um polícia em cada... rotunda



Já há algum tempo que vinha pensando nisto mas desde ontem que para mim se tornou evidente ser necessário alterar a velha máxima "um polícia em cada esquina" para "um polícia em cada rotunda".

Ontem, em cerca de quatro horas, enfrentei filas de trânsito muito complicadas causadas por três acidentes (apenas chapa batida) que aconteceram em rotundas diferentes (duas delas com 300 metros de distância entre si). Na sua grande maioria, os acidentes desta natureza passam por um processo como este:

Os carros batem, os condutores saem e discutem, ninguém retira o carro do sítio, os condutores discutem um bom bocado mais, ninguém acede a preencher a declaração amigável, discute-se em plena rotunda com os outros carros a fazerem gincana tentando passar entre os automóveis acidentados e os condutores vestidos com os coletes fluorescentes que vão discutindo, alguém finalmente chama a Polícia, a Polícia demora, os condutores acidentados continuam a discutir e mostram um ao outro os danos (mínimos) que têm nos seus carros, os agentes da Polícia chegam depois de fazerem gincana entre os carros na fila criada até ao centro da rotunda, os condutores discutem, os outros condutores apitam, os polícias analisam o local e os carros acidentados, os condutores discutem, os polícias tomam notas, ouvem-se muitas buzinas, os polícias medeiam por fim a discussão que ainda continua entre os condutores acidentados vestidos com os coletes fluorescentes e concluem que tudo se poderia ter resolvido com o recurso à declaração amigável, os condutores acidentados discordam e discutem então com os polícias que viram costas e vão embora deixando os condutores a discutir sozinhos um pouco mais até que preenchem a declaração amigável, tiram os carros e seguem o rumo normal da sua vida, aborrecidos com o sinistro mas felizes por poderem despir os hediondos coletes fluorescentes. Entre o acidente e o momento em que toda a gente vai à sua vida passam pelo menos 45 minutos, uma hora... Nesse tempo, o trânsito acumulou-se de tal forma que ainda deverá demorar a escoar e ninguém garante que, com os atrasos dos condutores retidos nas filas não dêm azo a novo acidente precisamente na mesma rotunda apenas alguns minutos depois da resolução do anterior. E, se acontece, o processo recomeça.

Se, de facto, houvesse um polícia em cada rotunda, haveria duas grandes vantagens, a meu ver:
  1. em caso de um acidente ser mais sério, seria uma excelente testemunha e accionaria de imediato os meio necessários para a resolução do problema;
  2. nos acidentes de "beijinho" ou pouco mais, praticamente nem deixava os condutores sairem dos carros, quanto mais andarem a discutir vestidos de fluorescente no meio da rotunda - «Vá!!! Desapareçam! Vão lá resolver isso no próximo parque de estacionamento que encontrem e não empatem aqui, que esta gente tem mais que fazer! A'ndar! T'á'ndar! Siiiga!!!!»

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