Apito Sagrado



Esta manhã soube que um jovem padre conhecido meu tinha sofrido uma lesão (mais propriamente, que tinha partido uma perna) num jogo de futebol…entre padres.

Não tardou – sei lá… – 3 segundos para que a minha InSensata mente se “organizasse” no sentido de imaginar o quão interessante seria a existência de um campeonato de futebol dedicado única e exclusivamente ao clero.

Imagine-se, então, o próximo, subsequente, imediato e seguinte cenário…

A LPFC (Liga Portuguesa de Futebol Clerical), dirigida, obviamente, por D. José Policarpo (que acumula o cargo com o de Cardeal-Patriarca de Lisboa, sendo ainda ex-dirigente de um dos maiores clubes da Liga), organizaria dois campeonatos: a “Super-Abençoada-Liga” e a “Liga de Honra Pai, Mãe e o Nome de Deus”.

Na divisão mais alta…nada de muito novo. Os clubes mais importantes seriam de Lisboa, Porto, Braga e Leiria (se bem que, aqui, com a nuance de ser o Fátima FC a representar o distrito do Lis e ser também o principal candidato ao título, tendo claramente o maior orçamento e a maior massa associativa).

As claques organizadas seriam constituídas – parece-me lógico – por grandes grupos corais, de homens e mulheres vestindo todos túnicas de cor igual e que cantariam ao desafio salmos e cânticos de incentivo às equipas e de exaltação ao Senhor, durante todo o “santo” jogo!...

As equipas subiriam ao relvado com equipamentos maioritariamente brancos (com pequenos debruados a ouro, prata ou ainda a cores como azul, verde, vermelho ou roxo – conforme a data do jogo e respectivo período litúrgico vigente). Sempre de camisolas de manga completa e calção, no mínimo, um pouco abaixo do joelho, seguro com a ajuda de uma corda branca. Nos pés, todos os jogadores (padres e diáconos – os seminaristas “rodariam” nos Juniores ou Equipas B) usariam belas e frescas sandálias. Os guarda-redes não usariam luvas, por uma questão de respeito e símbolo de pureza.

O árbitro e respectivos assistentes seriam escolhidos de entre os bispos nacionais e, claro, vestiriam de negro.

No estádio (e, neste caso, sim… poder-se-ia falar de uma verdadeira “Catedral”), as bancadas seriam de pedra e/ou de madeira. Em todos os lugares… um pequeno livro com os cânticos entoados por ambas as claques, para que todos os espectadores pudessem seguir o jogo e as suas incidências, cantando o seu apoio às formações que evoluíam no relvado. Os “stewards” mais não seriam que acólitos corpulentos, vestindo túnicas totalmente brancas, que ajudariam na garantia das condições de segurança de todos.

O jogo não iniciaria sem o lançar da hóstia ao ar, para escolha de campo e bola (de trapos – respeitando o voto de pobreza, imposto pela equipa jesuíta nas reuniões da Liga). A partir daí, o encontro decorreria de forma pausada e calma, ao que não seria de todo alheio o facto de que todos os jogadores e juízes se terem juntado em oração conjunta imediatamente antes do apito inicial e toda e qualquer infracção significaria – para além do livre – uma exclusão do jogador faltoso por 3 minutos, para que rezasse um Pai Nosso e duas Ave Maria’s… para contrição.

Em caso de lesão (como a do padre de que falei ao inicio), o jogo seria imediatamente interrompido para que todos pudessem rezar pelas rápidas melhoras do companheiro/adversário.

E os “casos” mais graves… seriam resolvidos em concílio, conclave ou por decisão papal directa, no Vaticano, onde estaria sedeada a FIFCA (Federação Internacional de Futebol Clerical Amador).

Seria, no mínimo, catita!... Não?!?... Pronto… ok… está bem…







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Hoje faz anos a "Dona M", grande mentora e "sercretária" aqui do burgo durante grande parte do início e da existência (já) "semi-adulta" do blog. Sem ela, o InSenso Comum não seria o que é.


Obrigado! E... PARABÉNS!...

15 inSensinho(s) assim...:

so disse...

xiça, pá... que imaginação! :P

stx disse...

Quero alimentar esta ideia sugerindo a criação de várias equipas clericais. Ora, vamos a isto:

Divisão distrital (mais baixa): sacristões

Terceira nacional: padres

Segunda divisão: bispos

Primeira divisão: campeonato inter-papal, onde lutavam todos os que são passíveis de ser papas.

As subidas e descidas de divisão seriam processadas de acordo com as prestações clero-desportivas de cada um dos intervenientes.

Poderiam ser criados castigos, baseados na prevaricação dos "atletas" no que toca a abstinência.

Fica a dica.

Gde abraço

K@ disse...

Pequenas respostas e adendas...

So: Não é só imaginação. Também há, claramente, nestas veias muito alcool a correr, que permite estes devaneios logo pela manhã.

STX: Benvindo!!! Aproveito para acrescentar que me esqueci de dois elementos PREPONDERANTES nesta Liga.
As FREIRAS, que seriam as grandes criadoras, impulsionadoras e membros das claques femininas dos vários clubes
E...
Os SACRISTÕES, que - parece-me claro - seriam os Delegados da Liga aos vários jogos.
(se me lembrar de mais... eu volto aqui)

Mágico: Pâ-lí-ze!!! Bento XVI em tronco nú?!??!?! Tás-t'a passar, meu!!! E por falar em Santa Sé... vejam lá se vão divulgar este post a muita gente... É que o SSPD (Santa Sé Police Department) já anda a marcar-me há uma carrada de tempo. Um dia destes vou pros calabouços da prisão do Vaticano, ser guardado por "militares" em fatiotas muito coloridas e abichanadas... E isso a malta dispensa...!

Borboleta: Pá... Obrigado! Já na cena da Rosarinho e dos Brioches (se bem que ambas as palavras na mesma frase me soem muito bem...) parace que ela, se me vir por perto, vai dar numa é de me dar com um cacete ressequido pela carola abaixo... e isso a malta... também dispensa!...

:-)

so disse...

já estou a imaginar as freiras todas com pom-pons e coreografias cuidadas a gritar pela sua equipa do coração. isso sim, era espectáculo!

K@ disse...

Como prometido, volto aqui para acrescentar mais um ponto em falta no InSenso de hoje.

Inspirado no que o InSensato STX disse atrás, lembrei-me que seria catita esta coisa das divisões funcionarem a nível paroquial e diocesano para só depois haver as tais divisões maiores, a nível nacional; havendo uma competição aberta a todos: uma espécie de Taça de Portugal para o qual proporia o nome de...

CÁLICE DE PORTUGAL!

Fica à consideração dos InSensatos Fanáticos do Futebol Clerical...

calózita disse...

a mim só não me agrada que, mais uma vez, às mulheres fique reservado o papel de apoiantes. proponho a criação de equipas femininas, carago!
afinal, perante Deus, somos todos iguais.

K@ disse...

Em virtude da achega (preciosa) da InSensata Calozita, aqui torno para o esclarecimento de que a LPFC estaria - obviamente - aberta à criação de competições femininas.

Mas sendo que as realidades são algo diferentes no mundo das vocações eclesiásticas, os campeonatos decorreriam de forma algo diferente.

Realizar-se-iam Torneios Inter-Conventos em 4 divisões (Norte, Centro-Norte, Centro-Sul e Sul), que culminariam num sistema de playoff's, finais divisionárias, finais regionais Norte (vencedor divisão Norte contra vencedor divisão Centro Norte) e Sul (no mesmo sistema da anterior) e, finalmente, em final nacional, opondo os vencedores das finais regionais, encontrando-se assim a equipa campeã nacional.

As regras básicas seriam as mesmas, sendo que a principal diferença estaria na sanção do tirar da camisola aquando de um golo (já punida na versão masculina com uma suspensão de presbitério por 6 meses e perda automática - de forma vitalícia - da paróquia). No futebol clerial feminino, resultaria na excomunhão imediata.

Como vê, Calozita, nada é deixado ao acaso no mundo do futebol clerical.

Nem mesmo o facto de que estas duas competições (feminina e masculina) só se encontrariam numa ocasião: no "All Star Religious Soccer Weekend" (ou, em PORTUGUÊS, os All Star Games do Futebol Clerical.

Se forem necessárias mais informações estarei aqui para satisfazer qualquer dúvida.

K@ disse...

Ora... aqui está o "sistema" a trabalhar!!!...

Fala-se de futebol... aparecem sempre uns quantos a querer partir a boca a quem sabe destas coisas!

É sempre a mesma coisa, pá!

É por isso que nunca haveremos de ganhar uma grande competição internacional!

Estou para ver quando for o Mundial de Futebol Clerical ou o EuroChrist2008...

Por falar nisso, há que começar JÁ a pensar na versão (em canto gregoriano, claro) do rap "Será demais pedir a Taça?"!!!

K@ disse...

Bem visto!

Acabo de pensar nos seguintes padres para cargos e tarefas importantes nesta coisa do futebol clerical:

Pe.Borga - Animação de Estádios (obviamente)

Pe.V.Milicias - Presidente da Federação Portuguesa de Futebol Clerical

Pe.Fontes - Encarregue do Conselho de Disciplina e dos possíveis exorcismos que venham a ser necessários

Pe.Vaz Pinto - Lobb'ista dos clubes grandes

Pe. Feitor Pinto - Lobb'ista dos clubes pequenos

K@ disse...

Meu caro:

Há a chamada falta de atenção por aí...

Do(s) árbitro(s) já se tinha falado, logo no InSenso original. Seria sempre um bispo, por motivos de autoridade sobre os padres, diáconos e seminaristas ... e porque já vestem de negro!

Avelino Ferreira Torres é só um politico... até chegar a padre, pelo menos, teria de se confessar 173534162154 vezes... no MÍNIMO!!!!

calózita disse...

K@, meu caro, mais uma vez a discriminação! então as regras quanto à tirada da camisola não são iguais para todos porquê?
já agora, o que tens em mente quanto aos equipamentos das freirinhas?

calózita disse...

já agora, quanto à designação dos árbitros: será por concurso ou por nomeação? e quanto à avaliação? só observadores, através de vídeo ou de forma mista?

calózita disse...

desculpem a imprecisão: não é concurso, é sorteio!

K@ disse...

Antes de tudo mais, longe estava eu de saber esta manhã que esta parvoeira que me passou pela moleirinha após o telefonema da InSensata Mãe (relatando a mais recente lesão no mundo dos padres que jogam à bola) daria tanto pano para mangas (e de "estilismo" vamos falar já daqui a pouco), tornando-se o InSenso mais comentado desde o início deste blog imbecil.

Dito isto, vamos lá à derradeira “limagem” de arestas a esta bodega do futebol clerical.

Bom... confesso que desde que coloquei o texto online me apercebi que a questão "treinadores" iria dar-me que pensar. E deu! Tanto que não cheguei a uma conclusão brilhante para ela.

Por um lado, achei que Deus (himself) poderia ser o treinador omnipresente de todas as equipas - é que, pensando bem, todas as formações jogariam para O servir, certo? E quem é que os jogadores servem, jornada após jornada... é o treinador. Logo... Deus, seria (pela lógica) o melhor treinador de todos. Mas assim a táctica seria sempre e mesma e os jogos acabavam sempre empatados. Larguei esta ideia.

Por outro lado, lembrei-me que no futebol, as coisas funcionam muito à base dos "homens da casa", já rotinados. Por esta via, parece-me pertinente atribuir o lugar de treinadores aos padres reformados (ou que, no mínimo, já tenham passado dos limites do que o corpo aguenta nestas coisas de andar atrás de uma bola). Mas os padres exercem quase sempre até à morte... e são teimosos como o raio! Logo... arriscar-nos-íamos a ver velhos caquécticos a tentar jogar à bola... até perto dos cem anos e a recusarem-se ir para treinadores. Larguei esta ideia também.

Restam os teólogos. Teóricos, calculistas, letrados, com conhecimentos acima da média. O cargo de treinadores vai para esses, então. Sem grande experiência de jogo jogado, é certo, mas capazes de delinear boas tácticas (ou, pelo menos, assim-assim). Veja-se o Peseiro... Ok... esse não é um bom exemplo. Mas o Queiroz...!

Já a questão da escolha dos árbitros não me tinha passado pela cabeça até ler o comment da InSensata Calozita. Jovem... por mim, nomeação ou sorteio... tanto faz! Se bem que, se for por sorteio, imagino que a coisa seja feita com alguma solenidade; do tipo... papelinhos com os nomes dos bispos/árbitros a serem retirados de uma taça lindíssima em ouro... pelo próprio Ratzinger! Coisa fina!...

A observação dos mesmos (árbitros) e do seu desempenho seria feito por Delegados da Liga, como já disse. E esses seriam sacristães, devotos e cumpridores. Cheguei a colocar a hipótese desse trabalho ser feito por outras pessoas, como as beatas mais assíduas aos deveres dominicais e paroquiais. Mas isso de misturar mulheres observadoras com homens observados dá sempre problema. Larguei esta ideia também. Ficam os sacristães.

Por fim, quanto a indumentária das freirinhas... recuso-me a falar disso. É por demais abichanado estar aqui a armar-me em estilista de roupa feminina. Calozita... larga lá essa ideia, ok?

Fecho assim este "Dossier Futebol Clerical". Foi um prazer partilhar a minha demência convosco!

2ª feira... se tudo correr bem... há mais... sobre outra imbecilidade qualquer.

Obrigado a todos!

K@

K@ disse...

Só dois "remates" finais...


Os jogos seriam televisionados pela Agência Eclesia, na "2:" e num canal de cabo específico de desporto religioso mas não poderiam NUNCA ser aos Domingos!!!
Primeiro, por uma razão de respeito ao Dia do Senhor.
Depois... porque todos os intervenientes estariam a celebrar missas ou a ajudar nelas, como é óbvio!

Sábado, talvez...

Ou então a meio da semana!...
Afinal.. o que é que esta gente faz nos outros 6 dias da semana?!?

Se só os vejo aos Domingos!!!...

He He!...

(vou ser excomungado de uma vez por todas...)