O "bedum"

(ou "bodum")


Nota prévia:

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora (os senhores até têm um bom serviço on-line... merecem a publicidade)...

bodum: substantivo masculino; cheiro característico do bode não castrado; cheiro e sabor do sebo, na carne de carneiro; cheiro enjoativo da louça mal lavada; transpiração desagradável de alguém; de "bode+ -um".

Na minha terra diz-se "bedum" e será assim - de forma insensata, como sempre - que eu me vou referir ao dito, nas próximas linhas.
Se não gostarem da insolência do uso da forma popular... paciência. Eu vou usá-la na mesma.

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É daquelas coisas que a malta ouve na rua e, inexplicavelmente, dá que pensar (principalmente, a quem não tem rigorosamente nada mais interessante para fazer, claro).

«Pôrra! Que bedum!!!...»

Uma frase popularucha dita por alguém que - adivinha-se - sentiu um odor que não foi assim da sua maior preferência. Já não me lembro onde foi que a ouvi (mas presumo que fosse junto a uma sarjeta, daquelas bem infectas, que proliferam pelas nossas cidades). Seja como fôr, pôs-me a pensar.

Pôs-me a pensar que, de facto, se há coisa que - de forma unânime - nos incomoda muito e com grande facilidade, o chamado bedum (também conhecido por pivete, fedor, ou - mais recentemente - "smell"... inglesices...) está no topo dessa lista.
Quem de nós já não susteve a respiração até ficar roxo, fez uma carantonha digna de uma máscara carnavalesca do Frankenstein ou simplesmente fez aquele gesto de abanar a mão à frente do nariz (como se isso afastasse, por exemplo, os efeitos de um gás rectal daqueles... cáusticos ou - pior - "feijonianos")?...
Quem disser «Eu!» está a mentir; por isso, escusam de pensar nisso sequer...

É uma verdade universal. Detestamos mau(s) cheiro(s) e reagimos (muito) mal a isso. Ponto final.

E são tantos os... beduns que por aí andam...!
Basta ler a definição do dicionário. Bem... aquela cena da carne, do sebo e, principalmente, do bode não castrado não sei... e sinceramente... também não estou curioso por aí além...
Mas as outras duas, são bons exemplos.

De «cheiro enjoativo da louça mal lavada» (ou por lavar) sei eu - aliás, sou um perito na matéria -, mas mais não vou acrescentar; acho que dá para se perceber só assim.
Dá?... 'Brigad'sss!

Já no campo do bedum da transpiração alheia somos TODOS verdadeiros especialistas.
E até há sítios "de culto" para a constatação desta (dura) realidade. O bel do trasnporte público.

Saudosas (ou não... ou não...) viagens nos tróleis, autocarros, carreiras e comboios, que se tornavam intermináveis (embora não demorassem mais de 10-15 minutos) porque - todos apertadinhos, em hora de ponta - tínhamos de partilhar o "perfume" daquele senhor que tinha corrido desalmadamente para ainda poder entrar, do gajo que ainda vinha vermelhão do jogo da bola que tinha feito (sem direito a duche no final) ou até daquela velhota (acho que há sempre uma...) que aproveita para andar todo o dia às voltas pela cidade, fazendo do autocarro uma espécie de "lar-de-dia".
Um pavor só, tenho a dizer-vos; mas acho que todos temos histórias dessas.

E nesses "breves-longos" minutos, tudo vale (careta, mãozinha, respiração em modo "off" ou até em modo "Aguenta!!!!"... que é mais violento, com a malta a ficar mesmo já a "caminhar" para o roxo).

Mas atenção!!!! Vale tudo... menos sair na próxima paragem.
Sim... porque quem sai... fica sempre mal visto.
Uns pensam «C**rão!... Ele safa-se e a gente fica cá a aturar o fedor!»; os outros... «Pffff! Fracalhote!...».
Convenhamos... Não há vitória possível.

Por isso, aguentem-se, rapazes e raparigas!... Ops! Desculpem...
Por isso, aguentem-se, insensatos e insensatas!
(ou ainda, na versão politiqueira, "insensatas e insensatos")

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Por hoje, vou ficar por aqui, com a consciência de que o tema ficou a meio.
Falta falar, por exemplo, do bedum que deixamos ou encontramos numa casa-de-banho (com luz temporizada ou nem por isso).
Mas, como devem perceber, terei de dedicar um espaço unicamente a esse "insenso" para qual o... incenso até pode ser uma possível solução.
Até lá... bons aromas e poucos beduns!

Do vosso, Ka.

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