Captain Hook'ed


Ganchos de Cabelo, esse drama masculino.

Não no sentido do seu uso (quem os usa, não será certamente macho, logo não sofre com esse drama) mas sim de tudo o resto, desde a arrumação ao manejamento desses minúsculos objectos de utilidade diametralmente diferente, dependendo do ponto de vista: masculino ou feminino.

Exceptuando aquela coisa (cada vez mais rara, porque os serralheiros e criadores de fechaduras não são parvos) de um eventual uso como chave-mestra com o fim de assaltar e assim chegar ao dinheiro fácil, o gancho do cabelo é só um objecto estranho para qualquer gajo que se preze. Já para a mulher, não, bem pelo contrário.Aliás, por muitos ganchos de cabelo que uma mulher tenha, cada um parece ser mais importante que o outro, muito embora sejam todos muito semelhantes ou mesmo iguais. A minha mulher tem dezenas (até provam em contrário – admito que possam ser centenas mas não tenho provas disso – digo apenas "dezenas"). À excepção da cor (uns quantos brancos, outros cinza escuros, um ou outro de cores mais garridas mas quase todos pretos) e de escassos milímetros de diferença em tamanho, os ganchos que vejo em casa são todos "gémeos perfeitos", ou quase. Daí que quando a minha mulher há uns dias me perguntou – logo a seguir a ter mudado a mobília toda (cama, mesas de cabeceira, camiseiro, baú e tudo mais) sozinho do nosso quarto para um outro, já com vista à criação do quarto do nosso rebento – pelo gancho que ela usa «normalmente com o casaco vermelho», eu tenha entrado um bocadinho em pânico. Porquê? Porque tinha guardado todos os ganchos que vi espalhados pelo quarto, indiferenciadamente, numa pequena caixa de prata que ela tem na mesinha de cabeceira e o modo como me perguntou por aquele gancho específico levou-me a crer que o mais certo (para além de eu ter a obrigação de saber qual era, exactamente) era tê-lo guardado num saco de veludo, isolado de todos os outros, para quando a minha mulher precisasse dele, estivesse 100% relaxado, massajado, reluzente e livre do stress por contacto com outros ganchos. Quando lhe respondi que os ganchos estavam todos juntos naquela caixa de prata, percebi que tinha errado clamorosamente e que a história do saco de veludo se justificava por inteiro. "A lesson taken is a lesson learned".

Perante isto, já me consciencializei de que tenho de cultivar nesse campo. Vou munir-me de uma lupa de qualidade e examinar cuidadosamente todo e qualquer gancho de cabelo que encontre em casa, para catalogá-lo e guardá-lo no seu devido lugar, evitando problemas futuros. Mas atenção! Ao contrário do que o início deste texto possa deixar induzido, o facto de querer conhecer a fundo tudo o que se relacione com ganchos de cabelo não me tornará menos macho, porque não os vou usar. Torna-me, sim, um macho prevenido. E um macho prevenido – sempre se disse – vale por dois.

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