Se tivesse escrito este InSenso há… sei lá… 25 anos (e – para o caso – se já existissem blog’s onde a malta pudesse escrever baboseiras como estes InSensos, por exemplo), o texto não teria o título que tem.
Teria, sim – pequena nuance – o nome de “O Brinquinho da Moda”. E faria todo o sentido. Por essa altura, a televisão a cores dava os primeiros passos em Portugal, Ramalho Eanes estava em destaque e – no seu antípoda – o brinquinho começava a surgir não só nas orelhas das mulheres para começar a ser um objecto mais… democrático, inspirado – quiçá – em exemplos como os de António Variações, diria eu.
À distância do tempo, já pouco nos recordamos do quanto fez “mossa” esse facto na (simples, retrógrada e puritana) sociedade portuguesa. Mas fez. Depois passou.
25 anos volvidos, nova revolução… auricular se dá em terras lusitanas. E atente-se de novo o título do post. É uma revolução “alva”, esta a que vamos assistindo todos os dias, de há uns tempos a esta parte.
Agora está na moda… que “caia” da orelha portuguesa, não um brinco, mas… um auscultador… branco, com certeza. E como a orelha é como uma desgraça – nunca vem só – da outra também haverá de “cair” outro alvo auricular, para fazer o parzinho da moda.
A “culpa” é dos iPod’s (e nem sequer vou pegar naquela piadola do “Ai pode?!? Claro que pode!!”, que já enjoa). Apareceram por aí, com os seus auscultadores brancos, a mandar para o lado dos “foleiros” os mais habituais (e já clássicos) auriculares negros, tão em voga desde, precisamente, os anos 80.
Os leitores de mp3 seguiram-lhes a tendência e agora já todo o walkman, discman ou até rádio portátil (os antigos – e saudosos – transistor’s) só “usa” auscultador branco… porque é da moda.
Vulgo é, cada vez mais, ver jovens e menos jovens, mulheres e homens, atletas em jogging ou meros transeuntes a caminho daqui ou dali, na rua ou nos transportes públicos, com os “phones” brancos nos ouvidos. Porquê? Socialmente, certamente por uma questão de “fuga” à confusão do quotidiano e coisa e tal… mas isso nem sequer vem ao caso. Digo eu que essa nova mania dos auscultadores brancos nos ouvidos (ou “nujóvidus”, como também se diz na minha zona) é mesmo por causa do raio da moda. Porque esta malta podia ouvir as mesmas músicas, com a mesma qualidade, com uns auscultadores pretos, banais.
Mas não. Branquinhos é que tem de ser.
A este novo fenómeno não será alheio, por exemplo, o facto de agora todos os jogadores da bola (basta ver nas deslocações das principais equipas e da selecção nacional) usarem esses auriculares… a toda a hora, principalmente sempre que saem do avião para o autocarro ou do autocarro para os balneários. Lá vai o cromo da bola “auriculado” de branquinho… porque é da moda. E mai’nada!...
Não é de estranhar portanto, que o brinquinho (que neste momento, até são vários brincos em cada orelha – e, atenção, agora até já é foleiro não lhes chamar piercings…) seja sempre acompanhado do auscultador branco e não preto, como até há pouco tempo se usava. Essa "negritude" auricular, caro InSensato Leitor, está demodé, está out, é foleiro e caiu em desuso.
Lamento ser eu a informá-lo disso.
3 inSensinho(s) assim...:
Obrigada pela informação. Agora já
percebo os olhares que me crucificam sempre que uso os meus fones pretos e, ainda por cima, sem marca!
Suponho que o problema é que agora já é difícil comprar um desses aparelhinhos com phones pretos...
Mas, agora que penso nisso... Tendo em conta que ainda é característica do tuga clássico ter a unhaca do mindinho grande para tirar a cera do ouvido, já imaginaram aqueles phones numa dessas orelhas...?
...É que os pretos ainda disfarçavam!...
Bj.
Nunca pensei muito nisto, mas realmente o exagero dos phones brancos estão em toda a parte. Os utilizadores isolam-se daquilo que os rodeiam com mais esta ferramenta. Mais um passo na conquista da solidão e isolamento que cada vez mais nos assola. Estamos a deixar de ser sociáveis?
Parabéns
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