Antes de tudo mais, espero que esta carta te encontre bem de saúde, tanto a ti como aos teus, embora não conheça de todo ninguém da tua família. Ah! E espero que não te importes de que eu te trate por “tu”, já que és uma figura proeminente da Igreja e tal… e essa malta normalmente não gosta de tratamentos muito informais. São meio snob’s, eles, parece-me.
Bom… quanto ao que me leva a escrever-te, esclareço desde já que eu sou um gajo que não gosta de chuva. Pá… não gosto. O que é que queres?!
Não vejo nada com bons olhos que haja coisas como chuva e também como… chuva. Aquela treta de cair água do céu e molhar a roupa toda, que depois há-de secar em cima da pele, quase sempre em dias de frio, é lamentável, pá! E como se fala sempre de ti quando essa coisa da chuva insiste em aparecer, decidi contactar-te, para ver se a gente consegue entender-se numas coisinhas.
Em primeiro lugar, olha, não há mesmo maneira da chuva ser diferente? Aceitas sugestões para mudar alguma coisa na chamada pluviosidade? Olha, por mim, a chuva podia deixar de ser… molhada. Era bom, não era? Mas acredito que seja complicado ou que não seja mesmo possível, se não isso já tinha sido mudado e não foi. Mas se for, pá, aceita lá o input da malta. Vê lá disso.
A gente não pode acertar, um com outro, os dias em que vais mandar água por aí abaixo? É que há dias em que eu gosto ainda menos da chuva (e note-se que normalmente já não gosto mesmo nada). Pá… não te ficava nada mal tentar avisar a malta com alguma antecedência, já que os incompetentes dos meteorologistas avisam muito em cima da hora e nem sempre acertam com aquilo das previsões. Já agora, podias fazer umas acções de formação melhorzitas para aquela gente.
E, olha, não podia ser tipo gás (vapor) de água a cair, em vez de pingos grossos e frios (que o são, quase sempre)?! Tanto no Parque das Nações como em Copenhaga, quando lá estive há tempos, vi umas cenas com água a sair em vapor fresquinho que eram um mimo. É água que não chateia, não molha muito, no verão até é fresquinho e no Inverno o vapor até podia vir mais quentinho, que a malta não se chateava. Olha… uma coisa te digo. Era bem melhor do que a chuva. Era, era.Mas ainda te digo mais. Não percebo por que raio não se vêem inovações técnicas de relevo neste campo. Pronto… mede-se a pluviosidade, fazem-se cálculos de quanta água caiu e tal, prevê-se – mais ou menos – quando vai acontecer… mas eu acho que há mais por onde evoluir, caraças!
Com o avanço da tecnologia, numa altura em que com um computador ou um telemóvel já se recebem os serviços todos e mais alguns, já era hora de mandares a chuva só para quem a quisesse ou dela precisasse, não? Acompanha o meu raciocínio. Com a Internet em alta, podias fazer um site e a malta ia lá e inscrevia-se para receber chuva em determinado dia ou período temporal. Era assim uma coisa ao estilo de newsletter – recebia quem queria. Tinhas sempre negócio garantido. Barragens para encher, terras de lavradio para regar, rios para correr… Não me digas que te faltava serviço,… porque não faltava!
E não me venhas com as ervinhas que estão em todo o lado e com os reservatórios de água que os há em todas as terras, como argumento para fazer chover no país todo e, por consequência, em cima da minha cabeça também. Se fosses um gajo organizado e não estivesses em contenção de custos, já tinhas arranjado uma maneira para não receberes cartas como esta, de tipos fartos de levar com água na moleirinha, fartos de andar a espirrar por tudo e por nada quando chega o Outono e de conduzir com “pezinhos de lã” por causa das estradas estarem permanentemente escorregadias.
Bom… esta carta já vai longa. Toma tininho e põe-te ao fresco. Trata lá do que tens a tratar e não te esqueças de uma coisa. Se não resolves nada acerca disto, pá… vamos ter problemas.
Respeitosamente.
K@