O Drive-Thru dos McPaizinhos


Por viver junto a uma escola, sou forçado a escrever este InSenso de alerta ao Ministério da Educação. Instituição que, também neste assunto (como, basicamente, em todos os outros), anda a dormir um bocado na formatura.

O acompanhamento da entrada e saída dos miúdos pelo programa Escola Segura é um bom princípio mas não resolve todos os problemas das entradas e saídas das crianças e dos jovens nos estabelecimentos de ensino do nosso país.

Aliás, os agentes de autoridade destacados para as escolas até são eficientes a evitar o crime (rapto, tráfico de drogas, violência física e verbal, etc.) quando a campainha toca pela manhã ou ao fim da tarde mas, por outro lado, são completamente impotentes no que toca a dominar quem mais problemas cria nessas horas delicadas de chegada e partida dos alunos: os pais.

Quem – como eu – mora à beira de uma escola sabe disto perfeitamente, porque sair ou chegar de automóvel a essas horas torna-se – se não impossível – uma tarefa terrivelmente complicada, dada a gigantesca aglomeração de carros (maioritariamente do segmento familiar; grandinhos, portanto) que se juntam à porta dos liceus, primárias, creches e colégios de Portugal às 8 da manhã ou às 5 da tarde, mais coisa menos coisa.

Tantos são os automóveis estacionados em cima do passeio (mesmo “em cima” da porta da escola) e parados em plena via à espera (para também ter a oportunidade de estacionar “em cima” da porta) que a rua fica num engarrafamento pegado. Por que é que isto acontece? Porque os papás querem (e querem… porque querem) deixar os filhos DENTRO da escola. Não ali perto, não; lá dentro mesmo. Poder, não podem. Conseguir, não conseguem… Mas lá que querem, querem! E porque não podem, tentam; sendo que o melhor que conseguem fazer é estacionar no local mais próximo da porta, para que seja só necessário aos rebentos tirar o pé da viatura e já estar em terreno escolar.

Evita-se assim – e os papás é que “sabem” sempre o que é “melhor” para os seus filhos – que os “coitadinhos” dos meninos não andem muito (sim… passar na passadeira desde o outro lado da rua faz muito mal às crianças). Logo de seguida vem o carro imediatamente atrás e faz o mesmo. Assim se passam uns bons (e largos) minutos de grande sentido cívico dos encarregados de educação e de agradável espera dos habitantes da zona.

Senhora Ministra da Educação, andamos distraídos, não andamos? Então não está bem de ver que esta situação (a que se pode assistir de Norte a Sul – não sei se nas ilhas também assim será) tem uma solução tão fácil quanto boa para a sua imagem pública (que, convenhamos, actualmente não é assim grande coisa)?

Basta que se permita aos paizinhos entrar MESMO pelos portões das escolas e criar um corredor rodoviário em torno dos edifícios das mesmas, com uma saída na outra ponta. Bem ao jeito de um McDrive, os papás poderiam deixar os filhos já dentro da escola (os meninos nem precisavam de andar para lá chegar… porque já lá estavam). Não lhe parece bem, Senhora Ministra? E quem disse que a fast-food nada traz de bom às nossas vidas?!?

Tudo bem que os agentes da Escola Segura se calhar ficavam sem grande coisa para fazer… mas a cena da mobilidade de excedentários está em grande (nas vossas cabeças, pelo menos). Pense nisso. A mim dava-me um jeito desgraçado para poder entrar e sair melhor do parque de estacionamento do meu prédio de manhã e ao fim da tarde. Veja lá disso, ok?

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