ASSSSSS... Pelos Ares


Ok... Confesso que sou, por vezes, algo crédulo e que me lixo por causa disso. Mas não é assim por tuta e meia. Simplesmente, por vezes, sou apanhado desprevenido e não consigo escapar a tempo de ser apanhado o meio da bizarria. É verdade: o bizarro corre que se farta e as nossas pernas nem sempre correm mais rápido. É lamentável.

Acontece que, de vez em quando, fico convencido de que o Mundo já pouca coisa tem para me surpreender e de que só algo mesmo em grande consegue sacar de mim uma expressão de surpresa. Mas não. Às vezes, até o mais estranhamente improvável acontece, "inocentemente" disfarçado de coisa-gira-mediática-e-engraçada-que-vai-dar-um-bom-boneco-e-que-toda-a-gente-vai-curtir-à-brava, só para enganar a malta e apanhar-nos em contrapé.

Paulo Vintém (Ex-D'ZRT) lançou hoje o primeiro disco a solo. Sim, só de si, esta informação é bizarra, à sua maneira. Mas o mais estranho é que o rapaz decidiu... lançar... literalmente... o disco. De um helicóptero lançou um exemplar do álbum que desapareceu no ar imediatamente e, logo de seguida, lançou-se ele, de pára-quedas, aterrando no areal do Guincho. Tudo isto devidamente filmado e fotografado, para toda a gente ver. Seguem-se as imagens, retiradas do site do... verdadeiro artista.


QUÊ?!?!...

É impressão minha ou o moço não se deu conta de que incorreu numa contra-ordenação ao lançar lixo para o chão???... e, já agora, que isso está provado por imagens??? Bom... não quero com isto dizer que o álbum do rapaz é lixo (embora desconfie que sim, não o ouvi e, por isso, não posso afirmá-lo categoricamente); mas a verdade é que, lançado do céu, quando chegou cá a baixo, o CD despedaçou-se todo, de certeza; aí, sim, é automaticamente considerado lixo.

Mas há mais. Ninguém - NINGUÉM - de entre quem magicou esta "fantástica" promoção ao álbum (e, por curiosidade, nenhum elemento da imprensa presente no evento) se lembrou de perguntar «Hmmmmm... E o CD... não terá caído na cabeça de alguém?...» Nesse caso, o lançamento do disco (provado por imagens, recordo) pode constituir crime. É, no mínimo, uma agressão. Ou uma ofensa à integridade física de alguém (ou, se caiu em cima de algum carro, por exemplo, até pode haver razão para um pedido de indemnização por danos materiais). Em qualquer um destes casos, o CD pode ter-se tornado numa espécie de arma de arremesso. Só os próximos dias dirão se aparece alguém com a cabeça rachada por um... disco voador (peço desculpa... não resisti!).

Sim... estou em condições de admitir - sem vergonha mas com algum embaraço - que fui surpreendido por esta "giríssima" manobra mediática de um artista à portuguesa (... com certeza). Aliás vou já incluir parvoíces desta natureza na minha lista de potenciais bizarrias com capacidade de me apanhar desprevenido no dia-a-dia, para que isto não volte a acontecer. É que - desconfio - vai haver mais espertinhos a atirar coisas de aviões, helicópteros, prédios e afins nos próximos tempos, só porque sim. A originalidade não é um dos pontos mais fortes deste país.

que bom seria viver na ucrânia...


... se um gajo conseguisse perceber... sei lá (nem peço muito)...
... metade do que aquela malta escreve e fala!...

A $olidão do Poder


Facto: Há gente com poder. Facto: Toda a gente sabe que há gente com poder. Facto: Nem toda a gente tem poder. Facto: Só há gente com poder porque há gente sem poder sobre quem a gente com poder tem autoridade. Facto: Quem não tem poder, de uma forma ou de outra, teme o poder de quem tem poder. Facto: O último facto é uma espécie de “Lei da Vida”.

Acho que tudo o que foi escrito até agora faz parte do conhecimento geral (vulgo, senso comum – um conceito mal amado aqui no burgo… vá lá saber-se porquê).

Talvez seja por todos estes factos que todos nós que temos chefes (e não somos chefes, naturalmente) fazemos por chegar sempre a horas aos nossos empregos, obedecemos às ordens que nos são dadas, não ofendemos os nossos superiores e cumprimos as regras ditadas por “quem de direito” (além disso, também é por essa razão que, por vezes, usamos a expressão “quem de direito” quando queremos, digamos, fugir com o rabo à seringa sem apontar na direcção do chefe se algo corre mal).

Ser chefe tem essa vantagem, portanto: ter poder. Há quem diga que se tem mais problemas, mais reuniões, mais conflitos, mais responsabilidade mas, por outro lado, ganha-se melhor e… tem-se poder. Só parece não se ter mais amigos com essa subida ao cargo.

Duas situações recentes fizeram-me ver isso, de forma mais ou menos clara.

1. Na sede de uma grande empresa nacional, uma reunião levou-me, primeiro, ao 11º piso do prédio onde o encontro com um executivo da companhia iria decorrer e, depois, de volta para o 1º andar, onde a sala marcada para o efeito estava de facto reservada para a reunião. Se a viagem para cima no elevador foi perfeitamente descontraída, a descendente, já com o executivo na nossa companhia, foi muito tensa e silenciosa. No elevador, cheio de gente, o silêncio foi desconfortável e confrangedor (o calor também, mas isso não vem ao caso). Foi o próprio executivo quem nos explicou a razão para o “som sepulcral” no ascensor: «Ia lá um administrador…». Presumo que, se toda a gente naquela empresa (e trabalha lá muita gente) se comportar assim, o senhor administrador (que deve ter muito poder) não ouve vivalma um dia inteiro.

2. Numa loja de materiais de construção e bricolage, uma ida ao balcão de informações em busca de um produto que em tempos lá tinha adquirido e que agora não encontrava resultou na chamada, primeiro, de dois funcionários que não resolveram a minha questão e, por fim, na chegada daquele que na minha mente apelidei de “Chefe da Secção de Pequenos Instrumentos e Quinquilharia”. Ponto prévio: não vejo como chegar a “Chefe da Secção de Pequenos Instrumentos e Quinquilharia” possa não ser um verdadeiro pico na carreira de quem trabalhe numa loja de bricolage. Acho que o jovem (25 anos, no máximo) que me atendeu pensava exactamente assim quando, com a sua imagem franzina, voz fininha e óculos geek, deu um par de ordens aos seus subalternos de secção. Ordens que ambos… não cumpriram (pelo menos, não de imediato), continuando a fazer aquilo que tinham em mãos, não passando grande cartão ao superior, mesmo sem o afrontar.

Em ambos os casos, percebi que os chefes – mesmo que em diferentes pontos das suas cadeias hierárquicas – não gozavam da simpatia dos seus súbditos. Pode ser um pormenor, tê-la ou não a ter, quando o importante de ser chefe é ter o poder e exercê-lo sobre os outros. Afinal,… ganha-se mais, não ganha?... mas tenho dúvidas se esse x a mais na conta do banco compensa a solidão que parece vir, automaticamente, com o cargo (assim como as batatas fritas vêm sempre com o “Bife à Casa”).

parece que estamos mesmo todos em crise


Estou em crer que a selecção portuguesa não escapa à crise vigente. Coloquemo-nos na pele daqueles 11 pobres coitados jogadores de futebol lusitanos. Se representam o povo português, presumo que vivam em condições muito semelhantes. Ou seja, com o magro salário que auferem, também eles deverão estar mais a pensar na forma como vão organizar o orçamento familiar do que propriamente em correr mais do que aquilo que correram frente à equipa da Albânia. Até porque - como é sabido - a motivação profissional não é muita quando o dinheiro é escasso. E quanto ao facto de Cristiano Ronaldo se virar contra o público que assobiava... estou com ele! Se no meu trabalho me mandassem bocas e tal... também era bem gajo para desbaratar com a malta toda. Ainda assim, acho que ele é um bocadinho mais corajoso do que eu. Lá no trabalho, mandar a rapaziada crítica bugiar era capaz de dar motivo para demissão por justa causa. Talvez o moço (mesmo tendo um salário baixinho, recorde-se) tenha um contrato melhor do que o meu nesse aspecto, que o proteja em situações destas, possibilitando (pelo menos de vez em quando) uma descarga da bílis sem sanções daí decorrentes.

****DENÚNCIA DE PLÁGIO****

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a mensagem.

we are the... koiso!...

Hoje, meio "do nada" - até fiquei atordoado -, surgiu na rádio esta canção, que me lembrou que sempre tive uma data de dúvidas acerca dela (que deixo escritas logo abaixo da janela seguinte e que, de resto, podem ser acompanhdas à medida que o videoclip avança).





- Antes de mais... Como é que esta malta (com as agendas complicadas que têm) se conseguiu encontrar toda no(s) mesmo(s) dias(s), no mesmo local?! É algo simplesmente notável!... a não ser que a pós-produção de vídeo já na altura fosse muito boa e, na verdade, esta rapaziada tenha lá ido à vez e a cena de aparecerem todos juntos seja um grande e belo embuste.

- Sempre achei giro aquele exercício de tentar dizer o nome dos artistas todos, à medida que iam aparecendo no videoclip (assim como se estivéssemos num concurso televisivo): «Olha o Lionel Richie... e o Stevie Wonder... e o Paul Simon... e o Kenny Rogers... e... aquele... o coiso... ah!... e a Tina Turner!... e aquele gajo que está ao lado dela... o Billy Joel!!! Yes!!! Sou o maior por saber o nome desta malta toda, pá!... E olha também... aquele... o coiso... aquele que cantava aquela do nãã-nãã-nããããã...»

- Outra coisa lixada. Porque é que o Michael Jackson (vendo o Kenny Rogers vestido com uma sweat-shirt da campanha USA fom Africa) foi vestidinho com aquela roupa horrível que ele usava nos vídeos da época do Thriller e tal?! E aquela luvinha na mão direita a brilhar (e tudo o resto a brilhar também)... o que era aquilo?!

- Ah! E, já agora, a Diana Ross (que também lá estava e na altura era quase uma mãezinha para o Michael Jackson)... será que depois de tudo o que já se passou... ainda se dá bem com o "Jacko"?...

- E o Willie Nelson?! Se estava pedrado (como está sempre), disfarçava bem como o caraças neste teledisco! Pergunto-me se estaria mesmo "limpo" ou se só teria fumado uma brocazita "inocente", atrás de uma coluna, à espera da vez para cantar a seguir à Dione Warwick?...

- Quando o Bruce Springsteen começava a cantar, questionava-me sempre qual seria o problema dele: mal-estar de barriga?... caganeira?... dor de dentes?... garganta inflamada?... A 100% o homem não estava de certeza... Ninguém canta assim porque quer...

- Há ali um trio (um de barbas, um cabeludo e um de trufa loira)... que não faço (nem nunca fiz) a mínima ideia de quem fossem. A dúvida mantém-se.

- Será que a Cindy Lauper assustou a malta toda com a cabeleira amarela e os berros? A mim, assustou... (Ah!... E ela tinha estado a fumar com o Willie Nelson - disso tenho a certeza!)

- Outra cena que sempre me fez confusão. Mesmo partindo do princípio que estivesse mesmo lá toda a gente... como é que o Ray Charles e o Stevie Wonder deram com o sítio?! (tiveram de ir à boleia, obviamente; de caminho, também dava jeito saber quem levou os rapazes e como se organizaram todos em termos de boleias, para poupar no combustível e ser mais fácil o parqueamento junto ao estúdio)

- Afinal, quantos Jacksons estavam neste clip? Eu aposto em 324!

- Espectacular! É notável como nesta música dá para se perceber TUDO o que o Bob Dylan canta! Se calhar, foi antes de se juntar ao Willie Nelson e à Cindy Lauper atrás da coluna...

- Parece-me ver Harry Belafonte lado-a-lado com Dan Aykroyd... Por terem "tanto" em comum, pressinto que terá sido uma coisa de "one time only" mesmo.

- E outra vez o tipo das barbas, caraças! Quem será o gajo?!...

- Uma nota final. Eu acho que esta canção trouxe mais problemas que benefícios. Parece-me que o facto de se juntar num mesmo refrão as frases "We are the children" e "So let's start giving" terá dado azo a certas coisas que o Michael Jackson terá feito nos anos seguintes, confundindo o inicial intento da letra. Creio que vale a pena pensar um bocadinho nisto e tirar as devidas ilações. Até agora, ninguém o fez.

e o "prémio persistência" vai para...


... A MINHA TOSSE!!!

"Rebenta" a música, soltam-se os confetti's, há papelinhos e serpentinas por todo o lado, meninas dançando o can-can rodeiam os milhares de pessoas que entretanto surgem para a festa. Há barulho de melodia e palmas batidas a um ritmo certo, luzes, cores, gente sorridente e em êxtase... Há alegriiiiia!!!

Ok. Eu sei que nada disto fará muito sentido e que os últimos 20 segundos (tempo médio necessário para a leitura das linhas anteriores - eu cornometrei...) são 20 segundos que não vai poder reaver assim tão facilmente; provavelmente, estarão mesmo perdidos para sempre. Mas coisas fora do comum são para serem assinaladas de forma... incomum.

O facto é que sendo a minha vida, pessoal e profissional, muito pouco marcada pela rotina, quando algo se repete diariamente por mais do que uma semana, isso é realmente assinalável.

E, sim, nos últimos (11 ou 12) dias não faço outra coisa que não tossir. É a minha mais recente rotina. Já não me lembrava de ter uma sequer.

O fascinante "caça e pesca"

Sou cliente da TV Cabo há coisa de dois anos e de empresas do ramo há quase cinco. Nesse tempo houve (e há) sempre canais a surgir e outros a desaparecer. Quando se dá esse sumiço, de uns sinto a falta porque faziam parte da minha escolha diária, de outros nem por isso porque no zapping eles eram só mais um canal ocupado com qualquer coisa.

Ultimamente, com a coisa da box digital, o nome e a respectiva programação imediata dos canais aparecem no ecrã automaticamente e, aí sim, é possível perceber que há canais em que nunca so pôs a vista em cima. No caso – até por ser codificado – o Caça e Pesca passou a ser o meu “canal-nunca-visto-sequer” preferido.

Não me interesso nada por caça ou pesca. À pesca fui uma vez na vida, com um primo, e detestei. À caça... só fui em trabalho e todo o apregoado gozo daquilo passa-me ao lado. No entanto, o canal Caça e Pesca (muito embora nunca tenha visto nada dele) é um caso aparte. Aquilo é bom!... quer dizer... ver a programação daquilo (mesmo sem ver os programas) é mesmo espectacular!

Hoje, segunda-feira, por exemplo, o Caça e Pesca tem programas como "À Espreita", "À Caça", "Podengos e Furões, a Caça Tradicional das Canárias", "Codornizes do Páramo", "Trutas da Toscânia", "Pesca no Vale de Aosta", "Corços e Javalis", "Presos pelo Reo", "À Mosca no Noroeste", "Atrás dos Maiores Peixes do Mundo", "O Tordo com Negaça Viva, em Posto Fixo ou de Salto", "Surfcasting na Cantábria", "Usoa, a Pomba Basca" e "Declínio da Caça Menor".

Juro que não estou a gozar com o canal e com os seus responsáveis. Acho extraordinário que o canal exista, até. E há uma diferença para outros canais tão específicos como, por exemplo, o Sailing Channel (que está logo a seguir e até nem é codificado): os nomes dos programas para velejadores são muito menos interessantes que os que são dedicados à malta da cana e da espingarda.

Simplesmente, por não ser um aficionado do chumbo e do anzol, não consigo entender a verdadeira dimensão do que será estar à espreita e, quase simultaneamente, à caça. Não saberei nunca o que podengos e furões farão quando se encontram (presumo que um fuja do outro, mas não sei bem qual será qual), se as trutas da Toscânia e as codornizes do Páramo se dão bem umas com as outras (apesar das naturais diferenças entre peixes e aves), como será estar preso pelo Reo, se a mosca do Noroeste será mais ou menos chata que a do Oeste ou a do Sul... Tal como nunca saberei onde fica Aosta ou o que raio será fazer surfcasting, o que será um tordo com Negaça Viva (será que dói?!), o que será um Posto Fixo ou um Posto de Salto. Nunca privarei com a Usoa, a Pomba Basca nem vou saber até que ponto o declínio da Caça Menor afectará os mercados mundiais, numa altura de recessão global como é a que se vive hoje em dia.

Talvez seja por isso que a programação do Caça e Pesca me fascina. Há toda uma dimensão do desconhecido que me atrai ao #30 da Tv Cabo.

No entanto, não faço questão nenhuma de pagar pela instalação do canalinho, até porque se os nomes dos programas, por si só, me agradam... porquê estragá-los depois com conteúdos e imagens de que não vou gostar e/ou que não vou entender?...

Por mim, está bem assim: o Caça e Pesca é um dos pontos altos do meu zapping diário. E o mais curioso é que, se eventualmente o canal sumisse, seria o primeiro (e único) – daqueles em que nunca teria posto a vista em cima – de que teria verdadeiras saudades.

Uma Guerra dos Sexos Metida na Gaveta


Já lá vai o tempo em que na Guerra dos Sexos se tentava perceber qual era o sexo forte e o sexo fraco, quem tinha mais oportunidades de emprego, quem ganhava mais, quem conseguia levar mais vezes e melhor a sua avante.

Sim... ainda muito se fala de (des)igualdades de oportunidades entre sexos, de salários (não) equiparados e da necessidade de quotas para assegurar que um dos sexos não domine totalmente em determinadas áreas. São todas grandes questões mas que já muito foram discutidas.

Hoje em dia, parece-me que a Guerra dos Sexos se trava diariamente, nas pequeninas coisas do quotidiano. Aí, sim, essa coisa do levar a sua avante torna-se na verdadeira questão essencial para homens e mulheres.

Lá em casa, penso que a nossa Guerro dos Sexos limita-se a uma gaveta. Ou melhor, a uma mesa de cabeceira... onde eu só tenho uma gaveta, em vez das três que supostamente seriam o meu domínio. Nada disso. O meu "território" é uma gavetita e nada mais.

Esta história comeou há cerca de um ano com o simples facto de, com o casamento, ter sido eu a mudar-me de armas e bagagens para o apartamento que já era dela. Uma mudança que não foi problemática e sobre a qual não tenho quaisquer queixas, excepto na questão da mesa de cabeceira.

É que sinto que, no último ano, contribuí imenso para o melhoramento das condições de habitabilidade da casa... e faço o jantar todos os dias!... No entanto, isso claramente não se reflete no nosso dia-a-dia. Parece que o armazenamento das suas peúgas coloridas e outras pequenas peças de vestuário é colocado pela minha dedicada esposa bem alto nas suas prioridades. Tão alto que essas peças de roupa ocupam as duas gavetas que, penso eu, seriam por direito minhas na mesa de cabeceira, do meu lado da cama. Um direito, está visto, não adquirido com o facto de desposar a proprietária do imóvel.

Embora já tenhamos falado sobre isto em casa, a situação mantém-se inalterada há cerca de um ano, pelo que conclúo que estou a perder esta guerra e a minha esposa mantenha assim a sua hegemonia, ainda que de forma bizarra, sobre alguém que até faz o jantar todos dias (nunca é demais referir).

Mostrar indignação por se limitar a uma gaveta o meu domínio territorial no mobiliário do quarto talvez faça algum sentido. Mas numa guerra - já diz o ditado - tem que se dar e levar. Pois muito bem! Assim farei!

Enquanto se mantiver esta situação gritante de não equiparação no direito à gaveta consagrado por um qualquer código conjugal (que, se nunca foi escrito, eu posso apresentar, mesmo que seja rascunhado num guardanapo de pastelaria), vou deixar de fazer o jantar!... sempre e quando não estiver ninguém em casa para o consumir ou não haja vontade de nenhum dos conjuges em ingerir alimentos cozinhados ao início da noite.

Sim. É uma medida drástica, eu sei. Mas é assim que um gajo subjugado num matrimónio mostra que é realmente forte! E se isto não resultar... bem... a questão agudiza-se ainda mais! Aí, passarei a não fazer jantar... também quando sou só eu que estou em casa, optando por comer iogurtes ou umas peças de fruta, para além de que me recusarei a lavar loiça... entre as 20:40 e 20:45. Nessa altura é que eu quero ver se ela não se sente na obrigação de aceitar incondicionalmente a derrota na Guerra dos Sexos do 9ºD...

Ex-Cop is The New Black, baby!!!


Há uma nova categoria de galãs a emergir. Os ex-polícias/experts em criminalidade. O mercado do suspiro feminino (acima de tudo, no target 35-55 anos) está claramente a ser tomado de assalto por antigos profissionais do combate ao banditismo e/ou repórteres especialistas em assuntos policiais que surgem na televisão a fazer crónicas de crime e publicam livros dentro dessa área (ou... estranhamente... romances de cordel). As donas-de-casa (casadas, divorciadas, ou simplesmente desesperadas) fazem deles os novos alvos das suas fantasias.

Perdão… Talvez esta categoria de que falo não seja coisa tão nova quanto isso. Penso que o “inspector” Varatojo – há muitos anos já – terá sido o pioneiro de todos os experts em criminalidade a fazer muitas senhoras de bom-nome suspirar quando aparecia na televisão, a falar dos feitos da Scotland Yard. Mas uma “categoria” começa quando há mais do que um elemento, naturalmente. Ainda assim, aqui se tira, com a respectiva vénia, o chapéu ao “inspector”.

Depois dele, anos depois, vieram Carlos Narciso e Moita Flores. Este último ainda está no activo, a falar de crime… e de tudo mais sobre o que lhe peçam para falar (confesso que me deixa curioso saber se, eventualmente, Moita Flores tem opinião formada e prontinha a ser dada na TV sobre amaciadores de cabelo; na volta… até tem!). Também ele, com voz firme e grave, a falar dos bons e dos maus, do certo e do errado, fará as delícias do suspiro feminino, acredito. Talvez num target acima dos 55 anos… de mulherada que não goste particularmente de política. Estou em crer que o facto de Moita Flores ser também Presidente da C.M. de Santarém possa não fazer furor junto das fêmeas que não vão à bola com políticos.

Mas quem está mesmo com grande “saída” entre o sexo feminino "over thirty" são mesmo Hernâni Carvalho e Paulo Pereira Cristóvão. Tive a prova disso ontem, numa papelaria do centro comercial. Enquanto aguardava a minha vez para registar o EuroMilhões, uma recém-cinquentona (estou a basear-me apenas no aspecto físico da senhora, claro) acercou-se do balcão e perguntou, com voz afogueada, se já estava à venda o novo romance do Hernâni Carvalho. Perante a ausência de resposta pronta por parte da funcionária, voltou para o meio da loja, onde continuou a procura pelo livro, juntamente com outra mulher, aparentemente da mesma idade. Entre elas, iam pegando nos livros já editados pelo repórter e pelo antigo agente da PJ, aproveitando para elogiar as diversas… virtudes (não literárias) dos agora comentadores televisivos e autores de livros sobre crime, desaparecimentos, porrada… e, pelos vistos, também sobre beijinhos.

Sinceramente, não vejo este tipo de excitação no que toca a experts de outros quadrantes. Por exemplo, sei lá… não me parece que haja tanto suspiro por comentadores desportivos que também escrevam sobre futebol – e desses não faltam. A malta perita em Economia (que também publica umas coisas sobre guito, boas oportunidades de investimento e assim) também não anda muito bem cotada no ranking das preferências femininas – muito menos com a conjuntura actual. E ainda há também quem tente… em vão. Marques Mendes editou agora um livrinho de sua lavra. O esforço do senhor é meritório, assinale-se. Mas não vi qualquer trintona, quarentona ou cinquentona a procurar pela obra na papelaria… muito menos a elogiar o «belo cabedal» do antigo Presidente do PSD. É pena; ele bem que está a precisar de uns elogios. Talvez se se deixar de falar de políticos e começar a falar de criminosos a sério… não sei…

O exemplo (de George Lerner)
... que não aproveitamos


Em 1952, George Lerner inventou um brinquedo de grande sucesso na América (e em todo o mundo) chamado Mr. Potato Head (na imagem abaixo).


Em 2008, este inSensato Autor sofreu aquela que lhe parece ser a centésima quinquagésima quarta inflamação da garganta em 32 anos de vida. Inflamação da qual ainda está a sofrer consequências, com brônquios, laringe, faringe e cabeça a ressacar em dor. A juntar a isso, os pulmões estão mais uma vez a pedir para serem substituídos mesmo "antes do intervalo", de tão sobreutilizados estarem a ser nos últimos oito dias, para tossir, acima de tudo.

Todo o resto do corpo passou praticamente incólume aos efeitos da inflamação. À excepção do estômago que não acompanhou cabalmente o acréscimo de fármacos e andou ali um bocado aos papéis por uns dias. De resto, tudo ao fininho. Do peito para cima é que a coisa correu mesmo mal.

Leva-me isto a questionar o porquê de em 56 anos (que é tempo suficiente para nascer e morrer muita gente e para acontecer uma data de coisas, boas e más), ninguém se tenha dado ao trabalho de desenvolver para as ciências médicas a ideia original de Lerner que se baseava no conceito de poder alterar… tudo naquela cabeça de batata, sempre que se quisesse. Desde o bigode à boca, passando por nariz, orelhas, pés, chapéu, sobrancelhas, braços e não sei mais o quê… tudo é passível de ser alterado no Mr. Potato Head. Isso também devia acontecer em nós mas, infelizmente… não acontece.

Sinceramente, isso chateia-me porque me dava um jeito desgraçado poder mudar tudo o que me dói por "peças" (diferentes ou semelhantes) que fizessem o mesmo (ou melhor), pelo menos até que as que actualmente estão com maleita fossem reparadas.

Sim… a Medicina (que, recorde-se, começou apenas por – neste particular – fazer amputações; tirava-se e não se substituía) já faz transplantes com bastante sucesso… mas não é bem disso que estou a falar. 56 anos volvidos desde a invenção de George Lerner, já seria de esperar que esta questão não fosse tão problemática e que bastava a malta ir à loja para poder mudar as partes que estão KO e não OK. Se acontece com computadores, carros, roupa… só falta mesmo com o corpo humano, digo eu.

Além dos pulmões, faringe e etc. (com que estou mesmo a stressar fortemente), já agora, também não me importava de poder trocar o orelhame e narigongo de Dumbo que tenho por outros mais maneirinhos, e a título mais permanente. Se fosse só tirar uns e pôr outros, não custava nada.

Agora que penso bem nisso, talvez seja o lobby dos cirurgiões plásticos que não está a ajudar muito na colocação em prática da "lógica da batata" que Lerner criou. Hmmm… desconfio que sim…