Rapidinhas Românticas?!?!


Ando meio embasbacado com algo que se me afigura como perfeitamente basbaque. O mesmo é dizer que, nos últimos dias, me dei conta de um facto basbaque que me causa um certo e determinado… embasbacamento.

Altura boa para o InSensato Leitor esquecer as 35 palavras (e respectivas 169 letras) do parágrafo anterior e tentar seguir em frente com a sua vida, esperando que não tenha vindo mal de maior à sua estrutura mental de cognição. Mais 40 palavras e 189 letras para esquecer…

Ouvi falar numa «cena nova», chamada
Speed Party. Uma festa em que os participantes têm… 4 minutos para conhecer e falar com outra pessoa e ver se essa pessoa lhe interessa para uma relação mais frutuosa e – espero eu, pelo menos, que seja assim (caso contrário, “estamos” mal…) – duradoira.

A
Speed Party (a primeira vai acontecer em breve em Lisboa) é um conceito derivado de outro conceito igualmente estranho: o Speed Dating. E… o que é isso?

O Speed Dating é uma forma de conhecer pessoas sem aquela coisa da pressão de estar num encontro (“date”) uma noite inteira – recordo que os americanos têm muito o hábito de embarcar em aventuras esquisitíssimas de “blind date”, em que duas pessoas se conhecem na hora do seu primeiro encontro (assim como aqueles cafés que se vai tomar com a malta que se conhece no IRC e tal…), o que equivale a dizer que dá quase sempre para o torto e as duas pessoas, descobrindo que nada têm a ver uma com a outra, apanham a estopada de fazer o frete até ao final da noite a aturar-se mutuamente.

Logo, o Speed Dating (inventado por uma organização judia americana) promove pequenos “blind dates” de 4 ou 8 minutos e, numa fase mais avançada (assim tipo “Nível 2”), séries de 25 encontros (sem limite de tempo), que eu entendo com sendo algo como um “namoro a prazo”. A minha estranheza nisto tudo é de que o conceito vingou bem em países como Inglaterra, Espanha, Canadá, Itália, Austrália e, claro, Estados Unidos. Em comum (nos testemunhos que li), a satisfação de não se perder tempo com pseudo-relações que não vão a lado nenhum.

Isto parece-me preocupante, no mínimo.

Então não é de perder tempo que se trata, isto de conhecer pessoas?... 4 ou 8 minutos não dá sequer para saber que pasta dentífrica a outra pessoa usa, quanto mais se tem as vacinas em dia ou se não sofre de qualquer desgoverno mental grave que prejudique a relação, como psicopatia assassina ou cleptomania aguda (se bem que a esquizofrenia não seja má de todo – recorde-se o conceito “uma lady na mesa… uma louca na cama”…).

Se não se perder tempo a descobrir as características mais básicas (e as outras mais interessantes) de alguém… então, 4 minutos só é um tempo aceitável para malta que só goste de sexo em “rapidinhas” ou que sofra de ejaculação precoce!...

Bom... mas também temos de ver que foram os americanos a inventar o conceito. Um povo que acha que um convite para tomar café é a coisa mais romântica que uma pessoa pode dizer a outra... É verdade! Basta ver um qualquer filme ou série mais romântica "Made in USA" com atenção!... Os olhinhos (abertos e quase lacrimejantes) que eles fazem uns aos outros quando aparece a frase «May I take you for a cup of coffee?...». Ficam todos derrertidinhos e a cena seguinte é quase sempre a passita de cigarro, partilhada, no meio dos lençóis retorcidos. Enfim...

Eu, por mim, não vejo grandes vantagens nisto do Speed Dating, tenho de o dizer. Então e se a “pessoa ideial” surgir numa destas Speed Parties?!? Ao fim de 4 minutos… acaba o tempo de falar com ela e avança-se para outra pessoa!!! E aposto que nunca se chegou ao ponto da conversa em que se revela que o grande sonho mútuo é de encontrar alguém que enjoe com caril e goste de comer crepes enrolados (em canudo) recheados com doce de morango!...

Está mal…

1 inSensinho(s) assim...:

Didas disse...

E eu diria mais. Está mal!