Sou um esquecido!...


Hoje, sem querer, abri um "baú" que - pelo menos, penso eu - toda a gente tem mas tenta a todo o custo manter fechado e bem escondido.
A verdade é que, se pudéssemos, guardávamos todas as nossas recordações mais embaraçosas numa caixa, fechávamo-la com 2 fechaduras, 27 cadeados, 5 correntes... e outras tantas tralhas que servem para fechar as coisas, mas de que não me lembro agora, para vos dizer.

Aliás, é de esquecimento(s) que vos vou falar, logo que se sintam avisados de que as próximas linhas vão ser, para mim, um tormento de todo o tamanho.
É uma daquelas coisas embaraçosas que tentei esquecer mas que, “volta-não-volta”, regressam para me chagar a tola e me fazer corar só de pensar nisso.

Andava eu na primária (não me lembro se na 2ª classe ou na 3ª...).
Num dia igual a tantos outros, fui à escola, sentei-me na minha carteira, acho que me portei bem (na altura era ainda mais totó do que sou agora, por isso, ...), a Dona Zulmira* terminou a aula e eu saí da escola em direcção a casa.

Tudo normal, não fosse o facto de me ter esquecido... da mochila na escola!

Como é que se pode sair das aulas trazendo... NADA... e sem se perceber?!?!?!?

É verdade! Juro! Saí da escola... mas sem trazer nadinha de nada! E só me apercebi a meio do caminho!

O pior é que, como na mochila estava tudo, fiquei sem nada para fazer o T.P.C. (sempre detestei esta sigla estúpida) e com mais um momento embaraçoso garantido para viver na segunda-feira seguinte quando chegasse de mãos vazias à escola (ah... sim... se bem me lembro, a malta decidiu esquecer-se da mochila na escola à sexta-feira... quando havia mais trabalhos-de-casa).
Na altura, aquilo foi muito perturbador, porque - claro - levei um belo de um ralhete em casa, depois passei a vergonhaça já esperada na escola e ainda havia novo ralhete (por não ter feito os trabalhos de casa) reservado à Dona Zulmira*, obviamente.

Mas o que eu nunca pensei é que isso fosse o sinal de algo bem maior que estaria para vir e que ainda hoje sucede com uma facilidade imensa. Eu sou, oficialmente, um... esquecido. Esqueço-me de coisas que tenho para fazer, de onde deixo os mais variados objectos (pá... chaves e óculos escuros são um problema de manhã...) e, acima de tudo, do nome das pessoas.
É um drama. Faço um esforço tremendo mas tentar lembrar-me do nome das pessoas (principalmente, aquelas que só vejo muito de vez em quando) é uma batalha que perco... sempre.
E é triste.

Ou melhor... é triste... para não dizer confrangedor (que o é... que o é...!).

Custa-me acreditar que tudo tenha começado com esse episódio estúpido que vou tentando empurrar lá bem para o fundo do meu cérebro; para aquela parte em que só estão informações tão desnecessárias que nunca as vamos buscar.
No entanto, pode muito bem ser que estes meus esquecimentos mais ou menos quotidianos não passem de uma consequência nefasta desse dia fatídico.
O que eu vos posso garantir é que ainda hoje não uso guarda-chuva pelo simples facto de me recusar a perder... mais um.
Sim... já não têm conta os chapéus que eu deixei esquecidos não sei onde. São tantos que acabei por me decidir a apanhar uns pingos de chuva a mais, aproveitando para poupar uns cobres.

Enfim...

...

Tenho a certeza de que tinha alguma coisa mais para vos dizer...

...mas esqueci-me...

: [

Deixem lá...



= = = = = = = = = =

* - não sei bem se deveria dizer aqui o nome da minha professora primária, mas só o faço em tom de homenagem; bem... ela é que não se deverá sentir muito lisonjeada, sabendo que, todos os dias, um antigo aluno dela escreve balelas sem grande sentido... mas pronto... a minha intenção é boa.

Dona Zulmira, ensinou-me bem! Peço desculpa é de não estar a usar nadinha do que ensinou…


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