Tenho sempre um grande orgulho em poder dizer “O que é nacional é bom!”. E, de vez em quando, até rejubilo um pouco mais (a ponto de me causar a queda de alguma baba pelo canto direito da boca) por ter razões para o fazer, como é o caso de hoje.
Muito embora já aqui tenha falado de algo que se possa assemelhar a esta temática (nomeadamente quando defendi que o sistema judicial português devia definitivamente adoptar o modelo de Tribunal Popular que diariamente se verifica em inúmeros lavadouros nacionais – vide InSenso de 10 de Maio de 2005), o que hoje proponho é que seja analisada a sagacidade da juventude (ou melhor… acima de tudo, meninice – vulgo putalhada) portuguesa neste particular.
Ora… sem que lhe tenha dado grande importância na época (e até agora, porque putos… são putos), apercebi-me de que a perspicácia da miudagem na compreensão do nosso sistema politico-judicial é simplesmente exemplar.
Longe de mim estaria imaginar que a “chave” do nosso sistema estaria ao alcance do pirralho mais pirralho de uma qualquer escola primária ou até de um infantário da nossa praça, mas de facto é o que acontece.
Ocorreu-me isto ao observar dois miúdos que discutiam numa paragem de autocarro a legitimidade de um deles ter ficado com o jogo do Mini Game Boy do outro (sim… o tempo dos berlindes já lá vai… não vale a pena ficarmos nostálgicos…). Ao que parece, teria ficado assente (leia-se, apostado) que quem ganhasse “x” jogo na PlayStation lá de casa, ficava com o jogo do Mini Game Boy do outro. E assim se procedeu, muito embora estas coisas nunca sejam recebidas de bom grado, mormente por quem perde, claro.
Qual não foi o meu espanto quando a discussão descambou em algo extremamente familiar, dos meus tempos de puto.
- Olha que eu chamo o meu pai!!
- E eu chamo o meu!!!
- Oh! O teu pai não vale nada! O meu é dono de uma empresa!!
- E o meu é polícia! Pode prender o teu pai!!!
- Querias!!! E eu chamo o meu tio que é juiz e não deixa o teu pai prender o meu!!
- Juiz?!?! Que é que isso interessa? Eu chamo o meu primo que é cinturão negro de Karate e dá cabo do teu tio à porrada!!!
- …
Fantástico! É claro que no meu tempo a coisa ficava-se pelo pai que era mais forte que o do outro, ou – no máximo dos máximos – havia um familiar na Judiciária, o que calava logo a discussão (eu, por exemplo, só usei a referência do meu primo da antiga Guarda Fiscal uma ou duas vezes). Mas o diálogo destes dois putos fez-me ver que ELES (os putos portugueses) é que a sabem toda!
A palavra, a justiça e outras tretas afins não valem de nada… quando se tem… conhecimentos. De que vale um contrato quando há um advogado com a arte de fazer letra morta do documento? De que vale um advogado artolas quando há um amigo magistrado que pode invalidar (ou adiar) processos sem conta? De que vale um magistrado quando há um político na família, disposto a fazer uns favores para fazer “implodir” uma notícia bombástica, sem grandes alaridos? E… quando nada disso resulta… de que vale ter uma quantidade inimaginável de bons contactos, com influência, quando um grupo de amiguinhos musculados ou armados até aos dentes podem resolver tudo à marretada?!?
Enfim… pareceu-me que, entre os miúdos, aquilo ficou tudo em “águas de bacalhau”, até porque acho que marcaram uma nova competição de “tira-teimas” na PlayStation lá de casa.
Mas a lição de Sociologia, essa, já estava dada…
3 inSensinho(s) assim...:
No meu tempo era: Olha que o meu pai é da pide!
Good post
Didas: Agora só se podia dizer que seria do CIS... e isso não trem o mesmo peso, como se sabe...
Solteirão: Eram fixes, não eram? O meu pai também não leva asssim grande físico e nunca era "chamado" à discussão; mas o primo da Guarda Fiscal chegou a dar jeito.
Basket: Est-ce que je ne parle trés bien français. Pardon!
Earn Commissions: Thank you! But... if you speak english... how did you know how to read the post? Or did you come here only to see if we go to your SPAM Blog?...
JC: O Frota saiu, foi? E o/a Castelo Branco ficou deprimido/a? Bem... é preciso ler os comments no meu blog para saber o que se passa na televisão!... Fantástico!
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