A minha habilidade


Toda a gente tem uma habilidade. Toda e qualquer pessoa possui a capacidade de fazer alguma coisa com tanto (mas tanto!) jeito que o "truque" - como também é apelidado - acaba por distinguir esse indivíduo dos demais, seja pela positiva ou pela negativa. Isso dependerá da habilidade de cada um.

Normalmente, as pessoas orgulham-se da habilidade que sabem fazer e aproveitam ocasiões sociais (festas, reuniões, almoços e jantares de grupo, etc.) para a mostrar ao mundo. Às vezes, isso corre às mil maravilhas e a pessoa que levou a cabo o "número" fica extremamente bem vista; outras vezes,... nem tanto e a posição do indivíduo desce consideravelmente na cadeia social. Também isto depende da habilidade de cada um... e, já agora, do timing também (saber fazer passar uma pequena corda da narina esquerda para a narina direita, internamente, pode ser uma habilidade comumente tida como "do caraças!" mas não convém ser feita... sei lá... a meio do segundo prato de um jantar com o Director-Geral da empresa onde se trabalha; já no final da refeição, já com uns Whisky's consumidos pelo patrão, talvez seja a hora mais indicada para a façanha).

Tudo isto para dizer que, sem querer, descobri que há muito tenho uma habilidade só minha, mas de que nunca me tinha apercebido. Uma coisa que sei fazer - não quero ser imodesto, mas tem de ser - com a mais absoluta das perfeições e que duvido mais alguém faça tão bem quanto eu.

A saber: descobri que, quase sempre que me levanto da cama ou de uma soneca no sofá, tenho o dom de conseguir bater em praticamente todas as paredes, portas, móveis e objectos vários que se encontrem entre um "Ponto A" (a cama ou o sofá) e um "Ponto B", para onde quer que eu me desloque. A minha habilidade é tanta que, orgulhoso, me vejo na obrigação de documentar cada uma dessas ocasiões e raro é o dia em que não tenha uma "nódoa negra" nova na pele, seja num braço, numa perna, num pé... por aí além. Às vezes até faço mais do que uma "negra" de uma só vez, tal é o gabarito da minha habilidade!

Sim. É uma daquelas habilidades que, dirá o leitor, não é fácil levar para um evento social para fazer e, assim, impressionar os amigos e/ou desconhecidos. Mas é uma bela habilidade, ainda assim. E, mesmo não parecendo, também não é totalmente descartável a hipótese de se fazer isto numa festa. Basta que eu adormeça por um tempinho. Se houver soninho e o resto da malta me convencer a beber uns copitos de Moscatel de Setúbal, a coisa é capaz de resultar. E, diz quem já assistiu a uma ou mais demosntrações (mais caseiras, com pouco público presente) do truque, é um espectáculo digno de se ver. POUCO digno, mas vá... um bocadinho digno, pelo menos.

Esta manhã, por exemplo, consegui levantar-me da cama, tropeçar no comando da televisão que jazia no chão, logo ali ao lado e isso valeu imediatamente um «F***-se!» bem sonoro... logo para acordar. Depois bati na cómoda, na ombreira da porta do quarto, no puxador da mesma porta, na parede do corredor, dei um chuto no rodapé do mesmo corredor e, finalmente, bati também com o cotovelo na porta da casa de banho. Da cama ao WC distam qualquer coisa como uns... dez passos e uns «Porra!», «Caraças!», «Mas desde quando é que isto está aqui?!» e, de vez em quando, até um ou outro «Chiiiiça!!!».

Garanto que são 20 segundos bem passados, embora mais interessantes para quem assiste a tudo, claro.

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