Uma Guerra dos Sexos Metida na Gaveta


Já lá vai o tempo em que na Guerra dos Sexos se tentava perceber qual era o sexo forte e o sexo fraco, quem tinha mais oportunidades de emprego, quem ganhava mais, quem conseguia levar mais vezes e melhor a sua avante.

Sim... ainda muito se fala de (des)igualdades de oportunidades entre sexos, de salários (não) equiparados e da necessidade de quotas para assegurar que um dos sexos não domine totalmente em determinadas áreas. São todas grandes questões mas que já muito foram discutidas.

Hoje em dia, parece-me que a Guerra dos Sexos se trava diariamente, nas pequeninas coisas do quotidiano. Aí, sim, essa coisa do levar a sua avante torna-se na verdadeira questão essencial para homens e mulheres.

Lá em casa, penso que a nossa Guerro dos Sexos limita-se a uma gaveta. Ou melhor, a uma mesa de cabeceira... onde eu só tenho uma gaveta, em vez das três que supostamente seriam o meu domínio. Nada disso. O meu "território" é uma gavetita e nada mais.

Esta história comeou há cerca de um ano com o simples facto de, com o casamento, ter sido eu a mudar-me de armas e bagagens para o apartamento que já era dela. Uma mudança que não foi problemática e sobre a qual não tenho quaisquer queixas, excepto na questão da mesa de cabeceira.

É que sinto que, no último ano, contribuí imenso para o melhoramento das condições de habitabilidade da casa... e faço o jantar todos os dias!... No entanto, isso claramente não se reflete no nosso dia-a-dia. Parece que o armazenamento das suas peúgas coloridas e outras pequenas peças de vestuário é colocado pela minha dedicada esposa bem alto nas suas prioridades. Tão alto que essas peças de roupa ocupam as duas gavetas que, penso eu, seriam por direito minhas na mesa de cabeceira, do meu lado da cama. Um direito, está visto, não adquirido com o facto de desposar a proprietária do imóvel.

Embora já tenhamos falado sobre isto em casa, a situação mantém-se inalterada há cerca de um ano, pelo que conclúo que estou a perder esta guerra e a minha esposa mantenha assim a sua hegemonia, ainda que de forma bizarra, sobre alguém que até faz o jantar todos dias (nunca é demais referir).

Mostrar indignação por se limitar a uma gaveta o meu domínio territorial no mobiliário do quarto talvez faça algum sentido. Mas numa guerra - já diz o ditado - tem que se dar e levar. Pois muito bem! Assim farei!

Enquanto se mantiver esta situação gritante de não equiparação no direito à gaveta consagrado por um qualquer código conjugal (que, se nunca foi escrito, eu posso apresentar, mesmo que seja rascunhado num guardanapo de pastelaria), vou deixar de fazer o jantar!... sempre e quando não estiver ninguém em casa para o consumir ou não haja vontade de nenhum dos conjuges em ingerir alimentos cozinhados ao início da noite.

Sim. É uma medida drástica, eu sei. Mas é assim que um gajo subjugado num matrimónio mostra que é realmente forte! E se isto não resultar... bem... a questão agudiza-se ainda mais! Aí, passarei a não fazer jantar... também quando sou só eu que estou em casa, optando por comer iogurtes ou umas peças de fruta, para além de que me recusarei a lavar loiça... entre as 20:40 e 20:45. Nessa altura é que eu quero ver se ela não se sente na obrigação de aceitar incondicionalmente a derrota na Guerra dos Sexos do 9ºD...

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