A insustentável leveza do chumbo


Alturas há na vida em que apetece que nada de jeito nos saia boca fora. Diria, para ilustrar melhor a afirmação anterior, que se o céu não fosse azul-bebé bem podia ser às riscas verde alface, branco, rosa-choque e amarelo torradinho, porque sempre ficava mais fashion.

Penso ter-me feito entender.

Nesta mesma linha de pensamento, também seria giro se os cangurus pudessem ser utilizados como meio de transporte de pequenas mercadorias (correio, por exemplo), fazendo uso da bolsa marsupial. Seria giro… sabendo de antemão que não haveria de ser fácil consegui-lo. Antes de tudo mais, porque convencer um canguru a fazer seja o que for é – como se sabe – muito complicado. Acho eu que isso se deve a pura teimosia do animal, embora também possa acontecer que ele simplesmente não entenda o que nós dizemos. Por outro lado – e uma vez convencido um canguru que fosse a levar mercadoria de um “Ponto A” até um “Ponto B” – quem garante que ele não pula para onde bem lhe apetece (ou seja, para um imprevisto “Ponto C”) ou que ele não deixa cair o que leva (visto ser do conhecimento geral que as bolsas marsupiais não têm um eficiente fecho éclair ou um velcro forte)? Sim… é um facto. O canguru não é de confiança.

De igual forma, é também muito complicado confiar na arte abstracta da República Checa que – para quem anda menos bem informado (já agora, chegou ao blog certo para colmatar essa pecha na sua existência) – é, em quase tudo, ambiguamente diferente da arte rupestre da Polinésia (muita gente confunde as duas, verdade seja dita). InSensato Leitor, aceite este humilde mas prudente conselho: sempre que estiver diante de uma peça de arte abstracta checa… desconfie. Há uma séria chance de que esta não seja bem aquilo que pensa que é. Não raras vezes fui levado ao engano quando, por exemplo, julgava estar na presença de uma “Natureza Morta” mas – espante-se – a verdadeira imagem era a de uma mulher nua pulando entre os lírios de um prado nas encostas da Nova Zelândia. Ou seja, fui sendo enganado pelos riscos e rabiscos pintados em direcções várias, sem padrão identificável, errantes em telas insuspeitas mas com intenções claramente duvidosas.

Dias há que são assim… como hoje. Em que nada de jeito apetece que nos saia boca fora e em que no calendário escrevemos lembretes que um dia haveremos de colocar na porta do frigorífico, com a ajuda de um íman em forma de ovo estrelado. Nesse rasgão de papel, com os números dos dias e “quarta-feira” escrito em letra estilizada, poder-se-ão ler palavras sábias como “Não esquecer de entregar convite para a festa do mês que vem EM MÃO, porque o canguru não é de confiança”.

1 inSensinho(s) assim...:

Maria disse...

Posso chamar-te Milan K@dera?!