Carta Aberta a São Pedro

Caro S.Pedro:

Antes de tudo mais, espero que esta carta te encontre bem de saúde, tanto a ti como aos teus, embora não conheça de todo ninguém da tua família. Ah! E espero que não te importes de que eu te trate por “tu”, já que és uma figura proeminente da Igreja e tal… e essa malta normalmente não gosta de tratamentos muito informais. São meio snob’s, eles, parece-me.

Bom… quanto ao que me leva a escrever-te, esclareço desde já que eu sou um gajo que não gosta de chuva. Pá… não gosto. O que é que queres?!

Não vejo nada com bons olhos que haja coisas como chuva e também como… chuva. Aquela treta de cair água do céu e molhar a roupa toda, que depois há-de secar em cima da pele, quase sempre em dias de frio, é lamentável, pá! E como se fala sempre de ti quando essa coisa da chuva insiste em aparecer, decidi contactar-te, para ver se a gente consegue entender-se numas coisinhas.

Em primeiro lugar, olha, não há mesmo maneira da chuva ser diferente? Aceitas sugestões para mudar alguma coisa na chamada pluviosidade? Olha, por mim, a chuva podia deixar de ser… molhada. Era bom, não era? Mas acredito que seja complicado ou que não seja mesmo possível, se não isso já tinha sido mudado e não foi. Mas se for, pá, aceita lá o input da malta. Vê lá disso.

A gente não pode acertar, um com outro, os dias em que vais mandar água por aí abaixo? É que há dias em que eu gosto ainda menos da chuva (e note-se que normalmente já não gosto mesmo nada). Pá… não te ficava nada mal tentar avisar a malta com alguma antecedência, já que os incompetentes dos meteorologistas avisam muito em cima da hora e nem sempre acertam com aquilo das previsões. Já agora, podias fazer umas acções de formação melhorzitas para aquela gente.

E, olha, não podia ser tipo gás (vapor) de água a cair, em vez de pingos grossos e frios (que o são, quase sempre)?! Tanto no Parque das Nações como em Copenhaga, quando lá estive há tempos, vi umas cenas com água a sair em vapor fresquinho que eram um mimo. É água que não chateia, não molha muito, no verão até é fresquinho e no Inverno o vapor até podia vir mais quentinho, que a malta não se chateava. Olha… uma coisa te digo. Era bem melhor do que a chuva. Era, era.Mas ainda te digo mais. Não percebo por que raio não se vêem inovações técnicas de relevo neste campo. Pronto… mede-se a pluviosidade, fazem-se cálculos de quanta água caiu e tal, prevê-se – mais ou menos – quando vai acontecer… mas eu acho que há mais por onde evoluir, caraças!

Com o avanço da tecnologia, numa altura em que com um computador ou um telemóvel já se recebem os serviços todos e mais alguns, já era hora de mandares a chuva só para quem a quisesse ou dela precisasse, não? Acompanha o meu raciocínio. Com a Internet em alta, podias fazer um site e a malta ia lá e inscrevia-se para receber chuva em determinado dia ou período temporal. Era assim uma coisa ao estilo de newsletter – recebia quem queria. Tinhas sempre negócio garantido. Barragens para encher, terras de lavradio para regar, rios para correr… Não me digas que te faltava serviço,… porque não faltava!

E não me venhas com as ervinhas que estão em todo o lado e com os reservatórios de água que os há em todas as terras, como argumento para fazer chover no país todo e, por consequência, em cima da minha cabeça também. Se fosses um gajo organizado e não estivesses em contenção de custos, já tinhas arranjado uma maneira para não receberes cartas como esta, de tipos fartos de levar com água na moleirinha, fartos de andar a espirrar por tudo e por nada quando chega o Outono e de conduzir com “pezinhos de lã” por causa das estradas estarem permanentemente escorregadias.

Bom… esta carta já vai longa. Toma tininho e põe-te ao fresco. Trata lá do que tens a tratar e não te esqueças de uma coisa. Se não resolves nada acerca disto, pá… vamos ter problemas.

Respeitosamente.

K@

Quase, quase...

Acho sempre alguma piada quando oiço coisas como “Tenho quase a certeza…”.

É daquelas frases lindas. Como outras na mesma linha: “Tenho 90% de certeza…” ou “Estou praticamente certo…”. E assim vistas, escritas… dá para ver que são todas frases muito lindas mesmo.

Estar certo todo e qualquer um quer estar, mesmo que não esteja (já agora, “todo e qualquer um” também é uma expressão jeitosinha…). Estar certo é, ou pode vir a ser, sinónimo de estatuto. O gajo que tem certeza do que diz ou faz, o tipo que está seguro de si… é um indivíduo com estatuto de gajo a séria. O gajo sem convicção do que diz não vale nada.

Por isso, há muito boa gente que… atalha. Ou melhor, há malta que se eleva, que se põe em bicos de pés, de modo a estar perto do tal estatuto tão desejado. E lá vem o “Tenho quase a certeza…”.

Se pararmos um bocadinho para pensar nisto, ter quase a certeza de alguma coisa é, na verdade, não a ter. Ou seja, é sensivelmente o mesmo que dizer “Não faço puto de ideia se é assim mas deixa-me cá mandar a bujarda a ver se acerto”. A diferença é que quem ouve “Tenho quase a certeza…” é levado a crer que o tipo, se não está com a certeza toda… está mesmo lá pertinho. Só não se sabe quão perto ou quão longe – e isso vai dar ao mesmo, mesmo que se diga aquela dos “90%” – e (praticamente) ninguém se apercebe que o gajo está só a encher chouriços até ver o que a coisa dá para só falar definitivamente quando tudo estiver mesmo às claras. Aí já é fácil ter certezas seja do que for.

Em suma, quem diz que tem quase a certeza... é esperto. Ganha tempo e não perde estatuto. São duas boas razões para arriscar… não arriscar. Sim; porque essa coisa do “Tenho quase a certeza…” no fundo é não arriscar, simulando que se arrisca como o caraças. É parvoíce mas não deixa de ser sinal de alguma astúcia, sempre útil, quando bem empregue.

Obviamente, aceito que nem toda a gente pense como eu. Mas julgo que a grande maioria concordará comigo. Aliás, tenho quase a certeza disso.

Às vezes… Não sempre… Mas está bem!...

Talvez por causa da minha mania das grandezas, não tenho um, nem dois… mas sim três chefes (ou, se calhar, é só mesmo por imposição da empresa que me contratou… não sei…).

O que é certo é que, de vez em quando, um deles diz-me, em tom de elogio profissional (resta saber com que grau de sinceridade), “És grande!”. Ao que lhe respondo “Sim… Aposto que é isso que diz a todos os seus empregados que estão neste preciso momento sentados nesta mesma cadeira a bulir como se não houvesse amanhã…!”. E ele ri-se, simplesmente.

Seja como for, o elogio não cai em saco roto e a minha resposta sarcástica é dada em tom de brincadeira, porque sei que o meu trabalho está, de facto, a ser feito o melhor possível. Ou seja, naquele momento, eu sou “grande”, nem que seja só um bocadinho, e mesmo que o seja só às vezes e pouco depois já não seja assim tão “grande” como isso. Sou “grande”… a espaços, pelo menos.

E isso, por mim, está bem. Este é um conceito que não me desagrada. De tal forma que – ainda que só há pouco tempo me tenha apercebido disso – eu próprio, amiúde, também diga algo do género quando elogio alguém. Em versão K@ziana, o dito passa “És o/a máiór!” (não esquecendo nunca de abrir bem as vogais, claro). No entanto, e como ninguém consegue estar sempre no topo das suas capacidades, eu acrescento logo “És o/a máiór… a espaços! Mas és o/a máiór!”. Fica o elogio feito… e com absoluta sinceridade.

Gosto de pensar que esta minha expressão é bem aceite por quem a ouve. Para mim, é bom dizê-la. É sinal de que por vezes sou agradavelmente surpreendido e gosto de o reconhecer.

Ultimamente, porém, tenho-me lembrado mais disto por causa da minha viatura. Essa carga de trabalhos com quatro rodas que mais parece um Ovo Kinder, já que sempre que rodo a chave na ignição, tento perceber qual é a avaria do dia – o que é sempre uma incógnita. Nos últimos tempos, tem sido a Direcção Assistida, que ora tenho, ora deixo de ter, tornando o Punto, às vezes, praticamente inguiável… mas não é sempre.

Como, aqui e ali (não sempre, nem perto disso), a Direcção Assistida lá se digna a funcionar, eu fico todo contente. E lá solto um “És o máiór, pá!”, mesmo que eu esteja a falar para um automóvel e isso pareça… digamos, vá lá… parvo.

Mas lá está. Não é sempre. É o “máiór”… só a espaços. É o que é. Não sempre.

Esta manhã, por exemplo, o Punto foi o “máiór”. Liguei-o e a Direcção Assistida funcionou e deu um jeitaço, por causa da chuva que caía. Já à hora de almoço, quando lhe peguei de novo, … nada de volante leve. Foi uma viagem com direito a treino de musculação forçado. Estou aqui com uns braços que sabe Deus…! Mas cansa… e só vem provar a minha teoria. Só se é o “máiór”… a espaços. Se dúvidas disso houverem, eu empresto o meu automóvel (assim… por uns dias), para que isso seja devidamente confirmado. Os meus braços agradecem; ficam com menos músculo mas com mais descanso.

Mas, ainda assim, a minha viatura, assim, até está bem. Porque o incremento muscular providenciado pela avaria é bem-vindo e o descanso ocasional dessa canseira… também.

Às vezes… Não sempre… Mas está bem!...

Work in Progress

Não há nada como ter um projecto, um objectivo… que mais não seja, uma espécie de “carta de intenções” que nos guie a alma, a concentração, a criatividade, a vontade e a capacidade de fazermos coisas.

Não raras vezes, esses projectos, esses objectivos, essas “cartas de intenções” como que caem por terra, com mais ou menos facilidade. Os desejos formulados com as passas na Passagem de Ano são bem o exemplo disso. São quase sempre feitos em vão. À primeira coisinha… puff! Já não há resoluções de Ano Novo que resistam.

Dietas que nunca começam, bebedeiras que nunca acabam, casamentos que nunca chegam a acontecer e o carro que nunca chega a sair do stand por culpa do raio do EuroMilhões que teima em não sair… Enfim, de facto, ele há projectos que nunca passam disso mesmo; de projectos.

Eu estou decidido a que pelo menos um dos meus projectos actuais seja levado de fio a pavio até ao fim, cumprindo assim o objectivo a que me propus, tornando-me dessa forma numa pessoal melhor, mais construtiva e empreendedora. Com mais valor, no fundo.

E porque não há nada como ter um projecto… estou mesmo determinado a ver no que isto dá.

Assim sendo, resolvi que não iria ser uma coisa feita de forma atabalhoada, não. Antes, sim, algo feito com calma, faseadamente; um bocadinho todos os dias, para não me fartar e para que fique mais bem feito. E tenho cumprido!

Todos os dias, sento-me, abro a gaveta e tiro de lá o aparelho. Perco uns minutos, vejo o que consegui fazer, regozijo-me com o que alcancei, arrumo o aparelho, fecho a gaveta e sei que no dia seguinte volto a contribuir um pouco mais para o meu projecto.

Pronto… se calhar não importa aqui dizer que o aparelho é um simples jogo de Tetris, guardado na gaveta do móvel da casa-de-banho, que a execução deste “Work in Progress” decorre na chamada “hora da defecação” e que tudo isto só é possível devido à opção “Pause in OFF” que o jogo permite (ou seja, que se pode pôr em Pausa e desligar, que o jogo fica memorizado até que se ligue de novo o aparelho, seja lá isso quando for).

Se calhar, não importa muito aqui revelar isso. Mas importa dizer que tenho de facto um projecto em desenvolvimento, um objectivo por cumprir (chegar ao fim daquela porra) e que este InSenso passa agora a ser a minha “carta de intenções”.

InSenso... pequenino (e um bocadinho parvo)




Fui chamado à atenção pelo facto de os meus InSensos estarem cada vez maiores. Não foi para mim um choque porque já me tinha apercebido disso, mas dói sempre um bocadinho perceber que mais alguém se apercebe das nossas fraquezas.

Actualmente, em relação o blog, a minha fraqueza é a manifesta incapacidade de síntese nos textos. Ou seja, já não consigo dizer parvoíces sem que sejam em demasia. Melhor dizendo, não me contenho a escrever imbecilidades que ainda por cima imponho a outros que as terão de ler. Isso não é bom, decididamente.

Por isso – e ainda que com alguma estranheza por finalmente entender que nem sempre é o tamanho maior o que agrada mais – decido fazer este InSenso pequenino, curtinho, no fundo, como um café expresso, … para saber melhor.

Ora, então… cá vai…



InSenso



Já está!...

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Ah!... Com a chegada ao 2º aniversário aqui do burgo, decidi-me a tratar melhor também os outros blog's da malta (ou em que a malta participa). Assim, está finalmente aberto o InSens'Imagens (com imagens novas todos os dias), o Palavra do Dia está a voltar ao activo (também com palavras novas diariamente) e o Petit Riens, esse, continuará como sempre, já que sempre foi o "irmão bonzinho" deste InSenso Comum. Estão todos online e os links estão aqui.

Enjoy!...

15 Nov 2004 - 15 Nov 2006




O Botão do Foda-se

A expressão não sei se é brasileira ou portuguesa, mas foi um colega meu brasileiro a dizer-ma. Tinha a ver com um árbitro de futebol que, de tanto reclamar por alegadas situações de fraude e compadrio na arbitragem, foi castigado pela Federação vezes sem conta e continua a descer de escalão. Por estar farto de represálias pelas denúncias que fez, resolveu ir protestar para a frente do edifício federativo empunhando uma vassoura (para “varrer” os dirigentes dali para fora). Um protesto inusitado e significativo do desespero do juiz de jogos de futebol.

No carro, o meu colega comentou a situação. “Carregou no botão do Foda-se! Tá-se a cagar para mais processos disciplinares! Agora já protesta por protestar! Carregou no botão do Foda-se e pronto!...”. Eu achei o comentário tão curioso quanto o próprio protesto mas a coisa ficou por ali.

Dias mais tarde, uma colega minha – com problemas laborais graves e irresolúveis de uma forma, no mínimo, airosa – disse-me que já nada mais lhe interessava senão ver o dinheiro que está em falta, em termos de ordenados e subsídios, para partir para
outra de cabeça erguida. Até lá, promete fazer a vida negra aos (ainda) patrões, sem se preocupar muito com as consequências, já que… pior… não pode ficar.

A minha tirada foi a mesma do meu colega, uns dias antes. “Ah!… Bom!... Estás pronta a carregar no botão do Foda-se, portanto!... Parece-me bem!”. E ela riu-se, dizendo que nenhuma outra expressão definiria melhor a situação.

Obviamente, “carregar no botão do Foda-se” não é, de todo, uma daquelas coisas saudáveis, politicamente correctas ou até com lucro visível a curto, médio ou longo prazo… mas, lá está… de vez em quando, dizer “Que se Lixe! Aqui vai fruta!” pode, no mínimo, fazer-nos sentir bem no instante imediatamente a seguir e, quem sabe, melhorar a nossa vida toda desse momento em diante. Também pode ser que não… nem uma coisa nem outra… mas pronto… uma vez “carregado o botão”… já não há caminho de retorno.

Saudável, não é de certeza. Já não falando na crise de miocárdio (ou, no mínimo, na arritmia) que causa, também não é bom para a nossa saúde… social. Naquele preciso momento em que nos passamos para lançar um berro ou desatar a asnear por tudo o que é canto, o mais certo é que nos considerem loucos. E ninguém se quer dar com maluquinhos, bem se sabe.

Politicamente correcto, também está longe de ser. Enveredar pelo caminho do palavrão não é algo com que as pessoas se sintam muito à vontade. Os párias, sim; esses são uns tipos porreiros para ser “público” ouvinte do desaforo dirigido a uma ou mais entidades que se queiram atingir. Aí, em vez de um insulto de volta, recebemos aplausos e gritos de incentivo. Apontar na lista: juntar sempre um grupo de marginais para assistir ao episódio de descontrolo total… para não nos sentirmos sozinhos.

Rentável… será? Às vezes, sim. Outras… não. A intenção é sempre a melhor, certo. Mas as consequência futuras são imprevisíveis, compreensivelmente. Ter um dia como o Michael Douglas naquele filme, com o taco de basebol e tal… pode aliviar a alma, mas até onde pode aliviar o corpo de não ter de vergar a mola para o resto da vida por causa de um momento de descontrolo…? Temos dúvidas. No entanto, pode acontecer que tudo corra bem… Ninguém está a negar essa possibilidade. Um dia, alguém fará estatísticas acerca disso, estou em crer.

“Carregar no botão do Foda-se” é, então (e acima de tudo), um conceito que nos faz bem pensar que existe mesmo. Ou seja, é uma hipótese… mais uma, no meio de tantas, pela qual podemos sempre optar, se nada mais resultar. É dizer “Foda-se!!!”… e esperar pelo melhor.



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NOTA INFORMATIVA

O próximo post será de aniversário (o 2º, no caso).

Todos os InSensatos estão convidados para a comemoração da imbecil efeméride.

BCM-BQNP ou BQNP-BCM?

Tenho andado a pensar nisto, confesso. Porque me parece uma questão pertinente, acima de tudo.

Numa altura em que não se sabe bem qual é o critério de selecção para muitos empregos que por aí pululam, urge – na minha modesta opinião – questionar o que é que tem mais "peso", por vezes, na decisão de um empregador: o BCM-BQNP ou BQNP-BCM?

Ok. Acredito que esteja confuso. Mas eu estou aqui (seja onde "aqui" for) para ajudar. É este Espírito de Missão (ouvi isto há dias e adorei – tinha de usar) e o outro... de Serviço Público. Não me largam…

Por BCM-BQNP pode entender-se o factor "Boa Como o Milho mas Burra Que Nem uma Porta", conceito utilizado por eventuais empregadores que, escrupulosos, admitem que uma gaja que aparece numa entrevista de emprego é, de facto, jeitosa que tolhe e tal… mas não dá uma para a caixa. Para tal é necessário que o candidato a patrão, ainda que vacile, opte por declarar o caso como um BCM-BQNP e deixar o currículo da dita candidata a funcionária de lado (mesmo que não o deite definitivamente fora – que mais não seja para poder olhar para a foto de vez em quando e/ou guardar o número de telefone para um contacto futuro… de outra natureza; é o que acontece na maioria das vezes).

Por BQNP-BCM entende-se, grosso modo, o contrário. "Burra Que Nem uma Porta mas Boa Como o Milho" é um modo de hierarquização de prioridades baseado noutras…características essenciais (leia-se, curvas) que não a competência para a escolha de alguém para um cargo profissional. De facto, inteligência até é, por (muitas) vezes, mais empecilho do que uma mais-valia, mormente quando o futuro patrão procura alguém não só para estar abaixo dele no organigrama, como também para estar simplesmente… abaixo dele. Não é assim tão raro. É o mesmo que dizer que as BQNP-BCM, sim, estão na parte certa da balança... e muitas vezes... da cama.

Duas notas, neste momento. Ponto 1: também há homens a concorrer a empregos e a ir a entrevistas - não pense que me esqueci disso - mas não é deles que me aprouve falar neste InSenso. Ponto 2: também há outras mulheres (não necessariamente bonitas e imbecis) de aspecto “mediano” e muito espertas, por exemplo – a concorrer a empregos e a ir a entrevistas - não pense que me esqueci disso - mas também não é delas que me aprouve falar neste InSenso; aliás, este tema afecta-as mais é a elas, diria eu.

Retomando o assunto… Até pode parecer parvo que eu veja a coisa simplesmente pelos prismas BCM-BQNP e BQNP-BCM. Mas não é. Ultimamente – em alguns sectores empresariais (uns mais do que outros) – o aspecto conta (e de que maneira) na escolha dos futuros funcionários ou funcionárias. Caso contrário, note-se, que sentido faria que cada vez mais anúncios de emprego exijam currículos com fotografia do candidato? Alguns ramos – não só a moda e a comunicação – pedem mesmo fotografia de corpo inteiro. E, já agora, não é verdade que sempre que alguém que vai a uma entrevista se emperiquita para causar “boa impressão”?... Por que será?...

Acho eu que a competência não se vê nuns sapatos novos, numa gravata colorida, num decote até ao umbigo ou num tom “vermelho-diablo” de baton. É que, pensando bem, a competência até deve ser invisível – ou, melhor dizendo, não tem de ser visível; seria bom que sobressaísse pela qualidade do trabalho realizado, independentemente de quem (e do aspecto físico de quem) o realize. Certo?... Certinho!

Mas pronto. A verdade é que as BCM-BQNP (e, acima de tudo, as BQNP-BCM) deste nosso universo imperfeito partem em grande vantagem, logo “à cabeça”. Os currículos, curiosamente, lá acabam por surgir sempre no topo da pilha da papelada dos candidatos, pelo menos. A todos os outros aspirantes (culpados apenas de serem comuns mortais, de estarem longe de serem BCM’s ou de simplesmente serem... machos)… a esses… resta fazer figas.

Afinal... talvez... TALVEZ a pessoa procurada até pode ser ecolhida por ser PBP: Potencial Bom Profissional. Mas ningúem garante que isso vá, de facto, acontecer, não é...?

Calimero – Versão 2.Pffffffffffff

A vida tem, amiúde, contornos de injustiça para (quase) todos. É uma daquelas verdades imutáveis e inquestionáveis (embora não forçosamente dogmáticas nos seus cánones...). Não há quem não se queixe – pelo menos uma vez na vida – de que algo de injusto lhe aconteceu ou de que já ia dando jeito os pesos da balança penderem para o “justo” (quem se queixa) em vez de ser sempre para o pecador (todo o resto do mundo). E isso não há ninguém que não o faça, ainda que negue fazê-lo.

"Injustiça!!!". É, certamente o que clama quem chega junto do carro estacionado na avenida ou no parque onde a viatura fica todos os santos dias (e nos outros também, já agora) e se depara com uma, duas, três ou até (num dia “bom”) quatro rodas “em baixo”. Pneu(s) vazio(s), jante(s) no chão, pipo(s) intocado(s) e um belo de um rasgo em cada um dos pneumáticos em causa. Julgará, sem surpresa, o proprietário do automóvel (e, consequentemente, das rodas também) que o cenário é de uma profunda, muito profunda, injustiça. E talvez até julgue bem… ou então, nem por isso.

A verdade é que nunca ninguém toma o partido de quem, efectivamente, de navalha em punho, faz os rasgos nos ditos pneus, pois não? E isso também é, de certa forma, injusto… ou estarei enganado?

Todos nós optamos sempre pela via mais fácil. Culpabilizamos, “crucificamos” e condenamos (sem direito a defesa) os furadores de pneus deste mundo. E por quê? Porque, alegadamente, o que estão a fazer é… mau, incorrecto, no fundo... injusto para quem fica financeiramente prejudicado com o “raid” ao pneumático. Talvez a coisa não seja assim tão linear.

Ou melhor, até pode ser mesmo assim, tão linear, mas também não custa tentar ver outra razão para haver malta especializada na perfuração de rodas de automóveis, a um nível quase profissional. Chama-se fazer de "Advogado do Diabo". De vez em quando, faz bem.

Imaginemos, então, que o “fura-pneu” é… sei lá… um activista.

Não é impossível que o intuito (o móbil, portanto) da acção seja, por exemplo, o desejo (legítimo, se visto por um determinado prisma) de libertar o ar preso - contra a sua vontade - no pneu do automóvel. É que, pensando bem, o ar das rodas dos carros tem tanto direito de ser livre como o resto do ar que anda por aí, “soltinho”, na atmosfera. Quem fura pneus pode não querer mais do que ser, no fundo, um justiceiro. E, se assim for, essa rapaziada está a ser, ironicamente, … injustiçada.

É certo que aqui se intromete a cena dos miúdos que furam os pneus dos carros dos professores que lhes dão más notas e dos “encornados” (gajos e gajas) que se vingam nos automóveis dos “encornadores” adúlteros (gajos e gajas) deste mundo. Esses, com certeza, não terão em mente o bem-estar do ar oprimido… e comprimido nas rodas de um qualquer VOLKSWAGEM POLO, estacionado à beira de um bloco de prédios de habitação, ali para os lados do Lumiar.

Ainda assim, há que pensar que, como em tudo, não se pode julgar o justo (o tal furador de pneus, determinado em libertar – com justiça – o pobre ar dos pneumáticos) pelo pecador (essa malta ressabiada por demais com a vidinha que leva). Isso seria... injusto.


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Caro InSensato Leitor:

Quando encontrar o seu carro com as rodas devidamente furadas… talvez seja bom pensar um pouco nisto.

Fly... Away

A Entomologia, lamentavelmente, é algo vaga na explicação de alguns fenómenos relacionados com os insectos.

Há anos (muitos anos) que procuro esclarecimento acerca de uma daquelas coisas que sempre me fizeram confusão… e ainda hoje, sempre que sucede, ponho-me a matutar sem que chegue a conclusão alguma.

A questão é esta:

Um gajo vai sentado num dos bancos dianteiros de um carro que vai em movimento.

Talvez seja melhor que esse gajo vá no lugar dianteiro de passageiro, porque admitir que o condutor desvia o olhar do asfalto para dar conta disto… se calhar não é bom. Mas seguindo…

A dada altura, uma mosca entra pela janela e começa a voar às voltas no interior a viatura. Voa, voa, para um lado, para o outro, “estaciona” num dos vidros ou no ‘tablier’ e volta a voar às voltas no carro.

Pergunto: Estando o carro em movimento, se a mosca parar no ar (ou se se limitar a planar, batendo as asas mas sem se mover em direcção nenhuma), ela passa de um “Ponto A” para um “Ponto B” do espaço interno do automóvel sem nada fazer?... ou será que o ar (a sua densidade e a sua pressão) “empurra” a mosca na mesma direcção em que o carro se desloca, ficando o insecto sempre no “Ponto A” inicial?

No exterior do carro, tudo é mais simples de perceber. Seja insecto que saia janela fora ou até um objecto que se atire fora abrindo o vidro (infelizmente continua a acontecer por esse país fora), imediatamente fica para trás e o mais certo é nunca mais ser visto por quem segue na viatura. No entanto, nunca vi uma mosca deslocar-se da frente para a traseira de um carro tão rápido, mesmo que a velocidade do carro seja acima dos 100 km/h.

No fundo, o que me chateia não é ter esta dúvida há tanto tempo mas sim ter ainda uma outra incerteza: mesmo que a Entomologia não o faça (e ainda não o fez, relembro)… será que a Física alguma vez se dará ao trabalho de esclarecer a minha dúvida?

Nesse sentido, quando não estava a conduzir, já tentei fazer a experiência, por exemplo, com pequenas bolas de papel. Em várias ocasiões, com o carro em movimento, eu atiro a bola de papel ao ar no seu interior… mas nunca consigo perceber que rumo ela toma… acima de tudo, porque mal a bola sai da minha mão já o dono do automóvel está aos berros comigo por lhe estar a sujar o carro todo e, mesmo quando explico o que estou a fazer, a resposta é, invariavelmente algo do género “Não tens mais nada que fazer ou pensar?!?”. And that’s that!...

Já pesquisei vários sites de Entomologia à procura de respostas mas parece-me que os cientistas estão sempre mais ocupados a acariciar lascivamente pequenas larvas da Birmânia ou a fazer turnos para documentar paranoica e exaustivamente todas as fases da metamorfose das borboletas da Amazónia. E isso pode ajudá-los a eles... mas a mim não me ajuda em nada, caraças!

VoCÃObulário

Por acaso é pena que os animais não falem.

E note-se, desde já, que sempre quis começar um texto com as palavras “Por acaso” mas nunca o tinha feito. No entanto, mesmo sabendo que a expressão “Por acaso” no início das frases pouco (ou nada) diga… ele há sonhos que um gajo tem de cumprir. Este está agora – finalmente – realizado. Avante.

Dizia eu que, por acaso, é pena que os animais não falem. E mesmo aqueles que até falam (tipo papagaios, araras, um ou outro cão que parece falar e umas quantas – muito poucas – focas de circo), é pena que não o façam de tal forma que ajudem os humanos a perceber o que lhes vai de verdade na mente. É que… dava jeito.

Há uns dias recebi uma mensagem no telemóvel que falava da indecisão de um simpático cão em optar por uma roda de um BMW ou de um OPEL para que uma delas fosse a fiel depositária do jacto de urina que, eventualmente, se seguiria. De facto, não fosse o pormenor dos cães não falarem e todo o processo de levá-los à rua para as necessidades fisiológicas seria bem diferente. Mais fácil, acho eu.

Se fosse claro para qualquer dono de um cachorro (após uma conversa – que, adivinho, seria esclarecedora – entre os dois) que o animal tem preferência por rodas de carros de alta cilindrada para urinar… tudo seria bem mais simples. Bastava sair à rua, seguir directamente para o local em causa e pronto. Problema resolvido. Aliás, quem diz pneus de automóveis favoritos, também diz postes de electricidade, bocas-de-incêndio, pinos de pedra ou cimento, árvores, abustos e afins predilectos. Os cães têm-nos – é um facto – mas não é fácil perceber com exactidão onde é que o animal se sente mais à vontade a mijar ou a cagar.

Também seria prático que os animais de estimação pudessem dizer, por exemplo, o que preferem comer, o que gostam e não gostam de fazer, que exercícios preferem para não ficar balofos, como gostam mais e menos de receber festas e dar-nos outras tantas informações úteis. Ajudava.

Já não ajudava tanto que eles usassem a faculdade da fala para chatear a malta com reivindicações, lamúrias e conversas de chacha. Não que não usemos nós a faladura para descarregarmos neles toda a treta que nos pesa na alma, mas digo eu que isso é suposto ser assim uma espécie de caminho de sentido único. A gente fala… eles ouvem. É como que uma instituição. Se os papéis se invertessem… não sei…

As galinhas têm asas mas não voam. Cães, gatos e muitos outros animais têm cordas vocais mas não falam. É certo que dava jeito, para percebermos se eles preferem os MERCEDES ou os RENAULT. Mas ouvir o meu gato (matreiro e quase sempre de mau humor) a mandar-me ir… dar banho ao cão…! Já não me parece que seja assim tão jeitoso.