…quanto tempo o tempo tem…



A malta, quando é pitorra e anda na primária, aprende uma data de rimas meio estranhas que, na minha opinião, não só não cumprem o efeito desejado (de que os putos aprendam a articular melhor e mais rapidamente as palavras), como têm efeitos secundários nefastos ao desenvolvimento da criançada, devido aos desarranjos intelectuais (autênticos nós mentais) que a confusão de vocábulos semelhantes há-de provocar naquelas cabeças de dimensões reduzidas.

Atente-se no exemplo seguinte:

O tempo perguntou ao tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto o tempo o tempo tem.

Ora… ao cruzar-me de novo (tantos anos depois) com esta rima pateta, a minha alma inquietou-se. É que há toda uma realidade que esta cantilena simplesmente ignora de uma forma escandalosa. As formigas.

Ok… eu dou uns segundinhos para que o Insensato Leitor volte a ler tudo desde o início para tentar perceber melhor de onde vem esta referência às formigas… mas creio que vá continuar confuso, só com essa releitura.

A relação das formigas com o tempo tem de ser, forçosamente, diferente da nossa. Uma amiga minha diria que as formigas nem sequer se importam com o tempo, mas eu acho que isso só acontece porque não usam relógio de pulso; caso contrário…! Mais a mais (e voltando à percepção que as formigas terão do tempo), parece-me claro que o tempo para estes simpáticos insectos que, de tempos a tempos, nos empestam as casas, passa bem mais devagar.

Esta minha conclusão aflui de uma observação empírica que espero algum dia venha a ter peso científico, caso algum caramelo decida estudar este fenómeno. Pá... ver o comportamento da formiga quando se desloca, em carreiro bi-direcional, é fascinante! E é nesse preciso momento que me parece ser mais evidente que o tempo delas é muito diferente do nosso.

Quando se cruzam umas com as outras, as formigas param e comunicam entre si. No entanto, essa reunião não dura mais do que um segundo, sendo por vezes bem mais curta do que isso (fracções de segundo, portanto). Ora… qualquer um sabe que um segundito mal dá para dizer “Olá, pá! Tudo bem? Como é que vai isso?”, quanto mais para ter uma conversa minimamente decente! Onde é que fica a conversa mole sobre o tempo, a famelga, o trabalho, os feitos e as banalidades da vida? E, temos de ver bem isto, as formigas têm muita coisa para dizer acerca de qualquer um destes temas. Se, para nós, chuvisca qualquer coisa, para elas isso é uma catástrofe natural de grandes dimensões; família… sabe Deus quantos irmãos, tios e primos cada formiga terá…; trabalhar é a ÚNICA coisa que elas fazem 24h/dia (devem ter muitas estórias para contar, então); levantar 70 vezes o seu próprio peso é um feito do caraças… se eu conseguisse fazer tal coisa, falava disso com toda a gente – conhecida ou desconhecida – que encontrasse na rua!... e, banalidades, devem ser tão importantes para as formigas quanto para nós, não?

Logo, se elas falam naquele ínfimo momento… devem fazê-lo de uma forma para nós tão acelerada que só pode ser possível que o tempo para elas corra muito mais devagar, caso contrário não se entenderiam.

O inverso deve acontecer, por exemplo, aos caracóis e às lemas que, por isso, deverão estar no extremo oposto desta questão. Para esses… ranhosos (e penso que posso usar este termo sem o habitual sentido depreciativo) o tempo deve passar bem mais rápido que para nós (e MUITO mais depressa do que para as formigas rabigas), porque tudo ali é feeeeeeeeito cooooom uuuuuma caaaaaaalma beeeeestiaaaaal!... Andar 1 metro pode levar umas quantas horas, mas eu aposto que isso de andar a 23cm/h deve ser uma emoção do camandro para a caracolada!...

Enfim… nada disto está provado… e é pena que não esteja. Seria interessante saber quanto tempo o tempo tem para esta malta toda!... Não…?... Ok…

Só uma pequena nota final… Eu e a minha irmã, quando éramos putos, fazíamos corridas de escaravelhos. Acredito que eles devem ter a mesma percepção do tempo que nós (até porque andavam e corriam que se fartavam e tal… e ainda comunicavam entre si durante um tempo considerável), mas eles também não usam relógios de pulso…

Contas à vida




O momento de "deitar contas à vida" é, simplesmente, tramado. Numa das mãos, pega-se nas facturas/recibo do telefone, da água, do gás, da electricidade, da tv cabo e da mensalidade da casa. Na outra... há-de estar o desgraçado miserável extracto do banco.

Está visto que o duelo entre uma facção e outra não é, de modo algum, equilibrado e a coisa não tem modos de acabar bem. É que as contas são em maior número e o combate - desigual - acaba sempre por lhes ser favorável.

É como uma daquelas cenas de filme hollywoodesco em que, numa zona "complicada" da cidade, os gang's ditam as regras. Uma vez por mês, o pobre extracto da conta sai de "casa" um pouco mais animado por ter recebido o ordenado. No entanto, algo sinistro o obriga a olhar, assustado, para tudo o que é lado e canto, para tudo o que é beco e viela. Um pouco mais à frente, junto a uma tampa de esgoto que fumega, estão as rufias das despesas correntes, à espera, no escuro, de que uma alma mais incauta por ali passe e fique bem ao jeito de ser surripiada, sem dó nem piedade. O extracto não tem hipóteses. Quando menos espera (embora desde sempre tenha tido a certeza de que, mais tarde ou mais cedo - mais mês, menos mês -, seria apanhado)... zás!... Uma pancada forte, primeiro, e várias outras (uma por cada membro do gang), depois, deixam-no desamparado e indefeso, à mercê dos malvados credores, que não hesitam em estripá-lo logo do dinheirinho que traz com ele.

É... tramado.

O mais aborrecido é que, embora esta porra aconteça com aviso prévio e tudo, o estúpido do extracto não se acautele convenientemente. E, evidentemente, todo o "santo mês" é a mesma coisa!... Pensando bem, acho é que descobri a definição de “inevitabilidade”. Parece-me mal…

Começo a perceber agora como é que os contabilistas ganham a vida. Eles são assim como que uns "mecânicos" das nossas massas. A malta está curta de dinheiro mas não gosta de pensar que está lisa; e olhar, tanto para o saldo do banco como para as continhas a pagar, só lhe traz é enxaquecas. Por isso, contrata-se um tipo que olhe pela dita conta bancária e é ele quem distribui o guito da maneira que acha melhor. Ou seja, basicamente, o contabilista faz com o nosso ordenado o mesmo que nós fazemos, só que friamente, sem o nervosismo de ser o graveto dele a desaparecer, que é o mesmo que dizer... sem as emoções fortes que nos causa o facto de vermos o nosso dinheirinho a ir "bye-bye". Ah! E, de uma forma altamente profissional, ainda tira, ele próprio, um "x" da conta pela qual está a olhar. Isto, sim, é que é um bom negócio.

Também começo a entender as expressões "engenharias" e "malabarismos" na realidade financeira. Olhando para o dia-a-dia e para o que aí há-de vir, só me arrependo de nunca ter tirado um curso que ensinasse a malta a planear a coisa de tal forma a evitar que a casa alguma vez viesse abaixo,... quanto mais a cada 30 dias. De facto, a "ginástica" necessária é tanta que, se o efeito fosse o mesmo que passar pelo ginásio, o pessoal andava elegante e incrivelmente musculado.

No entanto, nem tudo é mau. Desenvolvem-se amizades com entes que nunca atreveríamos a pensar serem possíveis companheiros de luta. Sou agora mais amigo daquelas folhinhas A4 que a malta dobra em dois e onde se escreve o que se tem no banco e os valores das facturas, para logo a seguir fazer as somas/subtracções. Cálculos esses que, obviamente, permitem também o estreitamento de relações com a opção "Calculadora" do telemóvel, tanta vez esquecida e quase nunca utilizada pelos milhões de utilizadores deste tipo de equipamentos. A certa altura do stress, só ela nos compreende e - num gesto de pura amizade - nos mostra a realidade nua e crua, sem rodeios nem mentiras.

Enfim... há que retirar do mau o que é realmente positivo (ou… menos mau). Por exemplo, além das corridas (agora regulares), tenho agora a certeza absoluta de que algo mais vai contribuir para a dieta da malta! Pá... e isso é tão porreiro que nem caibo em mim,... de tanta felicidade...


Tu és meio parvo, não és?




É uma frase emblemática destes 29 anos, alguns meses e mais uns trocos que já conto, embora não possa afirmar quantas vezes a ouvi durante a minha existência. No entanto, não se pense (pelo simples facto de não me lembrar com exactidão da quantidade de vezes que esta máxima se cruzou comigo – ou, mais correctamente, me bateu de frente “nas trombas”) que toda e qualquer oportunidade aproveitada por alguém (e foram muitos – e muitas – “alguém’s”) para me chamar parvo tenha sido em vão! Não, senhor!

Eu sou um gajo parvo, contra esse facto não há argumento; nem sequer da minha parte. O que me chateia é que me digam que sou MEIO parvo. E chateia-me porque não sei bem o que isso quer dizer.

Que um gajo seja parvo, tudo bem. Um gajo armar-se em parvo, também. Agora, … ser meio parvo ou armar-se meio em parvo… não só é estranho como há-de ser complicado como o caraças!... Estou em crer que o esforço deve ser equivalente assim a uma espécie de tentativa de fazer ponto de embraiagem de um carro potente numa ladeira de inclinação máxima. Temos de dosear muito bem (digo mais, com uma precisão impecável) o pedal do acelerador, pois se dermos pouco “gás” ao bólide, ele vai abaixo, se dermos muito, o carro arranca sem dó nem piedade, o que não dá jeito nenhum se tivermos outro carro à frente.

Ser meio parvo deve ser, então, uma coisa mesmo difícil de alcançar. Eu… não sei se consigo, confesso. Se já o fui, foi sem querer. Se não fui… foi porque não consegui (pese o facto de também nunca ter tentado).

A esta coisa do “meio parvo”, juntam-se outras expressões também elas intrigantes, como são os casos de “meio tosco” (defendida pelo indefectível Gabriel Alves, nos jogos de futebol – com jogadores nórdicos e africanos – que comenta), “meio tolo” (muito aproximada a “meio parvo”), “meio cagarolas” (para malta que talvez seja cobarde… mas não muito), “meio tontinha” (usualmente alusiva a gajas que estejam com um ataque de histeria ou com um agudo sindroma pré-mesntrual… mas isso nunca seria “meio”, mas sim “muito”, não?!)… e poderia estar aqui todo o dia com isto… mas não me apetece.

A conclusão a que eu quero chegar com isto é a de que essa coisa do “meio isto” ou “meio aquilo” deve ser uma espécie de forma frustrada de insulto-extra ao insulto original, para dar cabo da cabeça a um gajo, que não só é parvo (ou algo parvo) como nem sequer é capaz de chegar à plenitude da parvoíce. É um atestado de incompetência, portanto, que acaba por elogiar mais do que ofender, visto que o gajo, se não é um parvo completo, não é assim tão parvo como se quer fazer parecer.

Mas o mais estranho é que nunca ouvi tal coisa associada a coisas boas. E, isso sim, seria um belo de um insulto! Exemplo: “Tu és meio inteligente, não és?”. Ora… mandar esta bujarda seria o mesmo que dizer a um magano qualquer que se não é inteligente é porque não é apto para tal. Tipo “faltou-te um bocadinho assim…”.

Ou seja, se me quiserem insultar (e eu até lido bem com um insulto catita, feito com afinco e tal), façam-me é o favor de não me chamar “meio parvo”, ok? Isso nem sequer é coisa que se diga, pá!... Eu até arrepio caminho a vossas excelências (tantas que serão, acredito), ávidas de me caluniar, e admito já que sou completamente parvo e que nada ficou pela metade no meu processo de “parvorização”. Agora, fáxabôre insultar, sim?… mas isso que seja coisa com qualidade, está bem?

Teleporte: para quando…?





Este fim-de-semana tive de fazer várias viagens (idas e voltas), de cerca de 50km cada uma. Um vaivém que, apesar de ser por uma boa causa e mesmo para quem, como eu, gosta muito de conduzir, se tornou algo difícil de fazer, dado o cansaço acumulado e a monotonia do “dejá vú” do cumprimento sempre do mesmo caminho.

À medida que as minhas viagens se sucediam, dei-me conta que a realidade não precisava propriamente de ser assim e de que era meio absurdo a malta ainda ter de andar para a frente e para trás, perdendo tempo e com um grande desgaste físico e material (óleo, pneus, combustível, etc.).

Tudo seria bem mais fácil se a ciência – tal como em tantas outras coisas – já se tivesse chegado à frente, inspirada pelos filmes de ficção científica, e tornado real o já tão badalado projecto do TELEPORTE.

Para quem anda distraído e não sabe o que é (porra!... quem não souber isto só pode andar por aí a cair nas tampas de esgoto abertas, mesmo que elas estejam protegidas por barreiras de segurança!...), o teleporte consiste na deslocação de massa física (corpos, objectos) de um ponto “A” para um ponto “B”, utilizando a “desconstrução” e reconstrução molecular. Ou seja, algo ou alguém poderia deslocar-se de um sítio para outro… sem percorrer o caminho até lá; simplesmente, desaparecia de um lado, aparecendo no destino.

Era uma boa! De facto – e voltando às minhas viagens deste fim-de-semana – eu só teria ganho com isso. Teria descansado mais em casa e aproveitado mais o tempo na rambóia (e a praia bem que estava agradável, diga-se, a bem da verdade!…). Mais; tinha poupado o meu rico Punto ao desgaste inerente a tanta deslocação e – em tempo de crise – qualquer tostão economizado é cada tostão ganho, certo?

Interrogar-se-á o InSensato Leitor se isto do teleporte seria seguro e tal… Pois… não sei!

Adivinho que os cientistas (esses preguiçosos que ainda não chegaram a bom termo com uma invenção que cumpra com essa velha ideia humana de se deslocar sem esforço) argumentem que o teleporte e a consequente alteração molecular dos objectos e corpos a transportar de “A” para “B” seja perigoso e, numa primeira fase, muito dispendioso. Já eu, contra-argumento com uma só palavra: telemóvel. Quando surgiu, quase toda a gente dizia que fazia mal a tudo e a mais alguma coisa, que deformava o cérebro, ensurdecia o povo, provocava 123645 tipos de cancro e – sei lá – gangrena auricular. Além disso, quando os primeiros telefones móveis apareceram no mercado, custavam 800 contos. Hoje em dia, já ninguém acredita que o telemóvel faça assim tanto mal à saúde e os aparelhos custam agora uma bagatela.

É óbvio que as imagens que vimos no filme “A Mosca” não abonam a favor do “bom-nome” do teleporte (ou futuro teleporte), mas acredito que essa malta da ciência já não cairia no erro de construir uma máquina sem um insecticida incorporado, não é? Por outro lado, sonho com o dia em que poderei finalmente “encarnar” personagens tão míticas quanto Captain Kirk e Jean-Luc Picard, que corriam para a sala de teleporte da StarShip Enterprise, diziam «Beam me up, Scottie!»… «Energize!»… e apareciam noutro sitio completamente diferente.

Espectáculo!!!!

InSenso Especial de Natal




Antes de tudo mais, a todos os InSensatos e demais visitantes (ocasionais ou que simplesmente tenham cá vindo parar por engano – acontece muito!…), desejo um Santo e Feliz Natal, junto de quem mais amam, nesta quadra de emoções, encanto, amor e partilha.

Dito isto, e caso por aí haja mentes descompostas a tentar entender o título e o primeiro parágrafo deste InSenso, esclareço que… não; não estou enganado e sei perfeitamente que não estamos a 25 de Dezembro, mas sim a 25 de Julho. E por quê fazer um “Especial de Natal” em pleno verão? Simples. Porque «Natal é sempre que o Homem quiser» (uma expressão 1001 vezes adaptada a outras tantas situações em que um gajo queira justificar alguma coisa que faça fora de tempo… mas que fica sempre bonita) e porque – e aí vem uma heresia das grandes – eu cá julgo que, se a portuguesada fosse esperta, mudava a quadra natalícia para agora e mandava lixar a cena de esperar até Dezembro.

Passo a explicar esta minha parva, mas contundente, convicção.

O Natal já pouco tem de religioso (e, isso, não tem ponta de heresia minha; é um facto). Logo, ser a 25 de Dezembro ou a 3 de Março… pouca diferença faria, certo? Assim com’assim, mudava-se logo para o verão (Julho, mais exactamente) … e ainda se mantinha o dia 25, só para não parecer muito mal.

A mudança (temos de estar conscientes disso) só traria benefícios à malta toda. O emigrante vinha – como já vem – para as “vacances” e aproveitava para trazer os “cadeux’s” e fazer (mais) umas grandes “fétes” com a famelga. Comida e bebida a rodos já os há, só com o pretexto de virem de férias… faria se fosse Natal…!

Mais; o comércio também ganhava com a alteração do calendário. As lojas veriam, certamente, com bons olhos, a existência de um Natal em Julho, atura em que, tradicionalmente, vêem-se e desejam-se para vender um ou dois artigos por dia. No entanto, não estou absolutamente certo de que os lojistas prefeririam uma simples modificação da data de comemoração do Natal ou a existência de DOIS, mantendo-se também o de Dezembro…! Se calhar, vou ter de fazer uma sondagem acerca disto.

Também para a televisão isto seria jeitoso. Com a ida de férias dos principais apresentadores dos programas da manhã e da tarde, os canais passariam as tardes (de meados de Julho até meados de Agosto) a transmitir emissões do Natal dos Hospitais. A única grande dificuldade seria (tal é a agenda dessa malta de Maio até Setembro) ter cantores pimba para actuar…

E, por fim (que não me quero alongar – já que tenho de ir ao shopping comprar umas prendinhas), parece-me que 25 de Julho seria uma boa altura para festejar isto. É que, se virmos bem as coisas, a gente nunca tem neve, como os países nórdicos têm no Natal (e é essa a “imagem” da quadra). Já sol (como os australianos e os brasileiros têm em Dezembro) nós temos… e muito, só que só no Verão! E ver as miúdas na praia de bikini vermelho e rebordo de pêlo branco, ao jeito de Mãe-Natal...! Isso é que era assunto, pá! Bom… gajos gordos de bermudas vermelhas e cinto branco, com a barriga a galgar os limites do calção e a gritar “Ho Ho Hooooo!” no meio do areal… eu dispensava. Mas as meninas, em Christmas Swim Suit… venham elas!

Confio ter esclarecido esta minha visão, que espero seja de alguma forma inovadora e digna de discussão futura, por parte de quem de direito. Por mim, estou aberto ao esclarecimento de toda e qualquer dúvida que, por exemplo, a Assembleia da República venha a ter no avanço para esta possível nova realidade.

Até lá, claro,… Boas Festas!

Power to the Pêlo



Nota prévia:

Este é um post que, agora que está todo escrito e aproveito para acrescentar um pequeno intróito, penso ser mormente dedicado à InSensatude Fêmea, mas também a todos os InSensatos que sofram deste trauma após o chamado corte diário da barba ou uma “tosquia” mais abrasada no salão do barbeiro lá do bairro. Mas passemos, então, ao tema que nos traz aqui, sem mais demoras. Let’s look at an InSenso

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O pêlo encravado – há que reconhecer este estranho facto da vida – não goza da posse de personalidade jurídica. Mas, se calhar, devia!… Aos problemas que causa, a tanta gente, bem que podia ser cabalmente responsabilizado (e as suas vítimas devidamente ressarcidas) por danos e transtorno causados amiúde na vida da malta em geral.

Se não me engano, o pelume que encrava e se enrola na pele, criando inestéticos altos dérmicos, pontos negros e borbulhas bicolores (vermelhonas e de cabeça muito branca), fá-lo de forma vingativa e maldosa, em pura retaliação pelo corte, desbaste ou extracção dos membros da sua comunidade. Ao olho do pêlo [estive para escrever “à vista do pêlo"… mas “ao olho do pêlo” é claramente muito mais non-sense e, por isso, mais interessante de usar], o humano é assim como que um infractor dos mais básicos direitos do pêlo. E por isso desforra-se. Mas, basicamente,... o gajo está errado.

Como acima já referi, o pêlo não tem personalidade. Logo… não tem direitos. Aliás, quanto a mim, é meramente um simples (e, muitas vezes, indesejável) ocupante de “território” na pele da malta. Um colono que, em não se gostando dele, tem mais é que ir à vidinha dele para as urtigas… ou, melhor, tem mais é que (como o maior dos males) ser cortado pela raiz e “adeus ó vai-te embora”. Acontece assim, por exemplo, com o corte diário da barba masculina e a frequente depilação feminina. Mas o pêlo acha que não deve ser assim; é parvo e decide fazer assim uma espécie de “greve de zêlo de encravanço”.

No meu caso particular, o stress é mais com a chamada bolhanga no escalpe, já que o meu cabelo aparenta não apreciar o corte a que o submeto todos os meses. Vai daí, uns poucos dias depois, lá me aparecem umas borbulhas dolorosas no coiro… cabeludo.

Já no caso do avarage espécimen feminino, esta problemática do pêlo encravado é um caso mais bicudo. Principalmente porque a infracção aos direitos fundamentais que o pelume julga ter é mais continuada e largamente em maior proporção (“territorial”, entenda-se). O corte e extracção dos pêlos faz-se por métodos arrepiantes (só de pensar na cera quente…!) e nos locais mais… complicados. Se a represália for equivalente em crueldade, então eu diria que o pêlo encravado tem fortes possibilidades de ganhar - ou, pelo menos, ficar muito perto da vitória - na “batalha” travada na axila, na perna, no buço e até (Uiii!!!...) na virilha….!

Mas isso… só as InSensatas Leitoras poderão confirmar.

Dente SuperStar


Se há coisa lamentável nesta vida é um gajo capacitar-se de que passou ao lado de uma grande carreira. E eu - ao que tudo indica - passei ao largo de uma oportunidade fantástica de estrelato que, certamente, me daria um status social e económino bem melhor do que aquele que tenho hoje. Realmente, um tipo aperceber-se de uma coisa destas... é razão mais que suficiente para ficar com um "melão" desgraçado!

Há uns meses atrás, numa simples ida ao shopping para uma sessão de cinema ao fim da noite, fui confrontado com a seguinte sequência de afirmações, a mim dirigidas: «Olha lá!... Já viste que a tua dentada na minha tosta mista é perfeitinha? Olha! Notam-se muito bem os contornos dos dentes todos! Sim, senhor!... Ora aí está uma dentada digna de aparecer num poster ou num outdoor, numa publicidade a pão de forma ou algo do género!...».

Na hora, senti-me elogiado mas não fiz grande caso. O assunto foi arrumado numa parte obscura da minha mente (provavelmente, na pasta "Elogios Giros mas Absolutamente Inúteis") e ali ficaria, esquecido, não fosse a coincidência (ou não...) de há pouco tempo me terem dito algo semelhante, mas em relação a uma trinca que dei numa deliciosa maçã verde e viçosa. Mais uma vez, os contornos dentais e a perfeição do recorte foram abundantemente lisonjeados. E isso fez-me perder um bocado de tempo a pensar no assunto.

Se esta minha característica salta logo à vista de pessoas com tão poucas razões para me elogiar (afinal, em ambos os casos, eu tinha acabado de tirar grandes nacos dos lanches deles!...), então, havia ali algo que, lamentavelmente, me tinha escapado até agora. Os meus dentes têm um star-potencial do caraças e eu... não sabia!!!

Lembrei-me imediatamente do caso da tipa que tinha "emprestado" as pernas dela à Julia Roberts, no filme "Pretty Woman". Shelley Michelle foi a "dupla" cujas pernas jeitosas apareciam no corpo da actriz - entretanto já vencedora de um Oscar. Neste caso, o milagre da edição de imagem possibilitou a Julia Roberts mostrar uma pernas bem mais torneadinhas do que as magrelas que tinha na altura e permitiu a Shelley Michelle ganhar umas boas massas num negócio claramente proveitoso.

Fui logo às Páginas Amarelas. Ora... castings artísticos... deixa cá ver... castings para dentes... castings ... castings... Nada!!!! Como sempre, é nestas coisas que vemos que o nosso País "nunca há-de ir a lado nenhum"! É mais um caso típico de negligência e desaproveitamento dos dons nacionais!... Tanto talento (neste caso, meu... ou melhor, dos meus dentes bem torneados) e sem chance de ser aproveitado, esbarrando num autêntico beco sem saída.

Confesso que já me arrependi de alguma vez ter embarcado na onda de que podia vir a ser uma superstar, baseando-me naqueles simpáticos elogios feitos por quem achou a minha dentada algo de extraordinário. Agora, há só algum desgosto em mim. Afinal… estive tão perto… ou então não!...

Senhores de empresas como a Panrico, a Bimbo ou até da multinacional Apple Computers,... se me estiverem a ler... e precisarem de uns dentes porreiros para publicidade...!





Foot Fetish


«I'm in love with my feet!» – disse Kate, mesmo antes de se deitar, nessa noite. Era a primeira de duas pernoitas passadas em Melbourne, naquela que era até ali a grande aventura das suas vidas. Nunca tinham saído de Woonona e, ao invés de viajarem para Sidney (como seria mais lógico), preferiram rumar mais a Sul e conhecer a cidade que um dia tinha recebido os Jogos Olímpicos.

Nas camas ao lado, a Val, o Glenn e o Streetie, companheiros de viagem e amigos de longa data (em férias de um ano cansativo de faculdade), não perceberam logo o que ela queria dizer e no quarto da pensão um silêncio pouco habitual simplesmente aconteceu.

«Sim. Estou apaixonada pelos meus pés! Ouviram bem!... Porque é que estão a olhar para mim?!?»

Este reafirmar tão vigoroso pasmou os jovens que não percebiam bem de onde vinha raciocínio tão invulgar. Se bem que a Kate até era conhecida por ter umas “saídas” totalmente inesperadas… mas normalmente era só sobre os outros (tipo celebridades e assim…), em jeito de fofoca, de preferência “deitando abaixo” alguém do jet-set ou do mundo do cinema. Esta tirada era, de algum modo, diferente das outras.

Beber, não tinha bebido. Drogar-se… nunca tinha acontecido e ela até sempre rejeitou até o mais inofensivo dos charros…! Mas lá estava ela, de pés e pernas ao alto, virados para a cabeceira da cama e com a cabeça a sair fora dos limites do colchão, enquanto o resto do grupo se interrogava mais e mais. Uma única coisa fazia com que a moça, apesar de desconfortável, se mantivesse a fazer força no pescoço para não deixar descair a cabeça: mirar os pés. Como de se uma escultura ou um quadro numa galeria se tratasse. Minuciosamente e com prazer, Kate cobiçava os seus próprios pés.



Esta estória de universitários australianos em férias, pois… vale o que vale, é certo. Mas o que aqui se me ressalta à vista é que dificilmente alguma vez algo do género se passaria, por exemplo, com este InSensato que se vos dirige neste momento. Os meus pés são absolutamente horrendos e isso, quer eu queira quer não, mancha a minha vida de uma forma deprimentemente indelével.

Posso dizer que tudo começou na minha meninice, quando comecei a pedir aos meus pais que me comprassem sapatilhas largas porque não gostava de sentir os pés apertados, quando jogava à bola na eira, junto ao quintal. Depois do futebol lá em casa, veio o futebol federado, uma passagem pelo basket e ainda o atletismo, que pratiquei nove anos consecutivos. Não admira, portanto, o “Pé 44 ½” que malta “angariou” ao longos os anos!…

Pessoas de pés feios, como eu, não têm a vida a sorrir-lhes na cara. A rir-lhes da cara (e dos pés), sim… mas a sorrir simpaticamente, não. Por exemplo, não que seja tema de conversa permanente (também… não faltaria…), mas quando o assunto vem à berlinda, a malta nunca fica bem vista. «Ah… e tal… pé grande… o resto é pequeno, de certeza!», «Dá pra dormir em pé, não?», «Não precisas de barbatanas para nadar mais depressa!»… já ouvi de tudo.

E quanto a fazer parte do universo dos amantes de pés (os “foot fetichistas”)… é esquecer esse assunto logo de uma vez, porque isso nunca que nunca vai ser possível. Em vez de dar prazer, o mais que poderia acontecer era assustar quem quisesse ter nos meus pés um pólo de sensualidade. Aliás, outra coisa não seria de esperar... com estes pés longos e escazelados, em que o dedo "mindinho" se encaixa meio por baixo do dedo seguinte e em que os restantes são como o pé que lhes dá "abrigo", longos e escanzelados.

Não tem este post outro intuito que não o da mais pura e simples auto-humilhação pública de um InSensato Autor que, para além do que diariamente aqui já imbecilmente defende, discorrendo sem nexo nem traço de discernimento, simplesmente (e ao contrário de Kate, a menina da faculdade), abomina os próprios pés.

3 em 1



I

De uma forma geral, e como bom cidadão que tento ser, sou a favor do uso obrigatório do colete de sinalização para os condutores que, por algum motivo, tenham de sair das viaturas a meio de uma viagem ou simples deslocação, reduzindo as probabilidades de acidentes. Por este prisma, há então que aplaudir a aprovação da Lei.

No entanto, há uma coisa que o novo Código parece não prever e que me preocupa sobremaneira.

Não vejo, em qualquer um dos parágrafos do Decreto, aquela que para mim seria a mais que justa referência à (inevitável) excepção à regra. Qual? Ora... o tão lusitano costume da saída para a chamada mijadinha-de-beira-de-estrada!

A Lei não esclarece esta situação. Aquando da saída de alguém da viatura para aliviar a bexiga, deverá ou não essa pessoa vestir o colete, já que, como diz a nova legislação, a vestimenta fluorescente terá de ser utilizada sempre que o condutor saia para ir buscar e colocar o triângulo e proceder à reparação necessária? Ou seja, a malta tem de vestir SEMPRE (e em qualquer situação) o colete sinalizador (e, neste caso, a mijadinha seria considerada uma "repação"... o que também não é de todo mentira) ou a saída para a vazão do micto não é contemplada por esta medida do Código da Estrada?

Eu avanço já a minha opinião. Desde que saiu a Lei... não parei mais para “mudar a água às azeitonas”. Porquê? Por duas razões. 1º, porque não quero correr o risco de ser multado por uma saída para mandar uma mijada (além do mais, seria muito mau ser multado num momento tão delicado como é o de ter o "coiso" nas mãos); 2º, porque saindo do carro com o colete, tentar fazer o xixizinho de uma forma discreta (recordo o cuidado que todos temos em encontrar o arbusto certo, atrás do qual descarregamos o bexigal) torna-se uma utopia incomensurável.


II

Se há palavras cujos vocábulos "homólogos" em línguas estrangeiras deixam muito a desejar, também há palavras cuja tradução em português é simplesmente desastrosa.

Maracujá. Nem mais. Em inglês, o fruto tem um nome bem catita: Passion-Fruit. "Fruta da Paixão" é, de facto, uma denominação muito bonita para uma fruta que é - há que dizê-lo - feia. No entanto, "maracujá" é um nome bem mais mal-parecido... até do que a própria fruta em si.

Não vejo como um nome (em português) possa ter ligação com o outro (em inglês). Ou melhor... até posso ver... mas não passará de uma "opinação" parva sobre a coisa.

Será que o excerto "cujá" na versão latina seja o equivalente, para os ingleses, ao excerto "Passion"?!? Acredito que haja quem ache que sim. Mas parece-me, simplesmente, um bocado mal,… não?


III

Acredito que grande parte dos habitantes da Bélgica nunca tenha ido aos Estados Unidos; tal como a esmagadora maioria dos americanos não sabe onde (ou o que) é a Bélgica.

Sendo assim, como é possível que as bolachas Belgas sejam tão parecidas com a Bolacha Americana? Não percebo.

El Escaldón



Estou em crer que, em certas coisas, sou uma absoluta desgraça, mas que, não bastando isso, numa data de outras coisas, sou um absoluto... desgraçado.

Parece-me ser este o caso do meu Escaldão Anual, assim já por mim nomeado, visto que acontece uma vez por ano, sensivelmente na mesma altura, e numa única ida à praia. A repetição do sucedido e dos seus pormenores já o tornam assim numa espécie de evento anual que, a continuar, mais vale apontar logo na agenda, para não surgir de surpresa, com tem acontecido.

E, de facto, após o maior de todos me ter acontecido o ano passado... voltou a acontecer este ano. Na mesma praia, no mesmo mês, mais ou menos no mesmo fim-de-semana e quase da mesma forma. A diferença esteve no facto de que, de pré-aviso devido ao dramático escaldão que apanhei há um ano atrás, desta vez tive o cuidado de passar por três vezes (!) um creme protector pela pele. Uma atenção que rendeu como o caraças, está visto!...

O dia de praia estava óptimo. Muito sol, só uma ou duas pequenas nuvens no céu, temperatura agradável (nada de muito calor) e mar invulgarmente calmo e praticamente sem ondulação. Um dia perfeito para gozar os prazeres de uma ida à praia. Ao fim de cinco horas, o calor era maior na pele do que no ar e toca de voltar para casa, onde foram conferidos os avultados "estragos", causados pela sobre-exposição da InSensata Pele ao sol. Não me alongo sobre este aspecto, digo só que... está "mauzito".

O ano passado - pequena consolação - foi bastante pior. De tão cansado que estava, adormeci na areia, por volta do meio-dia, sem protector solar. Ainda me dei ao luxo de rolar (como se estivesse na cama - tal era a minha necesidade de dormir naquele dia), tornando, assim, mais fácil o trabalho do "sol-grelhador" que se juntou à festa. Resultado (até pelo pormenor de eu rodar o corpo): digamos só que agora sei - ou penso saber - minimamente o que sentirá um porco no espeto (ou "pígue íne spáite" - que é o termo técnico mais correcto). O caso foi de tal forma grave que o farmacêutico me aconselhou a consulta a um médico e eu andei duas semanas a sofrer fortemente.

Desta vez... estou em versão "camarão semi-escaldado em água a ferver". Vermelhão, pois claro. Dorido, também. Mas nada que se compare. Há a dorzinha nas costas (zona mais vermelha", nas "dobradiças" (atrás do joelho, devido às fricções "pele-com-pele" e "pele-com-pêlo") e imediatamente por cima do calcanhar que, inexplicavelmente, é a zona mais afectada por queimadura. Estranho...!
Agora, além de andar dependente de cremes, o que é meio abichanado, tenho a barriga e as costas vermelhas e também não me fico nada satisfeito, visto que pareço ter uma camisola do Benfica vestida 24 horas por dia (pá...Deus m'a livre!!!).
Dois motivos que me bastam para bater na madeira não querer que volte a acontecer...! Porra!...

Chien-Gato



Dois anos. Há 731 dias atrás (o ano passado foi bissexto, não foi?), decidi concretizar um desejo antigo. Para tal, peguei na minha viatura auto-própria, fui ao Animal Shelter (como o proprietário - um simpatiquíssimo velhote britânico - lhe chama) e trouxe para casa pouco mais de meio palmo de pêlo, unhas e dentes que, apesar de serem "de leite", já às 5 semanas de vida serviam para dar umas dentadas valentes na malta. Chegava, então, ao 3ºB, o infame Mister Jenkins (assim denominado dadas as suas "origens anglo-saxónicas").

Rapidamente esse meio palmo passou a... palmo e meio. As unhas cresceram e os dentes também. E com esse crescimento todo... aumentaram as dores. As minhas, claro! Mãos, braços e tornozelos passaram a ser alvos móveis e, consequentemente, apetecíveis para um felino que várias horas por dia parece estar sob o efeito de Red Bull, pastilhas de esctasy ou de uma overdose de cafeína.

As portas da casa não são minhas... são dele. Os armários não são meus... são dele. O frigorifico... dele. Peitoris das janelas... dele. Sofá... 60% dele (vá lá!... 40% meu!). Estantes, cadeiras e quaisquer outras superfícies onde um gatôncio se possa esparramalhar a dormir... tudo "dele"! O expoente máximo disto é - imagine-se - o bidé, agora transformado em Bebedoiro Oficial de El-Rey Dom Jenkins I, visto que ele bebe água dali... e só dali.

Apesar de dar trabalho, apesar de miar desalmadamente quando não deve, apesar de já ter partido "n" coisas pela casa toda, apesar de me arranhar "dia-sim, dia-também", apesar de me ter dado cabo de um sofá inteiro, apesar de adorar acordar-me ainda bem antes de amanhecer com arranhadelas... Apesar de tudo... o rapaz consegue surpreender-me todos os dias. E isso... não há arrelia que apague.

É o gato mais poupado que conheço. O brinquedo favorito dele é uma bola de papel. Qualquer bola de papel serve! Por isso é que há sempre um "Record" velho ou um "Dica da Semana" à mão, para ser rasgado e fazer as delícias de sua excelência. E ele ainda faz o favor de, depois de ter perseguido e trucidado a bola que lhe atirei, trazê-la na boca para que eu lha atire outra vez" (como está a fazer agora mesmo - no momento em que escrevo este InSenso). Daí a expressão "Chien-Gato".

Não sei que mais diga acerca dele. Que curto a forma como ele se deita de barriga para cima, no tapetão da sala? Que é um gosto dar-lhe o jantar, com ele a dar-me "marradas" nas pernas do frigorífico até à tigela? Que acho piada à forma como me recebe quando chego a casa? Que não me importo quando ele faz uma mijada onde não deve? Bom... isso... não digo. Porque, na verdade, fico lixado da vida.

Mais de resto... tem sido "one hell of a ride"! Porque o meu gato... é um espectáculo!

:-)

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A leitura deste InSenso não dispensa a consulta do Pequeno Nada e da InSens'Imagem de hoje.

Enfrascado




Recentemente, sem mais quê nem para quê, reparei que guardo todos (ou quase todos) os frascos que uso. Frascos de tudo e mais alguma coisa.

Compota, salsichas, grão-de-bico, mel, feijão... seja o que for!... O conteúdo acaba, lava-se o frasco e guarda-se no armário, onde já "moram" umas boas dezenas de outros frascos, de tamanhos vários, apertados e amontoados, chegando mesmo grande parte deles a desafiar fortemente as leis da gravidade e, claro, as da resistência natural do vidro.

Aliás, pensando bem, e olhando para o que ali vai de recipientes de vidro... há uma forte possibilidade de eu ter guardado mais ou menos exactamente cerca de... todos os frascos com que me cruzei nos últimos... 29 anos! São tantos, tantos, tantos, que... para que é que eu os guardo?!? Afinal... nunca, em ocasião nenhuma da vida, vou eu precisar de tanto frasco ao mesmo tempo! A verdade é essa! Mas não; nem esse (e, uma vez por outra, talvez possa usar aqui esta palavra... estranha) sensato argumento me demove. Os frascos lá continuam, apinhados no armário, à espera de um uso que provavelmente nunca terão.

No entanto, há que não olvidar as habituais "vítimas co-laterais" de todas as guerras. Neste caso, as vítimas desta minha guerra pessoal (e irracional) com a "normalidade" de deitar fora os frascos já usados.

Frasco que é frasco de pouco ou nada serve se não tiver uma tampa... que o tape, obviamente. Pelo que, sempre que guardo um frasco vazio no armário, a respectiva tampa segue um caminho semelhante, só que para uma gaveta, logo abaixo da dos talheres. Ou seja, isto quer dizer que eu não só "colecciono" frascos, como também angario tampas e mais tampas que, tal qual os recipientes a que pertencem, dificilmente alguma vez serão postas ao uso.

Ora... o que eu sou é um ser humano simplesmente desprezível. Porquê? Porque não me lembro de alguma vez ter pedido opinião nem aos frascos, nem muito menos às tampas, antes de os guardar para sempre num armário ou numa gaveta por baixo da dos talheres. Vá... que os frascos não se importem assim tanto, eu não duvido; até porque... qual é o futuro da frascalhada? O vidrão. Uma espécie de lugar maldito que os frascos (e as garrafas) evitam a todo o transe, pois sabem perfeitamente que dali já não saem senão em bocadinhos e directamente para um doloroso processo de "cremação".

Já para as tampas é diferente. Acredito que o futuro lhes seja bem mais sorridente. Não perdem o emprego nem são "incineradas"; simplesmente... mudam de frasco! Mudam para algum com um produto mais agradável do que o do frasco anterior, assim ao estilo de uma promoção por ter aguentado o convívio, de meses a fio, com meio quilo de feijão manteiga ou algo do género. Logo - por esse princípio - eu estou a privar as tampas que guardo na gaveta por baixo da dos talheres de seguir esse futuro. E isso põem-me algum peso nesta minha InSensata consciência.

Agora estou dividido. Acabo com esta injustiça? Ou deixo tudo na mesma?

Se liberto as tampas, fico sem forma de tapar os frascos. Frascos sem tampas não me servem para nada e, assim, terei de me ver livre dos frascos também. Mas, inexplicavelmente, não consigo conceber a possibilidade de um dia vir a precisar de uma data de frascos e não os ter em número suficiente!!!

Que dilema!!!...

: [



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Não fazem ideia do que é chegar ao fim do dia e não ter uma única ideia na cabeça. Bom... o resultado está à vista. InSensos sobre frascos... e tampas...!?

Sabe Deus...!

Aviação sem motor




Admito que as linhas que se escreverão/lerão a seguir poderão levantar polémica por causa da velha questão do machismo exacerbado, estúpido, vil e diminuidor da dignidade feminina.

Acerca disso, tenho a dizer que me estou bem a cagar.

Se quiserem ler, lêem, se não… !

Os tempos de adolescência (que, no caso dos homens, duram a vida inteira) e, principalmente, os tempos de faculdade são o cabo dos trabalhos em termos de descargas mentais de valor… nenhum. Basta pensar que os valores mais altos de um caramelo (“caloiro” ou “semi-puto”, por exemplo) são beber pelo menos 3 litros de cerveja por dia/noite e tentar ter histórias de grandes pranchadas mandadas com 1001 gajas, mesmo que esse número (1001) por vezes equivalha a zero ou um (na melhor das hipóteses).

Hoje revelo aqui uma dessas descargas mentais, que partilhava com o meu colega de casa na altura. Estou certo de que esta terminologia não é um exclusivo nosso (nem isso alguma vez me passou pela cabeça) mas sempre quis passar isto para o “papel”. Logo… aí vai.

Gajas são gajas. E nós gostamos de gajas… boas, de preferência. Na altura, a malta saía de casa e ia beber umas cervejas ao Metrópolis, um café mesmo à frente do prédio (muito bem frequentado ao nível do mulherêdo, por sinal). Para não dar muito nas vistas, e como o meu colega era aluno de Engenharia, o pessoal fingia perceber qualquer coisa de aviação e lá se iam classificando as “aeronaves” que “sobrevoavam” o estabelecimento.

Assim, a malta como que rotulava a mulherada da seguinte forma:

Avião = gaja boa
Avioneta = gaja muito gira mas novita
Jacto = gaja inalcançável
Cessna = gaja de qualidade sofrível
Planador = gaja muito magrinha
Porta-aviões = gaja gorda
B52 = gaja feia (independentemente das medidas)
Helicóptero = gaja de cara feia mas corpo muito interessante (levanta verticalmente e tal…)
Aeronave de grande porte = gaja de peito grande
Concorde = gaja muito boa mas com nariz feio
Aeromodelo = gaja gira mas pequenina/baixinha
Cockpit = cara da gaja
Trem de aterragem = pernas da gaja
Asa delta = gaja gira mas claramente "perigosa"
(normalmente com namorado ao lado - meter-se com ela seria uma tarefa altamente radical)

…e ainda havia os Boeings... 707, 727, 737, 747... Uma designação usada mais nas discotecas ou em locais em que para onde quer que se olhasse… havia gajas longe de serem Cessnas, quanto mais B52's ou porta-aviões. Nesse caso, a malta limitava-se a... babar e a gaguejar os números 707, 727, 737 e 747 que traduziam, respectivamente, “muita qualidade”, "muitíssima qualidade”, “leva-me para casa, rasga-me a roupa, usa-me e mata-me no fim, que já morro feliz” e “leva-me ao altar… JÁ!!!!”.

Ok… confesso a decadência dessa fase da minha existência. Mas que se há-de fazer...
Também... com tanto avião à solta, é óbvio que a malta tinha mais era que andar de cabeça no ar!...



8 anos e 14 quilos depois...



... voltei a correr. Vesti o calção, escolhi uma t-shirt mais velhota, peguei os sapatos de corrida que há muito já não usava... e "ala que se faz tarde". Fui correr. E eu estava decidido! A correr o mais e melhor que pudesse, para acabar com a melhor forma alcançada... e, se possível, com pouco cansaço.

Mas isto de se querer muito uma coisa não quer dizer que se venha a consegui-la. Pelo menos, não sem deitar os bófes de fora a parecer bem. A esta (creio que óbvia) conclusão cheguei eu ... menos de 10 minutos após ter dado o primeiro passo de corrida, tanto tempo depois...!

Este "tanto tempo depois" não é usado "de balde" na frase anterior, claro. O que a expressão significa é que, em tempos idos, este vosso InSensato Autor foi atleta federado, corredor de 100, 200, 400 e 800 metros, com resultados relativamente consideráveis a nível distrital (com alguns títulos conquistados) e nacional (com várias idas a campeonatos nacionais e duas presenças no ranking dos 10 melhores do ano, em Juvenis e Juniores... o que não é nada mau). Ou seja, antes de me dar para balbuciar parvoíces para um ecrã de computador, eu até era um tipo respeitável e em forma. Agora...!

Bom... mas a verdade é que a minha ida para um footing ao fim da tarde, em vez de me trazer recordações, trouxe-me todo um conjunto de surpresas que eu, sinceramente, não esperava encontrar.

Dantes, a coisa fazia-se bem. A malta equipava-se e, sem grande espiga, começava a correr a bom ritmo (passava-se uma data de malta que só andava no jogging) para só parar uma hora depois, sem grande esforço dispendido. Havia muitas curvas (que se faziam rapidamente) e poucas rectas (que se faziam ainda mais rapidamente). Via-se pouco mais do que o carreiro na mata (ou a pista no estádio) e valas, socalcos ou ladeiras não eram obstáculos sequer dignos de registo.

Ontem. A malta equipou-se, não com o calção de atletismo nem com aquela t-shirt mais justa ao corpo (claramente, por causa da redução de atrito) mas sim com um calção mais tipo calção de ténis e uma t-shirt... digamos... mais larga e, consequentemente, menos embaraçosa. A corrida começou ao ritmo... possível (curiosamente, uma data de gajos passou por mim a alta velocidade; alguns deles... várias vezes! Estranho...) e 10 minutos depois... era mais do que hora para a primeira paragem (assim tipo... mesmo antes do desfalecimento). As curvas eram looongas e as rectas estranhamente intermináveis! Vi pássaros, lagartixas, moscas e mais fauna que houvesse para ver. E obstáculos... sabe Deus! Se até desviar-me das poias dos cães me custava... quanto mais subir uma rampa!!!

Foi uma desgraça! Estou com dores em músculos que nem sabia existirem, corri pouco mais de 15 minutos e senti que os meus pulmões estavam a pensar mudar-se para o corpo do primeiro gajo com ar mais saudável do que eu que passasse por mim... Enfim... uma miséria!

O pensamento em deixar esta ideia maluca de voltar a correr passa-me pela cabeça 17 a 32 vezes por hora (basicamente, sempre que me doem os músculos), por isso, pondero seriamente... continuar a correr! Porquê? Bem... Na verdade, esta já não é a primeira vez que tento o regresso à boa forma, mas a falta de um compromisso escrito e testemunhado por outras pessoas sempre me deu algum "espaço" para a desistência. Agora está dito... e está escrito!

E raios me partam se eu não chego aos 30 em boa forma, caraças!!!

Rapidinhas Românticas?!?!


Ando meio embasbacado com algo que se me afigura como perfeitamente basbaque. O mesmo é dizer que, nos últimos dias, me dei conta de um facto basbaque que me causa um certo e determinado… embasbacamento.

Altura boa para o InSensato Leitor esquecer as 35 palavras (e respectivas 169 letras) do parágrafo anterior e tentar seguir em frente com a sua vida, esperando que não tenha vindo mal de maior à sua estrutura mental de cognição. Mais 40 palavras e 189 letras para esquecer…

Ouvi falar numa «cena nova», chamada
Speed Party. Uma festa em que os participantes têm… 4 minutos para conhecer e falar com outra pessoa e ver se essa pessoa lhe interessa para uma relação mais frutuosa e – espero eu, pelo menos, que seja assim (caso contrário, “estamos” mal…) – duradoira.

A
Speed Party (a primeira vai acontecer em breve em Lisboa) é um conceito derivado de outro conceito igualmente estranho: o Speed Dating. E… o que é isso?

O Speed Dating é uma forma de conhecer pessoas sem aquela coisa da pressão de estar num encontro (“date”) uma noite inteira – recordo que os americanos têm muito o hábito de embarcar em aventuras esquisitíssimas de “blind date”, em que duas pessoas se conhecem na hora do seu primeiro encontro (assim como aqueles cafés que se vai tomar com a malta que se conhece no IRC e tal…), o que equivale a dizer que dá quase sempre para o torto e as duas pessoas, descobrindo que nada têm a ver uma com a outra, apanham a estopada de fazer o frete até ao final da noite a aturar-se mutuamente.

Logo, o Speed Dating (inventado por uma organização judia americana) promove pequenos “blind dates” de 4 ou 8 minutos e, numa fase mais avançada (assim tipo “Nível 2”), séries de 25 encontros (sem limite de tempo), que eu entendo com sendo algo como um “namoro a prazo”. A minha estranheza nisto tudo é de que o conceito vingou bem em países como Inglaterra, Espanha, Canadá, Itália, Austrália e, claro, Estados Unidos. Em comum (nos testemunhos que li), a satisfação de não se perder tempo com pseudo-relações que não vão a lado nenhum.

Isto parece-me preocupante, no mínimo.

Então não é de perder tempo que se trata, isto de conhecer pessoas?... 4 ou 8 minutos não dá sequer para saber que pasta dentífrica a outra pessoa usa, quanto mais se tem as vacinas em dia ou se não sofre de qualquer desgoverno mental grave que prejudique a relação, como psicopatia assassina ou cleptomania aguda (se bem que a esquizofrenia não seja má de todo – recorde-se o conceito “uma lady na mesa… uma louca na cama”…).

Se não se perder tempo a descobrir as características mais básicas (e as outras mais interessantes) de alguém… então, 4 minutos só é um tempo aceitável para malta que só goste de sexo em “rapidinhas” ou que sofra de ejaculação precoce!...

Bom... mas também temos de ver que foram os americanos a inventar o conceito. Um povo que acha que um convite para tomar café é a coisa mais romântica que uma pessoa pode dizer a outra... É verdade! Basta ver um qualquer filme ou série mais romântica "Made in USA" com atenção!... Os olhinhos (abertos e quase lacrimejantes) que eles fazem uns aos outros quando aparece a frase «May I take you for a cup of coffee?...». Ficam todos derrertidinhos e a cena seguinte é quase sempre a passita de cigarro, partilhada, no meio dos lençóis retorcidos. Enfim...

Eu, por mim, não vejo grandes vantagens nisto do Speed Dating, tenho de o dizer. Então e se a “pessoa ideial” surgir numa destas Speed Parties?!? Ao fim de 4 minutos… acaba o tempo de falar com ela e avança-se para outra pessoa!!! E aposto que nunca se chegou ao ponto da conversa em que se revela que o grande sonho mútuo é de encontrar alguém que enjoe com caril e goste de comer crepes enrolados (em canudo) recheados com doce de morango!...

Está mal…

Post Prolixo


Não ‘postei’ mais cedo porque os últimos dias para mim têm sido perfeitamente calamitosos. Nada que não passe… mas há que passar por eles também, certo? Só é chato é que um gajo fica um “petit-peut” cansadote.

No entanto, e sendo que estes dias me têm parecido eternais ao ponto de julgar mesmo que nunca mais chegam ao fim, surgiu-me (por intermédio do admirável processo da auto-sugestão) a ideia de escrever em torno desse belo vocábulo “à beira-gramática plantado” que é a palavra “prolixo”.

«
do Latim, Prolixu; adj.; difuso; demasiadamente longo; superabundante na expressão até se tornar fastidioso e obscuro»

Ora… De facto, os meus dias têm sido… prolixos, sem dúvida.

8 da matina… toca o despertador, colocado junto à cama. E, voltar a ela [à cama, entenda-se], só lá para a uma da manhã!… Isto, se o sono entretanto tiver sido um gajo porreiro e aparecido para cumprir o seu papel, obviamente. Pelo meio ficam várias horas a escrever palavras tão (ou mais) sem nexo do que estas que lidas são neste burgo azul e imbecil, duas ou três discussões sobre o sexo dos anjos pela via do tema “visão de futuro para a instituição” a cada ofício que se escreve e outras várias horas a não fazer "nenhum", quando o que mais apetecia era fazer alguma coisa de jeito mas parece ser melhor estar parado que é para não fazer desgraças. Tudo isto à espera de que o sono compareça para mais uma noite que, sei de antemão, será cheia de sonhos parvos e também eles... prolixos. A isto chamo eu um dia super-mega-estupido-prolixo. Um dia… normal, portanto.

O giro da coisa é que eu até nem desgosto de algumas coisas prolixas.

A prolixa ladainha dos "vendedores da banha da cobra", que nunca mais acaba, mas a cada minuto que passa se torna estranhamente mais interessante, é o perfeito exemplo disso.

Tudo nessas conversas sobeja e transborda de inutilidade. Ele é pomadinhas para aliviar as dores ciáticas... facas para cortar manteiga em dia de sol… fivelas que humanamente são impossíveis de colocar num cinto… livros de aprendizagem de equitação para maiores de 78 anos… Enfim, todo um “mundo” de oportunidades que vale a pena desperdiçar.

No entanto, até há quem seja esperto e lucre à força toda com os mais recentes métodos de "venda da cobra". Os InSensatos Progenitores são um espectáculo na mestria que demonstram neste particular. Fartam-se de passear à borla (ou quase) para tudo o que é sitio deste País e do Estrangeiro (que, como é sabido, é ali uma terra ao pé de Badajoz, quando se vira à direita, como quem vai a caminho da fronteira de Valença, em direcção a Tordesilhas), à custa dos coitados dos charlatães dos tempos modernos. Eis o meu mais recente diálogo ao teleportátil com eles…

- Tô?
- ‘Atão, Quinito?
[
se alguém gozar com isto do “Quinito”… eu JURO que fecho o blog e não volto mais!!!...]
- Está tudo bem?
- Está!!! Adivinha onde a gente está?!?
- …?
- Em Castelo Branco!!! A comer bem! No Hotel “x”!!
- Castelo Branco?!?
- Sim! A gente veio numa daquelas excursões…
- E vão ter de ouvir aquelas cenas das vendas de tachos, não?
- Oh! Deix’-ós falar!... Já estão ali há uma hora a convencer mais de metade da malta e a gente veio aqui pró cantinho comer uns queijitos…! É só ir acenando com a cabeça de vez em quando que eles pensam que a gente está a gostar e depois não compramos nada!
- Estou a ver…
- E assim com’assim… a gente passeia!

E assim sucedeu quando foram ao Gerês, ao Ribatejo… e até a Madrid!

Ora… sendo assim, não sei quem vende a "banha da cobra" a quem… mas isso pouco importa.

O que e me interessa a mim é só que o facto de todos nós pararmos mesmo para, de vez em quando, ouvir estes “mais escusados dos escusados” faz-me ter esperança que este blog ainda tenha um futuro… por muito prolixo (ou simplesmente pavo) que seja o que eu escrevo.

Pensando bem… este InSenso está… prolixo. Por isso, acaba aqui… ou então, mandem-no… “pró lixo”!*

:-)


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*
A Gerência admite que esta "punch line" é OFICIALMENTE o fim mais foleio e forçado de todos os tempos aqui no InSenso Comum. Pelo facto, o InSensato Autor apresenta as suas mais respeitosas desculpas ao InSensato Leitor, que culpa não tem de a falha na "psique" de quem escreve seja, também ela, algo de muito prolixo.

7 Pensamentos Parvos



Porque hoje é dia 7 do mês 7 (ou só porque me apeteceu)…

O InSenso Comum tem a (pouca) vergonha de apresentar…


“7 Pensamentos Parvos”


#1: Os antepassados do papel higiénico e do fio dental deviam estar mesmo muito necessitados de dinheiro quando aceitaram os empregos que mais ninguém queria. E com esta decisão hipotecaram todas as hipóteses dos seus descendentes terem uma vida decente...

#2: A cantora Kim Carnes podia ter feito mais do que uma carreira de sucesso. Bastava vir para Portugal e todo um "mundo" de hipóteses se lhe colocaria. Por exemplo, podia montar uma cadeia de talhos chamados "Carnes da Kim" e, mesmo mantendo a carreira do espectáculo, podia mostrar um bocadinho das "carnes" nos videoclips e nos concertos ao vivo. As vendas iam disparar em flecha.

#3: Os gatos “marcam território” nas alturas e nos locais mais inoportunos.

#4: Dificilmente alguém que vista calças de bombazina consegue surpreender uma pessoa, tentando chegar ao pé dela totalmente em silêncio

#5: Acho piada às folhas das palmeiras. Porquê?... Não me apetece dizer.

#6: Aquelas novas garrafas de água "sport" sugestionam uma prática bem mais arrojada do que simplesmente a tentativa de debelar a sede. A malta a abocanhar o pipito para chupar… Não…? Ok…

#7: Anteontem senti-me gordo, balofo e pesadão... mas não tinha feito a barba; ontem, que fiz a barba, já não me senti assim. Qual será o peso real da barba por fazer?

«Santinho!...»

É um flagrante caso de défice e de injustiça para com entes de igual estatuto.

Um gajo puxa a pulmanada atrás, estica o nariz bem lá para cima, abre a boca como se fosse berrar a toda a goela, fecha os olhos a parecer o chinesinho Lee Pó Pó… e ai vai disto!...

AAAAAAAAAAAAATTTTTCHIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMMM!!!!!

Logo a seguir, como se de “sete cães a um osso” se tratasse, surgem vozes de todos os lados a “disparar”…

Santinho!...
Saúde!...
Saudinha!...
Deus te proteja!...

…e outras tantas expressões de desagravo, pelo facto de a malta simplesmente ter cumprido uma das mais básicas necessidades fisiológicas: espirrar.

Ora, o que me parece estar mal nesta situação não é o dizer-se “Santinho” e tal a quem espirra. É o facto de não haver algo decente para se dizer, por exemplo… a quem tosse!... ou a quem boceja!...

Necessidades fisiológicas tão básicas como estas (mas que, hierarquicamente, eu colocaria numa posição de igualdade em relação ao espirro) não têm o equivalente a um “Saudinha!”, como se diz a seguir a uma espirradela daquelas a parecer bem! E isto não me parece nada correcto.

No meu dia-a-dia, eu tento remar contra esta triste maré e, quando alguém tosse lá digo, assim meio… ‘naquela’, «Santinho…», ao que se segue um sempre indignado, «Mas eu não espirrei, pá! ‘tás parvo ou fazes-te?!? Olha, olha…! Santinho, diz ele… Isso é quando se espirra, pá!...». E eu lá tento explicar (ao estilo de ladainha repetida vezes sem conta) que é uma injustiça a tosse não ter nada que a suavize, que mais não seja com uma palavrita simpática de quem acabou de levar com os germes todos na cara e tal… Para quê?!?... A malta não quer ouvir…!

O mesmo se passa naquelas ocasiões em que o tédio, o enfado ou simplesmente o cansaço se instala no corpo da rapaziada e lá vem um “abre-boca”, digno de ser acompanhado por uma bela espreguiçada, de braços bem no ar como quando o Benfica marca um golo…

“Saúde! Muita!”, lá exclamo eu… mas de pouco vale, tenho de o reconhecer. O “troco” que levo é inevitavelmente uma expressão de escárnio de quem, claramente, não é sensível a esta temática de súpera importância… pelo menos, para mim…!

Se me perguntarem a mim, eu digo logo que acho que isto devia ser discutido junto das mais altas instâncias do nosso sistema político, para que o País percebesse a verdadeira dimensão daquilo de se está a falar. Pois… mas que não me parece nada bem que só o espirro tenha o reconhecimento do resto da malta (a que ninguém quer retirar – longe de mim!... – o devido merecimento)… lá isso, não parece.

Já ficava satisfeito se esta questão da tosse e do bocejo (e respectivas formas de, por meio de palavras suaves, se proceder ao seu desagravo) chegasse à discussão pública. Seria um bom princípio… digo eu. Sim!... Porque, a partir daí, e logo que se convencionassem umas boas respostas a dar nessas ocasiões, poder-se-ia partir para a criação e ratificação de semelhantes expressões a utilizar em outras situações de satisfação de básicas (mas importantes) necessidades fisiológicas, tais como o arroto, a limpeza da cera do ouvido com a unhaca do dedo mindinho, o coçar das partes baixas (e do traseiro) e, claro, a soltura do gás.

Para quando esta discussão?... Aguardo impacientemente.

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* Quanto maior, mais sonoro e mais badalhoco for… melhor é o espirro; nunca esquecer!...
(uma recomendação com o apoio da Gerência do InSenso Comum)

Ó Olex!... Porquê, pá?


Na sexta-feira à tarde, saí do escritório um bocado, fui a correr a uma mercearia que há ao fundo da rua para meter o Euro Milhões antes que fosse tarde. Obviamente, isto não viria nada ao caso, se a mercearia não fosse daquelas bem velhotas, com a mítica mistura de cheiros a colorau, açúcar amarelo e sabão Clarim a “encher” o ar que, com alguma dificuldade, um nariz menos habituado respira. Também este facto não viria ao caso não fosse o pormenor de, logo após ter feito as cruzinhas todas no boletim, quase ter batido de caras com os produtos de uma prateleira lá do arcaico estabelecimento comercial.

Na verdade, a distância a que o meu nariz ficou de umas caixas de Maizena até foi de cerca de meio palmo, mas foi o suficiente para me assustar e (em acto-reflexo) dar um safanão para afastar a penca do perigo de se estatelar contra a caixa branca e amarela.

Foi então que, a fugir da Maizena, me deparo com outro colosso das mercearias de bairro do nosso país (e verdadeiro símbolo da nossa história recente), a merecer a minha vénia, que mais não fosse por… ainda existir. Lá estava ele!... O Restaurador OLEX!

Embora pareça… não foi uma surpresa vê-lo ali, visto que o Olex é claramente uma daquelas coisas de que poderemos ter sempre a certeza absoluta de que existirão (e, aliás, o mundo não seria o mesmo sem elas), a par com a pasta medicinal Couto, o sabão Clarim e os rebuçados Flocos de Neve e Dr. Bayard.

Bom… estou especialmente (e demasiadamente) “introitigante” e nunca mais chego ao assunto. Indo a ele, então...

Naquele momento, em que me deparei com o Restaurador Olex, não pude deixar de pensar que o lendário produto capilar bem pode bem estar na origem dos mais recentes desentendimentos sociais do nosso País. Ou, não estando propriamente na origem, ... também não ajuda à solução.

Se voltarmos atrás no tempo e nos reportarmos à frase forte da promoção feita por todo o lado nos anos 70 e 80, vemos que este raciocínio não é tão descabido como isso. «Preto de cabeleira loura ou branco de carapinha não é natural» é um slogan que declaradamente fecha a porta a qualquer forma de harmonioso contacto entre as raças. Se um branco será sempre branco e um preto… sempre preto, isso não quer dizer que um não venha a achar, por exemplo, piada ao estilo de penteado do outro e o imite, não é? E se, por mero acaso, o processo de “branqueamento” do cabelo do preto (e o “acarapinhamento” do cabelo do branco) se der de uma coisa natural?...

O Restaurador Olex simplesmente não permite isso. Com o argumento simplório de que “A César o que é de César”, o produto capilar impede que as raças se unam, nem que seja pela pelugem que lhes sai do escalpe. Está mal!...

Contentes com a manutenção do Olex nas prateleiras das mercearias de bairro devem estar os mais extremistas (de um lado e de outro, entenda-se), que acreditam que o “orgulho” de ser branco ou de ser preto tem de ser mantido a todo o custo… ou não?

A mim, parece-me que sim, embora nem me digne a fazer comentários sobre isso. Tal como me parece natural (e historicamente saudável) que o Olex continue à venda (faz-me impressão pensar que um dia acorde e descubra que ele não exista mais), parece-me meio parva a associação racial que fiz… só porque fugi da Maizena. Mas pronto. Sempre tenho a desculpa que não fui quem começou com essa treta de «preto e branco não combina». O Olex já apregoa isso há décadas… Por
isso…

Birra CURSCROLL



Caríssimo(s) InSensato(s):

Estou em crer que uma guerra silenciosa e terrível se desenrola todos os dias bem à nossa frente. Literalmente, frente aos nossos olhos. E nós... não só não nos apercebemos como não actuamos (precisamente por não nos darmos conta disso) de forma a pôr cobro a esta contenda sem fim à vista.

O que (hipoteticamente) se passa é que me parece cada vez mais evidente o mal-estar que se vive entre as barras de scroll e as setas de cursor dos nossos computadores. Não sei se é só impressão minha, mas esta permanente dicotomia entre movimento livre e movimento limitado só faz mal aos nossos sistemas informático que, assim, ficam mais frágeis e sujeitos a outros males maiores como, por exemplo, os vírus?

Eu explico. De um lado (literalmente), está a barra de scroll a quem foi dada uma aparente liberdade de movimentos. Mexe, de facto, para cima e para baixo… mas apenas e só isso. Está dependente da acção humana para que suba ou desça textos, imagens e outros ficheiros visualizáveis no ecrã do PC e, pior que tudo, está dependente da acção da sua arqui-inimiga, a seta do cursor, que está do outro lado da barricada nesta batalha. Para ela, apesar de também depender da acção humana, a liberdade de movimentos é total. Anda por todo o ecrã, por cima dos textos e das imagens, pode fazer todos os movimentos possíveis e imagináveis (até em loop contínuo, que é uma coisa que eu faço muito quando não sei o que escrever, por exemplo). E tudo isto mesmo nas “barbas” da barra de scroll que – acredito – fica passada da marmita de inveja com tamanha injustiça que lhe calhou na rifa.

Mais a mais, a barra de scroll só tem um aliado na vida. Precisamente, … outra barra de scroll, mas horizontal, que também mexe… mas só para um lado e para o outro, coitada. Mais uma revoltada, que em pouco (ou nada) ajuda à causa da sua colega, facto que tornará o ressabianço ainda maior.

Agravando a situação, está a parolice da seta que se pavoneia fortemente em frente (ao lado) da barra de scroll, pairando e passando por onde lhe apetece.

Estou mesmo convencido de algo mais. De que esta quezília é a principal responsável pela maior parte dos crash’s dos nossos computadores. Quantas vezes não nos acontece que a barra de scrool empanca e… nem para cima, nem para baixo… nada!? Tal como há uma porrada de vezes em que o rato parece estar a funcionar tão mal que não conseguimos colocar o cursor ou clicar onde queremos… certo? E isto é o mínimo que nos pode acontecer! Ora… a mim “cheira-me” que isso sucede quando o ambiente entre a seta do cursor e a barra de scroll está mais arisco. É que, ou a primeira se recusa a andar quando obrigada pela segunda, ou esta se recusa a sequer chegar-se perto da outra e não sai do sítio, como que em claro “bate-pé”. Às vezes, as coisas devem ficar tão feias que o PC só tem uma alternativa… crashar.

Mas a verdade é que os chamados “reset” e “reboot” bem podem acalmar momentaneamente os ânimos exaltados… mas acabar com a guerra… está bem, está!...

Ou seja, não tenho (nem vejo) solução para isto. E enquanto essa malta não se entender de uma vez por todas… o meu computador de casa vai continuar a ir abaixo a cada 10 minutos (se tanto) que passam! Sim!.. porque é por causa disso!... Bom… vai na volta é por o raio do computador ser velhote… mas...não!... não quero acreditar em tal barbaridade.