Os Dramas da Bola

Raramente aqui escrevo sobre futebol, porque já muito escrevo sobre isso noutros sítios e porque, diga-se a bem da verdade, escreve-se demais sobre esse desporto que não merece tantos caracteres e teclas de computador gastas só por causa de 22 tipos atrás de uma bola.

Ainda assim, hoje apetece-me aqui escrever sobre bola porque há coisas estranhas que acontecem precisamente por causa desses 22 marmanjos.

Esta semana, li que numa claque de um clube de futebol foram encontradas munições, drogas e bastões que são consideradas armas.

É que dá logo vontade de abrir a carteira, tirar lá uma “pipa” de massa (que é exactamente quanto custa ir ver um jogo da Liga Portuguesa) e ir à bola, não dá? Sim; não há nada como fazer um valente rombo no orçamento mensal só para partilhar o mesmo espaço que esses senhores que – quais cães raivosos em defesa do dono – vão para todo o lado fazer estrilho e, sempre que possível, distribuir porrada sobre quem não goste das mesmas cores. É assim… tipo… um estilo de vida. Enfim…!

O que é mesmo giro é pensar que não gostamos de estar com pessoas mal dispostas numa sala fechada porque é desagradável e as paredes até parecem fechar até a sala parecer mais pequenina… mas até nem nos importamos de estar encafuados num estádio (que não deixa de ser um espaço fechado – e mais exíguo em proporção, se pensarmos bem), com mais umas 30 ou 40 mil pessoas, todas elas à mercê de um grupo de gajos que, se se passam, lançam o pânico junto das pessoas que só foram ver a bola com os miúdos.

Parece-me bem.

No entanto, há uma coisa que me preocupa e até me leva a crer que esses rapazolas têm razões para serem mal encarados, mal dispostos e que tenham vontade de distribuir porrada com alguma frequência.

Na sequência da notícia que referi no início deste InSenso, li também que as buscas da Polícia Judiciária acabaram por resultar na detenção de um dos elementos da claque em causa. Um indivíduo português com 27 anos e sem “ocupação conhecida” (ou seja, sem emprego). Mais. Que várias outras claques e elementos das mesmas estão também a ser investigados porque, não tendo essas pessoas “ocupação conhecida”, têm sinais exteriores de (grande) riqueza e tal.

Certo. Têm bons carros e não vestem roupa – vá lá – barata. Mas… Coitados… Estão desempregados!... E toda a gente sabe que a vida está difícil para quem não tem emprego!... E se não têm emprego… como é que vai ser quando for para receber reforma?!?...

É…! Com estes stresses todos de não saber como vai ser o futuro, se calhar também eu andava meio raivoso, a esmurrar narizes, a dar bastonada, a criar confusão e a berrar por tudo o que é estádio do país, para ver se ouviam a minha revolta contra a aberrante incúria da Segurança Social e demonstrar claramente a minha preocupação para com o bem-estar dos meus familiares daqui a uns anos.

E, se no processo, eu também pudesse ver a bola… então era tudo o que um gajo podia desejar!...

0 inSensinho(s) assim...: