Ovelhandaria



Enquanto trinco um Nougat (ou pinhoada, como lhe queiram chamar) e olho para os meus horrendos pés (de dimensões inenarráveis e dedos disformes), reflicto sobre o mundo e imagino a vida difícil das ovelhas.

Coisas bonitas são as ovelhas. Parecem-me sempre autênticas nuvens térreas (pela forma e pala cor), no meio dos campos a pastar… ou só a estar (já que, às vezes, é só isso que as ovelhas fazem; estão).

O Nougat é um dos "supra-sumos" do prazer oral – há que dizê-lo. O caramelo… o amendoim… a sede que aparece logo depois…! Mas o embaraço de ficar com os dentes colados uns aos outros ou com o caramelo colado aos dentes… enfim…! Ainda assim, o Nougat é um espectáculo!

Mas verdade seja dita. Preocupa-me o asseio (ou falta dele) das ovelhas, esses flocos de algodão (não querendo eu abrir um conflito entre matérias primas de vestuário) com perninhas, carinha, ossinhos, corninhos e focinho (razão única para o uso dos diminutivos anteriores). Tenho cá para comigo que não haverá coisa pior para uma ovelha (exceptuando a viagem para o matadoiro, claro) do que andar por aí com a lã suja.

Para além do evidente mau aspecto que isso dá, há sempre uma data de questões que é preciso atentar. A da própria higiene da ovelha, por exemplo. E a higiene é muito importante na comunidade ovina, segundo consta. Além disso, pode haver questões de identidade envolvidas. Uma ovelha branca muito suja pode ser confundida por uma ovelha negra, com tudo o que essa situação possa implicar no futuro social do animal confundido (sim… porque a sociedade ovina é tramada, como é do conhecimento público). Isto já para não falar da ronha ou … do ranho, que tornaria a ovelha em ronhosa ou ranhosa, que é assim um tipo de “ponto de não retorno” fatal para qualquer animal da espécie.

Acabou-se o Nougat. É pena. Resta agora o sabor que justifica o tal prazer oral. E continuo a olhar para os meus pés. Coisas feias são os meus pés!... Pondero fazer uma cirurgia plástica. Só que não sei bem que pés devem servir-me de modelo…!

Voltando ao ovelhame, só vejo uma solução para este problema. E, essa, está como é óbvio (pelo menos, a meu ver), na criação de uma HiperMegaGigaSuper Ovelhandaria.

Como o próprio nome indica, seria uma lavandaria para ovelhas, mas em grande escala. Naturalmente, teria uma tabuleta à porta, com os seguintes dizeres: “Limpe aqui as suas ovelhas”, convidando os pastores a levar os rebanhos para uma limpeza geral periódica.

Sendo que este é um ramo de negócio ainda inexistente, apresento aqui o meu projecto para algo que se venha a criar. A HiperMegaGigaSuper Ovelhandaria teria de ter as dimensões de um grande supermercado, no mínimo; e um parque de estacionamento das dimensões de uma estrutura do género à beira de uma grande superfície comercial. Isto para evitar congestionamentos e para proporcionar boa acomodação de rebanhos em dias de maior afluxo de pastores e respectivos rebanhos.

Quanto à limpeza propriamente dita, sugiro máquinas de limpeza a seco de grande capacidade, onde possam ser colocadas, pelo menos, 20 a 30 ovelhas de cada vez, para dar vazão à rebanhada. E porquê máquinas de limpeza a seco? Para uma melhor limpeza dos animais, claro, sem que encolham ou fiquem com gorgotos. Ah… e para evitar afogar ovelhas desnecessariamente em máquinas de lavar mais convencionais… mas isso nem é o mais importante.

Importante é que a gente tenha ovelhas limpinhas nas nossas pastagens (valorizando indesmentivelmente as nossas paisagens) e que a ovelha tenha orgulho na vestimenta (ou farpela, que é uma palavra que eu gosto muito) que enverga… pelo menos até à próxima tosquia.

Vou comer mais um Nougat e calçar umas meias de lã, que está a ficar um frio do caraças!

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Nota IMPORTANTÍSSIMA (ou nem por isso...) :

O InSensato Autor faz questão de informar e garantir que nenhuma ovelha foi morta, ferida ou maltratada na execução deste InSenso.

PVP: 25€



Hoje aconteceu-me ser obrigado a estacionar o carro longe da estação e ter de ir a correr para o comboio, que (ao contrário daquilo que deveria ser a sua inequívoca obrigação) não espera por mim quando eu me atraso.

Descanse o Insensato Leitor. Adianto já que não perdi o comboio. Mas perdi qualquer coisa. Uns gramas de camada adiposa que “moravam” precisamente entre a pele e a última costela do lado esquerdo, cá em baixo, junto à chamada “pança de abade” que ostento com (pouco) orgulho.

Mas adiante. Já no comboio em movimento (atente-se que só o comboio estava em movimento; eu estava sentado), dei-me conta de que algo não estava bem na minha bota. Normalmente, o que está mal nesse “sector” é o que está DENTRO da dita bota (leia-se, o pé feio e/ou a fedorenta transpiração) mas desta vez… não. O “mal” estava no rasto da bota.

E um olhar mais atento revelou que o “mal” não era senão uma etiqueta autocolante, daquelas todas brancas, de pontas arredondadas que servem para escrevermos o que quisermos e colarmos onde bem entendermos. Esta… eu não escrevi e acredito que ninguém se daria ao trabalho de a colar propositadamente no rasto da minha bota direita… até porque o risco de levar um pontapé seria deveras elevado.

Ela lá estava, coladinha e sem grande desejo de se libertar de mim (o que até nem é de todo incompreensível, já que – não sendo um Hércules – não sou assim TÃO feio). Mas eu não queria ali. Por isso, tratei de a descolar o mais rápido que o meu jeito de pés permitiu. Pequena dica prática: a melhor forma de descolar uma etiqueta colada ao calçado é pisando-a com um pé e puxando o outro para trás, simultaneamente.

Descanse o InSensato Leitor. Adianto já que a operação foi bem sucedida e não há feridos a lamentar.

No entanto, qual não foi o meu espanto quando fitei a etiqueta (com um olhar zangado, confesso; assim como quem condena a insolência por “colar-se” a mim, literalmente), vendo que, lá escrito, estava «25€» (claramente em caligrafia de feirante ou merceeiro de bairro). E esta constatação pareceu-me de uma ironia desconcertante.

É que foi o materializar de uma sensação que já tinha há uns tempos. Mais concretamente, desde que fui operado. Nessa altura pensei que o meu “valor comercial” tinha descido consideravelmente. E foi hoje que tive mesmo a certeza disso. Eu explico.

Quando fui operado, os médicos removeram o meu apêndice e deixaram uma cicatriz, certo? Ou seja, hoje em dia, eu não só tenho menos peças (não tenho todas as que vinham “de origem”, isso é um facto), como também estou física e visualmente marcado. O mesmo pode acontecer a um carro, por exemplo. Um mecânico de esquina que se preze nunca volta a montar um motor que desmontou exactamente com o mesmo número de peças; sobram sempre algumas que, pouco mais tarde, acabam numa qualquer caixa suja de óleo negro e ressequido. Mais… quando damos um “toque” com o carro, ele fica com a pintura (ou a chapa) marcada. E tudo isto desvaloriza o carro em dezenas, centenas ou milhares (conforme o automóvel, claro).

Ora… eu também me sinto assim, desvalorizado… qual viatura com chapa amolgada junto ao pára-choques ou menos três porcas e dois parafusos no carburador. Quando alguém é operado, devia surgir naquele Termo de Responsabilidade (que a malta assina) a seguinte referência: «O paciente está ciente da contigência inerente à quebra do seu valor comercial após a intervenção cirúrgica». Mão não aparece nada. E a malta é levada ao engano, há que dizer. Porque toda a gente pensa que vai sair melhor do Bloco Operatório do que quando lá entrar. Mas isso é só meia-verdade, o que também equivale a dizer que é meia-mentira. Se, por um lado, saímos melhor, por outro…!

Enfim… chocou-me perceber esta manhã que o meu valor se resume a uns míseros 25€ (cinco contintos, na moeda antiga… o que ainda é mais deprimente), ainda para mais etiquetado por um merceeiro ou feirante a tentar despachar mercadoria de refugo, quem sabe, até já fora de prazo de validade. Ah… e como se isso não bastasse, a etiqueta até nem era de grande qualidade, bem pelo contrário. Descolou-se logo à minha primeira tentativa e foi de imediato colar-se ao sapato do revisor. Será que também foi operado...?

Os Outros




Nunca saberemos ao certo quem são ou quem foram. Mas o que é certo é que podiam muito bem governar este País e… quiçá, o mundo! Isto… se não o fazem (ou fizeram) já, claro.

O poder está do lado deles e quem vier afirmar o contrário… estará profundamente errado. Mas desengane-se quem pensa que estou a falar deste ou daquele. Nada disso. Aliás, este ou aquele nada têm a ver com o caso. Falo… dos outros.

Os outros angariaram ao longo do tempo um capital de poder sem igual. E foram sorrateiros, pela calada, certamente; porque ninguém se deu conta disso.

Por exemplo, a tolerância, esse poder fantástico ao alcance de poucos, está claramente controlado pelo outro e só se aplica a ele ou a quem se comporte como ele (seja lá como isso for). Do que é que eu estou a falar? É simples. Nós só toleramos aquilo que “é como o outro”. Prova disso, é a famosa expressão “Ah… isso ainda é como o outro!”, a que normalmente se segue algo do género “Se assim não fosse…!”. Parece-me claro que estamos perante um manifesto caso de intolerância a tudo o que não seja “como o outro”. E isso é um poder desgraçado!

Como se isso não bastasse, o outro também detém o poder da oratória. Se pensarmos bem, o outro disse tudo o que alguma vez devia ter sido dito, num dado momento. Todos os discursos, todos os ditos, todas as frases famosas, citações usadas a rodos ou até os impropérios mais obscuros… todos eles foram garantidamente proferidos pelo outro. “Já dizia o outro…”, quase sempre “como muita razão…”!

Mas há mais. Tudo o que de mal pode acontecer... nós pensamos sempre que só acontece... aos outros. Mas não. Mais tarde ou mais cedo, o que a gente pensa que só acontece aos outros... acontece-nos é a nós. E quem é que pode estar por detrás disto...? Os outros, claro, que – maquiavélicos – farão girar o mundo em sentido contrário, se for preciso, só para que aquilo que só devia suceder-lhes a eles nos estrague a vida a nós, pobres coitados.

No entanto, e por muito que pensemos que o poder é dos outros, permita-me o InSensato Leitor que aqui o baralhe (um pouco mais). O poder não está, de facto, (só) na mão dos outros. Mas sim, na mão da OUTRA. Ela, sim, é quem manda verdadeiramente. E porque é que manda? Porque pode. Ora veja-se o seguinte. A outra tem sempre o que quer, tudo o que deseja, tudo o que é do bom e do melhor. O povo di-lo e (para aí umas 9 em cada 10 ocasiões) é a mais pura das verdades. Apesar de estar longe de ser “legítima”, a outra safa-se extremamente bem, sem qualquer margem para dúvida. Perita em bens materiais e desenlaces infelizes de ligações conjugais, a outra domina porque é, potencialmente, melhor do que a anterior (legítima ou não), e por essa “qualidade extra”, merece que lhe seja outurgado mais poder persuasivo, financeiro e, claro, decisório. “Ele trocou-a pela outra!”… e ninguém troca nada a não ser para melhor, como se sabe.

Não gosto nunca de me sentir incapaz de remar seja contra que maré for... mas perante isto, vejo-me obrigado a render-me às evidências. É que, em suma, os outros… podem. E nós…!

Test-Drive C:



Estou a testar um computador portátil novo. Toshiba, Penitum M, 1.73GHz, 794MHz, 512MB RAM e essas tretas todas. Não é meu. Mas como estou a pensar adquirir um portátil também, é uma oportunidade de fazer, simultaneamente, um “test-drive” à máquina e a mim, como utilizador. (O computador até é jeitoso!… Deixa cá ver como isto bufa…) Aliás, esta é, inclusivamente, a primeira vez que este Word é usado (Bom desempenho!…) e, tendo-me sido pedido que escrevesse “qualquer coisa” para “inaugurar” o Office que eu próprio instalei, fiquei de criar um “textito”. E a modos que é isto…

O que é chato (Rapidez de processamento de dados… Fixe!) é que agora que aqui estou, em frente ao ecrã quase todo ele em branco, não me ocorre nada para escrever. (Ecrã wide-screen… Cool!...)

E o pior é que há um cursor “piscante”, que não pára de me “cobrar” o facto de não ter nada para o fazer andar enquanto ele distribui as letras e as palavras pela “folha”. (Usar estas teclas é que é um stress...! Onde é que eu arranjo um teclado igual aos “clássicos”?...) Mas não me ocorre nada mesmo para escrever!… Será possível?!?...

Talvez escreva sobre o meu cansaço… Nãããã… Não tem piada… (Rato novo também… super sensível! Nunca fica onde a malta quer…) Que tal escrever sobre essa verdadeira instituição que é a pinhoada caramelosa NOUGAT…? Nãããã… Teria de estar muito mais inspirado… (O Anti-Vírus já corre. Acho bem…) Mas… Caramba!... sobre o que é que eu escrevo!?!... E o raio do cursor que não pára de piscar…! #@§%&!!! Filho de uma grande… cursora de mau nome!! Pára lá com isso, pá!! … … … E não pára, o energúmeno!...

Belo teste, este…! Ainda bem que me pediram um “textinho de inauguração”… O computador está longe de ser devidamente “iniciado” e o mais provável é que para sempre fique com o ónus de uma estreia tão fraquinha… (Mas o computador safa-se bem! Lá isso...) Que porra!...

Estou desolado! (Ai isto tem wireless!... Bom!.. muito bom!...) Acho que vou declinar futuros pedidos de “test-drive” a computadores novos. Estou farto deste cursor impaciente e “cheira-me” que ele deve ter amigos ou familiares próximos noutros aparelhos. Não tenho a certeza… mas desconfio que sim. (Pá… se calhar vou mesmo arranjar um destes para mim…)

Mas por que raio não me lembro de nada para escrever…!? Que fiasco!...

1 Ano de InSensos!


«Mas que raio...!?!... ... porque é que as pessoas têm a mania de me chamar Paulo???...»

Começava assim, há um ano atrás, um blog imbecil que só veio ocupar espaço na já muito ocupada blogosfera. Fazia algum tempo que eu pensava em deixar por escrito algumas das coisas que me passavam pela mente a velocidades claramente não recomendadas em qualquer estrada ou viaduto deste ou doutro qualquer país - impelido, quem sabe, por palavras de incentivo tão bonitas quanto «Pá… mas tu só dizes parvoeiras?!? Não há maneira de descarregares isso de outra forma que não tenhamos de te ouvir?!?» ou «Sim…Sim… [aos malucos diz-se sempre que sim, não é…?] Vê lá é se ainda escreves é um livro só com baboseiras desse estilo…». E eu… Está bem! Livro, não. Mas um blog - uma coisa estranha de que já tinha falado com a minha amiga Covas (leia-se “Covinhas”… mas apenas “Covas” para os amigos mais chegados) -, até que nem era má ideia. Aliás, a Covas falará disso, no InSenso que escreveu para o dia de hoje.

E leva-me esta referência ao que é este post de aniversário do InSenso Comum.

Alguns InSensatos amigos deste burgo imbecil foram o que se pode apelidar de (das duas, uma) porreiraços (ou simplesmente… totós) e fizeram o InSenso de hoje. Cada um deles deu a sua visão muito própria sobre o blog e o seu conceito-base. E o resultado é este…

* * * * *
«Tudo começou no final de um belo repasto. Se a memória não me falha, frango com qualquer coisa, e um belo vinho a acompanhar.»

* * *
«Parte da minha vida passa pelos aeroportos do mundo, mas não sou hospedeira. Sou, antes, dessa raça de vagabundos de elite, que correm,como os bombeiros, para o fogo e não do fogo...sim, sou jornalista.»
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«Vim aqui parar a este cantinho, continuo sem saber como, juro, não sei! Sei dizer que o 1º post que li falava na fobia de partir coisas...»
* * *

«- E aguentaste um ano?
- Foi...
- Porra! 'Tás pior do que eu pensava. Tens metido gajas, ao menos?
- Não...
- Tens sacado gajas à conta disso?
- Não...
- Então, para que queres tu isso?»

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«Qual filosofia?
Qual Prós e Contras?
Qual poesia de intervenção?
Qual parlamento europeu?...»

* * *
«De repente vejo que o senhor lá dentro abrandando a marcha, se inclinava todo para num esforço enorme, presumo eu dadas as carantonhas que fazia, abrir a janela do seu lado contrário (mais próximo do meu)...»

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«Alguns que por aqui passam poderão pensar que o nome deste blog se deve a um erro ortográfico, e o seu autor, indiano»

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A todos eles, o meu MUITO OBRIGADO, pelo InSenso e pela grande amizade demonstrada durante este ano de InSensos. Um agradecimento extensível a todos os que, apesar dos meus avisos, continuaram a visitar o meu InSensato burgo, não limpando os pés à entrada (o que pode muito bem ser o que eu sempre digo para fazerem, mas que por respeito podiam evitar, já que perco imenso tempo a varrer o chão de parquet). Vá lá… que nunca deixaram fugir o gato…!

Babo com a participação de todos e continuo a pensar o que mais será necessário dizer para vos fazer ver que ainda há chance de terem uma vida regrada, pacata e feliz, não visitando blog’s imbecis como este…!

Obrigado!

K@, InSensato Autor


PS: Uma referência a três outras InSensatas, sem as quais, de uma forma ou de outra, o InSenso Comum não seria o que é hoje. Tampinha, Dona M (secretária do InSenso Comum) e Patty Ejab (consultora jurídica - e dançarina exótica - do blog). A elas também o meu agradecimento sentido.

InSensato Aviso



Serve este (inexistente) post para avisar a clientela deste burgo imbecil que se prepara a Edição Especial de Aniversário do InSenso Comum, que fará, no dia 15, 1 Ano de Vida InSensata.

Postei o 1º InSenso no dia 15 de Novembro de 2004 e, desde aí, com mais ou menos aventuras e desventuras, o InSenso foi sendo um ponto de equílibrio para mim e de claro desíquilibrio para quem, apesar dos meus avisos, continuou a visitar o meu InSensato burgo, não limpando os pés à entrada (o que pode muito bem ser o que eu sempre digo para fazerem, mas que por respeito podiam evitar, já que perco imenso tempo a varrer o chão de parquet).

Enfim... Serve então este (inexistente) post para avisar a clientela deste burgo imbecil que se prepara a Edição Especial de Aniv... Ah!... já escrevi isto... Pois...

Pronto! Apareçam por cá a partir de dia 15. Não haverá Leitão da Bairrada nem sequer Bolo de Aniversário... porque faz mal à dentola da malta e ainda acrescenta uns centímetros nas coxas das senhoras (dizem que sim... pelo menos!...). Mas há algo especial... para todos os InSensatos!


Até lá!...

K@, InSensato Autor

Código DaTransit



Quando tirei a minha carta de condução (já lá vão uns… quantos aninhos), o meu pai – motorista profissional, encarteirado e tudo – acompanhou os meus primeiros solavancos na transição do carro da escola de condução (a gasóleo e, por isso, muito mais simples de conduzir) para o nosso fantástico Fiat Uno 45, mítico carro negro – qual cavalo “Puro Sangue” – que abanava e tremia sempre que se passava dos 90 km/h (movido a gasolina Super – não aditivada, claro – e, obviamente, muito mais complicado de “domar” por um caloiro, como eu era na altura).

Desde logo, com a experiência só ao alcance dos verdadeiros profissionais, o meu pai foi partilhando comigo – enquanto eu tentava, em vão, fazer um bom ponto-de-embraiagem – algumas “pérolas” que um velho livro de código, pelo qual ele aprendeu os básicos do volante em Angola, aconselhava aos instruendos que o liam. Pequenas verdades que, não se pensando nelas, não são importantes mas que, para quem anda (conduz) na estrada, até fazem toda a diferença.

Por exemplo, aquela que mais rapidamente me vem à memória é esta: «Quando passares por uma bicicleta ou uma mota, deixa-lhe espaço para ela cair». Isto é de uma simplicidade genial, se repararmos bem. No entanto, não há nenhum Código da Estrada que ensine esta regra “de oiro” da boa circulação. Outra… «Numa estrada com bermas danificadas, esquece a regra de circular pela direita. Anda no meio da estrada que ninguém te paga os amortecedores que partires.» Bom… esta não vinha no tal velho livro. E actualmente, dada a politicamentice correcta que para aí vai, também me parece que esta “regra” (algo reaccionária, de facto) dificilmente figuraria num manual de código. Ainda assim, o meu pai sempre ma disse e eu sempre a cumpri, com resultados claramente positivos.

Seja como for, eu vejo com bom olhos a possibilidade da criação de um livro desses, caso alguém se lembre disso. Isto… a bem de uma competente uniformização das regras da boa condução… ou melhor… daquelas regras que todos (quase todos) praticamos e nenhum livro de código nos ensina.

Vejamos este caso… Em que livro de código aparece aquela cena de que devemos avançar quando o caramelo em sentido contrário nos faz sinais de luzes? Em nenhum! Pelo menos, que eu saiba…!

Da primeira vez que me fizeram isso, eu reagi logo com uns valentes vitupérios (não me lembro se em D3, confesso), porque pensava que o gajo me estava a chamar totó com aquela brincadeira das luzes. Eu não sabia… mas aquilo era uma “regra”… que ninguém me tinha ensinado. Aí… foi o meu pai a chamar-me totó! «Toma lá que já lá levaste!...»

Bom… eu agora ando com muito pouco tempo e não posso aventurar-me na edição de um Código da Estrada, revisto e aumentado, com as tais “regras implícitas” da nossa circulação rodoviária, embora me pareça um conceito vencedor e que possivelmente possa vir a dar bom dinheiro quem decida pegar na ideia.

No entanto, lanço já (aos olhos desse “alguém” que se interesse pelo tema) duas regras (que são um 2em1: uma regra aplicável de dois modos diferentes, consoante a situação) para um primeiro draft do livro. É que, parece-me a mim, que aquelas coisas pintadas no chão (a que, amiúde, chamam de girafa, embora não se pareça nada com o raio do animal), as passadeiras, tem muito que se lhe diga e cada vez mais reparo que há uma “regra” instalada na abordagem do/a condutor/a às ditas e também nas situações em que nos deparamos com o atravessamento da faixa de rodagem por um pedestre, fora da “girafa”. Aqui vão as regras que proponho:

«Se fores homem, os gajos que se lixem mas deixa as mulheres passarem a estrada à vontade (na passadeira ou fora dela). Tu ficas bem visto e o traseiro delas também»

«Se fores mulher, livra-te de deixares alguém passar a estrada. Até porque tens sempre motivo para te negares. Se o transeunte for mulher… é concorrência (e tem de ser aniquilada); se for homem… nenhum ser macho merece tal delicadeza de uma senhora»


Dois simbólicos contributos da minha parte, que podem inspirar quem, dos InSensatos visitantes, quiser contribuir no início do rascunho deste livro. Que não se faça rogado!... Depois eu peço aos editores para colocarem menções aos nomes da malta como “co-autores”. Que tal…?

D3: O Discurso dos 3




Sempre atento ao que se passa à minha volta (não vá alguém querer fazer alguma tropelia indesejada; tipo fazer-me uns corninhos quando alguém tira uma foto – algo que nunca entendi…), dei comigo mais uma vez a desbravar terreno na compreensão dos fenómenos que o trânsito automóvel encerra.

Conduzia eu, descansado, avenida baixo, quando um energúmeno num Audi prateado, passou um vermelho numa transversal, metendo-se bruscamente à frente do meu fantástico Punto, por pouco não abalroado pelo “às” do volante, que se tinha metido “à ménaço” na minha faixa de rodagem.

“MEU GRANDE CABRÃO!!!” – exclamei eu (e desde já aviso que não vou pôr os inefáveis ***’s a substituir vocábulos de menos elegância, caso contrário este InSenso não faz sentido), a que se seguiu um expressivo “QUERES LÁ VER?!?” e um sonoro “ÉS UM PALHAÇO!!!”…

Descarregada a bílis, passado o stress e feita que tinha sido a respiração profunda que se deve seguir sempre a um susto valente… dei-me conta de que havia algo de comum a todas os impropérios que tinha “carinhosamente” endereçado ao meu colega de quasi desventura.

Afinal, nós, no trânsito, comunicamos através do Discurso dos 3; uma espécie de dialecto composto (quase) unicamente por frases de três vocábulos, que espelham na totalidade e perfeição o que nos vai na alma e em relação ao caramelo que nos ia dando uma pantufada no carro. Serei só eu a pensar assim ou isto faz mesmo algum sentido?

A mim parece-me que sim. Senão… atente-se à seguinte lista de exemplos de Discurso dos 3:

Queres lá ver?!?
Queres ver, queres!!!
Queres levar, pá?!?
Meu grande cabrão!!!
(ou outro qualquer atributo que aqui queiramos pôr)
Grandessíssimo palhaço, tu!!!
(regra semelhante na colocação do atributo)
Estás parvo, é?!?
Estás doido, tu!!!
Olha-me este agora!!!
Olha que isto…!!!
Olha que energúmeno!!!
(idem)
Minha grande besta!!! (ibidem)
Vai à merda!!!
Vai chatear outro!!!

Enfim… É claro que todas as regras têm excepções e esta não é… excepção… a essa regra das excepções à regra. Mas o Discurso dos 3 (ou D3, como doravante deve – tecnicamente – ser denominado) vai mais longe e adapta-se a estas excepções. Vejamos…

Por vezes, haverá a tentação de dizer impropérios com mais de três palavras, mas o D3 encontra forma de tornar tudo cientificamente correcto (por exemplo, “Que é que tu queres?!?” – 5 palavras – passa a “Qu’é que queres?!?” – 3 – simples, não é?). E por vezes, uma só “explosão” em D3 não basta. Solução… a multiplicação. O Discurso dos 3 avança para os seus múltiplos directos, formando composições de 6 e/ou 9 vocábulos (exemplos: “Meu grande cabrão! Queres levar, é?!?” ou “Queres lá ver, esta grandessíssima besta? Vai à merda!!!”). Simplesmente fascinante.

Mas há mais. O D3 não é só um dialecto vibrante e sonoro. Pode também pode ser vibrante… e silencioso, embora muito gesticulado. É esse o caso quando fazemos gestos ao condutor da frente ou de trás, que nos tenha feito alguma. Aí, a comunicação é indirecta (via pára-brisas, em direcção ao espelho retrovisor ou lateral do carro da frente, ou vice-versa – ou seja, via espelho retrovisor ou lateral do nosso carro para a o vidro frontal do carro imediatamente na traseira do nosso). Em suma, é também uma língua gestual em que, se repararmos bem, mantemos “religiosamente” a utilização do Discurso dos 3, com a diferença de não sair qualquer som da nossa boca, que diz os impropérios na mesma… só que em silêncio e em direcção a um espelho retrovisor.

Espero ter, numa dinâmica de Serviço Público – que é apanágio deste burgo –, contribuído para o início de uma nova disciplina do Estudo Sociológico Lusitano. Ou então… sou só eu que sou parvo e me ponho a falar destas parvoiçadas.


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Nota:

Para saber mais sobre o D3, envie um mail para insensocomum@gmail.com . o mais certo é que não tenha qualquer resposta, mas em tendo noção de que a resposta não chega, também vai querer dizer uns bons desforos, que muito provavelmente serão... no Discurso dos 3...!