Aflige-me saber que há formas de vida (ou formas sem vida nenhuma) que co-existem connosco, dia-a-dia, bem perto de nós, sem se manifestar ("sem tossir nem mugir", como soy dizer-se...) e que ignoramos, simplesmente.
O cotão é uma realidade conhecida por todos nós. Dependendo do empenho (ou mesmo paranóia) nas limpezas de cada um, damos o nosso melhor em afastá-lo da nossa vista e não só.
Às vezes, tornamo-nos autênticos "esmifradores" de pó e cotão, levantando tudo o que é bibelot (uma figura incontonável da decoração "Made in Taiwan"), afastando tudo o que é móvel e mesmo fazendo uma superginástica tremenda para acabarmos com a "cotanagem" debaixo da nossa cama.
Interrompam-me quando eu estiver a dizer alguma coisa que não seja verdade, ok?...
Bom... mas apesar desse nosso esforço hercúleo (gostei da expressão recordada por alguém num comentário feito a um texto anterior a este - como vêem... aqui existe a chamada interactividade) no extermínio do cotão da nossa vida, há uma facção dele que insiste e consegue mesmo escapar-se ao aspirador, à vassoura e ao (mais "romântico") espanador.
«E onde está?... se não o vejo...!?»
No computador, caro leitor... no computador!...
Verdade! No mesmo PC em que lê estas insensatas linhas.
Já se deu ao trabalho de olhar para a grelha da ventoinha que refrigera a "máquina"?
Excepção feita se adquiriu o PC... para aí... ontem... ele está lá, o cotão... na ventoinha do seu PC, caladinho, sem se mexer, sem se manifestar, sem interferir (sabe-se lá...) na sua - e na nossa - vida.
Daí que me aflija tanto silêncio.
Qual será a vida do cotão do meu PC?
Estará ele só ali, sem fazer "nenhum"? Estará a meditar sobre a vida dele? Sobre o quão vazia é, aquela vida sedentária de quem conseguiu escapar à limpeza humana e por isso merece o ócio e a paz eternos?
Ou estará, por outro lado, a tramar alguma? Estará a tentar recolher informação do disco "C:" para usar contra mim quando eu menos esperar? Ou estará à espera do momento certo para definitivamente se revoltar contra mim e vingar todo o cotão-irmão que eu mandei para o caixote do lixo ou para o saco do aspirador?
Até agora, na verdade, nada disto me aconteceu,... e eu posso dizer que já tenho uns anitos de caça ao cotão no meu "currículo" caseiro.
No entanto, vendo as coisas pelo prisma do próprio cotão... parece-me lógico que ele nos tenha algum ódio de estimação, que mais não seja por não o deixarmos em paz nem nos cantos da casa mais difíceis de alcançar, sendo que ele - o "pobre" cotão -, não tossindo nem mugindo, sempre primou, no mínimo, pela discrição.
Lembram-se daqueles gajos que são caladinhos uma vida inteira para, de um momento para o outro, darem em autênticos Serial Criminals, assaltantes, homicidas, gajos perigosos que nem na pildra deixam de cometer tudo o que é crime do pior? Ah... pois é!
E se o cotão for assim também?
A mim nunca me fez mal (para além de uma tossezita e de umas comichões por causa do chato do ácaro...). Mas quem me garante a mim que um dia destes não tenho eu (e todos nós) uma tentativa de golpe mundial em que o cotão tenta dominar o mundo?
E se tudo começar pelo cotão que está agora a olhar para mim...
...na ventoinha do meu PC?!?...
Que vida terá o cotão do meu PC?
sexta-feira, dezembro 3 | by K@ at 3.12.04
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