Como (não) lavar um edredão

(em 25 lições)

Mudanças repentinas, arrumações e afins inspiram nas pessoas (em mim, pelo menos, se calhar porque vivo sozinho) um espírito de improviso e poupança impressionante. Como ando agora na fase de separar o que levo para a nova casa e o que fica na antiga, ontem dei por mim a olhar para o edredão (embora goste mais de lhe chamar “edredon” – mais à francesa, porque é chique) da minha cama e a pensar… «Ó diacho!... Talvez não seja pior lavá-lo primeiro, antes de o levar para Lisboa!...». Sensivelmente 3 segundos e 27 centésimos depois deste pensamento surgiu outro: «E como é que eu o lavo?!? À mão?!? Porra!! Só se for à lavandaria… e pagar um balúrdio?!? Nãããã!! Improvisa-se e mai’nada!!!». Meu dito… meu feito!... e o resultado publico-o aqui, em forma de tutorial, para quem queira aprender a forma em como (não) lavar um edredão/edredon… em 25 (simples) lições.

Claramente, mais Serviço Público, garantido pelo InSenso Comum)


1. Retire o edredão/edredon da cama

2. Tente (em vão… mas tente ainda assim) enfiar o edredão/edredon na máquina de lavar

3. Vendo que não vale a pena cortar o edredão/edredon ao meio para poder caber na máquina em duas lavagens separadas, dirija-se à sua casa de banho e liberte a banheira de tudo o que possa atrapalhar o que vai fazer a seguir

4. Vede o ralo da banheira, comece a enchê-la de água e junte algum – bastante, para ser mais exacto – detergente (de preferência, líquido – tipo aqueles para roupa delicada e tal)

5. Estando a banheira “meia” de água e detergente, ponha lá o edredão/edredon e comece a “lavagem”, tentando que o mesmo absorva o máximo de água bem cheirosa

6. Após vários minutos de amasso manual do edredão/edredon na água, pare e descanse… que isto ainda nem vai a meio

7. Retire o vedante do ralo da banheira

8. Reparará que praticamente NENHUMA da água que lá colocou vai sair e, por isso, comece a lutar com o edredão/edredon, novamente aos amassos (muito mais violentos que os primeiros) para tentar retirar pelo menos alguma da água absorvida

9. Ao fim de precisamente 2 minutos e 13 segundos disto pare novamente, porque deve estar cansado(a)

10. Volte à carga e tente tirar mais água, torcendo o edredão/edredon o mais e melhor que puder (mesmo sabendo que não vai ter grande sorte)

11. Se nada disto resultar, pode também (por que não…?) usar o tapete do chuveiro para entrar na banheira calçado e, sobre o edredão/edredon, pisá-lo (literalmente), tentando fazer escorrer mais alguma água (atenção – não espere, no entanto, grandes resultados dessa “ideia brilhante”)

12. Tendo a frustração tomado conta de si, resolva estender o edredão/edredon tal como estiver

13. Prepare-se bem (descanse primeiro) e levante, se conseguir, o edredão/edredon em peso, molhando toda a roupa que traz vestida ou então opte por arrastar o edredão/edredon pela casa até ao “estendal”, molhando todo o soalho até lá (pode, eventualmente, aproveitar-se disso e fazer uma rápida lavagem do chão – é uma boa poupança também!)

14. Aguarde um pouco (cerca de 1 minutos e 45 segundos, mais 10 segundos menos 10 segundos) por alguma coisa que não se prevê venha a acontecer com um edredão/edredon pesadíssimo e ensopado em água

15. Já agora, descanse mais um pouco antes de secar o chão do abundante respingado do edredão/edredon que perfaz o trajecto entre a banheira e o “estendal”

16. Seque o abundante respingado do edredão/edredon que perfaz o trajecto entre a banheira e o “estendal”

17. A esta altura, o “estendal” escolhido (leia-se, um corrimão da janela da sala do seu 3º andar) pode parecer-lhe a melhor opção a si mas não no poto de vista dos vizinhos do 2º, do 1º e do Rés-do-Chão, visto que, apesar de fazer sol, lhes "chove" copiosamente na moleirinha, se eles forem à janela

18. Peça desculpa a todos os vizinhos que se queixarem mas NÃO RETIRE o edredão/edredon do “estendal”

19. Aproveite esse tempo de justificações com desculpas esfarradas para descansar um pouco mais

20. Entretanto, trate de despachar rapidamente os vizinho que o chateiam à porta, volte para a sala e leve um balde, para (obviamente) amparar os vários litros de água que escorrem, final e inconvenientemente, do edredão/edredon para o chão da divisão, visto que o edredão/edredon é demasiado grande para estender do lado de fora da janela de uma vez

21. Pare e descanse

22. Olhe bem para o cenário que se depara à sua frente e veja se está tudo ok, mesmo que a poça de água no chão da sala seja de dimensões épicas (tente, o melhor que puder, desvalorizar esse... "pormenor")

23. Estando, portanto, a situação mais ou menos controlada (ou seja, não havendo mais a fazer – “chove” lá fora e já se desculpou aos vizinhos, pinga dentro de casa mas já colocou o balde)… pare e descanse mais um pouco

24. Finalmente, pense um pouco e tome consciência de que talvez tivesse valido mais ter gasto uns cobres na lavandaria do que fazer as figurinhas que fez durante cerca de uma hora de parvoíce atrás de parvoíce

25. Pare de pensar e descanse mais um pouco… porque, de certeza, há cobertores que precisam de ser lavados também.

Pois... eu bem que desconfiava...


... que ia dar nisto. Mas eu insisti em fazer o teste. E deu no que deu!... Bom... Já deu para reparar que hoje é um dia diferente aqui no blog. Normalmente, não faço testes na net, e quando faço, não publico os resultados aqui. Mas como os Marretas (os Muppet's, como devem ser devidamente chamados) fazem parte da minha InSensata Personalidade desde sempre (sim... a malta não é assim como é por acaso ou por obra e graça do Divino Espírito Santo...), tinha de fazer o teste. E o resultado (sem grande surpresa, acho eu)... foi este:

You Are Fozzie Bear

"Wocka! Wocka!"
You're the life of the party, and you love making people crack up.
If only your routine didn't always bomb!
You may find more groans than laughs, but always keep the jokes coming.

Tudo poque me farto de dizer piadas parvinhas e secas por tudo e por nada.

Dizer o quê agora...?

Wocka! Wocka! Wocka!...

'tás aqui... 'tás ali...!


Agora que me apresto para mudar de poiso e vivo aquela fase de nem estar num lado nem no outro, reparo na (im)pertinência de certas coisas que normalmente vemos como corriqueiras. Caso disso – e intimamente ligado com esta coisa de estar entre duas cidades, duas casas, dois períodos perfeitamente opostos – é a expressão “Estás aqui… Estás ali…!”.

Confesso que nunca consegui perceber muito bem o verdadeiro alcance (e, já agora, a intenção) desta máxima dita, amiúde, para iniciar, acicatar ou mesmo pôr fim a diferendos mais ou menos graves, um pouco pelo nosso país (em bares, cafés centrais, tascas infectas, discotecas de mau nome, ruas mal frequentadas, etc.) ou em qualquer lugar do mundo em que haja um português.

O que quer dizer, então, “’tás aqui… ‘tás ali…!”?

Não pode ser uma constatação. A não ser que se fale de Deus, de uma alma penada, de outro qualquer espírito ou até do ar, ninguém está num sítio (“aqui”) e noutro (“ali”), simultaneamente. Logo, a hipótese “constatação” está posta de parte, portanto.

Aliás, geograficamente falando, “Estás aqui… Estás ali…!” só significa uma coisa: confusão. É que… em que é que ficamos? Está-se aqui ou ali? E mais!... onde é que é “aqui” e onde é que é “ali”? Não me lembro de alguém situar devidamente estes dois “locais” (apontando, por exemplo, para um ponto no chão… já era o bastante) enquanto vocifera o impropério. Terei de consultar um geógrafo para aprofundar esta questão. Logo que saiba mais trarei aqui as conclusões.

Enquanto insulto, a expressão também não é famosa, tenho de o dizer. Como é que se insulta alguém dizendo “’tás aqui… ‘tás ali…!”? No mínimo dos mínimos, quem “insulta” habilita-se é a uma resposta daquelas!... Imagine-se a seguinte situação. Troca de palavras e tal… a páginas tantas… “’tás aqui… ‘tás ali, ó pá!...”. O “pá”, se for esperto, só pode olhar em volta e replicar: “Olha lá, ó meu!... Estou aí… Estou ali?!? Mas tu és parvo ou cegueta!??! Não vês que eu estou é AQUI!?!? Tu ‘tás é com os copos!!!”. E, perante isto, já não há contra-resposta possível. Passa-se a vergonhinha de ser vesgarolho e de, ainda por cima, beber uns tintos valentes para depois andar metido em confusão… e mai’nada. Aconselho quem usa esta “ofensa” a procurar alternativas… rapidamente!

É um pouco como uma expressão “parente”, a “Estás aqui… Estás a levar…!”. Nunca percebi como alguém poderia estar num sítio em que não está verdadeiramente e além disso, estar a transportar algo que não se sabe bem o que é!... Dúvidas que nem o “slow motion” esclarece, por muitas vezes que se oiça a "boca", inclusivamente a diferentes velocidades. Também não é um primor, não senhor…

No entanto, já nutro um certo gosto (e até respeito, admito) pela frase “Estou aqui… Estou-te a pô-los!...”. É certo que ser da família das anteriores não a favorece sobremaneira, mas tem aspectos que a valorizam. Há verdade e clareza, pelo menos em 50% da expressão. “Estou aqui!” é um facto, é uma constatação cabal e quiçá até preciosa, se do outro lado estiver o tal vesgarolho, orientando-o geograficamente para o caso de se entrar na fase da chapada e afins, dando-lhe uma abébia, o que é honroso. A outra metade (“Estou-te a pô-los!...”) é mais ambígua, mas não deixa de dar garantias de que algo vai acontecer, mesmo não se sabendo bem o quê. Ainda assim, fica a certeza de que se a coisa continua azeda… alguém vai ficar com “uns” novos… porque outro alguém lhos vai pôr. E isso é um avanço na zaragata, pelo menos.

Em suma, basta só que se defina (pode mesmo ser uma coisa convencionada – aliás, seria muito interessante haver um congresso só para acertar isto) o que é que está em causa em “Estou-te a pô-los!...” para que todo o vasto panorama da rebarbada discussão lusitana venha a sofrer alterações profundas… claramente para melhor!... digo eu…

Procuro k@sa

PARA ALUGAR
(sim... porque isto de comprar não está, para já, nos meus InSensatos Planos)

T0 ou T1
("tê-zero" ou "tê-um", para os amigos)

Preferencialmente nas zonas de
QUELUZ
MASSAMÁ
BELAS
TERCENA
LICEIA
BARCARENA
CACÉM
SÃO MARCOS

CARNAXIDE
(e até Linda-a-Pastora... só porque acho mesmo piada ao nome da terra)

COM ou SEM MOBÍLIA
(a malta cá se aranja)

BARATO
(penso que não preciso explicar...)


e, se possível, (e isto é muito importante!!!)...
CAT RESISTANT!!!


Se algum dos InSensatos Leitores tiver conhecimento de habitações com estas características (ou aproximadas), por favor, contacte-me através do InSenso Mail:

insensocomum@gmail.com



Muito e Muito Obrigado!


K@, InSensato Autor

O Stress da Borbulha

(ou “A Borbulha do Stress”)


Actualmente, ando com muita coisa na cabeça. Aliás, fica sempre bem dizermos isso, porque nos dá um ar de gente ocupada e com uma boa dose de responsabilidades. Quer dizer… também pode dar outro ar… mas a coisa da infidelidade não é agora para aqui chamada.

No entanto, até nem me importava muito de andar com muita coisa na cabeça… se fosse mesmo útil. Mas não. E a culpa… é do stress!

Ultimamente, a malta tem andado algo stressada, de facto. É indesmentível. Muita coisa em que pensar, muitas decisões para tomar; umas difíceis, outras fácei… Alto lá!!! Quais decisões fáceis?!? Não me lembro dessas aparecerem na minha cabeça nos últimos tempos, não!... Portanto… Muita coisa em que pensar, muitas decisões para tomar; umas difíceis, outras ainda mais difíceis… e muito stress à mistura.

Fosse este [o stress] o meu único problema e nem estaria eu tão mal assim. Mas a verdade é que, escabrosamente (se é que a palavra existe…!), o stress para mim não é só um problema… mas sim DOIS… pelo menos!...

A constatação vem de cedo. Talvez lá por alturas do liceu (9º, 10º, 11º Ano…). E, mais precisamente, dos períodos de testes, exames, provas e – mais tarde, já na faculdade – também frequências e orais. O stress causa-me borbulhas.

Mas não são umas borbulhas normais (no sentido lato da borbulha, claro – até porque normais… elas parecem, mesmo não sendo). Não senhor. São borbulhas que nascem, crescem e, claramente, se reproduzem na minha cabeça (cara, testa, pescoço, orelhas, nariz, queixo e acima de tudo coiro cabeludo) sempre que ando mais atarefado com coisas importantes a necessitarem de reflexão.

Teste de Filosofia (a malvada Filosofia!)… borbulhas.
Frequência de Estatística do 1º Ano da faculdade… borbulhas.
Controlar as despesas com o pouco dinheiro existente na carteira… borbulhas.
Frequência de Estatística do 1º Ano (como repetente)… borbulhas.
Exame de Psicologia Social… borbulhas.
Como evitar que a loira e a morena saibam uma da outra?... borbulhas!
Oral de Direito… borbulhas (muitas)!
Frequência de Estatística do 1º Ano (de novo como repetente)… borbulhas!
Dar o litro no Relatório de Estágio… borbulhas!
Resolver os imbróglios da Associação de Estudantes… borbulhas!
Frequência de Estatística do 1º Ano (mais uma vez!)… borbulhas!!!

Mas a coisa não parou com a saída da faculdade (com a Estatística feita, assinale-se!). Hoje em dia, o borbulhame continua estupidamente a aparecer, de quando em vez, quando menos é desejado, de resto. Mormente, por causa das contas para pagar mas, aqui e ali, também quando há decisões muito complicadas a tomar.

A minha teoria é a seguinte: o “líquido” branco que compõe o interior da borbulha é um de dois elementos; ou é o stress a querer (bem) sair cabeça fora para não chatear mais… ou então é o inverso, sendo, assim, tudo o resto na cabeça (inteligência, racionalidade e esperteza avulsa incluídas) a dar à sola, em fuga, perante a invasão do stress acumulado.

Tenho a dizer que, em qualquer um dos casos,… não gosto. É uma chatice! E ainda por cima dói! Já para não dizer que a malta, perto dos 30, se sente um teenager borbulheto, com vergonha de convidar a Joana do 9ºF (gira!) para dançar na matiné dos finalistas, no refeitório da secundária!... Um trauma que pensava já ter esquecido… mas que o borbulhame insiste em me lembrar!... Mais stress, portanto! E… mais stress… mais borbulhas! E mais borbulhas… mais stress!

Estas borbulhas são um stress, caraças!

PornoMarilyn


O julgamento em que o actor Colin Farrell tenta fazer justiça quanto à fuga para a Internet de um vídeo “caseiro” em que aparecem ele e a ex-namorada no ragabófe desencadeou um daqueles “back-lash” (termo claramente britânico-técnico para "ricochetes" e "tiros no pé") para a poderosa indústria cinematográfica americana.

A páginas tantas das audiências, alguém falou que até Marilyn Monroe havia feito uns filmes “caseiros” que não eram tão caseiros quanto isso e a coisa intrigou toda a gente. Não tardou até que viesse a público uma investigação de 1967 do FBI (!) comprovando a veracidade de “provas” (imagens reveladoras e provocantes) que atestam que a mais mítica loira de todos os tempos (não… afinal, não é a Lili Caneças!… Temos pena… mas não é!...) também “deu o corpo ao manifesto” e aquilo ficou gravadinho, 24 frames por segundo e tudo!

Por um lado… parece-me mal. Porque a senhora já cá não está para se defender e desonrar quem não está presente é coisa que não se faz. Por outro, não vejo como isso possa interferir muito na imagem que ela própria criou de 1ª grande sex symbol do cinema dito moderno. Mexer-se já ela se mexia como muita gaja boa que hoje aparece no grande ecrã. E parecer sexy com as imensas limitações sociais americanas dos anos 50 e inícios de 60… era obra… mas ela conseguia. Tanto mais que ainda hoje se consegue “ver” muita sensualidade nos filmes de Marilyn, mesmo comparando-a às divas do cinema actual.

No entanto, esta referência pública a um filminho que ela fez (e de que o marido – outro mito, mas do baseball, Joe DiMaggio – tentou comprar os originais para os destruir) a mostrar as mamocas e no roço com um senhor (ou UNS senhores – na verdade, não sei) parece-me simplesmente redundante.

Porquê? Porque não imagino gajo nenhum que não tenha o seu próprio filme erótico (ou pornográfico mesmo, por que não?), com Mariliy como protagonista, gravado no subconsciente e com exibições gratuitas garantidas a qualquer hora em que a mente decida sair do que tem para fazer para uma ou outra fantasia mais quinky (e, no caso dos homens, são para aí umas 239 sessões diárias…!).

Certo que esses filmes não são o tal de que agora se fala e o facto de Marilyn os protagonizar, das mamocas dela serem “assim ou assado” ou de ela fazer uma coisa ou outra, mais explícita ou não, fica ao critério de cada um dos “realizadores” que, no fundo, somos todos nós que nos movemos com dificuldade sempre que nos batem nos "tintim’s" ou dificilmente acertamos pontaria na primeira evacuação urinária do dia.

O filme erótico da Marilyn…? Já eu o vi milhares de vezes, pá! E é um verdadeiro espectáculo, tenho de o dizer! E não o digo por ser o realizador (e simultaneamente actor principal masculino – papel pelo qual, lamentavelmente, nunca ganhei nomeação nem prémio tipo Óscar ou algo do género…)! Ela é que era uma grande actriz e uma gaja muito boa! Logo… o sucesso no grande ecrã da minha mente está sempre garantido!

dB no WC


Há muito que ando para escrever sobre isto, tenho de confessar. E o facto de estar a escrever no comboio (local ideal para deixar as ideias escorrerem pela “folha” do Word de onde partirão para o Blogger – ou então, caso não prestem, para as deitar janela fora, à espera que nova composição passe pela mesma linha e as mate definitivamente) levou-me a finalmente trazer este assunto à baila.

Por muito que ache que são verdadeiros templos de interesse sociológico e até de outras áreas científicas (de que agora não me recordo), as casas de banho públicas sempre foram para mim um quebra-cabeças danado de resolver. Tanto que nunca resolvi [o dito “quebra-cabeças”]. E esta minha questão (ou questiúncula, se preferirem) prende-se com o facto de… precisamente… a malta se “prender”… ou não “prender” (There is the question!...).

Eu explico.

Na minha casa de banho, eu estou à vontade. É um espaço onde estou só eu, de porta fechada (ou até aberta, se não estiver mais ninguém em casa) e o que faço fica entre mim e as minhas verd’azulejadas paredes. Faço tudo por minha conta e risco e ninguém sabe exactamente se fiz necessidade “x” ou “y” (ou até se ambas), excepto quando alguém passa tão perto da porta que consiga ouvir algum som mais “desinibido” que aconteça ou sentir o odor resultante da (ainda) não utilização do “Brise - Casa de Banho”.

No WC público… é o perfeito inverso. Posso estar sozinho… mas é suposto que não esteja. Aliás, essa é a filosofia inerente a um WC público: que muita gente o possa utilizar simultaneamente. Mas este conceito comunitário de “casinha” nunca me agradou.

Diz a velha teoria que mesmo a dormir… comunicamos. Aquele paradigma que fala da pessoa que está deitada sozinha num quarto mas julga (embora não tenha certeza) que há outra pessoa no quarto ao lado e prefere não fazer qualquer som para que não seja “descoberta” é o exemplo disso. Transpondo este excerto dos compêndios de Comunicação e Jornalismo, por exemplo, para a casa de banho de um centro comercial (shopping… para os amigos), o que é que resulta?

Resulta que, logo que se lá entra, uma das tendências naturais seja ver se há mais alguém nos compartimentos de porta fechada, olhando pelo espaço (aquele palmo) que vai da porta ao chão. E, havendo ou não havendo, comportamo-nos “em conformidade”.

Suponhamos (não é “supônha-mos”, como dizem os futebolistas) que não se vêem pés nem calças enroladas nos tornozelos. A malta fica na boa e – para além de não se inibir em nada – até que solta um gás mais sonoro… porque está à vontade (como em casa). Sim… porque (teoria minha) soltar um gás é como ver pornografia: é uma daquelas coisas que há que ser feita em recato ou no meio de uma maralha que esteja numa de se divertir com isso (são míticos, de resto, os concursos feitos em tendas “canadianas” de 4 lugares, com 10 pessoas lá dentro, em que perdia quem não aguentava o cheiro e saía – com a face em tons de roxo – da tendola).

No entanto – e voltando ao WC público – se entrar alguém, está tudo estragado. O comportamento da malta muda radicalmente. E não há coisa pior que um gajo estar a fazer a chamada “real cagada” e se… inibir a meio. Como é que se faz isso?!? Como é que se evita que o gás não saia com som audível aos ouvidos do caramelo que se alivia no urinol ou do outro que só vem lavar as mãos antes de ir ao Burger King?... Como é que se elimina o cheiro em meio segundo?!?

É absolutamente desumano obrigar quem só quer livrar o corpo de impurezas (e ter algum prazer no processo, se possível) a controlar o que a natureza nos manda fazer!

Numa dinâmica de Serviço Público (que é um apanágio deste blog), aqui deixo os meus conselhos (quiçá, sábios) de quem já muitas vezes se viu em situações embaraçosas neste particular.

Entre na casa de banho pública. Verifique (claro!) se há mais alguém nas instalações. Se houver, procure outra casa de banho (normalmente, há duas ou três por cada piso dos centros comerciais, se for esse o caso). Se na segunda houver mais gente do que na primeira, procure uma outra ou regresse ao ponto de partida (fica ao seu critério). Pode sempre esperar que quem lá esteja vá embora. Estando sozinho e surgindo alguém enquanto se alivia com muito cheiro já a empestar o WC... pare imediatamente e levante os pés. Espere. Lembre-se que, se soltar um gás, é descoberto e tem de esperar que a casa de banho fique deserta novamente, nem que demore HORAS (não esperando, passará a vergonha de ser olhado como um pária fedorento e/ou peidorrento sonoro). Se o gajo não for embora (Parvalhão do c#$&@§!!), tem duas opções: baixa os pés devagarinho (para não se ouvir a chegada deles ao chão) e continua o que estava a fazer, o mais discretamente possível; ou pára mesmo, levanta as calças e sai do compartimento com ar indignado em direcção aos lavabos ou à porta, grunhindo algo do género «O gajo que se cruzou comigo à entrada não tem vergonha nenhuma! Deixou aqui um cheiro que não se pode!! Bem que tentei aguentar mas não consigo! Boa sorte para si!», e com a maior cara-de-pau… sair apressadamente, provavelmente para as outras instalações do mesmo piso, para tentar terminar o que começou. Se algo semelhante suceder nessa também, repita todas as operações até agora descritas.

Não precisa agradecer, InSensato Leitor. Estes conselhos são totalmente gratuitos. O InSenso Comum está aqui para isso mesmo!... Falar de casas de banho e - consequentemente - fazer Serviço Público com esse tema.