“Sabes… A Tia Hermínia…?”



Acho sempre saudável admitir que, definitivamente, não sirvo para certas coisas.
Conhecer (e, em última instância, divulgar) as minhas fraquezas e defeitos em geral pode ser embaraçoso, mas não deixará de ser um mal menor (ou um bem maior) já que, admitindo que existem, sempre posso trabalhar para me tornar melhor naquilo em que sou… pior.

Ora… eu sou péssimo com nomes.

Alguém se apresenta a mim e eu… três segundos depois (às vezes, menos)… já não faço “puto” de ideia do nome da pessoa que – como qualquer um de nós – está a fazer os possíveis para causar uma boa primeira impressão.
Isso, de facto, é um "mega-defeito" meu que já me trouxe alguns problemas e que tem sido muito complicado resolver. Mas eu asseguro…
“I’m working on it… I’m working on it!...”.

O mais chato é quando as minhas falhas se sobrepõem umas às outras.
O K@ explica.

Por vezes, sou confrontado, por pessoas meramente conhecidas minhas ou de família (que é quando é pior), com frases do tipo «Lembras-te do Alfredo Travanca?... Aquele que é filho do Augusto Travanca e da Maria da Paz?...».
E isso é um problema do caraças!...

Sim. Porque além do meu pouquíssimo talento para memorizar os nomes de pessoas que vou conhecendo, se não mantenho um contacto regular com elas… “está bem, patrício!”… sei lá eu quem são, uns tempos depois!?!
É uma dura realidade, mas a minha memória, decididamente, não está vocacionada para relacionar nomes “obscuros” e pessoas com quem não contacto; mesmo que sejam de família.

Nesse caso, então, a questão agudiza-se de uma forma deprimente.

«Então não te lembras da Tia Hermínia?!?...»

É claro que eu não faço ideia de quem é a senhora! Ainda se a visse… talvez a cara me fizesse lembrar qualquer coisa! Mas só pelo nome… o raio do nome… de que eu NUNCA me lembro...!
Perante o meu olhar vago (ou simples silêncio, se for ao telefone), a estratégia de quem me tenta explicar quem é esse “ente querido”… muda… para pior!

«Então não te lembras da Tia Hermínia?!?...» (esta parte repete-se, de facto) «A que era filha do tio-avô Francisco… que tinha três irmãos… O Manel “Barrosa”, a Luísa “Padeira” e o Carlos “D’além”…».

Caldo entornado! Entra-se no campo das alcunhas. A coisa já vai mal… muito mal!... Se com nomes (e sem fotos) já era complicado, então as alcunhas dão um “jeito” desgraçado.
Mas o interlocutor ainda faz mais um esforço…

«A Tia Hermínia, pá!» (a insistência, meu Deus!... A insistência!!!) «Morava nos Bacelos de Cima…» e mete-se mais um familiar ao “barulho”… e a terra onde ESSE morava… e mais uns irmãos e tios da “outra parte” da família…

É uma batalha perdida, tenho de admitir. Não há volta a dar-lhe.
Se eu não me lembro logo à primeira, as chances de isso via acontecer (com a inclusão de mais “variáveis”) vão diminuindo e aí... só há uma solução.

«AH!... Já estou a ver!... Pois! A Tia Hermínia! Claro…! Não estava a ver…»

É a mais vergonhosa das verdades.

Acabo por ceder e “recompensar” o nobre esforço de quem durante largos minutos recorreu a toda a árvore genealógica de uma (ou mais) família(s)… com uma mentira.
Uma mentira piedosa, gosto eu de pensar que é. Mas, no fundo, não passa de uma mentira tão feia como as outras. Só com a diferença de que esta pode dar a sensação de «Bom trabalho! Conseguiste fazer-me lembrar da Tia Hermínia – de que eu não me lembrava de todo – quando disseste que ela morava junto à Maria Albertina, a dona da loja na Aldeia das Patarras, que era prima do "Zé da Carroça", que era casado com a Ermelinda “Chapeleira”!».

Enfim, uma mentira dita para calar a pessoa que tanto se esforçou e para terminar com o verdadeiro tormento em que esta situação se torna ao fim de uns minutos de conversação.

Está na hora (Senhores das tecnologias!... Hello!!!!) de se arranjar forma destas conversas não serem o non-sense que são. Talvez criando uma espécie de pen disc que sirva de drive só para informações desnecessárias e que só usamos em ocasiões assim…

Não sei… é uma sugestão.

Se me arranjarem uma que me ajude a lembrar do nome das pessoas, sem ter de recorrer a agendas e tal… eu já me dou por contente.

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