Uma questão essencial

Sou um acérrimo defensor de que todos devemos ocupar da melhor maneira a mente, de modo a que as questões essenciais sejam tratadas com a eficiência devida, sem pensamentos banais que atrapalhem o processo de reflexão, cognição e processamento de informação por parte do nosso cérebro.

Ou seja, todos os momentos são bons para pensar, desde que o pensamento seja racional e cuidadosamente direccionado para assuntos que interessem mesmo e não para qualquer coisita sem jeito nenhum; as chamadas banalidades, no fundo.

Foi precisamente com base nisso que aproveitei uma “viagem” de 9 andares num elevador (o tempo que passamos em elevadores é bom para frutuosas reflexões) para pensar em algo de importância extrema:

Deve ou não um gajo soltar gases quando está num elevador?

(a quem discorda da verdadeira importância do tema e acha que não se deve perder tempo com esta absolutamente necessária reflexão, despeço-me aqui, pois a leitura do que resta deste InSenso vai contra essa ideia; a si, então, que fique bem e até um outro dia!... aos outros… continuemos!)

A resposta à pergunta pode ter várias respostas sendo que…

1… se houver mais alguém no elevador, é NÃO. A não ser que o elevador seja grande e esteja muita gente, nesse caso a resposta é TALVEZ. Só com duas ou três pessoas lá dentro, com mais ou menos facilidade, um tipo que se alivia é descoberto rapidamente (não… o truque do olhar acusador para o colega do lado nunca resultou verdadeiramente). Com mais malta, talvez passe. Mas só talvez. Não é garantido. Por isso, talvez não seja aconselhado.

2… se o trajecto for o descendente, para o hall de entrada do edifício, é NÃO. Nunca se sabe se estará lá alguém em baixo à espera de tomar o elevador para cima e que vai perceber imediatamente que foi o gajo que acabou de sair que empestou a cabine toda com um pivete pior do que o do enxofre. Para além da natural vergonha imensa passada se se tratar de um conhecido nosso (vizinho, colega de trabalho, etc.), até se pode dar o caso de ser uma pessoa desconhecida mas que até nos conviria vir a conhecer e dessa forma nunca haverá sequer a mínima chance de que aconteça. Neste grupo incluem-se as pessoas realmente importantes, tipo VIP’s, patrões com quem nunca falámos mas a quem nos daria jeito pedir um aumento num futuro próximo e gajas (ou gajos) boas (ou bons) que eventualmente desejaríamos “afiambrar”. Aliás, é sabido que o amor da nossa vida pode surgir a qualquer altura. Convém que não se deite tudo a perder por um alívio intestinal aéreo.

3… se o trajecto do elevador for o ascendente, a resposta é TALVEZ SIM. Pronto… num edifício de escritórios ou qualquer um outro que seja mesmo muito concorrido, haverá sempre gente a entrar e sair, tanto a meio como no final da viagem e, se assim for, o melhor é aplicar a regra do ponto 1. Mas se for um prédio de habitação, dificilmente haverá mais quem queira, a meio do trajecto ascendente (tipo, no 3º ou 4º andar), entrar para ir mais acima; o mais certo é querer descer e não subir. Por isso, e se o nosso objectivo for enfiar-se em casa logo a seguir a soltar um gás no elevador, se calhar não virá grande mal ao Mundo por soltá-lo (ou… dar-lhe liberdade, que é uma expressão mais simpática), porque… pá… não há – é sabido – nada como a sensação de alívio que isso dá… e… porra!… era um galo de todo o tamanho que, lá em cima, (por exemplo) o vizinho da porta ao lado ou alguma visita dele tivesse escolhido precisamente aquela hora para sair de casa e pegar o elevador. Também… se acontecesse isso, o raio do tipo ou tipa só merecia era mesmo levar com o cheiro, que era para aprender a escolher melhor as horas para decidir ir à rua, não é?!?...

Relembro que tudo isto foi pensado num trajecto descendente de 9 andares de um elevador. Não soltei o gás que me apetecia soltar mas pensei muito nisso. Aproveitei esses 9 andares e pensei nisso cuidadosamente. Pensar nisso é essencial, parece-me a mim. E pensar em coisas essenciais é usar racionalmente o nosso cérebro.

Quem disser o contrário, estará certamente a mentir.

0 inSensinho(s) assim...: