir da Estação de Campanhã para a cidade e da cidade de regresso para a Estação.

Na última dessas duas viagens, já ao fim da tarde, uma colega minha, recém-encartada, para além de me usar descaradamente como cobaia para a sua condução de maçarica, foi-me dando motivos para eu brincar com a sua inexperiência como condutora novata que é. Nada de grave, até porque não conduz assim tão mal, diga-se.

Não será, portanto, de estranhar que, quando alguém buzinou num semáforo, eu tenha aproveitado para mandar a laracha: “Não aprendeste a conduzir mas ensinaram-te a apitar!!! Espectáculo!!! Caiu o verde e tu…. Piiii Piiii!!!”.

Como não tinha sido ela (e eu sabia disso), apressou-se a responder-me a plenos pulmões: “Não fui eu!!! Eu não apito!!! Quero dizer… Eu não apito… eu buzino…”

A dúvida como que se instalou na minha mente. Que queria ela dizer com o facto de buzinar mas não apitar?!?... Fiquei confuso. Perguntei-lhe qual era a diferença mas não obtive resposta. Apenas fiquei a saber que a moça simplesmente não apita – já que fez questão de frisá-lo de novo. Já buzinar, pelos vistos, é outra história.

Afinal, o que será isto de apitar, então? Em que será assim tão diferente de buzinar para que a minha colega se tenha apressado a fazer a correcção do discurso? Será apitar uma coisa que não se faz no trânsito mas sim apenas fora dele? Não sei. Sei que apitar não é o mesmo que assobiar. Por isso, já sabemos que apitar não é buzinar nem assobiar.

Vamos com calma. Talvez seja por causa de não ter usado um apito… Mas já nem os polícias de trânsito praticamente os usam actualmente (e que saudades das luvinhas brancas e dos palanques no meio dos cruzamentos, que igualmente já caíram em desuso). Os árbitros usam apito e, sendo assim, esses sim, apitam. Mas os alarmes das casas e dos carros e até dos frigoríficos (que ficam com a porta aberta) também apitam e não têm apito… Pergunto: em que é que ficamos?

Eu não sei se apito, confesso. Buzinar, sim, buzino. Mas apitar... isso já não sei, se apito ou não – embora sempre tenha pensado que apitasse. No entanto, dada a dúvida que me assola desde este fim-de-semana, não posso afirmá-lo sem margem para dúvidas. Digo apenas que, se calhar, apito. Mas pode ser que também só buzine.

O ProctoPoder

Embora me considere um tipo difícil de impressionar, ainda há coisas que me vão admirando e surpreendendo neste mundo.

Um dos casos mais gritantes nesse particular é o facto de – ao contrário do que eu sempre esperei – o planeta não ser governado (e, por que não dizê-lo, dominado) pelos proctologistas.

É verdade. Se quisessem, os proctologistas podiam mandar nisto tudo, o que me leva a crer que, se não mandam… é simplesmente porque não querem.

Em explicando…

A sabedoria popular – a verdadeira fonte de sapiência do mundo – bem diz “Quem tem cú, tem medo”. Eu concordo. Eu tenho um cú e às vezes até me borro. Quer dizer… pode não ser exactamente borrar de medo… mas a ideia base é a de que eu tenho, de facto, um traseiro e (mesmo que a espaços) tenho, de facto, medo. E isso basta para consubstanciar o dito que o povo criou.

O resto vem por acréscimo. Se há malta com cú – calcula-se que uns quantos biliões de gente – e, consequentemente, com medo, é correcto dizer que os proctologistas têm caminho aberto para a governação do planeta. Por duas razões: uma) se toda a gente tem cú e se o proctologista trata precisamente dessa parte do corpo, o proctologista tem acesso a uma das partes mais sensíveis de toda a gente – logo aí… ; duas) até pelo descrito na alínea anterior, a rapaziada nutre um respeito receoso pelos proctologistas e, perante a iminência de ver invadido um dos seus mais delicados domínios, aperta o esfíncter (e bem se sabe que a malta tende a fazer tudo o que se lhe é exigido quando está com o cú apertado) – se o proctologista quiser ser velhaco, diz que se a malta ladrar pode evitar um toque rectal ou outro exame mais complicado e humilhante… e um gajo ladra mesmo!

Ou seja, se um proctologista tiver veia política (e o que não falta para aí são médicos nas militâncias do sistema partidário), pode muito bem e sem grandes artimanhas “convencer” um tipo a votar nele. Basta dar-lhe a entender que, se não o fizer, lhe dá cabo do “sim senhor”. Não será à balda que existe a expressão “Your ass belongs to me now!” (seguida de um riso maquiavélico). Foi um proctologista irado quem a criou.

Estou em crer que, se quisessem, os proctologistas (e vou dizer uma asneira porque se enquadra no âmbito do texto) já podiam mandar nesta merda toda. Seria preciso pouco para chegarem ao poder e, depois disso, de pouco necessitariam para manter uma forte ditadura, baseada no simples receio das pessoas em ver o rabinho cair em mãos entendidas mas perigosas.

No entanto, se ainda não o fizeram, foi mesmo só por opção. O que quer dizer que, igualmente por opção, ainda podem vir a mudar de ideias. Diria, por isso, que mais vale estarmos atentos a tudo o que se faça e diga nas nossas costas, pelo sim pelo não.

Uma Nova Linguagem

Acredito que o comum dos mortais não se tenha apercebido ainda mas há uma nova forma de comunicação a nascer a nível global.

Chamemos-lhe Mimimóvelez (quem em estrangeiro se traduzirá, certamente, como Mobilemimic, ou coisa do género).

Em que consiste? Nada mais simples.

Segundo as últimas estatísticas, já há quase mais telemóveis activos no mundo do que gente a habitar o planeta. Há pessoas com mais do que um telefone celular e – ao que parece – a utilização deste tipo de aparelhos por focas de jardim zoológico e ratazanas citadinas também já está a ser considerado.

Maneiras que a malta usa muito o telemóvel. Tanto que passamos imenso tempo com o telefone encostado ao ouvido ou, pior ainda, andamos de um lado para o outro com auricular colocado na orelha a falar “para o ar” e não ligamos nenhuma quando alguém “de carne e osso” pára à nossa frente para nos dirigir duas palavras.

Aí, funciona um princípio mais ou menos básico: se não podemos falar com a pessoa que está à nossa frente (porque estamos a falar com outra ao telefone), limitamo-nos a gesticular, tentando fazermo-nos entender com uma espécie de mímica, fazendo um misto de linguagem gestual com expressão facial enriquecida e ainda articulação de palavras em absoluto silêncio mas com evidente exagero na abertura da boca (alegadamente para facilitar a leitura nos lábios). Pronto… afinal não era assim tão básico quanto isso.

Há uns dias, à saída do trabalho, ia a falar ao telefone e cruzei-me com uma colega de outro departamento que, no hall de entrada, também falava ao telemóvel. Nem um nem outro interrompeu as suas conversas telefónicas. Mas cumprimentámo-nos, ela avisou-me que lá fora estava um calor imenso, eu consegui que ela percebesse que já não a via há uns tempos valentes e ela desculpou-se por andar “desaparecida”; entretanto, eu disse que tinha de ir andando, ela apontou para o telemóvel como que a dizer que tinha de ficar ali “agarrada” àquela conversa e despedimo-nos, da mesma forma como nos cumprimentámos, com um sorriso simpático mas muito exagerado e um “Tchau!” dito sem se ouvir som nenhum. Aliás, em toda este momento de pura comunicação, só se ouviram palavras que fossem dirigidas aos telemóveis e não um ao outro. No fundo, comunicámos em Mimimóvelez.

O mundo não pára. E nós, com ele… a mesma coisa.

Sou, por principio, um defensor da boa comunicação. E mesmo sabendo que esta não é propriamente a melhor de todas as formas de comunicar, sei que é a melhor possível em certos momentos. Agora falta é ensinar esta nova linguagem nas escolas, para que se aperfeiçoe.

Mas, mesmo assim, a improvisar, acho que já nos vamos safando muito bem.

Entretanto, no GMail…


Nos livros de banda desenhada, tudo acontece mais ou menos cronologicamente, o que dá jeito para se perceber uma história que até se vai conhecendo ao ritmo de quatro ou cinco quadrados por minuto (dependendo da quantidade dos balões de diálogo e da quantidade de diálogo em cada balão). Daí que, de quando em vez, os autores desses livros necessitem de pequenas analepses para voltar um coche de tempo atrás e mostrar o que se terá passado ao mesmo tempo noutro local que não o da acção que estava a decorrer aos olhos do leitor.

Por isso, é profusamente usada a expressão "Entretanto, …" em pequenos quadradinhos no topo das quadrículas desenhadas.

Lembrei-me disto ao consultar o meu e-mail. Que é uma coisa que fazemos claramente em regime de analepse. Ou seja, "deixa cá ver o que chegou ao meu mail enquanto eu estava noutro lado qualquer a fazer seja o que for". É uma espécie de analepse que fazemos todos os dias, várias vezes por dia.

Dentro de uma dessas periódicas analepses (Bem!... Os professores de Português que leiam isto vão passar-se um bocado de eu estar aqui a fingir que sei mesmo o que é uma analepse; mas pronto…), tive de fazer outra.

O GMail tem um sistema de anúncios que surgem ao lado da mensagem que estamos a ler, alegadamente relacionados com o teor do texto que nos foi enviado. Exemplo: se se fala de comida, os anúncios costumam ser de restaurantes. Mas, como todos os mecanismos de reconhecimento electrónico de discurso até agora criados, este também tem falhas.

O mail em questão era a resposta a um mail anterior da minha senhoria, a quem é suposto eu devolver a casa nos próximos dias, findo q eu será o arrendamento no final deste mês. Ao lado da minha mensagem, logo que foi dada como enviada, surgiram os seguintes anúncios, "relacionados" com o tema (leia-se, arrendamento, chaves, contratos de electricidade, gás e água, etc.):

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Pronto. Começando pelo princípio… Não sei se percebo a cena da oração. A não ser que seja do tipo "reza para que tudo corra bem com as últimas mudanças", ou assim.Também não entendo o anúncio das fotos, a não ser que tenha sido ali "enfiado" a força devido às palavras em casa (repetidas muito no mail) e coincidentes na publicidade ("Receba-o comodamente em casa!). A única com lógica é a referência ao negócio imobiliário… só que Málaga (embora chamativa) não é uma zona que me dê jeito de momento. A "Eficiência Energética" sei por que lá foi parar, aos automáticos links patrocinados, porque falei de electricidade, gás e água - bastou fazer este raciocínio simples para entender. Quanto a divórcios fáceis… é sempre bom saber, talvez até guardar o contacto (porque um gajo nunca sabe o que o futuro traz, certo?) mas nem sou casado, nem a minha onda agora é essa, mas sim outra. E, por fim, espero que o GMail não esteja em crer que eu sou uma gaja a pensar engravidar alguma vez na vida. Talvez a minha senhoria seja. Não sei, porque, na verdade, não a conheço pessoalmente.

Mas, pensando bem, o GMail se calhar também não.

O "brilhante" futuro da nossa juventude

Não sei se serão boas notícias mas desengane-se quem teme pelo futuro da nossa juventude. À primeira vista, sim, parecem ser boas notícias, claro. Mas contínuo a dizer que não sei se será bem assim.

Vem isto à laia de uma situação com que me deparei no centro comercial.

Numa loja de electrodomésticos e material audiovisual (vulgo, Worten), um pirralho tentava, à força toda, convencer o pai a comprar-lhe um DVD de desenhos animados (penso que era o das Tartarugas Ninja). Aparentemente, a coisa não estava a correr nada bem ao petiz (que devia ter não mais de uns 5 anitos). O papá não queria, por nada, dar-lhe o DVD. Mas o puto não se ficava. Daí que, vendo a situação escapar-lhe do controlo, o garoto iniciou o seguinte diálogo:

Puto: Pai! Anda lá! Compra!
Pai: Não, Afonso! Não compro!
Puto: Oh Pai! Porquê?
Pai: Porque não, Afonso! Desta vez não te vou dar o DVD que estás a pedir.
Puto: Mas porquê?!
Pai: Porque o pai não tem muito dinheiro, Afonso!
Puto: E porque é que não tens muito dinheiro?...
Pai: Porque o meu emprego é fraquinho e o ordenado é baixo…
Puto: Então porque é que não metes uma cunha?!?...

… Fiquei… …

Não tenho dúvidas que este miúdo vai longe. Que tem já um bom futuro mais ou menos assegurado. Acho que será, no mínimo, assessor de alguém importante. Não tenho dúvidas mesmo. Mas também poderá ser empresário de sucesso ou político (e, neste "ramo", poderá ser Autarca, Director-Geral, Secretário de Estado ou até Ministro). E, se se portar mesmo bem, ainda se arrisca a chegar a Chefe de Governo… ou de Estado! É isso que está reservado aos tipos que cedo (como o pirralho na Worten) percebem a melhor forma de subir na vida, pelo menos.

No entanto, se isto é boa notícia para o todo da nossa actual juventude (os “homenzinhos de amanhã”)… já não sei.

Não sei se me sinto de bem com o facto de um miúdo de para aí 5 anos saber o que é uma cunha, saber para que serve, e por aí além. Até porque – e é isso que me falta perceber – se TODOS os miúdos (de para aí 5 anos de idade) sabem o que é uma cunha e como usar esse “trunfo”… não estou a ver como se vão organizar.

Não. Não é porque é moralmente errado ou algo do género. É só por uma questão… logística. Mais nada. Tem de haver sempre uns quantos pamonhas (leia-se, tipos que não sabem o que é uma cunha, ou que não sabem como “meter” uma) que se sujeitem a ser relegados e humilhados pelos outros (os tais que sabem). E se, a dado momento, toda a gente domina o (mesmo) truque a tirar da manga, ou seja, a cunha… então essa cunha de nada servirá, excepto para um dos “cunheiros”. No fundo, como se sabe, só um - o que tiver melhor cunha - vai chegar ao lugar também ambicionado por todos os outros... que ficam a roer-se de inveja e a tentar perceber porque é que a cunha deles não "funcionou".

Em suma, penso que talvez seja melhor que nem toda a nossa juventude tenha sucesso assegurado quando chegar à maioridade. Por uma questão do futuro equilíbrio do sistema, é bom que ainda haja miúdos de 5 anos a não saber, já, o que é uma cunha e, por isso, é bom que continuemos preocupados com o quase certo insucesso desses nossos miúdos,… os pamonhas.

Se não, vai ser uma confusão do caraças, daqui a uns anos!

Cremilde

Assim de repente recordo-me vagamente de ter tido uma professora chamada Cremilde.

Da mesma fora, assim de repente, lembro-me que (nem vagamente) me recordo de grande coisa acerca da senhora. Eu sei… é lamentável. E a senhora não tem culpa nenhuma.

No entanto, recordar-me (vagamente, assim de repente) que tive uma professora chamada Cremilde leva-me a constatar um facto que não posso de todo negar: ninguém devia chamar-se Cremilde. Para além de não ser bonito… não deve fazer bem à saúde. Quer dizer… digo eu… que nunca me imaginei com “Cremildo” no Bilhete de Identidade mas desconfio que, de puto até hoje, já teria levado muita porradinha só por ter esse nome. Essa é a tal parte de que “não deve fazer bem à saúde”, obviamente.

Reconheço que a minha opinião é potencialmente injusta para todas as Cremildes (que as deve haver mais na terra do que a minha antiga professora… como as Marias), mas pronto… por reconhecer isso, resolvi “googlar” o nome em questão.

Diz a Wikipedia – essa fonte de saber inquestionável e sempre 100% exacta – que Cremilde foi “Rainha da mitologia escandinava, que obriga Sigurd, através de feitiçaria, a casar com a sua filha Gunnar”. Só por isto fiquei bem impressionado. É que, mesmo não conseguindo entender o facto de os escandinavos terem nomes ainda mais estranhos que Cremilde, a rainha lá da zona era uma tipa de convicções fortes, resoluta a usar qualquer meio para alcançar os fins pretendidos (no caso, a feitiçaria).

Quando tiver uma filha (que não se há-de chamar Sigrud de certeza) e houver um caramelo que queira dar à sola antes da boda… faço como a Cremilde e obrigo-o, nem que a “feitiçaria” se resuma a uns tabefes bem assentes na cara do moço (sim… então se tiver um nome como Gunnar, bem estará a merecê-los).

Ao fim de tantos anos – os suficientes para não me lembrar de grande coisa acerca da minha ”stôra” Cremilde – a senhora ainda me ensina umas coisas e dá umas lições frutuosas para a vida.

Não sei é se o pretendente à mão da minha futura filha vai achar muita piada à lição que, na altura, também eu tiver para lhe dar.

RÁDIO PORN (um conceito vencedor)


Confesso que há muito tempo ando com – e repare-se na palavra que utilizo – desejo de escrever este InSenso. Porque há muito tempo o mundo – esse lugar de “per si” bonito mas que pode ser ainda mais jeitoso – merece um conceito assim, ainda não cabalmente explorado mas com evidente potencial.

Dizem as “boas” línguas que a pornografia é errada, suja,… badalhoca mesmo (por que não dizê-lo?). Essas “boas” línguas – está visto – não sabem distinguir uma boa sessão de sexo oral de um prato de esparguete à bolonhesa. As más-línguas – vistas por tanta e tanta gente como as verdadeiras boas línguas; as melhores, no fundo – sabem. E por isso têm de ser elas (só podem ser elas) a defender a evolução da pornografia para os campos por ela ainda não desbravados.

Pornografia no cinema… já está! Pornografia em fotos… há que tempo! Pornografia na televisão… já não há sequer hotel ou residencial barata que a dispense! Pornografia na internet… é a maior banalidade ao cimo da terra.

Falta só – digo eu – a bem sucedida incursão desse “vil material audiovisual” no meio radiofónico (perdendo o "visual" e passando a "vil material audio") para que o ciclo se complete.Bem sei que tentativas (vãs) foram já feitas com programas com e sobre erotismo em rádio de bom e mau nome por esse mundo fora, madrugadas dentro, com audiências baixas mas ávidas por mais gemidos intensos e respirações profundas, directas ao ouvidinho atento (e algo humedecido) colado ao outro lado do rádio. Howard Stern também o fez de dia, mas com muita risota e confusão à mistura. Ou seja, nunca se chegou à opção de uma rádio preenchida com formatos de índole claramente sexual nas 24 horas do dia. Por que não fazê-lo?!?

A questão monetária (para a compra das frequências) seria sempre um obstáculo inicial mas estou certo de que patrocinadores não faltariam para ajudar a desbloquear essa situação. Sex-Shop’s não faltam por aí…

Quanto aos conteúdos… nada mais simples. Para aí em 20 das 24 horas de emissão diária bastaria fazer um loop do som ambiente de um qualquer filme pornográfico sem grande argumento (disponível em qualquer clube de vídeo). Solução barata e, assim com’assim, ninguém perceberia que seriam sempre os mesmos gemidos, de hora e meia em hora e meia…!

Nos “intervalos” poderiam ser lidos anúncios de classificados relativos a acompanhantes, encontros e massagens (grandes pérolas literárias, como se sabe) e, por fim, directos com pouca conversa (a mania dos fóruns radiofónicos irrita-me) e muita acção, palavreado forte e, se possível, sons corporais bem audíveis.

Tudo a todas as horas, inclusivamente àquelas horas do dia “que ninguém desconfia”.

Quanto aos nomes dos programas, deixo sugestão apenas para uns quantos, porque a partir daí, já dá para imaginar todos os outros.

Programa da Manhã – Toca a Levantar… o mastro!
Programa da Hora de Almoço – Estou doido para comer... uma francesinha!
Programa de Fim da Tarde – Afternoon Delight
Programa de Fim da Madrugada – Ai, Aurora, que és tão boa!

Já agora, aproveito para dizer que procuro sócios para este meu projecto. Se possível,… sócias! Assunto sério. Por favor, enviem fotos… de corpo inteiro… com ou sem bikini… mas de certeza sem roupa. Boa voz – ao contrário do que se possa pensar – não é essencial. Há sempre malta disposta a ganhar a vida a dobrar cenas de pornografia. Porque que é que há-de ser diferente na rádio?!

Em defesa do PIROPO... e do mercado imobiliário!

Como gosto de ser um tipo bem informado... hoje peguei no jornal 24 Horas e eis que me deparo com a verdadeira notícia do dia. "Novo Código Penal Pune Bocas de Cariz Sexual" "PIROPOS DÃO CADEIA".

Ao que parece, o novo artigo 171º define que aquilo a que normalmente chamamos de... "palavras elogiosas" pode constituir um crime de "importunação sexual", punível com um ano de cadeia ou multa até 120 dias.

Vejo esta situação como muito preocupante. Acima de tudo devido à complexidade do mercado imobiliário em Portugal.

As casas estão caras, os créditos pela hora da morte... e quanto menos casas forem feitas, menos chances haverá de os preços descerem nos próximos tempos.

Ou seja, se o piropo começar mesmo a ser punível com pena de choldra, a profissão de pedreiro e trolha está claramente em risco - inclusivamente a mão de obra estrangeira, já que a primeira coisa que aprende na língua portuguesa é a asneirada, obviamente. E se o ofício está em risco, o equilibrio desejado no mercado imobiliário também!

A quem de direito peço, portanto, que nova revisão do Código Penal seja feita quanto antes... porque em breve vou precisar de comprar casa.

Obrigado.

"Cá um beijinho, minha assassina!!!"

Hoje, um texto mais ou menos sério. Mas só hoje...

Confesso que em férias tento pouco informar-me acerca do que me rodeia. Vejo e oiço poucas notícias e também não faço grande esforço para comprar os jornais do dia. Aliás, opto regularmente por não os comprar mesmo. Prefiro ler bandas desenhadas ou não ler nada de nada quando o tempo é de ócio.

Por isso, quando ligo a televisão e vejo que há muita gente à frente de uma delegação regional da Judiciária – onde normalmente (mesmo com directos televisivos a decorrer) não se via ninguém além dos jornalistas – sei de imediato que algo de escabroso está para acontecer.

Ao que percebi (poucos segundos depois de ter passado por um dos jornais das nossas televisões), mesmo com a televisão sem som, o “Caso Madeleine McCann” deve estar perto de um desfecho… e o povão está à espera disso.

O povo português (normalmente, eu escrevo Povo, com “P” maiúsculo; neste caso… prefiro não o fazer) tem o fantástico dom de perceber que vai haver peixeirada ou que se aproxima uma boa oportunidade para haver algazarra das antigas… e não perde a chance de se chegar perto… para o que der e vier.

Assim é, pelos vistos, com o caso da pequena Maddie. Quando a criança (alegadamente) desapareceu, o povo apareceu em força na Praia da Luz. Não tanto porque poderia haver barafunda mas para ver o aparato das televisões (nacionais e estrangeiras) a atropelarem-se para fazer os melhores directos (para quem ainda não presenciou algo do género, asseguro eu que é um espectáculo muito catita – ao nível das melhores emissões dos Jogos Sem Fronteiras mesmo!). Para isso e para – se possível – dar uma palmadinha nas costas do Gerry McCann e, claro, um abraço e um beijinho à Kate McCann (obviamente, com a imprescindível frase bem portuguesa “Cá um beijinho, minha querida… coitadinha!”). Fica bem aparecer na televisão a ser solidário para com quem (alegadamente) sofre. E o povo português lá está, na hora, em "primeira fila", a fazê-lo.

Nessa altura, ninguém aparecia à frente da Judiciária de Portimão.

Agora que os resultados das perícias forenses de Birmingham chegaram ao Algarve e os pais da criança foram chamados a interrogatório… está o circo montado. Ele é gente a amontoar-se atrás dos repórteres que fazem os directos, à frente da porta principal do edifício, de um e do outro lado da rua… a espera de ver o que aquilo dá, esperando secretamente (ou nem tanto assim) que dê… para o torto e a oportunidade de chamar “Assassiiiiiino!!!” a alguém (com as televisões “a ver”, naturalmente) não se perca. Mesmo que seja aos próprios McCann, o casal a quem alguns dos actuais mirones de Portimão deram miminhos em Lagos há uns tempos atrás.

A peixeirada não tarda aí. Está mesmo a ver-se. E de uma coisa podemos estar certos (até porque todos vimos o que aconteceu na Figueira da Foz, com os tugas a tentarem linchar um espanhol que matou gente… em Espanha e que, por cá, só roubou uns guitos e pouco mais). De que, quando a algazarra começar, o povão vai dar um espectáculo digno de ser lembrado como (mais) um (triste) momento de “alto gabarito” de Portugal.

Narciso nos dias de hoje


Hoje pensei um bocadinho nisto e não resisti a transpor a minha (parva) reflexão para aqui, já que – está visto – este blog não passa de um depósito de coisas sem grande nexo que me passam pela cabeça (o que atrapalha muito a função da escova, do champô e do gel, como é óbvio).

Mas avante…

Se Narciso fosse nosso contemporâneo seria certamente uma popstar ou figura da socialite. Uma mistura de Paris Hilton (claro!) com David Beckham. Provavelmente seria uma estrela de cinema, para poder imortalizar a sua imagem no grande ecrã. Apareceria em todos os eventos sociais que pudesse, mesmo que para isso não dormisse. Posaria para todas as fotografias e compraria todas as revistas para poder admirar-se em todo o seu esplendor.

Seria também um viciado em compras. Não só para estar sempre na moda ou para melhorar a imagem, mas sim porque as lojas de pronto-a-vestir têm dezenas de espelhos, dando assim a chance de se poder mirar, qualquer que fosse o lado para onde olhasse.

Seria dependente da Internet. Teria um MySpace, um Hi5, MSN, Yahoo! Chat, ICQ, IRC e, claro, um blog só com fotos suas para poder mostrar a sua beleza ao mundo e para que o mundo comentasse a beleza das suas fotos, que enviaria também por e-mail a tantas pessoas quantas possível, bem ao estilo de “SPAM Narcísico”. Ah… e criaria, ele próprio, uma página oficial “Narciso’s FanClub” e, claro, teria um PDA com ligação permanente para estar sempre online.

E teria um… perdão… vários telemóveis, obviamente. Telemóveis de última geração. Não para contactar quem quer que fosse mas sim para aparecer em chamadas 3G (com imagem) e enviar MMS’s com imagens da sua cara e de corpo inteiro, para receber, na volta, elogios à sua formosura, por voz ou SMS.

Não se comprometeria com ninguém para poder desfrutar sozinho da sua perfeição e seria potencialmente suicida. Não morreria certamente afogado num lago, por tanto se tentar ver e abraçar no reflexo das águas… mas quase de certeza espetado por estilhaços de um espelho a que se agarrasse com demasiada força ou frustrado por não se ver numa publicação cor-de-rosa, por não receber comentários nos sites do ciberespaço, não obter respostas ao correio electrónico, ninguém se inscrever no clube de fãs online ou se, no telemóvel, começasse a receber SMS’s com mensagens dos tipo “tu kem ehs?!?”, “k keres? xato!” ou – muito pior – “ehs feiu komo tdo tds ux diax, pah!”.

Aí... não havia hipótese mesmo. Narciso teria um fim triste nos dias de hoje, estou convencido.

Talvez a Marilyn tenha sido exemplo disso, aliás.

Pergunto: o grão-de-bico será sexualmente activo?


Nos últimos tempos tenho andado a observar atentamente tudo o que se relacione com os frascos de vidro de grão-de-bico cosido que consumimos no nosso dia-a-dia.

Para quem acaba de franzir o olho e levantar a sobrancelha com ar de quem acha que eu só digo palermices, tenho duas mensagens: 1) sim, é um facto, eu só digo palermices, o que já não é novidade; 2) ao contrário do que se possa pensar, observar frascos de grão-de-bico é uma actividade fascinante, como passarei a explanar; por isso, faça favor, deixe lá de franzir o olho e baixe a sobrancelha, que isso incomoda-me. Obrigado.

Antes de mais, esclareço que o melhor sítio para fazer essa observação, cuidada, do grão-de-bico enfrascado (não necessariamente no sentido de etilizado, obviamente) é o supermercado ou o hipermercado; qualquer um que tenha uma grande prateleira do produto em exposição, de preferência de várias marcas. Quanto maior for a amostra, mais bem sucedida será a observação.

Quanto ao que se pode analisar nesse processo de elevado calibre científico… bom… digamos que tem a ver com a actividade sexual (ou ausência dela) do sujeito (no caso, o grão-de-bico).

Há uns tempos, defendi aqui que a vida sexual do pionés deve ser deveras frustrante. Primeiro, porque tem aquele aspecto redondo e atarracado, pouco atractivo; depois porque, estando sempre “de ponta” (ainda para mais, afiada), seria suposto ter muita “acção” e ser um verdadeiro “garanhão”… só que, na maior parte do tempo, está encafuado numa caixa pequeníssima com mais cerca de 100 outros pionés, todos “de ponta”, redondos e atarracados, logo… pouco atractivos. Não se lhe augura nada de bom, portanto.

Da mesma maneira, questiono-me acerca da vida sexual do grão-de-bico. Acima de tudo, se haverá, de facto, uma [vida sexual], no caso desta leguminosa.

Pode ser que não, mas há condições (quase) ideais para que sim.

Os frascos – recordo que tenho andado a observá-los com muita atenção, por isso, sei do que falo – estão repletos de grão-de-bico até não caber nem mais um. Está ali tudo muito apertadinho, muito aconchegadinho… Contacto não falta. Além disso, há muita humidade dentro do frasco. Ajuda. Por fim, há que não esquecer que a leguminosa se chama grão-de-bico, com toda a conotação que a palavra bico tem, a nível sexual. Já agora, se colocarmos um grão-de-bico e outro numa determinada posição, há uma certa dinâmica de símbolo yin e yang – com a conotação que também ele tem.

A mim, não me espantava que a vida sexual do grão-de-bico fosse rica, altamente profícua e bem vivida, dentro de um qualquer frasco, seja numa prateleira de supermercado ou numa das nossas próprias despensas.

Só que falta-me a prova científica, o que até agora, em tempo útil (apesar da minha aturada observação) ainda não me foi possível obter. Se, entretanto, acontecer… trarei aqui essas novidades, claro.

Deixe-me falar-lhe como “pessoa”

O InSensato Leitor pode ainda não ter-se apercebido mas há por aí muita esquizofrenia à solta. Eu sei que isto pode lançar uma certa confusão e até instalar pânico (partindo do princípio de que alguém passa cartão suficiente a este blog e julga que o que aqui se diz é mesmo à séria – não é, mas façamos de conta que sim). Ainda assim, perece-me importante comunicar a quem aqui passa que, sim senhor, há esquizofrenia à solta. E isso pode ser contagioso, logo, preocupante e perigoso.

Falo de uma nova realidade. Ou que, se calhar, até é velha, mas que dá cada vez mais nas vistas. Há por aí cada vez mais gente a falar como “pessoas” – e isso pode não ser bom.

Longe vão os tempos em que a malta conhecida da vida política, social, desportiva e outros demais afins falava e ponto final. Cada opinião era dada, mesmo que da boca para fora, mas pronto. Estava dada, estava dada.

Agora as coisas já não são bem assim. Actualmente, tudo o que é figura pública tem uma opinião enquanto figura pública e outra(s) diferente(s) – realço que pode ser mais do que uma opinião, já que há pessoas com muitas opiniões – se estiver noutra “qualidade” que não a de vip… se é que interessa ouvir essa malta sem ser pelo simples facto de ser conhecida.

Um dias destes
, à procura de uma rádio de jeito para ouvir, fui surpreendido com esta declaração de um qualquer político da nossa praça. «Como dirigente partidário e representante eleito pelo meu distrito para estar no Parlamento, acho que deve ser desta forma. Agora… se me pedir a minha opinião como “pessoa”, será seguramente diferente.» Fiquei perplexo por uns segundos a olhar para o rádio mas depois isso passou-me, porque entretanto começou uma canção da Céline Dion e eu percebi que era chegada a hora de procurar outra estação rapidamente. Mais tarde voltei a pensar naquilo.

Ter opiniões como “pessoa” deve ser giro. Eu não sei bem como é que isso se faz… mas tudo ok na mesma. Aliás, o que eu não sei muito bem é como ter opiniões diferentes sobre uma mesma coisa, dependendo do estatuto que se representa em determinado momento.

É certo que as opiniões podem ser mais ou menos polidas, ditas com mais ou menos palavras duras ou moles, com uma “roupagem” mais adequada, dependendo dos interlocutores. Agora, opiniões diferentes na "fonte"… parece-me estranho, mas é uma realidade crescente. O que me leva a uma conclusão: a malta vip tem um bocadinho de esquizofrenia. Deve ter, pelo menos. Parece ter, vá…

Isto digo eu como blogueiro, claro, porque o meu nickname me protege de eventuais chatices com processos e tal. Agora… se me pedirem opinião como “pessoa” (nunca se sabe seu eu próprio sou um gajo conhecido), talvez ela seja muito diferente daquela que eu escrevi agora mesmo.

Fato Executivo: O Verdadeiro Opressor

Em tempo de férias (dos outros, entenda-se – as minhas ainda tardam em chegar), a malta apercebe-se de coisas giras, que atenuam em certa medida os efeitos do incómodo de estarmos a ver o verão passar-nos ao lado, ainda que também algo preocupantes, mais ou menos pelo mesmo motivo.

Falo do chinelo havaiano, da t-shirt “choque” e do calção garrido, com flores de tamanhos e feitios vários.

Sim… o cenário resumidamente descrito agora mesmo é bizarro mas até algo normal nesta altura… se estivermos a falar de criançada ou de teenagers sedentos de atenção, mormente de alguém do sexo oposto igualmente com pobre gosto em vestuário.

No entanto, o que mais se vê agora é rapaziada nos seus 40’s e 50’s (às vezes, até mais velhos) com estas indumentárias inenarráveis, nas bombas de gasolina a caminho do Algarve, passeando-se alegremente por entre os demais que (ainda) fazem a sua vida normal de trabalho.

Obviamente, o “elegante” traje passaria mais despercebido se não estivesse deslocado da realidade praia. Mas como está… parece-me sempre ridículo ver o senhor de meia-idade que sai do carro para abastecer, que vai pagar à loja e sai de lá com os jornais económicos todos debaixo do braço, fazendo o claro contraste do cinzento no papel com o laranja fluorescente do calção.

Sim… parece-me ridículo… mas, pelos vistos, só a mim. A verdade é que, a outros clientes da mesma estação de serviço, consigo “apanhar” expressões de alguma inveja, por incrível que pareça (ou não).

São os outros quarentões e cinquentões (alguns até mais velhos) que, de fato cinza e/ou camisa engomada com gravata muito apertada junto à Maçã de Adão, tudo fazem para tentar abastecer o carro sem manchar a roupa do trabalho.

Chego rapidamente à conclusão de que o fato executivo está na base do desconforto dos “invejosos”. O opressor dos seus dias continua a sufocá-los (depende de quão apertada está a gravata, claro) e a fazê-los sonhar pela hora em que soltem o seu Grito de Ipiranga, vestindo o calçonito garrido e a t-shirt foleira, a que juntam – orgulhosamente – o chinelame de meter o dedo e o folclórico chapéu de palha com uma fita azul, amarela, verde ou encarnada anunciando um qualquer produto farmacêutico.

Eu, pessoalmente, sinto-me só incomodado, porque não gosto da conjugação de cores com a pintarola dos senhores que, mesmo estando de férias, ainda vão comprar os jornalecos todos da especialidade. Acho que, se quiserem mesmo soltar-se da vida que levam diariamente, talvez seja pouco só deixar o fato em casa… digo eu… Mas isso é só a minha opinião.

Os outros… esperam… anseiam… bufam de impaciência… amuam… desesperam pelo momento em que serão eles a passear-se alegremente de cores berrantes com os “económicos” junto à axila, por entre aqueles que já foram de férias, já voltaram e estarão nessa altura de novo presos ao trabalho e submetidos à ditadura do fato de executivo, desejando novas férias.

Não tenho pena. Nem de uns, nem de outros. Tenho pena é de malta como eu, que tem de apanhar com paupérrimos fashion statements de tipos que já têm idade para ter mais juízo do que aquele que demonstram.

O nefasto “Efeito TANG Laranja”

Eu gosto de TANG Laranja. É um sumo jeitoso, muito embora nunca tenha resolvido muito bem aquele trauma decorrente de, em miúdo, me terem dito profusamente (raio da televisão!!!) que seria igual a laranjas acabadas de espremer. Nunca lhe encontrei grainha. Muito menos alguma vez aquilo me soube a laranjas acabadas de espremer. Mas gosto. Quase tanto como Capri-Sonne… mas não tanto. Ainda assim… gosto. TANG Laranja é bom.

No entanto, desde há poucas horas, o TANG Laranja tem para mim um outro significado. Aliás, quase todas as metáforas que todos os dias me passam pela cabeça têm a ver com comida, bebida e outras coisas que alimentem o corpo e a alma. Neste caso, o TANG Laranja faz-me lembrar que (aparte a cena da mentirinha das laranjas espremidas), a vida muitas vezes também se assemelha a todo o processo de produção do sumo, inicialmente em pó, transformado depois em solução aquosa, doce e – bebida fresquinha – competente extintora da sede.

Quase todos os amantes do TANG – como eu – gostam de comer o pó, mesmo sem se lhe juntar água, directamente da saqueta. Em pó, o TANG é algo agridoce, pica na língua (que fica toda a alaranjada) mas não é desagradável; bem pelo contrário. Aquele sabor é o verdadeiro sabor TANG Laranja e mais nenhum. Qualquer conhecedor saberia distinguir o pó do TANG Laranja de entre vários outros pós de sumos do género. E, para muitos, o TANG podia ser só mesmo em pó. Porque, no fundo, é essa a sua essência.

Mas nem toda a gente gosta do TANG Laranja só em pó, porque não foi para isso que o TANG foi criado. Foi para ser complementado com água e assim se fazer sumo (mesmo não sendo igual a laranjas acabadas de espremer, como muito se apregoou, em tempos). E, esse sim, é do agrado de uma grande maioria. O TANG Laranja – em sumo – não é a essência do TANG Laranja – o pó – mas agrada a mais gente, porque o sabor intenso e agridoce do pó pode ser demasiado “arisco” para paladares mais interessados em coisas doces e suaves.

Por isso, a essência do TANG Laranja [o pó] dilui-se na neutra (e simples) água para, no fundo, se tornar mais popular, mais abrangente, mais bem aceite por uma grande mole humana.

Assim é, na vida também. A essência das pessoas (com o seu travo genuíno) pode ser do agrado de alguns mas não de todos. E, às vezes, em favor de uma maior aceitação, essa essência dilui-se para que o “produto final” seja mais doce, mais suave, mesmo que isso signifique que perca qualidade… e autenticidade.

Pessoalmente, acho este (a que chamo) “Efeito TANG Laranja” nefasto. Percebo que aconteça, mão não o vejo como providencial; pelo menos, não tanto como a tal maior mole humana de que já aqui se falou.

O verdadeiro amante do TANG Laranja gosta tanto dele em pó – agridoce, seco e marcante (na cor da língua) – como diluído em água… mas prefere-o claramente na sua essência, apesar de se saber de antemão que não é igual a laranjas acabadas de espremer (que, como é sobejamente sabido, não ficam em pó e cristais, saídas do espremedor).

3 Coisas que podem atormentar uma simples ida ao supermercado

Alguma coisa está mal – parece-me – quando, numa hora a rondar as 10 da manhã (logo a seguir ao pequeno-almoço, portanto) nos é sugerida, mesmo antes de entrar no supermercado, uma prova de vinhos com a sugestiva proposta: «Quer fazer uma prova de vinhos?!? Pode provar, apreciar e beber os copos que quiser!!! Como nosso primeiro cliente de hoje é tudo à discrição!!!». Proposta obviamente recusada. Aliás… alguma coisa está mal – parece-me – quando inadvertidamente cheiramos vinho logo pela manhã… a não ser que se tenha estado a beber toda a noite e o facto de amanhecer seja só um “acidente de percurso” numa bebedeira que passava bem sem a luz solar. Mais de resto, dispensa-se bem o odor do suco vitivinícola às primeiras horas do dia (já agora, à entrada de um supermercado).

Algo não vai absolutamente bem – parece-me – quando entramos no supermercado com uns calções de bolsos um pouco proeminentes e o segurança nos obriga a abrir o fecho de velcro para olhar lá para dentro, percebendo o que seria fácil perceber sem chatear a cabeça ao recém-chegado cliente que, obviamente, ainda nada tinha tido oportunidade de roubar… nos DOIS segundos que vão da entrada no estabelecimento até à interpelação do cliente pelo zeloso funcionário da empresa de segurança. Aliás… algo não vai absolutamente bem – parece-me – quando o mesmo zeloso segurança do supermercado, logo a seguir a ter feito cara má ao cliente de calções com bolsos proeminentes, fique apalermadamente especado para uma cliente com rabo proeminente e decote por de mais revelador durante mais de 30 segundos, perseguindo-a com um olhar lascivo deste a sua entrada até ela desaparecer num dos corredores (penso que o dos detergentes), nunca a abordando, mesmo que a cliente traga consigo uma mochila enorme, visivelmente mal cheia e a carecer de um selo de segurança colocado pelo (agora não tão zeloso) funcionário que – talvez por timidez – decide não a interpelar como ao cliente imediatamente anterior e deixando passar outros clientes vestidos com calções de bolsos proeminentes, por exemplo.

Tudo podia estar bem melhor – parece-me – se as pessoas mal dispostas aguardassem pela chegada ao seu automóvel (ou, já agora, a casa) para fazerem os seus telefonemas de confronto seja com quem for. Assim com’assim, quem estiver na fila para pagar as compras não vai servir como testemunha em caso de eventual violência (verbal, está bem de ver) que venha a haver durante o telefonema. E se assim é… por que raio têm as pessoas de levar com os berros, os amuos, os impropérios e os argumentos, por vezes tão pobres que apetece pegar no telefone e dizer para quem esteja do outro lado «Deixe lá! A sério! Não lhe faça caso que ela não sabe o que diz!». Mas não. Parece que a fila da caixa (se calhar porque as duas mãos já estão livres… para esbracejar) é mesmo a preferida de quem transporta uma certa irra, prontinha a descarregar. Se bem que eu, pessoalmente, preferisse (se fosse o meu caso) de fazer o dito telefonema na secção de lingerie ou dos doces. Os ouvidos e a boca chateiam-se… mas os olhos sempre vão vendo coisas bem mais agradáveis. E assim o equilíbrio mental fica assegurado.

Ah! Já me esquecia… 4ª coisa que pode atormentar uma simples ida ao supermercado: mais de 30 metros de corredor com milhares de iogurtes de dezenas de marcas, de um lado e do outro, com “n” sabores, sólidos, líquidos, cremosos, com pedaços, com cereais, com mais isto e menos aquilo, magros, meio magros, meio gordos e gordos também… e a secção destinada ao iogurte que se procura – e ter ido ao supermercado só à procura dele e nada mais – ser a única que está completamente vazia. Irrita um bocadinho... mas só um bocadinho...!

Calma, Descontracção e Estupidez Natural

De vez em quando, faz-nos falta – a todos – recordar o que nos mantém à tona da sanidade mental.

Um amigo meu diz-me recorrentemente o que é. Ou melhor, quais são os três pilares básicos da coisa; que (como num pack de cervejas) devem vir sempre juntos para que tudo corra pelo melhor. Calma, Descontracção e Estupidez Natural.

Calma é a mais difícil de arranjar, normalmente. Quem não tem calma corre o sério risco de que tudo lhe fuja de controlo em três tempos (ou menos tempos do que os clássicos três… tempos, claro). Quem, por seu lado, só tem calma e nada mais… deixa-se ficar para trás.

Descontracção é essencial, mas pode ser fatal, se mal usada ou se não tiver nada que a complemente. Descontracção a mais é desmazelo. Descontracção a menos é stress. Descontracção só… é ócio.

Estupidez Natural é soltar o “louco” que há em nós. É saudável. E, parecendo que não (como diz o slogan), facilita. Porque aos loucos, toda a gente diz que “sim”, pelo menos uma vez na vida. Eu, por exemplo, quando erro num sentido proibido e sou descoberto, faço-me de estúpido e culpo o meu desconhecimento da terra ou da rua em causa para tentar safar-me da coisa. Já correu mal… mas também já correu bem. E – se bem me lembro – ainda não apanhei multa nenhuma por isso.

Se juntarmos estes três elementos, no entanto, estamos no bom caminho para chegar a bom porto com o que quer que seja que tenhamos em mão para resolver. Digo eu… e o meu amigo também, já agora.

Ser um totó, descontraído (para não levantar suspeita de que se está a representar um “papel”) e calmo (sem tremer ou dar parte de fraco) é como o código postal: meio caminho andado… para ser-se bem sucedido numa tarefa qualquer.

Eu gosto deste conceito, confesso.

Não quero dizer que tenhamos sempre de andar de dedo na boca a fingirmo-nos tolos ou burgessos. Mas fazer figura de parvo – experimente e vai ver! – de vez em quando não nos faz mal nenhum. Garanto-lhe eu, que sou parvo todos os dias!