Ramos. Assim se chama o meu actual e (se tudo correr como previsto) futuro ex-senhorio. Homem chato, complicado e artolas, que reúne a “esperteza saloia” do melhor de três mundos, já que (e não o digo com particular espírito xenófobo, só… um bocadinho…) se nota claramente que é um “portuga”, com influências “brasucas” a juntar às raízes… angolanas. Ora… tal mistura (explosiva) só podia dar num ser particularmente incómodo, incoerente e com a mania de que sabe tudo. Enfim…
Falo aqui do dito personagem porque estou em vias de terminar a ligação contratual que mantenho relativa à casa onde actualmente vivo, sem recorrer ao direito de renovação (a não ser que tudo corra pelo pior e que, daqui a dias, esteja em vias de estar a viver debaixo da ponte) e já não o posso ouvir, ver nem sequer pensar na possibilidade de vir a manter esta relação inquilino-senhorio devido ao prolongamento da minha estadia por cá.
Caso queira o InSensato Leitor julgar este InSenso como uma certa espécie de vingança mesquinha… pois que o faça, até porque é disso que se trata.
Ramos – esse energúmeno – tem-me feito a vida negra, tanto quanto possível. Numa primeira fase, iludido com a perspectiva de ter alguém ligado ao meu ramo profissional a viver na casa que aluga (claramente, com a ambição de vir a “lucrar” com isso, acho eu); passou a achar que, afinal, todas as pessoas são “normais” e alguém que não está propriamente disposto a facilitar-lhe a vida, a conectá-lo com pessoas importantes e a dar-lhe dinheiro imediatamente quando ele pede… talvez não seja assim um tão bom “partido” quanto ele julgava. Ramos, no fundo, é um parvo.
Tempos houve em que Ermengarda (Ermelinda, de seu nome verdadeiro, mas devidamente alterado por mim e pelos meus colegas de casa na altura) também me fez a vida negra. À data eu era um estudante de Administração Autárquica (onde tinha eu a cabeça?!?) em Coimbra e as minhas prioridades não fugiam muito de cerveja, miúdas e pouca coisa que me chateasse a cabeça. Ora… Ermengarda não só não achava grande piada às minhas entradas em casa alcoolicamente bem dispostas, ao corrupio de visitas femininas para mim e para os meus colegas, como também adorava fuçar em tudo o que não lhe dizia respeito, chegando ao ponto de usar a filha de sete anos para que esta entrasse nos quartos sem bater (“Uuuups!”, dizia a miúda, com ar de má actriz) e tentar descobrir quem (ou o quê) parava nas divisões. Escusado será dizer que não tenho saudades de Ermengarda.
Sinto a falta, no entanto, do casal que me “alojou” nas águas furtadas (que hoje já não existem, infelizmente) da enorme Rua do Brasil. Para falar a verdade, não me lembro do nome deles, mas chamar-lhes-ei neste texto de Matilde e Acácio. Marido e mulher, educados, de idade avançada e em cuja casa (no mesmo imóvel, imediatamente por de baixo de onde eu vivia) nunca entrei (pagava sempre a renda à porta) mas com quem mantive pequenas e agradáveis conversas sobre banalidades do dia-a-dia, sobre os meus estudos e sobre os filhos, netos e bisnetos deles. Matilde via-a muitas vezes. Acácio nem tanto. Sofria de uma doença que o acamava de vez em quando. Nunca que nunca se queixaram do (muito) barulho resultante das (muitas) noitadas e do corrupio feminino que também por ali havia. Nunca que nunca me perguntaram quem (ou o quê) estava em casa e nunca entraram sem bater à porta. Soube, pouco tempo após deixar a casa, que Acácio morrera subitamente e Matilde o acompanhara nessa última viagem poucos meses depois (talvez por desgosto). A casa ficou vazia e há meses foi demolida para a construção de um prédio. Coisas…!
Ramos – esse traste – tem andado a ligar-me para o telemóvel vezes sem conta, a exigir-me dinheiro de uma caução que não tem direito de exigir. Desdiz-se todos os dias, contradiz-se a todas as horas… e, como não tenho grande pachorra, daqui não tem grande sorte.
Procuro novo senhorio, portanto. Se possível, educado como Acácio e Matilde, nos antípodas de Ermengarda e, definitivamente, com traço nenhum de mistura luso-angolano-brasleira… porque dos Ramos deste mundo… estou farto… e não quero mais, obrigado.
Falo aqui do dito personagem porque estou em vias de terminar a ligação contratual que mantenho relativa à casa onde actualmente vivo, sem recorrer ao direito de renovação (a não ser que tudo corra pelo pior e que, daqui a dias, esteja em vias de estar a viver debaixo da ponte) e já não o posso ouvir, ver nem sequer pensar na possibilidade de vir a manter esta relação inquilino-senhorio devido ao prolongamento da minha estadia por cá.
Caso queira o InSensato Leitor julgar este InSenso como uma certa espécie de vingança mesquinha… pois que o faça, até porque é disso que se trata.
Ramos – esse energúmeno – tem-me feito a vida negra, tanto quanto possível. Numa primeira fase, iludido com a perspectiva de ter alguém ligado ao meu ramo profissional a viver na casa que aluga (claramente, com a ambição de vir a “lucrar” com isso, acho eu); passou a achar que, afinal, todas as pessoas são “normais” e alguém que não está propriamente disposto a facilitar-lhe a vida, a conectá-lo com pessoas importantes e a dar-lhe dinheiro imediatamente quando ele pede… talvez não seja assim um tão bom “partido” quanto ele julgava. Ramos, no fundo, é um parvo.
Tempos houve em que Ermengarda (Ermelinda, de seu nome verdadeiro, mas devidamente alterado por mim e pelos meus colegas de casa na altura) também me fez a vida negra. À data eu era um estudante de Administração Autárquica (onde tinha eu a cabeça?!?) em Coimbra e as minhas prioridades não fugiam muito de cerveja, miúdas e pouca coisa que me chateasse a cabeça. Ora… Ermengarda não só não achava grande piada às minhas entradas em casa alcoolicamente bem dispostas, ao corrupio de visitas femininas para mim e para os meus colegas, como também adorava fuçar em tudo o que não lhe dizia respeito, chegando ao ponto de usar a filha de sete anos para que esta entrasse nos quartos sem bater (“Uuuups!”, dizia a miúda, com ar de má actriz) e tentar descobrir quem (ou o quê) parava nas divisões. Escusado será dizer que não tenho saudades de Ermengarda.
Sinto a falta, no entanto, do casal que me “alojou” nas águas furtadas (que hoje já não existem, infelizmente) da enorme Rua do Brasil. Para falar a verdade, não me lembro do nome deles, mas chamar-lhes-ei neste texto de Matilde e Acácio. Marido e mulher, educados, de idade avançada e em cuja casa (no mesmo imóvel, imediatamente por de baixo de onde eu vivia) nunca entrei (pagava sempre a renda à porta) mas com quem mantive pequenas e agradáveis conversas sobre banalidades do dia-a-dia, sobre os meus estudos e sobre os filhos, netos e bisnetos deles. Matilde via-a muitas vezes. Acácio nem tanto. Sofria de uma doença que o acamava de vez em quando. Nunca que nunca se queixaram do (muito) barulho resultante das (muitas) noitadas e do corrupio feminino que também por ali havia. Nunca que nunca me perguntaram quem (ou o quê) estava em casa e nunca entraram sem bater à porta. Soube, pouco tempo após deixar a casa, que Acácio morrera subitamente e Matilde o acompanhara nessa última viagem poucos meses depois (talvez por desgosto). A casa ficou vazia e há meses foi demolida para a construção de um prédio. Coisas…!
Ramos – esse traste – tem andado a ligar-me para o telemóvel vezes sem conta, a exigir-me dinheiro de uma caução que não tem direito de exigir. Desdiz-se todos os dias, contradiz-se a todas as horas… e, como não tenho grande pachorra, daqui não tem grande sorte.
Procuro novo senhorio, portanto. Se possível, educado como Acácio e Matilde, nos antípodas de Ermengarda e, definitivamente, com traço nenhum de mistura luso-angolano-brasleira… porque dos Ramos deste mundo… estou farto… e não quero mais, obrigado.
1 inSensinho(s) assim...:
Desejo-te IMENSA sorte... LOL
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