Se isto fosse um país a sério...


Quando alguém em férias sai dos grandes centros populacionais para, digamos, uma aldeia mais ou menos perdida no interior alentejano, aquilo que espera obter com a "fuga" é paz, sossego e nada que se assemelhe às vicissitudes inerentes a viver, digamos, em Lisboa. Isso é o que se espera... mes nem sempre se consegue. Correndo o risco do leitor soltar aquela velha máxima «Também... a este palhaço acontece-lhe tudo!», tenho de confessar que, de facto, a minha "fuga alentejana" já ficou marcada por algo que esperava mais que acontecesse na capital.

A caixa MultiBanco (MB) do supermercado da vila vizinha (Ferreira do Alentejo) foi levada esta madrugada por um grupo de encapuzados que quase foram apanhados já bem longe daqui, junto ao Pinhal Novo (Palmela), a tentar abrir a geringonça para de lá sacar o dinheiro. Em vão, visto que a GNR surpreendeu em flagrante delito os meliantes que lá conseguiram pôr-se em fuga num jipe de alta cilindrada que haviam gamado também, pelo método do carjacking.

É nestas alturas que se vê que a Justiça em Portugal claramente não funciona como devia.

Os assaltantes fugiram. Certo. Mas deixaram para trás vários equipamentos usados para tentar abrir a caixa MB furtada (como um pé-de-cabra e uma rebarbadora), que as autoridades apreenderam de imediato. Se isto fosse um país a sério, a coisa não ficava assim.

A verdade é que, agora, os ladrões estão em liberdade... mas sem meios de subsistência, coitados! Sem equipamentos para abrir à força caixas MB, como é que esta malta se safa? E não há sequer um mecanismo legal qualquer ao dispor da rapaziada para pedir uma indemnização à GNR por apoderação abusiva de ferramentas essenciais para o desempenho da actividade profissional?

É que, a partir desta manhã, estes assaltantes estão em maus lençóis para conseguir o seu ganha-pão... e ninguém lhes garante que não venham ainda a ser apanhados, os pobres diabos!... Quer dizer... talvez aí a Justiça portuguesa venha a dar-lhes uma borlazita. Se eles nunca forem capturados (e, pelo que se tem visto, há fortes possibilidades de isso vir a ser uma realidade) será assim como que uma compensação pela apreensão da rebarbadora. Por exemplo, para muita gente, o Rendimento Mínimo de Inserção é a melhor forma daquela malta que, não querendo fazer nenhum, não tem que ficar sem tusto para o diário macinho de tabaco da ordem (e para mais um ou outro viciozito sem o qual não se consiga passar, claro).

Isto não é um país a sério... mas... vá... também não é totalmente injusto. Estou certo que é nisso que os assaltantes da caixa MB de Ferreira estão a confiar neste momento.

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