Post Polémico Sobre Patrões e Empregados

Suspeito ligeiramente que me vou lixar com este InSenso. Porque não há gajo minimamente inteligente que decida dar trunfos a quem lhe possa fazer mal. Mas como a teoria pode valer-me um certo guito no futuro… cá vai… e seja o que Deus quiser.


Há uns dias, comecei uma conversa via chat com uma amiga minha da seguinte forma singela: «Foda-se!!!». Ela pensou que se tivesse passado alguma coisa de mal comigo e apressou-se a perguntar se estava bem. Eu… estava. Simplesmente me tinha apetecido dizer um valente palavrão e, no local de trabalho – ouvi dizer há uns tempos – não convém dizer palavrões em voz alta. Diz que há malta que não gosta e tal… Enfim…


De entre essa malta que não gosta de ouvir palavrões no local de trabalho estão os chefes, ao que parece. Os mesmos que – desconfio – também não devam gostar de que a malta converse nos chats em horário de expediente. Por isso, dizer o palavrão ou escrevê-lo são, ambas, infracções de igual calibre à conduta profissional preconizada pelo patronato. A diferença, neste caso, é que o palavrão dito em voz alta é audível e, por isso, perceptível e o palavrão escrito numa janela do ecrã de computador emite apenas um ruído, o das teclas, que não se percebe. É esta a questão que me leva a escrever o texto pelo qual o InSensato Leitor agora passa as vistas – claramente porque não tem nada melhor para fazer.


Então e se os chefes pudessem identificar os sons das diferentes teclas, conseguindo dessa forma perceber o que os seus subalternos funcionários de meia-tijela escrevem em horário laboral? A questão é – há que admitir – pertinente.


Está visto que o futuro da relação patrão-funcionário passa por uma vigilância cada vez mais próxima da teoria Big Brother levada a cabo pelos chefes sobre os empregados. Amiúde – apesar de ligeiramente ilegal – já são instaladas câmaras de vigilância só para controlar os trabalhadores; e quem diz câmaras diz também sistemas de escutas e de monitorização dos e-mails, muito embora neste último caso seja impossível em tempo real saber-se o que o funcionário escreve – só se sabe quando o mail já seguiu… e aí já será tarde para evitar algum inconveniente.


Se os patrões tivessem alguma forma de identificar instantaneamente o som das teclas de computador premidas pelos empregados para escrever mensagens, o controlo seria, à falta de melhor palavra, total. Ou seja, se houvesse um curso que ensinasse quem manda a perceber o que quem trabalha (ou supostamente devia trabalhar mas não trabalha) escreve nos chats e nos e-mails – muitas vezes sobre os seus superiores – estou certo de que não haveria falta de formandos.


Estou, portanto, a considerar arranjar uma maneira de ensinar esta malta graúda a quilhar a arraia-miúda que recebe os cheques ao fim do mês como se nada fosse apesar de ter passado várias horas por dia a falar mal do chefe. Nesse sedntido, vou arranjar um plano de estudos e propor a criação do “Curso Avançado de Percepção Sonora de Teclado de Computador”. Nome pomposo, claro, para apelar ao público médio-alto - aquele com guito, entenda-se.


Sei o que está a pensar o InSensato Leitor, também ele provavelmente um assalariado com muito asco ao patrão e bílis solta em milhares de caracteres semanalmente, à revelia do patronato. Basicamente, está a dizer “Tu estás a lixar-me como gente grande, pá!”.


E eu sei que estou. Mas, como assalariado que (também) sou, tenho obrigação em sentir-me permanentemente injustiçado com o ordenado que aufiro. No entanto, em vez de falar mal do chefe (que também falo, claro), prefiro capitalizar uma boa ideia. E se são os patrões quem tem mais dinheiro para gastar… mais vale entalar a empregadagem (lamento imenso, malta!), que conta os tustos ao fim do mês com vista a um bem maior: o reforço da minha conta bancária.

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