O início da discussão em torno da temática da Interrupção Voluntária da Gravidez tem posto sob as luzes da ribalta blogosférica um tipo de escrita giro. Giro, acima de tudo, sob a perspectiva de como se gastam linhas e linhas e letras e espaços e virgulas e hífenes e acentos circunflexos e mais mil coisas só para insultar os defensores do Sim ou do Não, com o pretexto de que se estão a debater ideias e a esgrimir argumentos válidos. Ou seja, o que mais se vê escrito por aí, nos blog's, acerca do Referendo, é uma data de impropérios dirigidos de um lado para o outro da barricada e vice-versa.
Nesse "fogo cruzado", reparei num comentário deixado num post de um blog cor-de-rosa choque (que se tornou site - tipo "pontúcóme" - há uns tempos atrás, com a edição do respectivo livro), onde um defensor do Não caracterizava desta forma a escrita da autora do post: «São muito melhores as meninas betinhas (ou senhoras, dependedendo da idade) que adoram mostrar que são rebeldes e que ate escrevem com palavrões... Essas sim é que são corajosas e anti-hipócritas!».
Em primeiro lugar, este desabafo divertiu-me, como de resto me têm divertido semelhantes comentários no sentido inverso (do Sim em relação aos defensores do Não) em outros blog's e debates que vão surgindo amiúde na nossa comunicação social. Depois, e como sou um tipo curioso, fui ver o que realmente este senhor queria dizer com «as meninas (…) que adoram mostrar que são rebeldes e que até escrevem com palavrões». Mergulhei um pouco mais fundo na blogadura, ainda que sem me afogar.
A verdade é que não foi nada difícil encontrar burgos de mulheres que escrevem com um determinado estilo; independente, rebuscado, às vezes ríspido mas com humor e ironia, lado a lado com uma incisiva crítica social e anti-sexista; ou melhor, sempre anti-machista e quase sempre pró-feminista (pronto… lá vão chover críticas outra vez, dizendo que sou machista).
No fundo, o cenário bloguístico de Portugal está repleto de potenciais Carrie Bradshaw's e a gente não sabia! Elas são muitas e escrevem de uma forma muito particular. Sendo que… por "particular" podemos e devemos entender um certo decalque do estilo usado pela criadora da série "O Sexo e a Cidade" para a personagem "Carrie Bradshaw", a cosmopolita escritora de crónicas sobre os homens e as relações com eles mantidas; sem rodeios, sem pudores, com ironia e alguns palavrões à mistura.
A mim, parece-me bem. Um bom decalque não significa cópia descarada. Pelo menos, é o que se diz por aí, desde que aquele senhor famoso se viu a contas com um blog que o acusava de plágio. A partir daí, vale tudo. Baseando-me nisso, então, estou em crer que não fica desprovida de razão uma incursão minha nesse nicho da escrita… mas em versão macho.
Já idealizo uma nova série de escritos - talvez mesmo a criação de um novo blog, por que não? - com um título muito aproximado a este: "O Coito e a Vila do Interior" ou "O Amasso e o Lugarejo de Casalinho da Serra".
Nessa nova aventura literária (que - não excluamos cenário algum - até poderia vir a resultar numa série televisiva de ficção), o autor (eu) analisaria com pertinência, astúcia e alguma crueza de discurso, as difíceis relações com a fêmeas da região. Deixo aqui - em jeito de ante-estreia - um pequeno excerto do texto-piloto.
Acordo com a luz do cabrão do sol (que passa pelas frestas do estore) a bater-me nas trombas. Foda-se! Não há direito, caraças! Rebolo no colchão e não consigo mais do que só um bocadinho. Do outro lado da cama está uma quenga que logo identifico como sendo a Maria Gertrudes, a agente dos seguros que, sendo a única gaja que não se preocupa em fazer tricot nem em ver telenovelas à noite, se atira a todos no café do Manel Estucha, lá no centro da vila. Não me lembro como veio cá parar… mas também não admira… Tamanha foi a cadela de tinto carrascão em copo de três que apanhei!... Já há muito se vinha fazendo ao piso, a cabrita, já…! Mas desta vez é que foi… pelos vistos, digo eu, que não me lembro de nadinha… Caraças!... que o vinho a martelo dá cabo de um gajo!... Agora, resta-me saber o que fazer com esta tipa; se a mando daqui pra fora e a mando já à merda ou então se vejo se ainda há lucro a tirar da situação, que a gaja perece-me ainda meio bebida e, portanto, disposta a tudo. Lá pronta está ela, digo eu. E com a fominha com que ando, mais vale esta que outra vez a porra da empregada de limpeza da Maria Otília que cá aparece de vez em quando para passar o lustro à peça.
Que tal? Tenho futuro…?
3 inSensinho(s) assim...:
Tens, tens...
Ah!, ontem à noite comi M'&'Ms de amendoins. Toma lá morangos.
uou! não te conhecia esses dotes!
lol
tens futuro tens, ó se tens!
pá...a Carrie é uma das minhas personagens preferidas!!
Também curtia escrever uma coluna por semana...e ganhar buesss de dinheiro e viver em NY...e comprar sapatos e vestidos todos os dias!!
:)
Enviar um comentário