Numa altura em que muito se fala na morosidade da justiça portuguesa, parece-me de todo em todo pertinente aqui divulgar que esta ideia de que a balança da justiça pesa cada vez menos e cada vez menos vezes, dada a lentidão com que os casos de litígio são julgados... só existe... porque a malta quer.
É verdade!... A malta 'tuguesa só tem uma justiça a duas velocidades ("lentinha-lentinha"... e parada) porque assim o deseja e porque não se decide a dar o poder judicial a quem de direito, que venha a desempenhar a função rapida e (qui ça) mais eficazmente que os actuais tribunais.
O que acontece - sei-o eu há já alguns anos - é que esquecidos (neste processo de decadência da justiça nacional) estão esses verdadeiros templos do Direito que são os lavadoiros das aldeias.
Autênticos Palácios da Justiça em que, sem burocracia, são apresentados os casos mais bicudos e, logo ali, em poucos minutos, se decide - sem grandes períodos de deliberação - qual a melhor sentença a dar para castigar os infractores e, acima de tudo,... AS infractoras.
É certo que um dos possíveis argumentos contra estes julgamentos (que algumas mentes mais tacanhas intitulam de sumários e injustos) públicos - até porque não há sessões à porta fechada - é a ausência do arguido e de representação jurídica de defesa, sendo todo e qualquer réu julgado à sua própria revelia. Mas eu não concordo. Até porque, tradicionalmente, o "colectivo de juízes" (leia-se, as mulheres - beatas - da aldeia) é ponderado e imparcial... ou então não.
Ao longo dos tempos, quantos não foram os casos de adultério, divórcio, gravidezes indesejadas, quezílias familiares, partilhas, expropriações e até de litígio na compra e venda de terrenos e imóveis julgados nos lavadoiros por esse país fora?... Centenas!... Aliás... milhares! E... NEM UM... ficou sem sentença no mesmo dia em que entrou a discussão no lavadoiro... muito embora muitos casos haja cujas sessões se arrastem no tempo - dada a "complexidade" dos mesmos -... mas sempre com uma decisão tomada no final de cada "reunião", revogando (obviamente) a decisão tomada no dia anterior.
Então porque é que nos lamentamos tanto com o (lastimável) estado da nossa justiça, a acumulação de processos... enfim... com a eternidade que demora a solução de um qualquer caso em que estejamos envolvidos, directa ou indirectamente?
Porque somos parvos!
Eu defendo que se entregue definitivamente o poder judicial aos lavadoiros de aldeia, logo que seja retirado aos tribunais. Quanto ao eventual desemprego dos profissionais do Direito... não há espiga!... Que ponham as mãozinhas a render e vão lavar roupa a sério (e não "roupa suja", como gostam de fazer em frente às cameras de tv), conquistando assim o seu lugar nesses templos de decisão que são os tanques de lavagem de roupa com 10 torneiras a correr água e chapa de zinco para os dias de mais sol.
Por falar nisso, senhores advogados, tenho lá uma data de pares de meias para lavar que... tresandam!...
2 inSensinho(s) assim...:
cá os lavadouros estão desertos. acabou-se a justiça nesta cidade!
Cá é mais nas tascas e nos cabeleireiros.
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