Nunca saberemos ao certo quem são ou quem foram. Mas o que é certo é que podiam muito bem governar este País e… quiçá, o mundo! Isto… se não o fazem (ou fizeram) já, claro.
O poder está do lado deles e quem vier afirmar o contrário… estará profundamente errado. Mas desengane-se quem pensa que estou a falar deste ou daquele. Nada disso. Aliás, este ou aquele nada têm a ver com o caso. Falo… dos outros.
Os outros angariaram ao longo do tempo um capital de poder sem igual. E foram sorrateiros, pela calada, certamente; porque ninguém se deu conta disso.
Por exemplo, a tolerância, esse poder fantástico ao alcance de poucos, está claramente controlado pelo outro e só se aplica a ele ou a quem se comporte como ele (seja lá como isso for). Do que é que eu estou a falar? É simples. Nós só toleramos aquilo que “é como o outro”. Prova disso, é a famosa expressão “Ah… isso ainda é como o outro!”, a que normalmente se segue algo do género “Se assim não fosse…!”. Parece-me claro que estamos perante um manifesto caso de intolerância a tudo o que não seja “como o outro”. E isso é um poder desgraçado!
Como se isso não bastasse, o outro também detém o poder da oratória. Se pensarmos bem, o outro disse tudo o que alguma vez devia ter sido dito, num dado momento. Todos os discursos, todos os ditos, todas as frases famosas, citações usadas a rodos ou até os impropérios mais obscuros… todos eles foram garantidamente proferidos pelo outro. “Já dizia o outro…”, quase sempre “como muita razão…”!
Mas há mais. Tudo o que de mal pode acontecer... nós pensamos sempre que só acontece... aos outros. Mas não. Mais tarde ou mais cedo, o que a gente pensa que só acontece aos outros... acontece-nos é a nós. E quem é que pode estar por detrás disto...? Os outros, claro, que – maquiavélicos – farão girar o mundo em sentido contrário, se for preciso, só para que aquilo que só devia suceder-lhes a eles nos estrague a vida a nós, pobres coitados.
No entanto, e por muito que pensemos que o poder é dos outros, permita-me o InSensato Leitor que aqui o baralhe (um pouco mais). O poder não está, de facto, (só) na mão dos outros. Mas sim, na mão da OUTRA. Ela, sim, é quem manda verdadeiramente. E porque é que manda? Porque pode. Ora veja-se o seguinte. A outra tem sempre o que quer, tudo o que deseja, tudo o que é do bom e do melhor. O povo di-lo e (para aí umas 9 em cada 10 ocasiões) é a mais pura das verdades. Apesar de estar longe de ser “legítima”, a outra safa-se extremamente bem, sem qualquer margem para dúvida. Perita em bens materiais e desenlaces infelizes de ligações conjugais, a outra domina porque é, potencialmente, melhor do que a anterior (legítima ou não), e por essa “qualidade extra”, merece que lhe seja outurgado mais poder persuasivo, financeiro e, claro, decisório. “Ele trocou-a pela outra!”… e ninguém troca nada a não ser para melhor, como se sabe.
Não gosto nunca de me sentir incapaz de remar seja contra que maré for... mas perante isto, vejo-me obrigado a render-me às evidências. É que, em suma, os outros… podem. E nós…!
2 inSensinho(s) assim...:
Já tás como o "outro":«A (outra) galinha da (outra) vizinha é melhor que a minha»
hehe, os outros... essa entidade misteriosa... :)
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