O poder da cueca da rata



Comecemos com uma daquelas frases feitas com que fica sempre bem iniciar qualquer texto que se preze e deseje ser digno do epíteto de “texto”… possivelmente, até com “T” maiúsculo (“Texto”, portanto) …

«O Natal está aí à porta e a febre consumista (sem grande surpresa) está ao rubro.»

Gostou, InSensato Leitor? Eu… nem por isso. Não por causa da frase em si (é uma frase feita como todas as outras frases feitas) mas sim porque aquela coisa de algo estar “à porta” faz-me uma confusão desgraçadinha. Fico sempre a pensar que alguém andou por aí a dar o meu endereço sem consentimento da minha parte e (sem qualquer relação com a preocupação anterior) que, desde que mudei para a minha actual casa, sempre quis mas nunca calafetei cabalmente a porta da rua (o que permite a entrada de um frio do caraças).

Mas desvio-me do assunto que me traz aqui… mesmo antes de o abordar.

Vem a tal máxima em jeito de lugar comum ao caso porque este fim-de-semana passei por um grande super-mercado (daqueles com nome de avião comercial e sonoridade semelhante a elefante da Disney). Como seria de esperar, não era – de longe – o único às compras ali. Aliás, havia seguramente mais… dez pessoas no estabelecimento (ou será que eram mais dez… só ali mesmo naquele metro quadrado à minha beira…?).

Como estamos pertinho do Natal, o corredor que “recebe” os clientes à entrada do super-mercado está pejado de tudo o que se possa associar à quadra: pinheiros artificiais, decorações, chocolates, velas, bolo-rei e – claro – brinquedos para todos os gostos, entre os quais, bonecos.

Bonecos, bonecas, chorões, caladinhos, patinadores, barbie’s avantajadíssimas, de plástico ou de peluche… o que não falta são bonecos, empilhados (literalmente) em cima uns dos outros, à espera de serem levados dali para uma casa onde um pirralho há-de recebê-lo com um brilhozinho nos olhos na noite da consoada e esquecê-lo antes do fim de ano.

Mas (outra frase feita) «a vida está cara» e os bonecos (pelo menos, aqueles que eu vi) lá estavam, numa pilha imensa, encavalitados e enrolados uns com os outros a fazer lembrar uma daquelas cenas finais maradas de filme “xxx” com mais de 20 “actores”, em grande “função”… só que com bonecada (acima de tudo, animaizinhos felpudos e meninagem amorosa).

Para quem pensa que estar a falar de orgias malucas e filmes hard-core com base em bonecos para crianças é assim… como dizer… estranho e parvo, fique sabendo…que vou continuar.

Isto porque, lá no monte dos bonecos (muitos deles repetidos), vi cinco Minnie’s. Não. Não eram cervejas em garrafas pequenas, não. Minnie é a eterna namorada do Mickey (nunca casaram… deve ser alguma cena daquelas do gajo ter problemas de compromisso). E quatro dessa Minnie’s estavam… de saia levantada. Ou seja, de cueca a mostra.

Volto à questão da imagem de deboche com os bonecos enrodilhados e acrescento-lhe este novo dado de uma rata com a cueca à mostra. Não estarão os nossos super-mercados a ir um bocado longe demais na tentativa de fazer liquidação de stock´s? Se a vida está tão cara… há que recorrer a métodos eficazes para convencer o consumidor. Isso parece-me correcto. Mas… dispor uma rata de cueca à mostra… com tanto miúdo a ver… será... ético (no mínimo)?

Fica a questão.

No entanto… já agora, – aceitando “academicamente” que até é uma boa ideia enveredar pela utilização do sexy tease de uma rata com a cueca à mostra – não seria mil vezes mais eficaz se fossem os mesmo elementos, mas… em ordem invertida?!?... É que a História do Mundo é bastante clara nesse aspecto… e que eu me lembre nunca falou de uma rata com a cueca à mostra…!

1 inSensinho(s) assim...:

so disse...

e uma pouca vergonha! este mundo esta perdido!