Querida Amiga Júlia

Estou em apuros!

Na sequência de algo que me sucedeu ontem, estou em vias de escrever uma carta à Júlia Pinheiro (perdão… à Amiga Júlia, como se auto-intitula) numa daquelas revistas cor-de-nhanha. Já que ela diz que ajuda as pessoas que escrevem para lá com problemas… e eu tenho um problema… se calhar, até nem é mal pensado.

No entanto, antes de a enviar, queria aqui deixar um primeiro esboço, à consideração do InSensato Leitor que (não sendo tão prendado na resolução de problemas quanto a Julinha-Amiguinha-do-Povo e não estando, por isso, habilitado a ajudar-me) sempre poderá opinar sobre a forma da carta – se está bem ou mal para ser recebida e lida pela resolvedora-de-problemas-mor deste nosso Portugal. Ok? Obrigado. Então aqui vai…


Querida Amiga Júlia:
[pelos vistos, é assim que toda a gente começa a cartinha]

Estou com um problema que – diria – é grave como o catano
[vamos lá ver se ela não leva a mal o termo “grave”]. O que acontece é que fui cortar o cabelo. Logo aí, fui tentar resolver um problema, porque quando estou com o cabelo grande, aquilo parece uma juba de um leão e torna-se difícil não parecer mal e para dar um jeito naquilo… é, no mínimo, complicado… mas pronto… estou a desviar-me do tema, embora só um bocadinho. Dizia eu que fui cortar o cabelo e, no final de tudo, a gaja que me cortou o cabelo [será que a Julinha não se chateia – feminista que é – de eu chamar “gaja” à gaja que me cortou o cabelo…? Não sei o nome dela… olha… vai “gaja”. Que se lixe!] disse-me que a culpa de o cabelo se tornar numa juba é… minha! Olha que caraças! Culpa Minha!?! Então… mas… como minha?!? Perguntei-lhe de que raio estava ela a falar (disse-lhe: “Como disse…? Desculpe… Estava meio distraído…”) e ela respondeu-me que, por causa de DOIS remoinhos que tenho no escalpe, o facto de pentear o cabelo da esquerda para direita é uma cagada em três actos (bom… quer dizer… não foi bem assim, com estes termos… mas foi isso que eu percebi que ela me estava a querer dizer. A parvalhona petulante! O que ela disse foi: “Devia pentear-se para o outro lado, sabia?”) E eu fiquei… “Olha lá, ó minha esparvoada de merda! (desculpe, Júlia, usar este palavreado, mas isto deixa-me muito nervoso) Mas quem és tu para me estares a ensinar coisas sobre o cabelo?!? Deves pensar que és cabeleireira ou coisa assim!...” – isto pensei eu, não disse; na hora, murmurei só um “Ah… é…?”. É que eu nem sequer sabia – veja lá, Júlia – que tinha DOIS redemoinhos! Sempre conheci só um, mesmo na moleirinha, e não dois! Ela lá me disse que havia outro aqui no cocuruto… mas eu não estou convencido. Ela – parvinha que estava em dar-me um sermão acerca dos meus hábitos de cuidados capilares (ou, então, só numa de dar conselhos… mas ela não é a Amiga Júlia, por isso…) – lá insistiu e disse que, talvez se me habituasse a pentear-me da direita para a esquerda, eu ganharia mais com isso. Mais uma vez, também disso eu não estou convencido, porque fala-se por aí muito mal por aí das cabeleireiras, das gajas das manicuras, pedicuras e esteticistas afins, sabe? E daí que não sei se deva confiar no que esta tipa me disse. Imagine você, Amiga Júlia, que ela, para rematar, ainda disparou “As moças iam gostar mais de o ver com o cabelo penteado para esse lado!”… e aí eu passei-me! Furibundo, levantei-me da cadeira, sacudi com força os cabelos cortados que tinham pousado na roupa, saí dali e, cara-a-cara com ela, retorqui, impiedoso: “Quanto é que eu devo, se faz favor…?”. Ela lá me disse o preço, eu paguei e seguimos, cada um para seu lado, as nossas vidas, sendo que eu tive a certeza de que ela ficou, naquele momento, a saber que massa eu sou realemente feito. Só para ela aprender!... Ainda assim, feitas as contas, continuo com um problema, Dona Amiga Julinha [se calhar, se eu lhe chamar “Dona Amiga”, ela responde mais rápido… não sei…].
Como é que é, se ela tem um pingo que seja de razão e eu não me habituo a pentear-me da direita para a esquerda em vez de da esquerda para direita? E se o meu futuro depender disso? Problema do camandro!... Será que me pode ajudar?

Assina: Amargurado de Oeiras

1 inSensinho(s) assim...:

M18 disse...

Como a Julia não te respondeu, respondo eu.
Curto e grosso:
PENTE 3.

(e mainada!)