Popeye, o Filósofo



Longe estaria a mente humana de pensar (ou de “realizar”, que é uma expressão que eu gosto muito – por ser pirosa – e que se vai usando cada vez mais, copiando o “realise” inglês/americano) que o Dalai Lama tinha concorrência à altura numa personagem fictícia de desenhos animados.

Abro aqui um parêntesis para ressalvar que, se houver crianças que ainda vejam o Popeye (ou adultos que ainda julguem que ele é verdadeiro) a ler este InSenso… reformulo a frase anterior para «Longe estaria a mente humana de pensar (…) que o Dalai Lama tinha concorrência à altura num tipo musculado e estranhamente fumador/vegetariano (sendo que nunca se percebeu se ele só come ou se também fuma os espinafres – ficando ainda por saber se, nesse caso, a nico-espinafrina é ou não uma substância indutora de vício).», ok? Feita a ressalva … Siga a dança!...

Dizia eu que ninguém previu isto. Isto de o Popeye ser um colosso da Filosofia, tal como a conhecemos ou até ser um revolucionário na maneira de pensar o mundo complicado em que vivemos.

Como todos sabemos, a complexidade combate-se com… a simplicidade. E é isso que o Popeye vem fazendo há imensos anos (mesmo que sem o devido reconhecimento, há que dizê-lo). Como? Nada mais simples.

É ele quem o diz (vezes sem conta): «I am what I am!», certo?

Bem vistas as coisas, estas cinco palavras (“Eu sou o que sou!”), ditas por entre duas ingestões/snifadelas de espinafre via-cachimbo e directo da lata, são, no fundo, a base do nosso mundo. E, se toda a gente cumprisse a simples máxima, o mundo seria um sítio melhor (como dizem as candidatas a Miss Universo, antes de apregoarem que gostam das criancinhas e que desejam a paz no planeta).

O mundo é (ou deveria ser) feito de indivíduos esclarecidos quanto à sua identidade, às suas virtudes e defeitos. No entanto, vemos todos os dias a negação disso mesmo. A globalização é a negação disso. A Sociedade da moda é a negação disso. A Economia é a negação disso. A Comunicação é a negação disso. E os vira-casacas são a personificação da negação disso.

Popeye não é (nunca foi) um vira-casacas. Pronto… é certo que ele transfigurava-se quanto metia o espinafre ao bucho (esperneava e esbracejava até ficar com uns músculos do tamanho de dois reactores de um avião a jacto)… mas depois voltava ao normal e era assim que dava umas boas marretadas no Brutus, que bem as estava a merecer.

Por seu lado, esse tal de Brutus era um fuinha que tudo fazia para lixar a vida ao marinheiro. E a Olívia, essa parva, é que era a maior culpada de tudo. Porque, ela sim, era a verdadeira vira-casaqueira lá do burgo, ao perder-se de amores pelo barbudo quando ele lhe fazia a corte ou a raptava (assim numa dinâmica de Síndrome de Estocolmo) para depois voltar para os braços do ingénuo do Popeye, que lá tinha de levar com umas barrigadas de espinafre para ir atrás dela.

Se me perguntam a mim, a Olívia não merecia tal trabalheira. Mas lá está… O Popeye era o que era. Um gajo fortalhaço ainda que um bocado (muito) pamonha… e quiçá… um bocado bronco também.

Enfim… não se pode ter tudo. Mas, pelo menos, há que dar crédito ao homem. Se mais gente levasse a sério o «I am what I am!», este mundo seria mesmo um sítio melhor. E isso não foi o Dalai Lama quem ensinou à malta. Foi o Popeye, The Sailor Man.

Ah… E sim… aqui a malta também deseja a paz no planeta… e em Marte, já agora… e essas tretas todas afins…!

0 inSensinho(s) assim...: