Gostaste(s)…?

O reality-show Big Brother mudou Portugal. É como que uma frase batida mas é um facto. O país nunca mais foi o mesmo, desde que Marco, Zé Maria, Marta, Telmo e Célia entraram naquele T2 com muito boas áreas e um quintal com piscina a fazer inveja a muita casinha que se preze… não fosse, claro, o facto de a malta ter de ficar fechada lá dentro durante quatro meses, sem sair à rua para nada, nem podendo sequer cagar sem estar a ser observado por câmaras de televisão. Mas… lá está… Não há bela (casa) sem senão.

No entanto, o programa fez muito mais do que mudar Portugal. Levantou questões até ali não colocadas. E fê-lo de tal forma que – mesmo que o país não tenha reparado bem – ali algures entre os dois e os três meses depois do início da clausura daquela malta, a questão essencial surgiu. A pergunta para a qual sempre há resposta mas que nunca fica realmente respondida.


“Gostastes…?”


Bom… “pontapés na gramática” à parte… essa é a extrema e fulcral questão. E, até àquele momento (que alguns apelidam de romântico, entre Telmo e Célia), nunca o tema tinha sido tão mediaticamente abordado e divulgado. Pensando bem… ainda hoje me pergunto qual será a razão para o país não ter parado totalmente naquele instante, só para que pudesse ser debatida aprofundadamente a contenda. Não aconteceu, simplesmente. E eu não entendo porquê, até porque o futuro do nosso país ficou garantido logo nesse momento… mesmo que ninguém se tenha apercebido.É que, como já disse, a pergunta é, sempre foi e sempre será respondida, é certo. Mas sempre da mesma forma. Sempre com as mesmas palavras. Só não se sabe se com a mesma… sinceridade.

Caro InSensato visitante deste blog imbecil, recorra à sua boa memória. Alguma vez a resposta às perguntas “Foi bom?” ou “Gostaste?” terá sido “Não!”?!? Haverá conhecimento ou registo (escrito, oral ou fotográfico) desse insólito acontecimento? Haverá documentação que prove ou negue a existência de alguém que tenha feito essa insânia de responder negativamente a essa questão por demais sensível… e, se sim, a existir, se terá sobrevivido?
Na verdade, todo o equilíbrio do mundo (tal como o conhecemos) depende da resposta verbal “Sim!” (ou, no mínimo, de um leve aceno positivo, feito com a cabeça). Caso contrário, está o caldo entornado.

O exemplo que me ocorre é o seguinte.

Homem conhece mulher (ou vice-versa)… Homem corteja mulher (ou vice-versa)… Homem enrola-se com mulher (ou vice-ver… … … perdão… homem e mulher enrolam-se um com o outro…… assim fica melhor!)… No final, surge a pergunta, entre um suspiro de cansaço e a primeira passa no cigarro, entretanto acendido com o isqueiro até ali pousado na mesinha de cabeceira: “Então? Foi Bom? Gostaste?”… Resposta: “Nem por isso! Não!”… Resultado… Homem e mulher (na melhor das hipóteses) nunca mais se enrolam… Mas, por obra do destino, desse único “enrolanço”, surge a gravidez… Nasce um puto… Puto que terá mãe e pai separados (devido ao “Não!” da “hora H”)… Puto que será, obviamente, um ressabiado, sem amor-próprio… Puto que, estatisticamente, terá grandes probabilidades de vir a tornar-se num rebelde – primeiro – e num déspota ditador beligerante e cruel – depois.

No fundo, é isto. Naquele momento em que a pergunta surgiu, mais valia ter respondido “Sim! Foi fantástico!”, mesmo que tivesse sido a pior estucha de queca alguma vez mandada naquele hemisfério. Talvez o equilíbrio do planeta não fosse tão seriamente comprometido…!

Telmo, basicamente, só queria isso mesmo. Telmo, Inteligentemente – apesar de parecer estranho que este conceito (“inteligentemente”) surja associado ao nome de Telmo - apenas quis assegurar-se de que o mundo continuasse a girar no mesmo sentido de sempre. Célia, também de forma sensata – e mais uma vez, aqui se ressalva a estranheza da junção do conceito de sensatez ao nome de Célia – respondeu "Sim!" e ficou tudo bem.

Se isso não tivesse acontecido, estou certo de que o Big Brother teria terminado logo ali e as consequências futuras daí advindas seriam simplesmente horríficas e incomensuráveis.

6 inSensinho(s) assim...:

ah e tal disse...

Na minha opinião eu sou apologista da sinceridade e da comunicação, só assim pode haver melhoras.. Se não foi bom para a próxima alguém ali tem que se sintonizar mais no parceiro e acho que isso deve ser dito para bem-comum do casal.

K@ disse...

"ah e tal":

Please, lighten up!

ah e tal disse...

p.s: mais informações consultório da ah e tal.

p.s.2: devia ter ido para terapêuta de casais em vez do mundo da publicidade.

ah e tal disse...

:P

GK disse...

O que queres dizer, então, é que o Telmo procurava uma festinha ao ego, como todos os machos que fazem essa pergunta, e não a verdade. É isso?
Já agora, é preciso fazê-la? Se foi bom, tu saberás. Se ela fingiu também não te vai dizer a verdade... Assim, para quê perguntar?
Ah, já agora... Melhora sempre com a prática! ;)

Bj.

ah e tal disse...

concordo que a maioria aja assim,
mas não é a melhor solução se foi mau....
Das duas uma:
1- se a pessoa gostar da outra pessoa, deve ser sincera...
2- se for uma queca ocasional, acho que tb ninguém pergunta nada...