EL PiPi

*** Da afamada série de escritos «O InSenso e a Cidade» ***


Tenho de dizer – é mesmo assim tipo uma auto-própria-obrigação-minha-para-comigo – que acho uma certa quantidade de piada a certas coisas.

Ah!... Antes de mais, abro aqui um pequeno aparte para lamentar o facto de cientificamente nunca ter sido tornada pública – se é que ela existe mesmo – a fórmula de cálculo da quantidade/volume/área/peso da… piada. Sim!... porque não pode ser debalde que dizemos que achamos muita ou pouca piada seja ao que for. Se ninguém me disser o que é que pode ser considerada muita, pouca ou alguma (em termos de piada, claro), como posso eu achar ou dizer que isto ou aquilo (que é outra questão antiga que me apoquenta) tem ou não muita, pouca ou alguma piada?!? Espero que essa dita – e muy necessária – fórmula seja publicada muito em breve para que, muito mais do que dizer que acho muita piada a qualquer coisa, possa inclusivamente dizer que acho, sei lá… 33% de piada a isto ou que “Pá… essa é uma grande piada! Tem para aí uns 245m2… no mínimo!...” e finalmente poder concretizar aquela velha máxima “És um tipo cheio de piada!”, calculando que aquele ar anafado (e, por vezes, até de algum desconforto estomacal) de um qualquer tipo se deve claramente a uns 12kg de piada que ele engoliu e que ele tem na pança. Dito isto, revelo também que acho os godos pessoas muito mais bem dispostas. Logo… cheias de piada. O que vem dar algum maior apoio argumentativo a esta minha reclamação pela publicação da fórmula de cálculo da piada. Muito e muito obrigado!

Bom… voltando ao assunto que me aqui traz hoje… dizia eu que acho uma certa quantidade de piada a algumas coisas. Nomeadamente, a Lisboa em dia feriado, fins-de-semana e, como não podia deixar de ser, ao misto dos dois, ou seja, em fins de semana prolongados… como foram os dois últimos.

Como trabalho muito ao fim-de-semana, conduzir ao sábado, ao domingo e aos feriados é assim uma cena tipo espectáculo! É sair de casa atrasado mas chegar ao laboro com 15 minutos para gastar!... Maravilha! Aliás, dou comigo muitas vezes a pensar (como dizia o Represas na canção) se «não sei mesmo se Lisboa não partiu para parte incerta». Logo de seguida… penso noutra coisa. Se esta rapaziada não anda por cá, deve andar noutro sítio qualquer, como é óbvio. E se estão noutro sítio, deve haver alguém a pensar o oposto de mim. Ou seja, … “Caraças! Conduzir aqui ao sábado é uma merda! É sair de casa a horas e chegar à praia 3 horas depois do previsto!...”. Isto, claro, se não se for comerciante. Nesse caso, o que se será algo muito parecido ao Pai Nosso, com especial ênfase àquela parte: «Venha a nós o vosso reino!» (leia-se, guito). Mas isso agora até nem vem ao caso.

Quanto aos lisboetas, esses, dizem sempre a mesma coisa. Quando estão cá, perdem horas no trânsito e falam o belo "calão corrente - versão stress". Quando estão fora… provocam engarafamentos e, logo, perdem horas no trânsito... e falam o belo "calão corrente - versão stress". Deve ser por isso (por uma repetição do mesmo tipo de stress “all over again”, todos os dias) que o lisboeta não sabe estar no trânsito de outra forma que não stressado.

Como passei ambos os fins-de-semana prolongados aqui, tive a oportunidade de testemunhar um belo fenómeno a que chamei “Efeito Lx Pi Pi” (que é um nome bonito, não é?).

O “Efeito Lx PiPi” (ou EL PiPi) caracteriza-se por um estado permanente de ansiedade do indivíduo residente na região de Lisboa que se senta atrás de um volante. Tal estado que leva o condutor da viatura use com maior frequência a buzina do que o comum mortal, estando ou não em filas de trânsito encalacrado. Sim… porque o que assisti nestes dois fins-de-semana foi mesmo isso. Buzinadela da forte quando só estavam dois carros (ou três, no máximo) num cruzamento ou num semáforo. E isto, meus amigos, é o EL PiPi. É que… a cidade bem pode ficar com cerca de 5 ou 10% da população diária… mas os que cá ficam… asseguram-se de que todos os outros (que até nem são de buzinar nos engarrafamentos, como eu) não se esqueçam de que o trânsito lisboeta tem (por obrigação) de ser stressante e que só há uma forme de “bem conduzir” na urbe: nos píncaros dos nervos. Porque assim... assim é que bom…!

EL PiPi… És GRANDE, EL PiPi!...

1 inSensinho(s) assim...:

Sol disse...

Que bom é guiar em lisboa...

Não existe nada melhor que a nossa capital para quem não sofre de sintomas de stress passar a padecer dessa doença.