«Let ME do All the talking!...»

(sempre gostei muito desta deixa cinematográfica...)


Cada vez mais me capacito de que há verdadeiras "instituições" do quotidiano às quais não se dá o devido valor e importância.

O acto/prazer de alguém falar consigo próprio - ou "auto-conversação", se preferirem - é um caso sintomático disso mesmo.

Tenho a convicção de que a auto-conversação é algo de simplesmente fascinante e que - se não o fizemos já todos, um dia - deveria ser mesmo uma experiência do conhecimento da totalidade da população mundial.

Bem sei que a conotação com a pura e simples falta de uns "parafusos" na caixa que alberga a moleirinha da malta não ajuda a imagem (eternamente denegrida) do acto de "falar com os nossos botões" e que é essa mesma conotação que faz com que 90 (e muitos) porcento das pessoas negue que o faz, jurando a pés juntos, de mãozinha no ar e dedos (obviamente) descruzados.
Apesar de tudo isso,... EU... não nego.
Já falei comigo próprio, de vez em quando ainda dou comigo... a falar comigo e, certamente, no futuro,...!

Ah!... E tenho a dizer-vos uma coisa... Eu sou mesmo um gajo porreiro, íntegro e bom conversador!
Pelo menos, para mim, sou assim um tipo (quase) brilhante... ou então não...!

E, já agora, afinal... que conversas que temos (insisto que TODOS temos) com nós mesmos?...
Não tem nada de extraordinário... Falamos de tudo um pouco, acima de tudo, de coisas que nos afligem.
Se bem repararmos, a maior parte das vezes, damo-nos conta de que estamos a "pôr a palheta em dia" com alguém que tem o mesmo número de BI quando estamos num dilema qualquer, com uma situação de conflito ou quando precisamos preparar algo para dizer a outra pessoa para que tudo saia tudo certinho na hora do discurso (outra autêntica "instituição", essa, da conversa ensaiada, que em breve aqui trarei ao burgo, com mais destaque).
Mas não só.
Também aproveitamos para andar pela rua, faladores e sorridentes, a lembrar uma conversa já tida, um acontecimento positivo ou simplesmente a "sonhar alto". E isso... é bem catita. Não sei mesmo se cantar na rua não poderá ser a mais bela "versão" do "conversê" em "causa própria".
Se houvesse um referendo, eu votava SIM.

Daí que, logo no início desta dissertação, tenha usado a dupla expressão "acto/prazer" (separada, de forma muito jeitosa, por uma barra... coisa até com um certo nível...!) associada à temática em questão.
É simples.
Por muito que alguém negue a evidência de que fala sozinho... fala e ponto final.
E, se fala, algum prazer há-de ter nisso.
Que mais não seja, o simplicíssimo "plézúre" de exteriorizar (de livre vontade) aquelas reflexões que até ali só sairiam "cá para fora" depois de nos dizerem «50 paus pelos teus pensamentos!...» (na moeda antiga, claro).

Façamos as contas, meus amigos.

O que é que vale mais?...
Falarmos sozinhos em plena rua e sermos considerados meio maluquinhos por caramelos que... também falam sozinhos, nem que seja só UMA VEZ na vida?... ou... Andarmos macambúzios a ruminar em reflexões, sem falar com ninguém e estarmos sujeitos à "boca" banalíssima do «Olha!... Está a pensar na morte da bezerra!...»?

Eu quero lá que se lixe a bezerra!...
Se me chamarem maluquinho, não será a primeira vez e dificilmente há-de ser a última, pá!...




1 inSensinho(s) assim...:

K@ disse...

Boa Solução!
InSensata e, como tal, boa!

A minha questão com isso é que os meus pais hesitaram de caraças para me dar nome e estive para ter para aí uns 3 ou 4 nomes diferentes.

Já viste o "conversê" (e a confusão) que seria?...
"Ninguém" se entendia!

Ah! E era cada nome pior do que o outro... e a malta tem vergonha na cara para não dizer certas merdas em público, estilo "Marcos André" ou "Jürgen Markus" (eu nasci na Alemanha...).
Há que ter juizo, mesmo que seja no meio da maluqueira...!

:-)