Está para chegar o dia em que alguém me corte a palavra para me dizer...
«Ah... pois é... ‘tá bem, sim, senhor... mas tu a fazeres sala és uma verdadeira miséria!».
E, atenção.
Não digo isto com aquela fanfarronice de quem se julga o maior, do tipo «Ya... Está para vir, pois! Isso é que era bonito!... É coisa que nunca há-de acontecer e tal...!». Não. Temo é que esse episódio apavorante aconteça muito em breve... e acredito mesmo que vai acontecer.
O facto é que "fazer sala" não é, definitivamente, um dos meus (muitos) predicados.
Aliás, é um conceito que não compreendo nem domino, claramente.
Fazer sala...
Se pararmos para pensar um bocadinho nisto... é parvo.
Leia-se... tanto é parvo parar SÓ para pensar nisso, como é parvo o próprio conceito de "fazer sala".
Antes de tudo mais, porque em 99% dos casos a sala - propriamente dita - já está feita, acabada e inclusivamente decorada. Depois, porque o chamado "fazer sala" se resume a entreter pessoas com quem visivelmente não se tem tema de conversa que surja naturalmente, sendo que é então necessário recorrer àquela parte do cérebro que contém os temas de conversa mais inúteis que se possam imaginar para levar um tempo indeterminado (que não se quer de um silêncio incómodo, mas é incómodo na mesma) a "bom porto".
É parvo, torno a dizer.
De repente, vamos à porta, está lá fulano "x" (ou fulanos "x", "y" e "z" - sempre gostei desta denominação bem ao estilo das equações matemáticas) e toca de fazer sala até que chegue a hora da(s) visita(s) fazer(em) aquilo que era suposto fazer, ou falar(em) com quem era suposto falar.
Até esse momento chegar... passam-se, certamente, longos e agoniantes minutos de conversa parva acerca dos mais variados (ou não) e desinteressantes temas que possam ser abordados numa interlocução qualquer.
Acho que esta coisa de fazer sala tem de acabar.
Por mim, estou farto de ter de vergar a mola a apajar gente chata, com ar de enfado e ter de discorrer acerca de temas tão "emocionantes" como...
- o tempo
- a economia nacional e internacional
- política em geral (é preciso ter cuidado, para não ferir preferências partidárias)
- as últimas notícias do mundo do jet-set
- o debate que deu (e a malta não viu) na tv a noite passada
- o tempo
- o tempo
e, por fim,...
- o tempo
Enfim. Não tenho mesmo jeito nenhum para isso.
Talvez porque me escapa a utilidade do conceito... não sei.
O facto é que em vez de tornar um "tempo-morto" em alguns minutos de boa conversa, acho é que "mato" a pessoa de enfado, fazendo-a desejar nunca ter aparecido, sequer.
Será que há maneira de inverter a situação e resolver esta minha incapacidade?
Talvez... se houvesse um curso por correspondência em "Fazer Sala"... sei lá...
Senhores da CEAC... se me estiverem a ler...!
Making Living-Room... ou não! Parvo!
quarta-feira, março 2 | by K@ at 2.3.05
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4 inSensinho(s) assim...:
Também nunca percebi essa porra desse conceito. E também acho que não sei fazer bem a coisa...
Aproveito para me regozijar por não estar sozinho nesta questão e para deitar mais uma achazita para a fogueira...
Será possível que a malta que leva connosco a "fazer sala"... não se apercebe?!?!?!?
Eu cá acho que NÃO HÁ maneira das pessoas não se aperceberem!...
E, em vez de nos dizerem...
«Pronto... Deixe lé... Não se esmifre todinho a fazer conversa fiada só por causa de mim... Vá lá à sua vidinha que eu espero aqui em silêncio e tal... jogo um Solitário no telemóvel ou assim...»...
Não! Deixam que a porra da conversa da treta continue... sem fim à vista!
Raios que os partam, pá!...
eu também odeio "fazer sala"...é que com algumas pessoas a única coisa que me ocorre perguntar é se "acha que vai chover amanha" ou "o tempo está bom"...dahhhh!!!
Às vezes tem mesmo que ser feito, mas é uma seca valente.
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