Dias Em Que Um Gajo Está Mal Disposto






Digo eu que os podia haver. Até porque é bom haver sempre um bocadinho de cada coisa (que mais não seja, a bem da diversidade e tal). Mas podia haver assim tipo em dias que um gajo estivesse mesmo muito bem disposto. Porque assim a má disposição levava-se melhor. Contrabalançava a coisa. Pelo menos... é isso que eu penso.

80 e picos...

A década de 80 e os anos que se seguiram ficaram marcados por uma imensidão de coisas mais ou menos trágicas no que tocou à Cultura. Por exemplo, pelo surgimento de uma data de duplas mistas no mundo da música pop. Bandas como os Eurythmics...

... os Roxette...

... e os Modern Talking.

Só que, neste último caso, a... gaja... era a morena.

A minha habilidade


Toda a gente tem uma habilidade. Toda e qualquer pessoa possui a capacidade de fazer alguma coisa com tanto (mas tanto!) jeito que o "truque" - como também é apelidado - acaba por distinguir esse indivíduo dos demais, seja pela positiva ou pela negativa. Isso dependerá da habilidade de cada um.

Normalmente, as pessoas orgulham-se da habilidade que sabem fazer e aproveitam ocasiões sociais (festas, reuniões, almoços e jantares de grupo, etc.) para a mostrar ao mundo. Às vezes, isso corre às mil maravilhas e a pessoa que levou a cabo o "número" fica extremamente bem vista; outras vezes,... nem tanto e a posição do indivíduo desce consideravelmente na cadeia social. Também isto depende da habilidade de cada um... e, já agora, do timing também (saber fazer passar uma pequena corda da narina esquerda para a narina direita, internamente, pode ser uma habilidade comumente tida como "do caraças!" mas não convém ser feita... sei lá... a meio do segundo prato de um jantar com o Director-Geral da empresa onde se trabalha; já no final da refeição, já com uns Whisky's consumidos pelo patrão, talvez seja a hora mais indicada para a façanha).

Tudo isto para dizer que, sem querer, descobri que há muito tenho uma habilidade só minha, mas de que nunca me tinha apercebido. Uma coisa que sei fazer - não quero ser imodesto, mas tem de ser - com a mais absoluta das perfeições e que duvido mais alguém faça tão bem quanto eu.

A saber: descobri que, quase sempre que me levanto da cama ou de uma soneca no sofá, tenho o dom de conseguir bater em praticamente todas as paredes, portas, móveis e objectos vários que se encontrem entre um "Ponto A" (a cama ou o sofá) e um "Ponto B", para onde quer que eu me desloque. A minha habilidade é tanta que, orgulhoso, me vejo na obrigação de documentar cada uma dessas ocasiões e raro é o dia em que não tenha uma "nódoa negra" nova na pele, seja num braço, numa perna, num pé... por aí além. Às vezes até faço mais do que uma "negra" de uma só vez, tal é o gabarito da minha habilidade!

Sim. É uma daquelas habilidades que, dirá o leitor, não é fácil levar para um evento social para fazer e, assim, impressionar os amigos e/ou desconhecidos. Mas é uma bela habilidade, ainda assim. E, mesmo não parecendo, também não é totalmente descartável a hipótese de se fazer isto numa festa. Basta que eu adormeça por um tempinho. Se houver soninho e o resto da malta me convencer a beber uns copitos de Moscatel de Setúbal, a coisa é capaz de resultar. E, diz quem já assistiu a uma ou mais demosntrações (mais caseiras, com pouco público presente) do truque, é um espectáculo digno de se ver. POUCO digno, mas vá... um bocadinho digno, pelo menos.

Esta manhã, por exemplo, consegui levantar-me da cama, tropeçar no comando da televisão que jazia no chão, logo ali ao lado e isso valeu imediatamente um «F***-se!» bem sonoro... logo para acordar. Depois bati na cómoda, na ombreira da porta do quarto, no puxador da mesma porta, na parede do corredor, dei um chuto no rodapé do mesmo corredor e, finalmente, bati também com o cotovelo na porta da casa de banho. Da cama ao WC distam qualquer coisa como uns... dez passos e uns «Porra!», «Caraças!», «Mas desde quando é que isto está aqui?!» e, de vez em quando, até um ou outro «Chiiiiça!!!».

Garanto que são 20 segundos bem passados, embora mais interessantes para quem assiste a tudo, claro.

MICTAR





Uma palavra que, claramente, não é dita com a frequência que merece. Também por isso, o InSenso Comum aproveita para dedicar este post e assim prestar-lhe a devida homenagem.


Pequena Reflexão Acerca de Estópeques Escandinavos


Não vem nada ao caso, mas de vez em quando lembro-me disto, principalmente quando viajo de Lisboa para Coimbra e acabo com o pára-brisas do carro todo sujo.

Na Suécia, a taxa de suicídio é extremamente elevada, acima de tudo nos meses de inverno, em que há muito poucas horas de luz natural. Os suecos são pessoas bem dispostas e de bem com a vida mas aquilo da noite quase permanente bate-lhes um bocado e a coisa descamba quando eles começam a terminar com a própria vida. Deve ser coisa relacionada com depressão ou algo do género. Não sei.

Já quando viajamos de automóvel, o mais frequente é levarmos com dezenas ou centenas de mosquitos, moscas, vespas e tantos outros insectos (que desde jovem gosto de chamar "Estópeques" - uma expressão que usávamos para denominar os mosquitos nos acampamentos) que, literalmente, se atiram para os pára-brisas dos carros ou se deixam facilmente apanhar, morrendo espalmados contra o vidro.

Estou em crer que os estópeques até são animais que, a dada altura, estão de bem com a vida mas depois algo lhes passa pela cabeça e fomentam o suicídio sem razão aparente. Se calhar, é porque são suecos...

O Ovo Mexido Gourmet *

O brainstorming é um conceito interessante. Quero dizer… deve ser. Para dizer se é mesmo ou não é, se calhar seria preciso saber primeiro o que é que brainstorming quer dizer. No entanto, o meu curso de inglês no instituto de línguas do meu bairro ainda só chegou para aprender os dias da semana e pouco mais (e já lá estou há oito meses). A ideia é conseguir dizer a palavra stress com a pronúncia correcta. Depois disso, desisto (espero que aí já tenha aprendido o que quer dizer brainstorming, claro).

Vem isto ao caso porque me disseram que uma conversa que tive com um “
Vizinho” amigo pode ser considerada brainstorming e que, por exemplo, brain quer dizer cérebro. Isso causou-me estranheza, porque (conhecendo-me bem a mim e ao Vizinho) em conversa nenhuma tida entre nós me recordo que tenha estado envolvido um único cérebro que fosse… quanto mais dois!

Mas… avante!

Na supracitada conversa, o meu interlocutor apregoou ser um entendido em culinária de requinte; assim uma espécie de “Chef” de cuisine avant-garde cuja grande especialidade é… Ovos Mexidos!

Diz, então, o Vizinho que de Ovos Estrelados não percebe grande coisa mas que em Ovos Mexidos é um verdadeiro perito («Não há pai!», são as palavras dele). A mim resta-me acreditar e, tanto quanto possível, ajudar o rapaz a rentabilizar tal (raríssimo) talento. Nesse sentido, propus-lhe que pusesse a perícia a render abrindo um restaurante exclusivamente de Ovos Mexidos. Se fazê-los é uma arte de tão alto gabarito, então, não há como um restaurante dedicado unicamente à iguaria venha a ser um flop.

Obviamente, vejo isto com bons olhos. O Vizinho não, porque aqueles olhos meio pitosgas enxergam pouca coisa.

Tudo podia começar… pela rua. A ideia é do próprio “Chef”. Se há quem faça um figurão a vender Cachorros Quentes (que mais não são do que salsichas postas a aquecer em água ao lume e metidas em pão – não há arte nenhuma ali), não vejo por que não começar o negócio da venda do belo do Ovo Mexido (Gourmet, acrescento eu) numa barraquinha, à porta das discotecas, em que o cozinheiro, de avental e gorro branco, berrasse: «Olhó óvinho mexíídeeeeeeeeeeee!!» Muito sinceramente, concordo com esta ideia, porque praticamente todos os produtos de grande sucesso no mundo começaram assim, de forma humilde mas ambiciosa.

O tempo chegará em que o franchising (um termo que uso mesmo sem saber de todo o que significa – mais um objectivo para o meu curso de Inglês) de uma cadeia mundial (planetária ou até mesmo inter-planetária – não faz mal sonhar alto e… os extra-terrestres se calhar também passariam a ser apreciadores) de Ovos Mexidos Gourmet venha a vingar e o negócio venha a render milhões e mais milhões.

Ouvi dizer que já há por aí uma cadeia de carne picada grelhada metida em pão ou algo do género com algum sucesso. Mas nada que se compare ao potencial dos Ovos Mexidos que, no mínimo (mesmo não se chegando ao ponto da tal cadeia universal – o que não acredito que não aconteça), merecem ter o tal restaurante dedicado com absoluta exclusividade. Obviamente, também aí, em ambiente de requinte e luxo (o Ovo Mexido Gourmet vai ser famosíssimo! Já imagino o restaurante do Ritz a contactar o Vizinho…), o "Chef" sairá da cozinha acompanhando o prato até ao cliente e gritará: »Olhó óvinho mexíídeeeeeeeeeeee!!» E sempre que o fizer será profusamente aplaudido pela "nata" da Sociedade.


*(post criado a quatro mãos e duas cabeças com pouco juízo, via chat)

奇迹的一个中国店 (Maravilhas de uma loja chinesa)


Ainda assim, a informação é útil, porque está um frio do caraças!

Pergunta Pertinente: O Casamento será prejudicial?


Resposta: Sim. É.

Uma constatação desta natureza só pode – como não será difícil de perceber – ser tida por uma pessoa casada. No caso, por um homem (recém-)casado, ou seja, eu.

O enlace deu-se há dias – menos de uma semana – e não foi preciso muito para me aperceber que a opção por juntar os trapinhos não é, de todo, a melhor política para levar uma vida inteligente sem mácula.

No "centro" desta (algo estranha – admito) epifania está todo o manancial de coisas a organizar quando toca a alterar o estado civil de duas pessoas. Porquê? Porque por muito que a malta se esforce para levar a bom porto uma série de eventos com planeamento bem sucedido… a verdade é que conseguir que a organização vingue sobre a confusão não passa de uma mera utopia, longe de ser desmistificada.

Eu explico.

Por exemplo, todo o dia da cerimónia é um acumular de situações de stress causadas pela aparição de contratempos que antagonizam com o pré-estabelecido pelos noivos. Horários a respeitar, protocolo a cumprir, coisas a não dizer (sabe Deus a quantidade de assuntos a evitar quando há tantos familiares presentes num mesmo espaço!)… o descambar de tudo isto é uma questão de tempo, assim uma espécie de “acidente à espera de acontecer”. Resolver os problemas inerentes ao não cumprimento do planeado requer uma boa dose de paciência (que, obviamente, nunca se tem quando há tantos familiares presentes num mesmo espaço) e capacidade de improviso que o excesso de planeamento prévio quase invalida por completo. Ainda assim, tudo acaba por se resolver… excepto as dores nos pés, inevitáveis quando há sapatos novos incluídos na equação.

Outro exemplo (ainda não há muitos, porque a expressão casados de fresco ainda se aplica) é a partida para a lua-de-mel. É que, de repente, mesmo que toda a gente diga que os opostos se atraem, percebemos que há muito mais em comum num casal do que um primeiro olhar consegue identificar. Após o casamento, descansa-se um dia e começa-se a preparar a mala para a viagem logo depois. Está tudo tratado com o hotel e com a agência de viagens (que nos aconselha «vivamente» a estar cedinho no aeroporto para o check-in), está tudo orientado no que toca aos dinheiros a levar e também à bagagem (preparada até à última hora da noite anterior ao voo e até ao último centímetro cúbico de espaço na mala) e os... sete despertadores da casa acertados para as 6 da manhã do dia seguinte. Quando eles tocam (e, meu Deus!, como dói quando eles tocam!) a essa hora é que o casal, finalmente, se lembra de verificar os vouchers do voo e do hotel. É sempre a hora mais apropriada – mesmo antes de sair de casa para o aeroporto. E aí se vê que algo, de facto, une duas pessoas aparentemente muito diferentes: a palermice. Com toda a comoção organizativa do casório e da lua-de-mel, nenhum dos recém-esposos se tinha apercebido que o voo… era só no dia a seguir e quase (quase, quase!!!) houve dois palermas ávidos de calor e praia a cruzar uma cidade de Lisboa fria e chuvosa, para chegar ao aeroporto cedinho (acatando o conselho da agência), sendo que por cedinho se pode entender, neste caso, com... 27 horas de antecedência para o check-in. Ou seja, pelo calor e pelos encantos do Brasil, o casal de totós teve de esperar mais um dia no... fresquinho invernal de Lisboa, quando já só pensava em boa vida e agradável canícula de verão, que é para aprender a ter mais atenção ao que vem escrito nos papéis.

Sim. O Casamento é prejudicial. Dá cabo das virtudes que qualquer um. Em apenas cinco dias, já se percebeu que a inteligência e ponderação dela baixaram ao nível do meu sofrível intelecto e da minha inexistente sensatez. Tal como, nos mesmos cinco dias, a minha habitual capacidade de observação dos pormenores passou a estar incrivelmente próxima da distracção no que toca aos detalhes demonstrada pela minha mulher. Ou seja, ainda nada de bom foi potenciado (nela ou em mim) desde o Sim que dissemos há dias. Talvez agora, no Brasil, uma vez apanhado o voo… no dia correcto, há hora marcada.

Mesmo assim, antes de sair de casa, vamos voltar a conferir os vouchers, porque a palermice parece ser uma consequência directa do acto de alteração do estado civil, para o qual ninguém nos avisou de antemão, lamentavelmente.