Há muito que ando para escrever sobre isto, tenho de confessar. E o facto de estar a escrever no comboio (local ideal para deixar as ideias escorrerem pela “folha” do Word de onde partirão para o Blogger – ou então, caso não prestem, para as deitar janela fora, à espera que nova composição passe pela mesma linha e as mate definitivamente) levou-me a finalmente trazer este assunto à baila.
Por muito que ache que são verdadeiros templos de interesse sociológico e até de outras áreas científicas (de que agora não me recordo), as casas de banho públicas sempre foram para mim um quebra-cabeças danado de resolver. Tanto que nunca resolvi [o dito “quebra-cabeças”]. E esta minha questão (ou questiúncula, se preferirem) prende-se com o facto de… precisamente… a malta se “prender”… ou não “prender” (There is the question!...).
Eu explico.
Na minha casa de banho, eu estou à vontade. É um espaço onde estou só eu, de porta fechada (ou até aberta, se não estiver mais ninguém em casa) e o que faço fica entre mim e as minhas verd’azulejadas paredes. Faço tudo por minha conta e risco e ninguém sabe exactamente se fiz necessidade “x” ou “y” (ou até se ambas), excepto quando alguém passa tão perto da porta que consiga ouvir algum som mais “desinibido” que aconteça ou sentir o odor resultante da (ainda) não utilização do “Brise - Casa de Banho”.
No WC público… é o perfeito inverso. Posso estar sozinho… mas é suposto que não esteja. Aliás, essa é a filosofia inerente a um WC público: que muita gente o possa utilizar simultaneamente. Mas este conceito comunitário de “casinha” nunca me agradou.
Diz a velha teoria que mesmo a dormir… comunicamos. Aquele paradigma que fala da pessoa que está deitada sozinha num quarto mas julga (embora não tenha certeza) que há outra pessoa no quarto ao lado e prefere não fazer qualquer som para que não seja “descoberta” é o exemplo disso. Transpondo este excerto dos compêndios de Comunicação e Jornalismo, por exemplo, para a casa de banho de um centro comercial (shopping… para os amigos), o que é que resulta?
Resulta que, logo que se lá entra, uma das tendências naturais seja ver se há mais alguém nos compartimentos de porta fechada, olhando pelo espaço (aquele palmo) que vai da porta ao chão. E, havendo ou não havendo, comportamo-nos “em conformidade”.
Suponhamos (não é “supônha-mos”, como dizem os futebolistas) que não se vêem pés nem calças enroladas nos tornozelos. A malta fica na boa e – para além de não se inibir em nada – até que solta um gás mais sonoro… porque está à vontade (como em casa). Sim… porque (teoria minha) soltar um gás é como ver pornografia: é uma daquelas coisas que há que ser feita em recato ou no meio de uma maralha que esteja numa de se divertir com isso (são míticos, de resto, os concursos feitos em tendas “canadianas” de 4 lugares, com 10 pessoas lá dentro, em que perdia quem não aguentava o cheiro e saía – com a face em tons de roxo – da tendola).
No entanto – e voltando ao WC público – se entrar alguém, está tudo estragado. O comportamento da malta muda radicalmente. E não há coisa pior que um gajo estar a fazer a chamada “real cagada” e se… inibir a meio. Como é que se faz isso?!? Como é que se evita que o gás não saia com som audível aos ouvidos do caramelo que se alivia no urinol ou do outro que só vem lavar as mãos antes de ir ao Burger King?... Como é que se elimina o cheiro em meio segundo?!?
É absolutamente desumano obrigar quem só quer livrar o corpo de impurezas (e ter algum prazer no processo, se possível) a controlar o que a natureza nos manda fazer!
Numa dinâmica de Serviço Público (que é um apanágio deste blog), aqui deixo os meus conselhos (quiçá, sábios) de quem já muitas vezes se viu em situações embaraçosas neste particular.
Entre na casa de banho pública. Verifique (claro!) se há mais alguém nas instalações. Se houver, procure outra casa de banho (normalmente, há duas ou três por cada piso dos centros comerciais, se for esse o caso). Se na segunda houver mais gente do que na primeira, procure uma outra ou regresse ao ponto de partida (fica ao seu critério). Pode sempre esperar que quem lá esteja vá embora. Estando sozinho e surgindo alguém enquanto se alivia com muito cheiro já a empestar o WC... pare imediatamente e levante os pés. Espere. Lembre-se que, se soltar um gás, é descoberto e tem de esperar que a casa de banho fique deserta novamente, nem que demore HORAS (não esperando, passará a vergonha de ser olhado como um pária fedorento e/ou peidorrento sonoro). Se o gajo não for embora (Parvalhão do c#$&@§!!), tem duas opções: baixa os pés devagarinho (para não se ouvir a chegada deles ao chão) e continua o que estava a fazer, o mais discretamente possível; ou pára mesmo, levanta as calças e sai do compartimento com ar indignado em direcção aos lavabos ou à porta, grunhindo algo do género «O gajo que se cruzou comigo à entrada não tem vergonha nenhuma! Deixou aqui um cheiro que não se pode!! Bem que tentei aguentar mas não consigo! Boa sorte para si!», e com a maior cara-de-pau… sair apressadamente, provavelmente para as outras instalações do mesmo piso, para tentar terminar o que começou. Se algo semelhante suceder nessa também, repita todas as operações até agora descritas.
Não precisa agradecer, InSensato Leitor. Estes conselhos são totalmente gratuitos. O InSenso Comum está aqui para isso mesmo!... Falar de casas de banho e - consequentemente - fazer Serviço Público com esse tema.
3 inSensinho(s) assim...:
umhmmmm...
e se tu não existisses, será que te consguiam inventar?
sei que não tem nada a ver para o caso, mas de facto tu és (sorry a repetição) um caso raro...nunca vi ninguém capaz de escrever milhares de caracteres sobre kker assunto.
Eu sempe soube que tu te devias ter aplicado mais nas aulas de guionismo, mas nunca me deste ouvidos ;)
Boa tarde Insenso, vc escreve coisas muito interessantes, voltarei aqui mais vezes para ler com mais calma.
Um abraço e fica com Deus.
O António Feio e o Zé Pedro Gomes presentearam-nos com conversas da treta; tu, insensato @utor, presenteias a malta com conversas de M...Que belo presente que tu saíste!!! ( M...à parte, entenda-se presente no verdadeiro sentido da palavra e não no sentido alvitrado pelos cartazes da Câmara Municipal de Lisboa, com laços vermelhos e recados aos donos dos cãezinhos).
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