Literatura de (mini)Ecrã

Ontem tentei enviar um MMS do meu telemóvel para o da minha irmã, que vive em Coimbra (perdão… é a minha irmã vive em Coimbra; mas o telemóvel dela, ao que sei, também).

Tudo normal… seleccionei a fotografia a enviar e… nada! Imagem, nem vê-la. No ecrã, só uma mensagem que me avisava que o telemóvel estava com dados a mais para poder realizar a tarefa e que, para isso, teria de “limpar” ficheiros do aparelho.

Como ultimamente não tenho guardado muitas fotos, vídeos nem ficheiros de som, decidi ver se o problema estava na caixa de recepção de SMS’s. E estava mesmo. 460 (!) SMS’s como que “entupiam” as “tubagens” do telemóvel, impedindo (por exemplo) que o fluxo de outro tipo de mensagens pudesse circular na “canalização electrónica” do meu Nokia.

Sim. 460 mensagens escritas são bem capazes de serem demasiadas de ter por ali amontoadas na caixa de entrada… Mas, no fundo, são só letras. Pequeninas, com tamanho de fonte minúsculo e juntas em palavras quase sempre abreviadas (algumas até à exaustão). Nada de muita monta, portanto. Nunca me ocorreu que isso desse cabo da boa capacidade de trabalho do meu telemóvel. Mas deu.

Acto contínuo, fiz uma limpeza à caixa de mensagens e lá consegui, depois, enviar o MMS à minha irmã. Só no fim de todo este processo me dei ao trabalho de analisar mais a fundo o que se tinha passado.

Na verdade, tudo começa no número de mensagens acumuladas: 460. São muitas, mas isso até é relativo. Se fossem 460 com meia dúzia de letras (ou menos), como aquelas SMS’s em que escrevemos só “OK” ou “Ya” ou “Tá bem!” ou “Bjo”, julgo que não haveria grande problema. Mas se fizermos cálculos para mais do que essa meia dúzia, o cenário muda de figura.

Por norma, gosto de dar por bem dado o dinheiro que gasto numa mensagem escrita. Se tenho direito a mais de 100 caracteres por cada mensagem que envio (e pago), então tenho usar o máximo de palavras possíveis – às vezes, embora não seja fã da prática, até abrevio umas quantas para caberem mais. Obviamente, também gosto que quem me envie mensagens faça o mesmo – a quantidade de informação contida numa SMS’s é maior, a outra pessoa poupa dinheiro e o meu telemóvel toca menos vezes (toda a gente ganha).

Então façamos as contas. Julgo que a média de caracteres usados numa mensagem escrita seja cerca de 100. A confirmar-se, haveria 46 000 caracteres acumulados no meu telemóvel. Só para se ter uma ideia, 46 mil caracteres equivale a 13 folhas A4 cheias de texto. Nada mal!

Mas quase todos os telemóveis aceitam que a malta escreva SMS’s com 120 caracteres. Feita essa conta, 460 mensagens a 120 caracteres… 55 200 letras e espaços. 16 folhas A4. No entanto, o meu Nokia permite mensagens com 160 caracteres. Logo… 73 600 (!) caracteres poderiam andar a pastar nos meandros do meu aparelho telefónico portátil, quando poderiam encher… 22 páginas de texto inteirinhas e mais umas linhas da 23ª folha. O equivalente a cerca de três capítulos de um livro, sem imagens. Mais coisa menos coisa, claro.

Conclusão: Se por acaso não perdesse tanto tempo a fazer estas contas e a divulgá-las (já que nada disto interessa a quem tenha o juízo no lugar certo), aproveitando-o para limpar as mensagens do meu telemóvel, de certeza não teria tido os problemas que tive… mas perdia-se uma excelente ocasião para discorrer sobre coisa nenhuma.

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